Mistério em Paris
A aguardada sequência da comédia de 2019 estrelada por Adam Sandler e Jennifer Aniston chegou ao catálogo da Netflix no fim do mês de março
Por Sarah Oliveira / Em Pauta
O casal Spitz voltou para mais uma aventura repleta de mistérios e intrigas no filme que dá continuidade à comédia de sucesso da plataforma “Mistério no Mediterrâneo”, onde eles presenciam o assassinato de um homem rico durante uma viagem de navio pelo mar que conecta a África, Europa e Ásia. A única diferença é que, dessa vez, toda a graça e criatividade da duologia ficaram no filme de 2019.
Sendo convidados para comparecer ao casamento do Marajá (Adeel Akhtar) com a francesa Claudette numa ilha privada. No dia do seu casamento, o bilionário é sequestrado e um novo grupo de suspeitos surge: a noiva, o coronel, o sócio, a ex-namorada, a irmã e os Spitz – e obviamente os Spitz são os principais alvos desse crime. Tentando provar mais uma vez a sua inocência, o casal entra em uma trama de reviravoltas completamente previsíveis, que literalmente qualquer pessoa que já tenha visto alguma produção do gênero – ou até mesmo quem nunca tenha visto – poderia desvendar apenas chutando a opção mais óbvia que viesse em mente.
Sendo um filme de um gênero cujo fator surpreendente é a inovação e o choque, o roteiro de ‘Mistério em Paris’ se mostra ser preguiçoso e monótono: armadilhas que são muito fáceis de se fazer acontecer em uma obra de mistério e investigação, e que definitivamente foi evitada no primeiro filme – tanto que foi um grande sucesso mas que infelizmente está presente na sequência. A história que tinha tudo para ser igual ou até mesmo melhor que o do filme antecessor, cai em um enredo completamente regado de clichês e ideias batidas, além de contar com Aniston e Sandler em suas piores performances conjuntas.
Sendo uma das colaborações mais cômicas de Hollywood, assistir à um filme onde Jennifer Aniston e Adam Sandler estão fora de sintonia e ainda entregando a pior dinâmica da parceria dos dois, é decepcionante de ver, pois os antigos filmes da dupla exalam uma ótima química entre os dois e, dessa vez, não foi possível senti-la – mas este erro eu deve-se ao roteiro mal feito e explorado do longa.
Outra parte decepcionante é o timing cômico. Mesmo sendo de conhecimento geral que os filmes de Sandler são regados de um viés cômico mais “pastelão”, como gostamos de dizer em nosso país, e por mais que seja uma coisa mais exagerada e escrachada, ainda sim rende boas risadas. E, infelizmente, esse não é o caso de ‘Mistério Em Paris’, que no final das contas acaba se tornando o típico filme de comédia cujas piadas são tão entediantes e sem graça até mesmo com a dublagem brasileira por cima.
Com um conjunto de enredos óbvios, personagens novos sem carisma e a descaracterização dos personagens antigos, ‘Mistério em Paris’ é mais um daqueles casos onde a sequência promete ser melhor que o seu pioneiro e acaba caindo na armadilha de não cumprir o que veio apresentar, porém traz algo de bom consigo: fazer o espectador querer reassistir o primeiro filme – não que ele seja uma obra prima, mas é melhor em comparação ao novo.