Aprendizagem e adaptação para todos
Estudantes de intercâmbio provenientes da China, estão desde fevereiro na UFPEL e isso alterou até mesmo a rotina da sala de aula, segundo o professor
Everson da Martha /Em Pauta
Uma experiência nova em outro país, com cultura, idioma, uma cidade bem menor que a sua, essa é a rotina de estudantes chineses, chegados esse ano para estudar Letras Português na UFPel. Adaptação é a palavra que define o grupo que saiu da Ásia no mês de fevereiro e veio se aventurar por terras pelotenses. Desde a rotina na cidade, a comida e até mesmo adaptações no próprio nome, essas são algumas das estratégias usadas pelos estudantes para melhor ambientação na cidade de Pelotas.
A vinda de estrangeiros para a tua cidade sempre é algo curioso, em se tratando de Pelotas, como diz Vitor Ramil, no fim do fundo da América do Sul é ainda mais curioso. Conversamos com sete deles e também assistimos a uma aula na qual eles fazem e também com o professor da disciplina. A conversa se desenvolveu em português, embora a dificuldade, por parte deles, mas pra quem não é falante de língua latina o português deles é excelente.
Estavam junto ao repórter os estudantes chineses, Ren Zongkun (camiseta branca e cabelo preto), Tang Shiqiang (camiseta preta), Lei Yun(ao fundo de casaco preto), Li Lu (blusa branca), Huang Xinyu (blusa estampada), Liu Yongfen (camiseta rosa e macacão) e Cheng Yixing (cabelo descolorido), alguns deles adotaram nomes ocidentais para “facilitar”por exemplo Zongkun escolheu o nome Renato por seu sobrenome ser Ren, isso é outro detalhe, diferente dos nomes ocidentais, é que o nome da família vem na frente e depois vem o nome próprio. Shiqiang adotou Jason como nome ocidental e Leu Yun aqui no Brasil se apresenta como Leilane.
Começo perguntando a eles o que eles conheciam do Brasil, a resposta principal dita por todos foi o carnaval, mas além da festa popular, a bossa nova também foi citada. O país foi apresentado a eles pelos professores da universidade chinesa de origem deles, que vieram para cá e descreveram o país como sendo um paraíso e isso lhes causou muita curiosidade.
Sobre as principais diferenças em relação do Brasil em relação à China uma delas foi os doces, haja vista que estamos na terra do doce e também o quanto a comida aqui é picante. outra questão diferente para eles é em relação bebidas quentes, para eles é muito comum beber água quente, algo que não é comum aqui.
Porém a grande diferença para os estudantes foi em relação a infraestrutura, todos eles vem de metrópoles, a maioria da cidade de Chengdu, no sudoeste da China, cidade que conta com cerca de 15 milhões de habitantes em sua área metropolitana, completamente diferente dos 350 mil de Pelotas, para eles acostumados a loucura de um lugar como Chengdu. Pelotas é uma espécie de bairro afastado, devido a sua “calmaria” para os padrões deles, porém a cidade fez bem o seu papel e recebeu muito bem os seus novos moradores, dentro do ambiente universitário o contato com os colegas dos cursos de letras foi extremamente acolhedor.
Os alunos, principalmente de letras/inglês foram alguns que interagiram rápido pelo idioma ser comum a eles também, o inglês acabou sendo uma língua também utilizada para aproximação, fora da universidade também foram bem recepcionados, principalmente em relação aos perigos que infelizmente pelotas proporciona, um deles é o recorrente número de assaltos.
Em relação às aulas, elas são ministradas em português, e tivemos a oportunidade de acompanhar uma delas, que foi a da disciplina de sociolinguística com o Professor Paulo Borges.
Ao final conversamos com o professor, sobre algumas impressões dele, sobre a presença dos chineses. Essa foi a primeira experiência dele com alunos asiáticos, segundo ele “está sendo bem gratificante, o que tem refletido nas aulas, tive que repensar a forma com que ministrou as aulas”. A disciplina de sociolinguística traz as mais variadas formas que a língua portuguesa apresenta com suas variações regionais.
A presença de alunos de outro país estimula também os estudantes brasileiros a buscarem a oportunidade de um intercâmbio. com o detalhe que os alunos asiáticos estão estudando para serem professores de português em seu país de origem o que pode atrair futuramente mais chineses para o Brasil.
Nas questões relacionadas à didática, o professor acredita que as aulas estejam se desenvolvendo de forma satisfatória, mesmo assim para auxiliar melhor na compreensão da disciplina da aula está disponibilizado no ambiente virtual da universidade. Além disso, um material auxiliar, com vídeos curtos, também ficará disponível e também material de gramática de língua portuguesa para estrangeiros e claro as conversas informais do professor com seus alunos.
Institucionalmente, o professor Paulo Borges é vice diretor do Centro de Letras e Comunicação (CLC), que é responsável pelos cursos de letras e juntamente com a também professora do CLC, Helena Selbach ficam encarregados pelo acompanhamento na adaptação dos alunos ao Brasil, com imersões culturais e visitas a outros municípios da regiões.
Sobre a experiência desafiadora de ministrar aula para chineses professor Borges diz que “não digo que seja a mais desafiadora, mas, a mais importante sim” e finaliza dizendo que “ eles estão todos de parabéns, porque eles estão nos ensinando muito, está sendo uma via de mão dupla”
Os estudantes chineses ficam na UFPel até Setembro deste ano, aproveitando os dois semestres letivos, a expectativa é que em outubro um novo grupo de chineses venha para a Pelotas.