As necessidades humanas

Foto: stevepb/pixabay

Por Gisele Moraes

O objetivo principal que desencadeou esse estudo foi a necessidade de reintegração das pessoas com deficiência no contexto social e urbano das cidades, para que seja um integrante participativo e ativo. Para se entender o problema psíquico, primeiramente, deve-se haver o entendimento da relação entre deficiência e o indivíduo, depois o preconceito e as limitações impostas à pessoa com deficiência mostrando o fruto de uma sociedade despreparada para recebê-los. O processo de exclusão social de pessoas com deficiência é tão antigo quanto a socialização do homem.

Deficiência é um termo usado para definir a ausência ou a disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica. Podem agrupar-se em cinco grupos distintos, sendo eles: visual, auditiva, física, mental ou múltipla. As pessoas podem nascer com elas ou adquiri-las durante a vida. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que 45,6 milhões de brasileiros vivem a experiência de alguma deficiência, representando 23, 91% da população brasileira.

Teresa Costa d’Amaral – Superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), alega que a acessibilidade não é dos principais problemas a serem resolvidos hoje: “É importante, mas não diria que é o grande desafio do nosso tempo. O olhar de inclusão que a sociedade precisa ter sobre a pessoa com deficiência é considerável, a questão da acessibilidade é primordial, mas é uma questão tecnicamente resolvida, seja por rampas, elevadores, transporte acessível, programas de informática, closed caption, intérpretes e milhares de outros itens, enfim hoje o conhecimento tecnológico ou não, é suficiente para acabar com todas as faltas de acessibilidade. Mas o que existe é uma total inconsciência do Estado e da sociedade brasileira para que essa acessibilidade seja feita. Além disso, outro desafio é tornar a pessoa com deficiência, cidadã brasileira, rompendo com sua invisibilidade imperceptível, tirando da margem das discussões sobre a política social a questão, a discussão e as soluções”.

Em Pelotas, é evidente a dificuldade que as pessoas com deficiência têm para se locomover e isso não se resume apenas ao transporte público. Jael Bandeira, 24, pós-graduando em Controladoria e Finanças na Universidade Católica de Pelotas e servidor do setor de compras do Campus, alega que sua maior dificuldade como pessoa com deficiência é se deslocar pelas calçadas da cidade “Diariamente, tenho que andar no meio da rua. A maioria das calçadas têm modelos arquitetônicos antigos e são repletas de buracos e para piorar a rua ainda tem o mesmo problema. Algumas rampas da Católica foram construídas com pedras antigas e isso gera atrito com a cadeira; não estão de acordo com a NBR 9050/04 -acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”. Jael, lembra que quando tinha 17 anos os ônibus foram adaptados e afirma que, a partir daí conseguiu mais autonomia, além disso, conseguir provar para a sociedade que ele não era impossibilitado de exercer algumas funções, era uma dificuldade.

Dentre todos os preconceitos já sofridos, Jael comenta “Já pedi ajuda para descer a calçada e não me ajudaram, a pessoa achou que eu era morador de rua e alegou não ter dinheiro. Eu reforcei o pedido e a pessoa me ajudou, com um olhar preconceituoso e frio. Lembro-me que, estava eu e um amigo passando pelo centro e uma senhora me olhou com nojo, pena e medo, sem falar que ela fez o “sinal da cruz”, mas acredito que a intenção dela era fazer o sinal do “multiplica para mim”, brinca. Quando se trata de inclusão social das pessoas com deficiência, comenta que a maioria das pessoas interligam a pessoa com deficiência física com sedentarismo, o que não é verdade. “A expansão da área esportiva seria uma boa e não se limitar somente ao basquete. Certamente, podem sair grandes promessas”.

Em 2015, a Prefeitura de Pelotas publicou o edital para contratação de empresa que seria responsável pela execução de obras de requalificação e pavimentação das ruas da cidade.  As obras estão sendo feitas e elas visam melhorar a mobilidade urbana, tendo em vista que a acessibilidade é um ponto relevante. Rampas e pisos guias para as pessoas com deficiência, estão sendo implantados nas reformas das calçadas, melhorando o acesso em diversos pontos e integrando rotas ao início e saída de transportes coletivos.

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