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V.2, 2017

ANAIS

III CONGRESSO DE CUIDADOS PALIATIVOS DO MERCOSUL V.2 2017

Cuidado Integral de Singular na Rede de Cuidados Paliativos

Publicado em 16 de junho de 2017 – ISSN 2674-7456, Edição 3,

Unidade Cuidativa, FAMED / UFPel – Pelotas, RS

SUMÁRIO

O USO DA PALLIATIVE PERFORMANCE SCALE PARA A AVALIAÇAO FUNCIONAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS 12

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DE CUIDADORES DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS 15

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DE CUIDADORES DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS 18

CUIDADOS PALIATIVOS NO PROGRAMA MELHOR EM CASA: O PERFIL DOS PACIENTES ASSISTIDOS 21

VIVENCIANDO A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ONCOLÓGICO: UMA ABORDAGEM SOBRE A SAÚDE DA MULHER 23

CUIDADOS PALIATIVOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E CLÍNICA MÉDICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DR. MIGUEL RIÊT CORREA JR: UMA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE 26

ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E A TOMADA DE DECISÃO COMPARTILHADA EM CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES 29

RESIDENTES DO RISO: UMA PROPOSTA DE (RE) CONSTRUÇÃO INTERDISCIPLINAR 31

VIVÊNCIA INTERDISCIPLINAR DA EQUIPE DE APOIO EM CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇÃO DOMICILIAR DO MUNICÍPIO DE PELOTAS-RS 33

REDE DE APOIO SOCIAL DO CUIDADOR DE PACIENTES COM CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS 36

MEDICINA PALIATIVA: A COMPREENSÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE ESPIRITUALIDADE NO CUIDADO INTEGRAL AOS PACIENTES ONCOLÓGICOS EM FINITUDE 39

INTERVENÇÕES EM CUIDADOS PALIATIVOS: A INTERDISCIPLINARIEDADE NA PROMOÇÃO DE AUTONOMIA 41

ASSISTÊNCIA PRESTADA A UM PACIENTE FORA DA POSSIBILIDADE DE CURA: RELATO DE EXPERIÊNCIA 43

PRÁTICAS DE CUIDADO DE SI POR MEIO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS NOS PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS 46

ENFRENTAMENTO DA MORTE INEVITÁVEL DE UM PREMATURO EXTREMO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 48

PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR COMO DISPOSITIVO POTENCIAL NOS CUIDADOS PALIATIVOS 51

A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA EM ENFERMGEM A PACIENTE MASTECTOMIZADA ACOMETIDA POR METÁSTASE ÓSSEA 54

O PAPEL DA ODONTOLOGIA NO CUIDADO PALIATIVO 57

IDENTIFICAÇÃO DE PRÁTICAS E ORIENTAÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE AO CUIDADOR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS 59

CONSULTA DE ENFERMAGEM ONCOLÓGICA: QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA E ACOLHIMENTO AO PACIENTE 62

ESPIRITUALIDADE E SAÚDE EM CUIDADOS PALIATIVOS: UMA EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA COM PACIENTES ONCOLÓGICOS 64

PRÁTICAS DE ALÍVIO DA SOBRECARGA UTILIZADAS PELOS CUIDADORES NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS 66

FISIOTERAPIA NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS EM IDOSOS 69

RELATO DE CASO: PACIENTE TERMINAL EM UM SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. 72

UMA CAIXA DE LEMBRANÇAS PARA A ETERNIDADE 73

DIFERENTES ABORDAGENS DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CUIDADO PALIATIVO – REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA 75

A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS NA ONCOLOGIA INFANTO-JUVENIL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES, CUIDADORES E PROFISSIONAIS DA SAÚDE 77

A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS ARTICULADA A REDE DE ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE 80

DESAFIOS PARA A PRÁTICA DOS CUIDADOS PALIATIVOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE: REVISÃO DA LITERATURA 83

CUIDADOS PALIATIVOS EM CRIANÇAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA 86

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO CUIDADO COM PACIENTES ONCOLÓGICOS. 88

SENTIMENTOS DO CUIDADOR NO PROCESSO DE ADOECIMENTO DO PACIENTE COM CÂNCER: ENFOQUE NO CUIDADO PALIATIVO 90

FATORES LIMITANTES DA ALTA HOSPITALAR EM UNIDADE DE CUIDADOS PALIATIVOS DE UM HOSPITAL FRANCÊS 93

CIRURGIA PALIATIVA NA NEOPLASIA DE PÂNCREAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA 95

A FAMÍLIA COMO FATOR PROTETOR PARA DESENVOLVIMENTO DA RESILIÊNCIA NO PACIENTE EM CUIDADO PALIATIVO 97

TERAPIAS COMPLEMENTARES UTILIZADAS EM CUIDADOS PALIATIVOS: REVISÃO DE LITERATURA 100

INTERFACE ENTRE CUIDADO PALIATIVO PEDIÁTRICO, FAMÍLIA E EQUIPE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 104

ESPIRITUALIDADE COMO ESTRATÉGIA PARA O ENFRENTAMENTO DO CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS: PERSPECTIVA ECOSSISTÊMICA 107

TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS 111

INTER-RELAÇÕES NO PROCESSO DE MORTE E MORRER EM AMBIENTE HOSPITALAR 114

ESCALA DE EDMONTON COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS ATENDIDOS NO DOMICÍLIO 119

A IMPORTÂNCIA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 122

CUIDADORES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM AÇÃO EDUCATIVA NA ATENÇÃO À ALIMENTAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS 124

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA EM CUIDADOS PALIATIVOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA 126

CARACTERIZAÇÃO DE ATENDIMENTOS ONCOLÓGICOS DOMICILIARES A PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS, NO MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO – RELATO DE EXPERIÊNCIA 128

ACOMPANHAMENTO MULTIDISCIPLINAR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 130

CUIDADOS PALIATIVOS A PACIENTES COM FERIDAS ONCOLÓGICAS NA ATENÇÃO DOMICILIAR 131

CUIDADOS PALIATIVOS EM ENFERMAGEM:VALORIZANDO O BEM ESTAR NO PROCESSO DE FINITUDE – REVISÃO INTEGRATIVA 134

O PAPEL DA PSICOLOGIA EM ÁREAS CRÍTICAS E AS DIRETIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE: POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO 138

DESPEDIDA SILENCIADA: A “CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO” COMO UM ENTRAVE NA COMUNICAÇÃO DE UM SERVIÇO DE CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL ESCOLA 140

UM ANO DE EXPERIÊNCIA: PERFIL DE ATENDIMENTO DA EQUIPE DE CONSULTORIA DE CUIDADOS PALIATIVOS – HE/UFPEL/EBSERH 142

MOMENTOS FINAIS DA VIDA: O RELATO DE UMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS 145

INICIATIVAS DA UTILIZAÇÃO DE HIPODERMÓCLISE E TERAPIA SUBCUTÂNEA PARA PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS NO AMBIENTE HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA 148

A INSERÇÃO DE RESIDENTES DE ENFERMAGEM NA EQUIPE DE CONSULTORIA EM CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL NO SUL DO BRASIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA. 151

A ASSISTÊNCIA MULTIPROFISSIONAL A UMA PACIENTE COM CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM PROCESSO DE TERMINALIDADE SOB A ÓTICA DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM 154

SENTIMENTOS E VIVENCIAS DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM NO CUIDADO A PESSOA E A FAMÍLIA EM FASE ATIVA DE MORTE 157

DOR COMO SINTOMA DEBILITANTE NO PACIENTE ONCOLÓGICO: AÇÕES PALIATIVAS NO DOMICÍLIO 160

CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES: POTENCIALIDADES PARA A FORMAÇÃO DOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM ATENÇÃO A SAÚDE ONCOLÓGICA 162

A INTERDISCIPLINARIDADE NO CUIDADO INTEGRAL DO PACIENTE EM CUIDADOS PALIATIVOS COMO CHAVE PARA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA: EXPERIÊNCIAS DE INTEGRANTES DE UMA LIGA ACADÊMICA INTERDISCIPLINAR 164

AVALIAÇÃO DO PERFORMANCE STATUS EM IDOSOS: UM ESTUDO NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA EQUIPE DE ESF URBANA 166

O PAPEL DO PSICÓLOGO EM CUIDADOS PALIATIVOS JUNTO A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR 168

NUTRIÇÃO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS PALIATIVOS – UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 170

RELATO DE CASO: LESÃO MEDULAR ESPINAL EM ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL NO CUIDADO PALIATIVO 172

O CUIDADO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM CÂNCER EM CABEÇA E PESCOÇO EM RADIOTERAPIA PALIATIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA 174

O CUIDADO FRENTE AOS EFEITOS COLATERAIS DECORRENTES DA QUIMIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 177

O CUIDADO DE ENFERMAGEM FRENTE À RADIODERMITE CONSEQUENTE DA RADIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 180

CUIDADO TERAPÊUTICO: UM OLHAR EM BUSCA DA HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NOS CUIDADOS PALIATIVOS 183

CUIDADOS PALIATIVOS NO PROGRAMA MELHOR EM CASA: O PERFIL DOS PACIENTES ASSISTIDOS 187

VIVENCIANDO A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ONCOLÓGICO: UMA ABORDAGEM SOBRE A SAÚDE DA MULHER 189

CUIDADOS PALIATIVOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E CLÍNICA MÉDICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DR. MIGUEL RIÊT CORREA JR: UMA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE 192

ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E A TOMADA DE DECISÃO COMPARTILHADA EM CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES 195

RESIDENTES DO RISO: UMA PROPOSTA DE (RE) CONSTRUÇÃO INTERDISCIPLINAR 197

VIVÊNCIA INTERDISCIPLINAR DA EQUIPE DE APOIO EM CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇÃO DOMICILIAR DO MUNICÍPIO DE PELOTAS-RS 199

REDE DE APOIO SOCIAL DO CUIDADOR DE PACIENTES COM CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS 202

MEDICINA PALIATIVA: A COMPREENSÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE ESPIRITUALIDADE NO CUIDADO INTEGRAL AOS PACIENTES ONCOLÓGICOS EM FINITUDE 205

INTERVENÇÕES EM CUIDADOS PALIATIVOS: A INTERDISCIPLINARIEDADE NA PROMOÇÃO DE AUTONOMIA 207

ASSISTÊNCIA PRESTADA A UM PACIENTE FORA DA POSSIBILIDADE DE CURA: RELATO DE EXPERIÊNCIA 209

PRÁTICAS DE CUIDADO DE SI POR MEIO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS NOS PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS 212

ENFRENTAMENTO DA MORTE INEVITÁVEL DE UM PREMATURO EXTREMO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 214

PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR COMO DISPOSITIVO POTENCIAL NOS CUIDADOS PALIATIVOS 217

A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA EM ENFERMGEM A PACIENTE MASTECTOMIZADA ACOMETIDA POR METÁSTASE ÓSSEA 220

O PAPEL DA ODONTOLOGIA NO CUIDADO PALIATIVO 223

IDENTIFICAÇÃO DE PRÁTICAS E ORIENTAÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE AO CUIDADOR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS 225

CONSULTA DE ENFERMAGEM ONCOLÓGICA: QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA E ACOLHIMENTO AO PACIENTE 228

ESPIRITUALIDADE E SAÚDE EM CUIDADOS PALIATIVOS: UMA EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA COM PACIENTES ONCOLÓGICOS 230

PRÁTICAS DE ALÍVIO DA SOBRECARGA UTILIZADAS PELOS CUIDADORES NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS 232

FISIOTERAPIA NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS EM IDOSOS 235

RELATO DE CASO: PACIENTE TERMINAL EM UM SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. 238

UMA CAIXA DE LEMBRANÇAS PARA A ETERNIDADE 239

DIFERENTES ABORDAGENS DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CUIDADO PALIATIVO – REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA 241

A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS NA ONCOLOGIA INFANTO-JUVENIL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES, CUIDADORES E PROFISSIONAIS DA SAÚDE 243

A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS ARTICULADA A REDE DE ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE 246

DESAFIOS PARA A PRÁTICA DOS CUIDADOS PALIATIVOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE: REVISÃO DA LITERATURA 249

CUIDADOS PALIATIVOS EM CRIANÇAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA 252

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO CUIDADO COM PACIENTES ONCOLÓGICOS. 254

SENTIMENTOS DO CUIDADOR NO PROCESSO DE ADOECIMENTO DO PACIENTE COM CÂNCER: ENFOQUE NO CUIDADO PALIATIVO 256

FATORES LIMITANTES DA ALTA HOSPITALAR EM UNIDADE DE CUIDADOS PALIATIVOS DE UM HOSPITAL FRANCÊS 259

CIRURGIA PALIATIVA NA NEOPLASIA DE PÂNCREAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA 261

A FAMÍLIA COMO FATOR PROTETOR PARA DESENVOLVIMENTO DA RESILIÊNCIA NO PACIENTE EM CUIDADO PALIATIVO 263

TERAPIAS COMPLEMENTARES UTILIZADAS EM CUIDADOS PALIATIVOS: REVISÃO DE LITERATURA 266

INTERFACE ENTRE CUIDADO PALIATIVO PEDIÁTRICO, FAMÍLIA E EQUIPE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 270

ESPIRITUALIDADE COMO ESTRATÉGIA PARA O ENFRENTAMENTO DO CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS: PERSPECTIVA ECOSSISTÊMICA 273

TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS 277

INTER-RELAÇÕES NO PROCESSO DE MORTE E MORRER EM AMBIENTE HOSPITALAR 280

ESCALA DE EDMONTON COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS ATENDIDOS NO DOMICÍLIO 285

A IMPORTÂNCIA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 288

CUIDADORES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM AÇÃO EDUCATIVA NA ATENÇÃO À ALIMENTAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS 290

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA EM CUIDADOS PALIATIVOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA 292

CARACTERIZAÇÃO DE ATENDIMENTOS ONCOLÓGICOS DOMICILIARES A PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS, NO MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO – RELATO DE EXPERIÊNCIA 294

ACOMPANHAMENTO MULTIDISCIPLINAR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 296

CUIDADOS PALIATIVOS A PACIENTES COM FERIDAS ONCOLÓGICAS NA ATENÇÃO DOMICILIAR 297

CUIDADOS PALIATIVOS EM ENFERMAGEM:VALORIZANDO O BEM ESTAR NO PROCESSO DE FINITUDE – REVISÃO INTEGRATIVA 300

O PAPEL DA PSICOLOGIA EM ÁREAS CRÍTICAS E AS DIRETIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE: POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO 304

DESPEDIDA SILENCIADA: A “CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO” COMO UM ENTRAVE NA COMUNICAÇÃO DE UM SERVIÇO DE CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL ESCOLA 306

UM ANO DE EXPERIÊNCIA: PERFIL DE ATENDIMENTO DA EQUIPE DE CONSULTORIA DE CUIDADOS PALIATIVOS – HE/UFPEL/EBSERH 308

MOMENTOS FINAIS DA VIDA: O RELATO DE UMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS 311

INICIATIVAS DA UTILIZAÇÃO DE HIPODERMÓCLISE E TERAPIA SUBCUTÂNEA PARA PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS NO AMBIENTE HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA 314

A INSERÇÃO DE RESIDENTES DE ENFERMAGEM NA EQUIPE DE CONSULTORIA EM CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL NO SUL DO BRASIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA. 317

A ASSISTÊNCIA MULTIPROFISSIONAL A UMA PACIENTE COM CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM PROCESSO DE TERMINALIDADE SOB A ÓTICA DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM 320

SENTIMENTOS E VIVENCIAS DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM NO CUIDADO A PESSOA E A FAMÍLIA EM FASE ATIVA DE MORTE 323

DOR COMO SINTOMA DEBILITANTE NO PACIENTE ONCOLÓGICO: AÇÕES PALIATIVAS NO DOMICÍLIO 326

CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES: POTENCIALIDADES PARA A FORMAÇÃO DOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM ATENÇÃO A SAÚDE ONCOLÓGICA 328

A INTERDISCIPLINARIDADE NO CUIDADO INTEGRAL DO PACIENTE EM CUIDADOS PALIATIVOS COMO CHAVE PARA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA: EXPERIÊNCIAS DE INTEGRANTES DE UMA LIGA ACADÊMICA INTERDISCIPLINAR 330

AVALIAÇÃO DO PERFORMANCE STATUS EM IDOSOS: UM ESTUDO NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA EQUIPE DE ESF URBANA 332

O PAPEL DO PSICÓLOGO EM CUIDADOS PALIATIVOS JUNTO A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR 334

NUTRIÇÃO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS PALIATIVOS – UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 336

RELATO DE CASO: LESÃO MEDULAR ESPINAL EM ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL NO CUIDADO PALIATIVO 338

O CUIDADO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM CÂNCER EM CABEÇA E PESCOÇO EM RADIOTERAPIA PALIATIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA 340

O CUIDADO FRENTE AOS EFEITOS COLATERAIS DECORRENTES DA QUIMIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 343

O CUIDADO DE ENFERMAGEM FRENTE À RADIODERMITE CONSEQUENTE DA RADIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 346

CUIDADO TERAPÊUTICO: UM OLHAR EM BUSCA DA HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NOS CUIDADOS PALIATIVOS 349

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DE CUIDADORES DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS 352

CUIDADOS PALIATIVOS NO PROGRAMA MELHOR EM CASA: O PERFIL DOS PACIENTES ASSISTIDOS 355

VIVENCIANDO A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ONCOLÓGICO: UMA ABORDAGEM SOBRE A SAÚDE DA MULHER 357

CUIDADOS PALIATIVOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E CLÍNICA MÉDICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DR. MIGUEL RIÊT CORREA JR: UMA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE 360

ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E A TOMADA DE DECISÃO COMPARTILHADA EM CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES 363

RESIDENTES DO RISO: UMA PROPOSTA DE (RE) CONSTRUÇÃO INTERDISCIPLINAR 365

VIVÊNCIA INTERDISCIPLINAR DA EQUIPE DE APOIO EM CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇÃO DOMICILIAR DO MUNICÍPIO DE PELOTAS-RS 367

REDE DE APOIO SOCIAL DO CUIDADOR DE PACIENTES COM CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS 370

MEDICINA PALIATIVA: A COMPREENSÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE ESPIRITUALIDADE NO CUIDADO INTEGRAL AOS PACIENTES ONCOLÓGICOS EM FINITUDE 373

INTERVENÇÕES EM CUIDADOS PALIATIVOS: A INTERDISCIPLINARIEDADE NA PROMOÇÃO DE AUTONOMIA 375

ASSISTÊNCIA PRESTADA A UM PACIENTE FORA DA POSSIBILIDADE DE CURA: RELATO DE EXPERIÊNCIA 377

PRÁTICAS DE CUIDADO DE SI POR MEIO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS NOS PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS 380

ENFRENTAMENTO DA MORTE INEVITÁVEL DE UM PREMATURO EXTREMO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 382

PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR COMO DISPOSITIVO POTENCIAL NOS CUIDADOS PALIATIVOS 385

A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA EM ENFERMGEM A PACIENTE MASTECTOMIZADA ACOMETIDA POR METÁSTASE ÓSSEA 388

O PAPEL DA ODONTOLOGIA NO CUIDADO PALIATIVO 391

IDENTIFICAÇÃO DE PRÁTICAS E ORIENTAÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE AO CUIDADOR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS 393

CONSULTA DE ENFERMAGEM ONCOLÓGICA: QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA E ACOLHIMENTO AO PACIENTE 396

ESPIRITUALIDADE E SAÚDE EM CUIDADOS PALIATIVOS: UMA EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA COM PACIENTES ONCOLÓGICOS 398

PRÁTICAS DE ALÍVIO DA SOBRECARGA UTILIZADAS PELOS CUIDADORES NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS 400

FISIOTERAPIA NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS EM IDOSOS 403

RELATO DE CASO: PACIENTE TERMINAL EM UM SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. 406

UMA CAIXA DE LEMBRANÇAS PARA A ETERNIDADE 407

DIFERENTES ABORDAGENS DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CUIDADO PALIATIVO – REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA 409

A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS NA ONCOLOGIA INFANTO-JUVENIL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES, CUIDADORES E PROFISSIONAIS DA SAÚDE 411

A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS ARTICULADA A REDE DE ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE 414

DESAFIOS PARA A PRÁTICA DOS CUIDADOS PALIATIVOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE: REVISÃO DA LITERATURA 417

CUIDADOS PALIATIVOS EM CRIANÇAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA 420

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO CUIDADO COM PACIENTES ONCOLÓGICOS. 422

SENTIMENTOS DO CUIDADOR NO PROCESSO DE ADOECIMENTO DO PACIENTE COM CÂNCER: ENFOQUE NO CUIDADO PALIATIVO 424

FATORES LIMITANTES DA ALTA HOSPITALAR EM UNIDADE DE CUIDADOS PALIATIVOS DE UM HOSPITAL FRANCÊS 427

CIRURGIA PALIATIVA NA NEOPLASIA DE PÂNCREAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA 429

A FAMÍLIA COMO FATOR PROTETOR PARA DESENVOLVIMENTO DA RESILIÊNCIA NO PACIENTE EM CUIDADO PALIATIVO 431

TERAPIAS COMPLEMENTARES UTILIZADAS EM CUIDADOS PALIATIVOS: REVISÃO DE LITERATURA 434

INTERFACE ENTRE CUIDADO PALIATIVO PEDIÁTRICO, FAMÍLIA E EQUIPE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 438

ESPIRITUALIDADE COMO ESTRATÉGIA PARA O ENFRENTAMENTO DO CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS: PERSPECTIVA ECOSSISTÊMICA 441

TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS 445

INTER-RELAÇÕES NO PROCESSO DE MORTE E MORRER EM AMBIENTE HOSPITALAR 448

ESCALA DE EDMONTON COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS ATENDIDOS NO DOMICÍLIO 453

A IMPORTÂNCIA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 456

CUIDADORES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM AÇÃO EDUCATIVA NA ATENÇÃO À ALIMENTAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS 458

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA EM CUIDADOS PALIATIVOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA 460

CARACTERIZAÇÃO DE ATENDIMENTOS ONCOLÓGICOS DOMICILIARES A PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS, NO MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO – RELATO DE EXPERIÊNCIA 462

ACOMPANHAMENTO MULTIDISCIPLINAR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 464

CUIDADOS PALIATIVOS A PACIENTES COM FERIDAS ONCOLÓGICAS NA ATENÇÃO DOMICILIAR 465

CUIDADOS PALIATIVOS EM ENFERMAGEM:VALORIZANDO O BEM ESTAR NO PROCESSO DE FINITUDE – REVISÃO INTEGRATIVA 468

O PAPEL DA PSICOLOGIA EM ÁREAS CRÍTICAS E AS DIRETIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE: POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO 472

DESPEDIDA SILENCIADA: A “CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO” COMO UM ENTRAVE NA COMUNICAÇÃO DE UM SERVIÇO DE CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL ESCOLA 474

UM ANO DE EXPERIÊNCIA: PERFIL DE ATENDIMENTO DA EQUIPE DE CONSULTORIA DE CUIDADOS PALIATIVOS – HE/UFPEL/EBSERH 476

MOMENTOS FINAIS DA VIDA: O RELATO DE UMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS 479

INICIATIVAS DA UTILIZAÇÃO DE HIPODERMÓCLISE E TERAPIA SUBCUTÂNEA PARA PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS NO AMBIENTE HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA 482

A INSERÇÃO DE RESIDENTES DE ENFERMAGEM NA EQUIPE DE CONSULTORIA EM CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL NO SUL DO BRASIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA. 485

A ASSISTÊNCIA MULTIPROFISSIONAL A UMA PACIENTE COM CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM PROCESSO DE TERMINALIDADE SOB A ÓTICA DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM 488

SENTIMENTOS E VIVENCIAS DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM NO CUIDADO A PESSOA E A FAMÍLIA EM FASE ATIVA DE MORTE 491

DOR COMO SINTOMA DEBILITANTE NO PACIENTE ONCOLÓGICO: AÇÕES PALIATIVAS NO DOMICÍLIO 494

CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES: POTENCIALIDADES PARA A FORMAÇÃO DOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM ATENÇÃO A SAÚDE ONCOLÓGICA 496

A INTERDISCIPLINARIDADE NO CUIDADO INTEGRAL DO PACIENTE EM CUIDADOS PALIATIVOS COMO CHAVE PARA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA: EXPERIÊNCIAS DE INTEGRANTES DE UMA LIGA ACADÊMICA INTERDISCIPLINAR 498

AVALIAÇÃO DO PERFORMANCE STATUS EM IDOSOS: UM ESTUDO NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA EQUIPE DE ESF URBANA 500

O PAPEL DO PSICÓLOGO EM CUIDADOS PALIATIVOS JUNTO A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR 502

NUTRIÇÃO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS PALIATIVOS – UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 504

RELATO DE CASO: LESÃO MEDULAR ESPINAL EM ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL NO CUIDADO PALIATIVO 506

O CUIDADO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM CÂNCER EM CABEÇA E PESCOÇO EM RADIOTERAPIA PALIATIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA 508

O CUIDADO FRENTE AOS EFEITOS COLATERAIS DECORRENTES DA QUIMIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 511

O CUIDADO DE ENFERMAGEM FRENTE À RADIODERMITE CONSEQUENTE DA RADIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 514

CUIDADO TERAPÊUTICO: UM OLHAR EM BUSCA DA HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NOS CUIDADOS PALIATIVOS 517

      1. O USO DA PALLIATIVE PERFORMANCE SCALE PARA A AVALIAÇAO FUNCIONAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Fernanda Hisse Wille1, Patrícia Abrantes Duval2, Lúcia Rota Borges3

Introdução: A capacidade funcional reflete o impacto da doença e do tratamento na disposição do indivíduo em realizar suas atividades diárias de forma independente, incluindo atividades ocupacionais e recreativas, deambulação e autocuidado. A perda dessa capacidade gera dependência, fragilidade, problemas de mobilidade e risco de morte1. A Palliative Performance Scale (PPS) é um instrumento utilizado na medicina paliativa e que tem por objetivo avaliar o estado de desempenho do paciente, permitindo a análise da doença e o estágio em que a mesma se encontra, facilitando a tomada de decisões sobre a forma mais adequada de tratamento, incluindo definição da gravidade e alternativas a serem consideradas em determinado momento2. A avaliação da capacidade funcional de pacientes oncológicos em cuidados paliativos é de suma importância, uma vez que permite a vigilância evolutiva da doença e constitui uma estratégia valiosa na tomada de decisões, avaliação do prognóstico e diagnóstico de terminalidade. Objetivo: Avaliar a capacidade funcional de pacientes oncológicos em cuidados paliativos do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), do Hospital Escola (HE) da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Método: Estudo transversal realizado com todos os pacientes oncológicos internados no PIDI Oncológico/UFPEL e atendidos pela equipe de nutrição no período de janeiro de 2015 a agosto de 2016. Para avaliar a capacidade funcional foram utilizadas as informações provenientes da PPS, adaptada aos cuidados paliativos3. A PPS é uma ferramenta que permite a mensuração do declínio progressivo da funcionalidade de pacientes em cuidados paliativos e apresenta níveis de indicadores, expressos em porcentagens, tais como, grau de deambulação; capacidade de fazer atividades/extensão da doença; capacidade de realizar o autocuidado; ingestão de alimentos/ingestão de líquidos e nível de consciência. O escore total varia de 0 a 100%, em que 100 significa máxima atividade funcional e 0 indicativo de morte. Os valores são agrupados de acordo com o prejuízo da capacidade funcional do paciente, sendo considerada condição estável, valores entre 100 a 70%, necessitando de um número reduzido de cuidados, valores entre 60 e 40% indicam condição transitória onde requer mais cuidados, valores iguais a 30% correspondem ao estágio terminal, com capacidade funcional comprometida, necessitando de cuidados intensos3. Os dados foram analisados no programa Stata® versão 12.0. Este estudo foi aprovado pelo Departamento de Ensino do Hospital Escola da UFPEL, sendo posteriormente submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFPEL (1.635.225). Resultados: Foram avaliados 67 pacientes, com média de idade de 62 ± 3,2 anos e predomínio do sexo masculino (55,2%). Em relação à localização tumoral, os tumores do trato digestivo foram os mais prevalentes (26,8%), seguidos por tumores ginecológicos (25,3%) e cabeça e pescoço (19,4%). A maioria dos pacientes apresentou doença em estadiamento avançado (79,1%) e 73,1% possuíam metástases. Em relação ao tipo de tratamento, 77,6% submeteram-se a quimioterapia, 50,7% a radioterapia e 44,7% tiveram tratamento cirúrgico. Sobre a avaliação da capacidade funcional, 38,8% encontravam-se em condição transitória da sua capacidade, com sinais de progressão da doença e 35,8% apresentaram condição terminal. Conclusão: A maioria dos pacientes em cuidados paliativos apresentou necessidade de intervenção nutricional e condição transitória ou terminal na sua capacidade funcional repercutindo nas suas atividades diárias, necessitando, portanto, de algum grau de assistência no cuidado pessoal e apoio familiar.

REFERÊNCIAS

  1. Guimarães LHCT, Galdino DCA, Martins FLM, Abreu SR, Lima M, Vitorino DFM. Avaliação da capacidade funcional de idosos em tratamento fisioterapêutico. Neurociências 2004; 12(3): 130-133.

  1. Ho F, Lau F, Downing MG, Lesperance M. A reliability and validity study of the Palliative Performance Scale. BMC Palliative Care 2008; 7(1): 1-10.
  1. Maciel MGS, Carvalho RT. Palliative Performance Scale PPS: versão 2. Tradução

brasileira para a língua portuguesa [online] 2009. Disponível

em: http://www.victoriahospice.org/sites/default/files/pps_portugese_0.pdf (15 abr.

2017).O USO DA PALLIATIVE PERFORMANCE SCALE PARA A AVALIAÇAO FUNCIONAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Fernanda Hisse Wille4, Patrícia Abrantes Duval5, Lúcia Rota Borges6

Introdução: A capacidade funcional reflete o impacto da doença e do tratamento na disposição do indivíduo em realizar suas atividades diárias de forma independente, incluindo atividades ocupacionais e recreativas, deambulação e autocuidado. A perda dessa capacidade gera dependência, fragilidade, problemas de mobilidade e risco de morte1. A Palliative Performance Scale (PPS) é um instrumento utilizado na medicina paliativa e que tem por objetivo avaliar o estado de desempenho do paciente, permitindo a análise da doença e o estágio em que a mesma se encontra, facilitando a tomada de decisões sobre a forma mais adequada de tratamento, incluindo definição da gravidade e alternativas a serem consideradas em determinado momento2. A avaliação da capacidade funcional de pacientes oncológicos em cuidados paliativos é de suma importância, uma vez que permite a vigilância evolutiva da doença e constitui uma estratégia valiosa na tomada de decisões, avaliação do prognóstico e diagnóstico de terminalidade. Objetivo: Avaliar a capacidade funcional de pacientes oncológicos em cuidados paliativos do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), do Hospital Escola (HE) da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Método: Estudo transversal realizado com todos os pacientes oncológicos internados no PIDI Oncológico/UFPEL e atendidos pela equipe de nutrição no período de janeiro de 2015 a agosto de 2016. Para avaliar a capacidade funcional foram utilizadas as informações provenientes da PPS, adaptada aos cuidados paliativos3. A PPS é uma ferramenta que permite a mensuração do declínio progressivo da funcionalidade de pacientes em cuidados paliativos e apresenta níveis de indicadores, expressos em porcentagens, tais como, grau de deambulação; capacidade de fazer atividades/extensão da doença; capacidade de realizar o autocuidado; ingestão de alimentos/ingestão de líquidos e nível de consciência. O escore total varia de 0 a 100%, em que 100 significa máxima atividade funcional e 0 indicativo de morte. Os valores são agrupados de acordo com o prejuízo da capacidade funcional do paciente, sendo considerada condição estável, valores entre 100 a 70%, necessitando de um número reduzido de cuidados, valores entre 60 e 40% indicam condição transitória onde requer mais cuidados, valores iguais a 30% correspondem ao estágio terminal, com capacidade funcional comprometida, necessitando de cuidados intensos3. Os dados foram analisados no programa Stata® versão 12.0. Este estudo foi aprovado pelo Departamento de Ensino do Hospital Escola da UFPEL, sendo posteriormente submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFPEL (1.635.225). Resultados: Foram avaliados 67 pacientes, com média de idade de 62 ± 3,2 anos e predomínio do sexo masculino (55,2%). Em relação à localização tumoral, os tumores do trato digestivo foram os mais prevalentes (26,8%), seguidos por tumores ginecológicos (25,3%) e cabeça e pescoço (19,4%). A maioria dos pacientes apresentou doença em estadiamento avançado (79,1%) e 73,1% possuíam metástases. Em relação ao tipo de tratamento, 77,6% submeteram-se a quimioterapia, 50,7% a radioterapia e 44,7% tiveram tratamento cirúrgico. Sobre a avaliação da capacidade funcional, 38,8% encontravam-se em condição transitória da sua capacidade, com sinais de progressão da doença e 35,8% apresentaram condição terminal. Conclusão: A maioria dos pacientes em cuidados paliativos apresentou necessidade de intervenção nutricional e condição transitória ou terminal na sua capacidade funcional repercutindo nas suas atividades diárias, necessitando, portanto, de algum grau de assistência no cuidado pessoal e apoio familiar.

REFERÊNCIAS

  1. Guimarães LHCT, Galdino DCA, Martins FLM, Abreu SR, Lima M, Vitorino DFM. Avaliação da capacidade funcional de idosos em tratamento fisioterapêutico. Neurociências 2004; 12(3): 130-133.

  1. Ho F, Lau F, Downing MG, Lesperance M. A reliability and validity study of the Palliative Performance Scale. BMC Palliative Care 2008; 7(1): 1-10.
  1. Maciel MGS, Carvalho RT. Palliative Performance Scale PPS: versão 2. Tradução

brasileira para a língua portuguesa [online] 2009. Disponível

em: http://www.victoriahospice.org/sites/default/files/pps_portugese_0.pdf (15 abr.

2017).

      1. ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DE CUIDADORES DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Bruna Maffei7,,Isabel Cristina de Oliveira Arrieira8, Renata Alexandre Ferreira9, Daniela Habekost Cardoso10

Introdução: Cuidado paliativo é definido pela Organização Mundial da Saúde como uma

abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares, que enfrentam

doenças que ameacem a vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, identificação

precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais1.

Dessa forma, a atenção integral ao paciente oncológico engloba o entendimento de cuidados

paliativos e o cuidador igualmente precisa ser visto como um indivíduo vulnerável diante de

uma situação estressora, que é ter um familiar doente. Sabe-se que a sobrecarga física,

emocional, financeira e social são fatores que impactam significativamente na saúde do

cuidador2. Diante de eventos estressores, o cuidador pode recorrer a estratégias de

enfrentamento. Enfrentamento é definido como um conjunto de esforços cognitivos e

comportamentais utilizados pelas pessoas para administrar demandas externas e/ou internas

específicas que ultrapassam seus recursos pessoais3. A presença de uma equipe domiciliar no

processo de cuidado ao familiar doente se caracteriza como uma forma de lidar com a atual

situação e tende a favorecer a preservação da saúde integral do cuidador, que englobada a

assistência a dimensão biopsicossocial e espiritual4. Objetivo: Identificar as estratégias de

enfrentamento dos cuidadores de pacientes em cuidados paliativos no contexto domiciliar.

Método: Estudo qualitativo e descritivo, com cuidadores familiares de pacientes oncológicos e

em cuidados paliativos desenvolvido em um programa de internação domiciliar vinculado a

um Hospital Escola na região sul do Brasil de agosto a outubro de 2016. Para a coleta das

informações utilizou-se uma entrevista semiestruturada com questões sociodemográficas e um

roteiro com eixos norteadores. Os dados foram gravados, transcritos e submetidos a análise de

conteúdo de Bardin5. Para finalizar a pesquisa foram respeitados os critérios de saturação. A

pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (parecer nº 1.558.688) e foram respeitadas as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos, conforme Resolução nº 466/12 do Ministério da Saúde. Resultados: Foram entrevistados nove participantes, sendo oito do sexo feminino, com idades entre 49 e 72 anos, prevalecendo cuidadores casados, com ensino fundamental incompleto e com dedicação exclusiva ao paciente e as atividades da casa. O tempo de cuidado variou de 6 meses a 15 anos e no grau de parentesco do cuidador, cinco destacaram-se como cônjuges, e os demais como mãe, irmã, sobrinha e cunhada. Foram identificadas duas categorias referentes as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos cuidadores. São elas: 1) Suporte da equipe da atenção domiciliar: a segurança nos profissionais transmite credibilidade na atenção ao paciente e tem por consequência o compartilhamento do cuidado. A possibilidade de atendimento domiciliar de forma contínua estabelece uma relação de confiança que resulta em maior tranquilidade aos familiares6, onde eles se sentem amparados para dar continuidade ao seu papel7. Essa atenção especializada é motivo de gratidão e o convívio diário tende a estreitar os vínculos entre cuidador e equipe. 2) Domicílio como cenário de cuidado: o domicílio foi apontado como o melhor local para prestar cuidados. No entanto, percebe-se que para o cuidador o desejo de permanecer no domicílio e realizar as ações de cuidado ao familiar, está associado a continuidade do acompanhamento e suporte promovido pela equipe de cuidados paliativos. A permanência do cuidador no domicílio favorece a preservação do conforto, assim como maior autonomia, flexibilidade de horários para alimentação e higiene, liberdade, conforto e melhor local para organização das atividades diárias do cuidador7, sendo que em caso de hospitalização, o cuidador fica exposto a fatores como o barulho, a falta O USO DA PALLIATIVE PERFORMANCE SCALE PARA A AVALIAÇAO FUNCIONAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Fernanda Hisse Wille11, Patrícia Abrantes Duval12, Lúcia Rota Borges13

Introdução: A capacidade funcional reflete o impacto da doença e do tratamento na disposição do indivíduo em realizar suas atividades diárias de forma independente, incluindo atividades ocupacionais e recreativas, deambulação e autocuidado. A perda dessa capacidade gera dependência, fragilidade, problemas de mobilidade e risco de morte1. A Palliative Performance Scale (PPS) é um instrumento utilizado na medicina paliativa e que tem por objetivo avaliar o estado de desempenho do paciente, permitindo a análise da doença e o estágio em que a mesma se encontra, facilitando a tomada de decisões sobre a forma mais adequada de tratamento, incluindo definição da gravidade e alternativas a serem consideradas em determinado momento2. A avaliação da capacidade funcional de pacientes oncológicos em cuidados paliativos é de suma importância, uma vez que permite a vigilância evolutiva da doença e constitui uma estratégia valiosa na tomada de decisões, avaliação do prognóstico e diagnóstico de terminalidade. Objetivo: Avaliar a capacidade funcional de pacientes oncológicos em cuidados paliativos do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), do Hospital Escola (HE) da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Método: Estudo transversal realizado com todos os pacientes oncológicos internados no PIDI Oncológico/UFPEL e atendidos pela equipe de nutrição no período de janeiro de 2015 a agosto de 2016. Para avaliar a capacidade funcional foram utilizadas as informações provenientes da PPS, adaptada aos cuidados paliativos3. A PPS é uma ferramenta que permite a mensuração do declínio progressivo da funcionalidade de pacientes em cuidados paliativos e apresenta níveis de indicadores, expressos em porcentagens, tais como, grau de deambulação; capacidade de fazer atividades/extensão da doença; capacidade de realizar o autocuidado; ingestão de alimentos/ingestão de líquidos e nível de consciência. O escore total varia de 0 a 100%, em que 100 significa máxima atividade funcional e 0 indicativo de morte. Os valores são agrupados de acordo com o prejuízo da capacidade funcional do paciente, sendo considerada condição estável, valores entre 100 a 70%, necessitando de um número reduzido de cuidados, valores entre 60 e 40% indicam condição transitória onde requer mais cuidados, valores iguais a 30% correspondem ao estágio terminal, com capacidade funcional comprometida, necessitando de cuidados intensos3. Os dados foram analisados no programa Stata® versão 12.0. Este estudo foi aprovado pelo Departamento de Ensino do Hospital Escola da UFPEL, sendo posteriormente submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFPEL (1.635.225). Resultados: Foram avaliados 67 pacientes, com média de idade de 62 ± 3,2 anos e predomínio do sexo masculino (55,2%). Em relação à localização tumoral, os tumores do trato digestivo foram os mais prevalentes (26,8%), seguidos por tumores ginecológicos (25,3%) e cabeça e pescoço (19,4%). A maioria dos pacientes apresentou doença em estadiamento avançado (79,1%) e 73,1% possuíam metástases. Em relação ao tipo de tratamento, 77,6% submeteram-se a quimioterapia, 50,7% a radioterapia e 44,7% tiveram tratamento cirúrgico. Sobre a avaliação da capacidade funcional, 38,8% encontravam-se em condição transitória da sua capacidade, com sinais de progressão da doença e 35,8% apresentaram condição terminal. Conclusão: A maioria dos pacientes em cuidados paliativos apresentou necessidade de intervenção nutricional e condição transitória ou terminal na sua capacidade funcional repercutindo nas suas atividades diárias, necessitando, portanto, de algum grau de assistência no cuidado pessoal e apoio familiar.

REFERÊNCIAS

  1. Guimarães LHCT, Galdino DCA, Martins FLM, Abreu SR, Lima M, Vitorino DFM. Avaliação da capacidade funcional de idosos em tratamento fisioterapêutico. Neurociências 2004; 12(3): 130-133.

  1. Ho F, Lau F, Downing MG, Lesperance M. A reliability and validity study of the Palliative Performance Scale. BMC Palliative Care 2008; 7(1): 1-10.
  1. Maciel MGS, Carvalho RT. Palliative Performance Scale PPS: versão 2. Tradução

brasileira para a língua portuguesa [online] 2009. Disponível

em: http://www.victoriahospice.org/sites/default/files/pps_portugese_0.pdf (15 abr.

2017).

      1. ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DE CUIDADORES DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Bruna Maffei14,,Isabel Cristina de Oliveira Arrieira15, Renata Alexandre Ferreira16, Daniela Habekost Cardoso17

Introdução: Cuidado paliativo é definido pela Organização Mundial da Saúde como uma

abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares, que enfrentam

doenças que ameacem a vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, identificação

precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais1.

Dessa forma, a atenção integral ao paciente oncológico engloba o entendimento de cuidados

paliativos e o cuidador igualmente precisa ser visto como um indivíduo vulnerável diante de

uma situação estressora, que é ter um familiar doente. Sabe-se que a sobrecarga física,

emocional, financeira e social são fatores que impactam significativamente na saúde do

cuidador2. Diante de eventos estressores, o cuidador pode recorrer a estratégias de

enfrentamento. Enfrentamento é definido como um conjunto de esforços cognitivos e

comportamentais utilizados pelas pessoas para administrar demandas externas e/ou internas

específicas que ultrapassam seus recursos pessoais3. A presença de uma equipe domiciliar no

processo de cuidado ao familiar doente se caracteriza como uma forma de lidar com a atual

situação e tende a favorecer a preservação da saúde integral do cuidador, que englobada a

assistência a dimensão biopsicossocial e espiritual4. Objetivo: Identificar as estratégias de

enfrentamento dos cuidadores de pacientes em cuidados paliativos no contexto domiciliar.

Método: Estudo qualitativo e descritivo, com cuidadores familiares de pacientes oncológicos e

em cuidados paliativos desenvolvido em um programa de internação domiciliar vinculado a

um Hospital Escola na região sul do Brasil de agosto a outubro de 2016. Para a coleta das

informações utilizou-se uma entrevista semiestruturada com questões sociodemográficas e um

roteiro com eixos norteadores. Os dados foram gravados, transcritos e submetidos a análise de

conteúdo de Bardin5. Para finalizar a pesquisa foram respeitados os critérios de saturação. A

pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (parecer nº 1.558.688) e foram respeitadas as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos, conforme Resolução nº 466/12 do Ministério da Saúde. Resultados: Foram entrevistados nove participantes, sendo oito do sexo feminino, com idades entre 49 e 72 anos, prevalecendo cuidadores casados, com ensino fundamental incompleto e com dedicação exclusiva ao paciente e as atividades da casa. O tempo de cuidado variou de 6 meses a 15 anos e no grau de parentesco do cuidador, cinco destacaram-se como cônjuges, e os demais como mãe, irmã, sobrinha e cunhada. Foram identificadas duas categorias referentes as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos cuidadores. São elas: 1) Suporte da equipe da atenção domiciliar: a segurança nos profissionais transmite credibilidade na atenção ao paciente e tem por consequência o compartilhamento do cuidado. A possibilidade de atendimento domiciliar de forma contínua estabelece uma relação de confiança que resulta em maior tranquilidade aos familiares6, onde eles se sentem amparados para dar continuidade ao seu papel7. Essa atenção especializada é motivo de gratidão e o convívio diário tende a estreitar os vínculos entre cuidador e equipe. 2) Domicílio como cenário de cuidado: o domicílio foi apontado como o melhor local para prestar cuidados. No entanto, percebe-se que para o cuidador o desejo de permanecer no domicílio e realizar as ações de cuidado ao familiar, está associado a continuidade do acompanhamento e suporte promovido pela equipe de cuidados paliativos. A permanência do cuidador no domicílio favorece a preservação do conforto, assim como maior autonomia, flexibilidade de horários para alimentação e higiene, liberdade, conforto e melhor local para organização das atividades diárias do cuidador7, sendo que em caso de hospitalização, o cuidador fica exposto a fatores como o barulho, a falta de privacidade, de conforto e as rotinas padronizadas6. Conclusões: Destaca-se a importância da equipe de cuidados paliativos no contexto domiciliar e o suporte por estes oferecido tende a auxiliar o enfrentamento do cuidador diante do momento vivenciado. É indispensável que os profissionais estejam atentos as necessidades desse familiar para fortalecer seus fatores protetivos e integrá-lo na assistência. À equipe cabe ainda oferecer um ambiente acolhedor para a expressão de sentimentos e identificação das demandas pessoais. Para tal, prioriza-se a atuação integral da equipe interdisciplinar. Ademais, orientações sobre saúde e autocuidado, repercutem em uma melhor qualidade de vida a essa população.

REFERÊNCIAS

  1. World Health Organization. National cancer control programmes: policies and

managerial guidelines. Geneve: OMS; 2002.

  1. Delalibera M, Presa J, Coelho A, Barbosa A, Franco MHPF. Family dynamics during the grieving process: a systematic literature review. Ciênc Cuid Saúde 2015; 20(4): 1119-34.

  1. Lazarus RS, Folkman S. Stress, appraisal and coping. New York: Springer Publishing Copany;1984.
  1. Fripp JC. Ação prática do paliativista na continuidade dos cuidados em domicílio. In: Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de cuidados paliativos ANCP: ampliado e revisado. Rio de Janeiro: Academia Nacional de Cuidados Paliativos; 2012. p. 375-391.

  1. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011.
  1. Oliveira SG, Quintana AM, Budó MLD, Kruse HL, Beuter M. Internação domiciliar e internação hospitalar: semelhanças e diferenças no olhar do cuidador familiar. Texto contexto-enferm 2012; 21(3): 591-9.

  1. Oliveira SG, Quintana AM, Denardin-Budó ML, Moraes NA, Lüdtke MF, Cassel PA. Internação domiciliar do paciente terminal: o olhar do cuidador familiar. Rev Gaúch Enferm 2012; 33(3):104-10.

      1. CUIDADOS PALIATIVOS NO PROGRAMA MELHOR EM CASA: O PERFIL DOS PACIENTES ASSISTIDOS

Sara Deise de Souza Lopes Ferreira18,, Isabel Cristina de Oliveira Arrieira19, Emeli Rodrigues dos Santos20, Simone Braga Martins21, Julieta Carriconde Fripp22, Renata Schmitz23

Introdução: Os cuidados paliativos são medidas terapêuticas que buscam atender de forma integral e humanizada as repercussões negativas da doença que ameace a vida, ou ainda, elimine o bem-estar do indivíduo. Corroborando, a atenção domiciliar é uma modalidade de atendimento na rede pública que visa a garantir a assistência adequada, de qualidade, integral e humanizada aos pacientes que mantêm quadro clínico estável, dispensando a infraestrutura hospitalar, mas que necessitam de assistência em saúde, acompanhamento regular e vigilância ativa. Objetivo: Este estudo tem como objetivo caracterizar o perfil dos usuários atendidos em cuidados paliativos de uma equipe do programa Melhor em Casa no sul do estado do Rio Grande do Sul; no período de janeiro a dezembro de 2015, a partir de informações contidas em prontuários. Trata-se de um estudo quantitativo descritivo em que foram analisadas as seguintes variáveis: diagnóstico clínico, idade, gênero, e sintoma principal no momento da inclusão no programa. Metodologia: O estudo foi realizado com a análise dos prontuários de pacientes internados no programa no período de 1° de janeiro de dois mil e quinze a 31 de dezembro de dois mil e quinze. Excluindo-se os prontuários de pacientes internados para assistência curativa e analisando somente os prontuários dos pacientes com indicação de cuidados paliativos, com ou sem comorbidades, estando ou não ainda em assistência pelo programa. A principal ferramenta analisada foi a Ficha de Solicitação de Internação que é componente obrigatório do prontuário, sendo buscadas informações adicionais no restante dos documentos somente quando necessário. Resultados: Do total de 127 pacientes atendidos pela referida equipe no ano em estudo, 23% eram para cuidados paliativos. Quanto ao diagnóstico clínico, 50% das internações foram por neoplasias, 25% por sequela de AVC, 14% por Doença de Alzheimer e 11% com outros diagnósticos, sendo esses, insuficiência renal, SIDA e Diabetes Mellitus. Os pacientes analisados tinham idade entre 49 e 90 anos, 62% mulheres e 38% homens. E ainda o principal sintoma referido era dor, com uma taxa de prevalência entre 44% do total dos pacientes; seguido por 28% com anorexia e outros 28% com lesões por pressão. Conclusão: Pode-se observar que a maior necessidade de cuidados paliativos provém de usuários com diagnóstico de neoplasias, sendo este responsável por metade das internações paliativas da equipe. O principal sintoma encontrado foi dor, demonstrando que esse sintoma ainda pouco tratado em nossa realidade, levando ao sofrimento dos usuários e suas famílias. Observou-se ainda que o outro grande diagnóstico encontrado, ou seja, a sequela de AVC, associado ao fator idade encontrado no estudo, que são na grande maioria idosos, justificam as outras duas sintomatologias prevalentes que são a inapetência e as lesões por pressão. O presente estudo é oportuno na literatura, pois conhecer o perfil dos pacientes que se assiste é fundamental para que se possa adequar e qualificar o cuidado. Quanto à sintomatologia, é essencial o conhecimento por parte dos profissionais para que se utilizem dos resultados como fonte de resolutividade, eficácia e qualidade no cuidado. É necessário então, que haja aporte por parte da gestão e ainda de equipe habilitada no manejo dos sintomas.

      1. VIVENCIANDO A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ONCOLÓGICO: UMA ABORDAGEM SOBRE A SAÚDE DA MULHER

Cristiane Oliveira dos Santos24, Pâmela Pereira Mourão25, Sidnei Morales26, Ana Paula Escobal27

Introdução: As mulheres representavam 59% da população brasileira em 2012, dessa forma considera-se relevante o conhecimento das políticas públicas direcionadas a essa população, bem como as patologias que acometem este universo.1 Dentre as patologias que acometem as mulheres destacamos no presente estudo o Câncer de Vulva e Reto associado a outras patologias; O câncer de vulva corresponde a menos de 1% das neoplasias malignas da mulher e responsável por 3% a 5% das neoplasias malignas do trato genital feminino, com incidência estimada de 1 a 2 casos por 100.000 mulheres/ano, e a partir destes dados, considera-se uma neoplasia rara.2 A vulva é o órgão reprodutor feminino que possibilita fácil visualização por ser mais externo, porém, o câncer de vulva diagnosticado tardiamente. A partir do primeiro sintoma até o diagnóstico, considera-se um tempo médio de 18 meses. Um dos motivos para o diagnóstico tardio é o pudor da paciente, que na maioria das vezes tem idade acima de 50 anos e quando surgem os primeiros sintomas não realiza exames ginecológicos, e faz uso de pomadas e outros recursos que não combatem ao diagnóstico real.3 A assistência em enfermagem ao paciente oncológico requer a construção de um saber aprimorado muito mais do que a realização de ações padronizadas e sistematizadas, ou seja, um cuidado integral e humanizado, considerando as singularidades e particularidades do paciente. A SAE organiza e realiza o cuidado ancorado nos princípios do método científico. É um instrumento privativo do processo de trabalho do enfermeiro que tem a função de desenvolver ações que modificam o estado do processo saúde-doença dos indivíduos, organizando o atendimento individualizado aos pacientes. Na perspectiva do cuidado envolve a atenção integral associada a comunicação, compreensão, solidariedade, presença e responsabilidade. O relacionamento do enfermeiro junto aos pacientes, familiares e ou acompanhantes é de extrema importância na incorporação da filosofia do cuidado humanizado de forma a contribuir positivamente no enfrentamento durante o tratamento da doença.4 Objetivo: Descrever o processo de Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente acometida por câncer de vulva. Metodologia: Trata-se de um estudo de caso clinico, que utiliza a investigação de elementos como instrumento de colaboração em diversas áreas de conhecimento5. A pesquisa foi realizada por acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, na unidade Rede de Urgência e Emergência I do Hospital Escola, na cidade de Pelotas – RS. A paciente selecionada para este estudo é R.R.A, 49 anos, casada, natural de Pelotas-RS, do lar, com diagnóstico de Câncer de Vulva. A coleta de dados foi realizada nos dias 16 e 19 de 2016, por meio da anamnese, exame físico cefálio-caudal e a realização de procedimentos para identificação de informações necessárias para a elaboração de plano de cuidados, incluindo diagnósticos de enfermagem, prescrição de cuidados. Pelo fato de realizar um estudo de caso que necessita envolver a privacidade e sigilo das informações da paciente, foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O sigilo e anonimato da paciente serão preservados. Resultados: após realização da anamnese e exame físico elencamos dois Diagnósticos reais de Enfermagem de acordo com o North American Nursing Diagnosis Association (NANDA)6 e posteriormente os cuidados de enfermagem7 relacionada à paciente R.R.A. Eliminação urinária prejudicada (00016) relacionada a múltiplas causas evidenciada por retenção urinária, os cuidados elencados para este diagnóstico foram: manter desobstruído o sistema de cateter urinário; higienizar externamente o cateter urinário na região do meato; além de observar as características da drenagem urinária. Disfunção sexual (00059) relacionada à estrutura corporal alterada (por processo de doença e cirurgia) evidenciada por limitações reais impostas pela doença. Os cuidados elencados foram: abranger a relação terapêutica, ancorada na confiança e no respeito; oferecer privacidade e confidencialidade; e ainda discutir as modificações necessárias na atividade sexual. Considerações Finais: Em virtude dos fatos mencionados, concluímos que o estudo de caso não é baseado apenas em teorias ou conteúdos científicos. A implementação da SAE nos possibilitou realizar a assistência de forma humanizada e integralizada. Sendo assim, nós enquanto acadêmicos precisamos aprimorar nossos conhecimentos para tornarmos profissionais capacitados e com autonomia na prestação dos cuidados, além de orientar, estimular e encorajar a equipe interdisciplinar de saúde.

REFERÊNCIAS

  1. DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php. Acesso em: 29 mai. 2016.
  1. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia; Sociedade Brasileira de Cancerologia. Câncer de Vulva. Diretrizes Clínicas na Saúde Suplementar; 2011.

  1. Abrão F, Moredo ATF. Câncer de Vulva. In: LOPES AC. Tratado de clínica médica. São Paulo; 2009.
  1. Salimena AMO, Teixeira SR, Amorin TV, Paiva ACPC, Melo MCSC. Estratégias de Enfrentamento Usadas por Enfermeiros ao Cuidar de Pacientes Oncológicos. Rev enferm UFSM. 2013; 3(1):8-16.

  1. Ventura MM. O estudo de caso como modalidade de pesquisa. Revista da SOCERJ. 2007; 20(5): 383-386.
  1. Nanda Internacional. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e Classificação 2012-2014. Artmed, Porto Alegre; 2013.
  1. Mccloskey JC, Bulechek GM. Classificação das intervenções de enfermagem. 3.ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.
      1. CUIDADOS PALIATIVOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E CLÍNICA MÉDICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DR. MIGUEL RIÊT CORREA JR: UMA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Andressa Hübner Pereira28, Daniela Barsotti Santos29

Os cuidados paliativos consistem em abordagens que visam promover uma melhor qualidade

de vida de pacientes e familiares frente a doenças que ameaçam a vida. Eles requerem uma avaliação precoce, abordagem e tratamento de problemas de ordem física, psicológica, social e

espiritual. O foco dos cuidados paliativos não é a cura ou o controle das doenças, e sim o

paciente e suas necessidades. No Brasil, os cuidados paliativos ainda são pouco difundidos,

porém com a criação da Associação Brasileira de Cuidados Paliativos houve maior fomento

na formação dos profissionais de saúde voltados ao tema. Entende-se que o processo da

terminalidade no hospital, bem como a assistência oferecida pela equipe multiprofissional

necessita ser discutida e refletida1. Nesse sentido, observa-se a importância do diálogo com os

profissionais sobre questões como a morte, a ética, práticas e vivências, contribuindo para a

qualificação dos serviços já prestados e para os próprios profissionais, resultando em melhoria

no auxílio da comunicação entre equipe, paciente e familiar. É relevante também destacar o

processo do morrer atual, bem como grifar termos como a obstinação terapêutica, a “boa

morte” e a tomada de decisões, para melhor compreender o papel dos cuidados paliativos. As

ações voltadas para a saúde estão em constante desenvolvimento tecnológico, porém isto

conclama a venerar a vida física ansiando sua manutenção, esquecendo-se da sua qualidade2.

Os profissionais da área da saúde são formados para combater a morte, sendo esta considerada

como fracasso, podendo ocasionar a obstinação terapêutica. O conceito de “boa morte”, seria o

de uma morte indolor, com o paciente rodeado de pessoas queridas, e de preferência com um

bom relacionamento entre a equipe, o paciente e seus familiares3. Diante do exposto, cabe

grifar a bioética, que permeia os cuidados paliativos. É sabido que o termo bioética abarca

muitos sentidos, porém neste trabalho será tratada como “ética da vida”. Os cuidados

paliativos propõem, pois, a filosofia de cuidado de modo a humanizar a relação entre

paciente/equipe/instituição, visando à autonomia do sujeito. No Brasil a Resolução 1.995/2012 do Conselho Federal de Medicina dispôs sobre as diretivas antecipadas de vontade do paciente e, caso estas não tenham sido feitas e o paciente estiver incapacitado de responder por si, o processo de decisão dependerá da participação do representante legal4. Diante da realidade exposta, é visível que a morte, a ética e decisões acerca do tratamento dado ao indivíduo, são questões polêmicas. Este trabalho objetiva, portanto, conhecer como as equipes multidisciplinares da Unidade de Terapia Intensiva e da Unidade de Clínica Médica do Hospital Universitário Dr. Miguel Riêt Correa Jr./HU-FURG trabalham e lidam com os pacientes terminais, bem como averiguar como os mesmos lidam com as questões éticas e a terminalidade. Também busca indagar se o Hospital Universitário possui um viés de trabalho que utilize os cuidados paliativos. Por ser um trabalho que visa compreender a visão dos profissionais acerca dos cuidados paliativos e a sua aplicação no cotidiano dos pacientes, optou-se por realizá-lo de forma qualitativa e descritiva exploratória. A pesquisa será desenvolvida nos setores já mencionados, que embora não sejam unidades especializadas em cuidados paliativos, atendem pacientes em processo de terminalidade. Para a seleção dos sujeitos, será eleito um turno de trabalho nas unidades, de forma aleatória, visando preservar o anonimato dos participantes. Assim, um profissional de cada área de atuação (nutricionista, fisioterapeuta, médico, psicólogo, enfermeiro, assistente social e técnico em enfermagem) participarão do estudo, sendo convidados verbalmente a participar. Após o aceite será realizada uma entrevista com roteiro semiestruturado com os mesmos. A análise dos dados se dará por conteúdos temáticos, com a organização dos dados, a leitura dos mesmos, e a sua interpretação com embasamento teórico de autores já pesquisados. Na análise final dos dados, pretende-se que ocorra uma reflexão das pesquisadoras acerca do material teórico e empírico, buscando sua análise e melhor interpretação. O trabalho passará por uma análise do Comitê de Ética em Pesquisa na Área da Saúde – FURG, bem como aprovação da Gerência de Ensino e Pesquisa/ HU. Além disso, será entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos participantes. Espera-se que com este trabalho os temas com relação aos cuidados paliativos e questões de morte e de vida sejam levantados e fomentados, de forma a contribuir com sua maior compreensão e aprimoramento. Deseja-se que novas pesquisas e projetos surjam através das questões aqui erguidas, esperando-se contribuir para a ampliação do trabalho que já é realizado nos hospitais de Rio Grande e região.

REFERÊNCIAS

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  1. Conselho Federal de Medicina. Resolução no 1.995, de 9 de agosto de 2012. Dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade dos pacientes. [internet]. 31 ago. 2012 [acesso

22 abr. 2017]. Disponível:

http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1995_2012.pdf

      1. ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E A TOMADA DE DECISÃO COMPARTILHADA EM CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES

Introdução: O cuidado paliativo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde1, é uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e suas famílias, enfrentando problemas associados à doença ameaçadora de vida, através da prevenção e alívio de sofrimento por identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais. Em pacientes fora de possibilidade terapêutica, a abordagem interdisciplinar em cuidados paliativos é de extrema relevância como garantia de integralidade da assistência prestada, sendo que a atenção domiciliar, por se inserir no cotidiano do paciente, possibilita ações que incrementam a qualidade de vida nesses casos. Objetivo: relatar um caso com abordagem em cuidados paliativos em atenção domiciliar de um hospital universitário, com a instrumentalização da tomada de decisão de um paciente a partir da utilização de estratégias de comunicação. Método: Relato de caso de paciente atendido em um hospital universitário da região central do RS, com indicação de cuidados paliativos, assistido por equipe interdisciplinar de um serviço de atenção domiciliar, como parte do projeto “Núcleo Interdisciplinar de apoio ao cuidado: projeto terapêutico singular como estratégia para redução de riscos à saúde no pós-alta hospitalar”, CAAE: 46952715.1.0000.5346. Resultado: Trata-se de um paciente do sexo masculino, 59 anos, que compareceu ao hospital universitário em julho de 2015, no ambulatório de Cabeça e Pescoço, com lesão de assoalho de boca há dois anos, refratária a tratamento inicial, tabagista ativo e etilista em abstinência há oito anos, submetido a biópsia que revelou carcinoma espinocelular de boca. Em agosto de 2015 foi realizada hemimandibulectomia anterior direita, com esvaziamento cervical bilateral, com reconstrução, utilização de traqueostomia plástica com balonete e endocânula, com necessidade de uso de aspirador, sendo encaminhado para abordagem multiprofissional ambulatorial, no pós-operatório, enquanto aguardava avaliação para radioterapia e quimioterapia. Em outubro de 2015, realizou gastrostomia endoscópica e foi encaminhado ao Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), devido dificuldade com aquisição e uso de aspirador. No SAD, o paciente iniciou abordagem da equipe interdisciplinar com indicação de cuidado paliativo complementar, que incluiu avaliação de habilidades comunicativas por fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, visando manutenção de comunicação de maneira independente, buscando garantir o exercício da autonomia para tomada de decisão compartilhada. Houve a indicação de incentivo para comunicação não verbal por escrita e verbal com som, durante períodos de possibilidade de oclusão da traqueostomia com balonete desinsuflado, com envolvimento de paciente, família e

equipe. Em dezembro 2015, houve a liberação de via oral de conforto, mediante avaliação conjunta da equipe (médico, enfermeiro, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e nutricionista). Foi mantido em gerenciamento telefônico no período de janeiro de 2016 a fevereiro de 2017, com acompanhamento nos ambulatórios do mesmo hospital, devido sua melhora no status funcional, eutrofia, progressão para traqueostomia metálica com oclusão, uso de via oral e comunicação verbal com som. Em março de 2017, apresentou recidiva da lesão, com indicação de internação hospitalar para quimioterapia paliativa. O paciente optou por não realizar a quimioterapia, após explanação sobre objetivos do tratamento e resultados esperados, devido entendimento de que o procedimento não apresentaria o benefício de proporcionar uma sobrevida com qualidade de vida, através do uso de comunicação não verbal por escrita. O paciente optou por serem retomadas as visitas domiciliares pelo SAD no pós-alta hospitalar, com organização de cuidado paliativo predominante, com otimização de medidas de conforto, de acordo com suas preferências. Em nova avaliação das habilidades comunicativas, observou-se disfunção ocupacional na área da comunicação, devido à expansão da lesão, com exteriorização exacerbada de língua, confirmando-se a impossibilidade de comunicação verbal com ou sem som. Optou-se por complementação da comunicação não verbal por escrita com o uso de Comunicação Suplementar Alternativa (CSA), por meio de frases cotidianas prontas. Esse recurso apresenta baixa tecnologia, com utilização de folhas de papel com frases dispostas de maneira vertical e prancha com símbolos gráficos para serem apontados com a mão. Dessa forma, houve uma facilitação do processo de comunicação. Conclusão: Observou-se que as estratégias utilizadas acompanharam a evolução do paciente, auxiliando a comunicação entre paciente, família e equipe, facilitando a abordagem de desejos e anseios, principalmente relacionados aos desconfortos físicos e despedidas. Dessa forma, a avaliação de habilidades comunicativas, o incentivo individualizado à utilização de comunicação verbal e não verbal e a utilização de dispositivos podem ser estratégias de comunicação utilizadas em cuidados paliativos, no intuito de garantir uma tomada de decisão compartilhada entre paciente, família e equipe envolvidos.

REFERÊNCIA

  1. World Health Organization Paliative Care 2002[cited 2017 apr 24]. Available from: http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/
      1. RESIDENTES DO RISO: UMA PROPOSTA DE (RE) CONSTRUÇÃO INTERDISCIPLINAR

Bianca Camargo30,, Marcia Gracioli31, Michele Zarantonelo32

O presente artigo se sustenta na discussão de práticas de humanização do atendimento tais como preconiza a atual Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS), onde se define que humanizar é construir relações que afirmem os valores que orientam nossa política pública de saúde¹. Visto que, o Sistema Único de Saúde tem como um dos princípios a integralidade do atendimento, atenta-se para a necessidade de intervenções e estratégias que modifiquem o modus operante do sistema voltado para o modelo biomédico. Entretanto, a quebra deste paradigma exige a formulação de práticas inovadoras, como a reinvenção do espaço hospitalar, tido como estritamente curativo, para um ambiente que perceba o sujeito como um ser biopsicossocial. Deste anseio por mudanças surge o projeto Residentes do Riso, que será desenvolvido no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), com o intuito de atuar para que os sujeitos que encontram-se em processo de adoecimento e em cuidados paliativos, bem como seus acompanhantes e a equipe que presta a assistência a estes, tenham um momento de interação e descontração propondo a construção de novos caminhos onde a doença deixa de ser o foco principal, abrindo assim, espaços para a expressão de novas formas de enfrentamento da realidade hospitalar. Dessa forma, destaca-se que para Funes² (2001) “o riso nos fornece uma libertação catártica, uma purificação de emoções e uma libertação da tensão emocional”. Para isso, acredita-se que a utilização de formas lúdicas de interação, como musicoterapia, contação de histórias, brincadeiras, jogos e demais atividades propiciam ao sujeito alívio do sofrimento e a ressignificação de suas angústias frente a doença e a proeminência da morte, uma vez que, conforme afirma Sisto³ (2001) contar histórias é sempre dialogar em várias direções: na da arte, na do outro, na nossa. Os objetivos podem mudar: recrear, informar, transformar, curar, apaziguar, integrar; mas nunca acabar com o prazer de escutar, participar e criar junto. Segundo a OMS4 (2002) os cuidados paliativos surgem neste contexto, como sendo uma alternativa de aprimoramento da qualidade de vida dos pacientes e familiares no enfrentamento dos diversos dilemas associados a terminalidade da vida, a partir de medidas de prevenção e alivio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e de outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual. Neste prisma, diante da perspectiva de finitude da vida emergem inúmeras situações ansiogênicas, tanto para a equipe quanto para o paciente e seus familiares, como o momento de “revelar o diagnóstico de uma doença grave, o envolvimento emocional com o paciente, o tipo de atenção disponibilizada ao doente com doença terminal e a necessidade de uma intervenção psicológica para o doente e a família” (SOUZA; BOEMER, 2005)5. A metodologia empregada será através de incursões mensais na Unidade Clínica Cirúrgica do HUSM nos períodos manhã e tarde, previamente comunicado a toda equipe assistencial. As atividades serão desenvolvidas por Residentes Multiprofissionais da linha de cuidado Crônico Degenerativo em Atenção e Gestão Hospitalar da Universidade Federal de Santa Maria. Salienta-se que a referida unidade engloba diversas especialidades, onde encontram-se também pacientes em cuidados paliativos. Com base no exposto o presente artigo contribui na disseminação de práticas voltadas para a humanização do atendimento, seja para pacientes crônicos e/ou em cuidados paliativos, e no entendimento que “o morrer não é apenas um fato biológico, mas um processo socialmente construído”6:24.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Ministério da saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização. Humaniza SUS. 1ª ed. 2ª reimpressão. Brasília – DF. 2015.
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  1. Menezes, Rachel Aisengart. Em Busca da Boa Morte: Antropologia dos cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004.

      1. VIVÊNCIA INTERDISCIPLINAR DA EQUIPE DE APOIO EM CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇÃO DOMICILIAR DO MUNICÍPIO DE PELOTAS-RS

Bárbara Pereira Terres33, Gabriela de Lemos Uliano34, Renato Lins Rodrigues35, Vicente Arenhart36

Introdução: Os cuidados paliativos foram definidos pela Organização Mundial de Saúde em 2002, como a abordagem que promove qualidade de vida aos pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, por meio de prevenção e alívio do sofrimento, incluindo problemas físicos, psicossociais e espirituais1. Por esta definição, a abordagem paliativista engloba doenças neoplásicas ou não, progressivas e incuráveis, que requerem atenção direcionada à individualidade e autonomia do paciente e de seus familiares2. A lei N°8.080/1990, que dispõe sobre os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, traz o conceito de integralidade de assistência como um conjunto articulado e contínuo de ações preventivas e curativas, individuais e coletivas, exigidas para cada caso em todos os níveis do sistema3. Cabe destacar que a integralidade é um tema desafiador na construção conceitual e prática. Para tanto, é necessário identificar-se menos com as tecnologias centradas em exames e medicamentos, como se elas fossem capazes de reestabelecer a saúde por si só, sem uma intervenção articulada e cuidadora, que foca ne mais com o processo de cuidado centrado nas pessoas4. A atenção domiciliar (AD) tem mostrado um caráter inovador por propor, na própria residência do paciente, a continuidade da assistência recebida em outras instituições, de forma integral e interdisciplinar2. A equipe de AD tem a missão de aproximar-se da família a fim de criar vínculo, visualizar o contexto do lar e convergir para uma clínica ampliada singular e integrada envolvendo não só paciente, mas também cuidadores e familiares5. Neste contexto, destacam-se dois programas de AD interdisciplinar no município de Pelotas: o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) voltado para pacientes oncológicos, e o Programa Melhor em Casa, ambos vinculados ao Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPEL), que representaram grande avanço no fortalecimento da AD no âmbito do SUS6,7. Objetivo: Relatar a experiência da interdisciplinaridade da equipe multiprofissional de apoio (EMAP) da AD do HE/UFPEL. Método: Trata-se de um relato de experiência, baseado na observação do cotidiano da equipe. O cenário que possibilitou este relato foi um hospital público em Pelotas, RS, Brasil, que possui uma equipe multiprofissional na AD, destacando-se na realidade nacional em Cuidados Paliativos. No contexto deste relato, realizaram atendimentos aos pacientes: dois fisioterapeutas, uma nutricionista e uma psicóloga. Os pacientes faziam parte dos programas Melhor em Casa e PIDI, e foram acompanhados desde 2016 pela mesma equipe. Estes pacientes eram encaminhados pelas equipes assistenciais e cada profissional da EMAP utilizou sua ficha individual de avaliação. Resultados: A EMAP da AD do HE/UFPEL, ao longo de sua prática cotidiana, vem construindo seu modelo de atuação interdisciplinar. Dentre as atividades coletivas desenvolvidas destacam-se acolhimento dos pacientes encaminhados e elaboração do trajeto das visitas domiciliares junto ao motorista, ora individuais ora em grupo, de acordo com as prioridades clínicas. Além disso, eram realizados periodicamente “rounds” clínicos com as equipes assistenciais onde foram discutidas as impressões de cada profissional e construídas as condutas interdisciplinares, tendo em vista a integralidade e autonomia do paciente e de sua família. A partir desses encontros e vivências foi possível compreender a influência da atuação profissional individual na conduta dos outros. Por exemplo, o quanto o estado nutricional limita a funcionalidade e o bem-estar do sujeito, o quanto a imobilidade influi no metabolismo nutricional, sobrecarga do cuidador e estados psíquicos do paciente, o quanto os transtornos mentais desencadeiam alterações nos comportamentos alimentares e são limitadores do autocuidado e funcionalidade. Nos pacientes em cuidados paliativos, percebemos isso de maneira ainda mais intensa. Ao envolver temas como a terminalidade, em que cada profissional precisa rever seus conceitos e se moldar a situação, a equipe não foca em reabilitação, mas sim em qualidade de vida, conforto e desejos do sujeito. A partir dessas influências recíprocas surgem novas percepções e atuações provenientes da intersubjetividade, tornando o cuidado integral. Conclusão: A atuação de diferentes profissionais em grupo possibilita, mas não garante, a busca pela complementaridade entre as ciências. A troca de informações entre a equipe demonstra que o intercâmbio existe de forma efetiva. Não há negação das especificidades ou crença em um saber genérico, mas sim a consciência de que, a despeito das diferenças entre os saberes, a construção coletiva de uma prática mais efetiva é possível. Este relato contribuiu para definições de condutas individuais, baseadas em avaliações clínicas compartilhadas, com vistas à integralidade do cuidado. Dessa forma, a atuação interdisciplinar coloca-se como potencializadora de uma compreensão ampliada, que em cuidados paliativos é indispensável, pois promove atendimento integral, humanizado, com qualidade de vida e conforto para os pacientes.

REFERÊNCIAS

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  1. Ministério da Saúde (BR). Caderno de Atenção Domiciliar. Brasília: MS; 2012.
  1. Fripp JC, Facchini LA, Silva SM. Caracterização de um programa de internação domiciliar e cuidados paliativos no Município de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil: uma contribuição à atenção integral aos usuários com câncer no Sistema Único de Saúde, SUS. Epidemiol Serv Saude 2012; 21(1): 69-78.

  1. Oliveira Neto AV, Dias MB. Atenção Domiciliar no Sistema Único de Saúde (SUS): o que representou o Programa Melhor em Casa?. Divulg saúde debate 2014; 51: 58-71.

      1. REDE DE APOIO SOCIAL DO CUIDADOR DE PACIENTES COM CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS

Maiara Simões Formentin37, Andriara Canêz Cardoso38, Mateus Menezes Ribeiro39, Jéssica Siqueira Perboni40, Franciele Roberta Cordeiro41, Stefanie Griebeler Oliveira42

Introdução: Os cuidados paliativos têm por objetivo o alívio do sofrimento dos pacientes e seus familiares que enfrentam doenças que ameaçam a vida, por meio da prevenção e alívio de sintomas psíquicos, sociais e/ou espirituais. Eles fornecem uma rede de apoio para que o paciente possa ter vida ativa até a morte e, também, dar apoio à família para que ela possa enfrentar o período da doença até o luto1. Realizar o cuidado no domicílio provoca mudanças no âmbito físico, psicológico e social do cuidador. Um dos aspectos mais afetados em decorrência dessa atividade é a rede de apoio social, devido à sobrecarga e falta de tempo para atividades no ambiente externo como lazer, relações sociais, trabalho, dentre outros2. As redes de apoio social podem ser caracterizadas por vizinhança, organizações religiosas, sistema de saúde e escola. Diante do exposto, evidencia-se a importância da rede de apoio social na vida do cuidador de pacientes com câncer em cuidados paliativos, já que ela contribui com a qualidade de vida do mesmo e das relações no processo de cuidar. Objetivo: Identificar a rede de apoio social de cuidadores de pacientes com câncer em cuidados paliativos. Método: trata-se de um relato de experiência sobre a rede de apoio de cuidadores identificada a partir do projeto de extensão Um olhar sobre o cuidador: quem cuida merece ser cuidado. Tal projeto foi realizado com 52 cuidadores que estavam vinculadas aos programas Melhor em Casa e Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), vinculados ao Hospital Escola / UFPel / EBSERH. O desenvolvimento das ações ocorreu entre junho de 2015 e dezembro de 2016. Como técnica de produção de dados utilizou-se os registros individuais realizados nas fichas cadastrais, ecomapas e relatos dos cuidadores armazenadas no banco de dados do projeto. Para esse relato foram incluídos 27 familiares que cuidavam de pessoas com diagnóstico de câncer e em cuidados paliativos. Os dados foram categorizados por aproximação temática. Resultados: A partir da análise dos dados emergiram cinco categorias de fontes de apoio destes cuidadores, agrupadas em ordem decrescente de vezes que foram citadas, são elas: familiares, religião, apoio social na comunidade, rede de apoio a saúde e lazer. A principal rede de apoio citada foi a família, entre as falas apareceram maridos, filhos, irmãos, sobrinhos, ex companheiros e o próprio paciente. Com o decorrer do tempo, observou-se a configuração de diferentes tipos de núcleos familiares. Esses núcleos são complexos, com múltiplas formas de apresentação e devem ser reconhecidos por sua pluralidade, apresentam um contínuo processo de transformação histórica, social e cultural4. Deve-se levar em consideração que a doença promove uma ruptura na estrutura familiar, que leva ao desequilíbrio, gerando conflitos, distanciamento e alteração na rotina da família. Quando esta recebe o apropriado suporte consegue dar prioridade e gerir os problemas do doente. A simples intervenção de reconhecimento e apoio reduz consideravelmente o stress do doente e família5. A religião foi o segundo grupo mais citado pelos cuidadores. A adesão a essa categoria pode estar relacionada com a finitude e os sentimentos que essa desperta no paciente e em sua família. Por, em alguns momentos, demonstrarem sensações de impotência e/ou culpa, alguns cuidadores buscam na religião consolo ou ajuda para enfrentar esse processo. Outra categoria enfatizada foi o apoio social na comunidade. Sobre esse aspecto foram citados os vizinhos, amigos e a própria comunidade. O cuidador da pessoa em cuidados paliativos tende a se afastar de compromissos sociais. Por isso, as relações com sua rede de apoio na comunidade mostram-se importantes, já que elas podem minimizar o isolamento e a sensação de abandono em que se encontram muitos dos familiares. Outra categoria que emergiu foi a rede de apoio a saúde, composta por: Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar, Unidade Básica de Saúde, Melhor em casa, hospital, Associação de Apoio a Pessoas com Câncer e profissionais de saúde. Essas redes de apoio a saúde são responsáveis pelos cuidados diretamente com o paciente em procedimentos técnicos, alívio da dor e relações entre paciente, além de favorecer o vínculo com os serviços de saúde. Também possuem um papel fundamental na capacitação do cuidador em relação ao cuidado com paciente. Finalmente, a categoria lazer foi caracterizado por: assistir televisão, ler, acessar as redes sociais e assistir filmes. Para os cuidadores, esses momentos são uma forma de fuga da realidade, nas quais eles podem se envolver em outras atividades que consideram prazerosas. Conclusão: Conclui-se que a identificação da rede de apoio social mostra-se relevante, pois possibilita o apoio e o suporte que auxiliam no alívio da sobrecarga daqueles que cuidam de pessoas com câncer em cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS

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  1. Gomes AMR. O cuidador e o doente em de fim de vida – família e/ou pessoa significativa. Enfer Global 2010; 18:1-9.

      1. MEDICINA PALIATIVA: A COMPREENSÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE ESPIRITUALIDADE NO CUIDADO INTEGRAL AOS PACIENTES ONCOLÓGICOS EM FINITUDE

Luiz Gustavo Teixeira Pinto43, Carolina Machado44, Julio Massuo Makimori45, Luana Carina Czapla46, Tamires Farina Menegat47, Luiza Soster Lizott48.

Introdução: No cuidado paliativo oncológico, os profissionais de saúde têm o desafio de encontrar significados e respostas aos questionamentos do processo de viver, adoecer, curar, morrer e de implementar medidas para promover a vida ou aliviar o sofrimento. O paciente oncológico convive com uma doença de repercussões múltiplas: físicas, psíquicas, sociais e espirituais. Em especial, nestes pacientes em finitude, o cuidado está voltado para a qualidade de vida, devendo-se voltar o cuidado para individualidade, singularidade, sentido da vida, crenças e valores culturais. Esse processo de finitude pode ser vivido de diversas maneiras de acordo com os significados atribuídos a este evento pelo paciente – que está inserido em uma sociedade, com seus próprios conceitos sobre a morte. Por isso não se deve conceber a morte como um fim, mas como um processo, pois considerando o paciente como um ser social e histórico, seu cuidado no fim de sua vida significa ouvi-lo, entender suas demandas e respeitá-las. Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde, cuidado paliativo é a abordagem que promove qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, através de prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento impecável da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. Dentro desta abordagem integral à finitude, a espiritualidade pode ser compreendida como aquilo que traz propósito à vida das pessoas. Uma propensão humana a buscar significado à existência por meios que transcendem o tangível, que pode ou não incluir uma participação religiosa. A percepção espiritual da realidade dá ao indivíduo uma dimensão mais ampla de significados para os eventos da vida diária e pode reorganizar subjetivamente suas experiências. Os pacientes têm suas próprias crenças e tradições que influenciam o modo como lidam com a doença, e quando hospitalizados em geral são isolados de suas comunidades espirituais/religiosas, sem o suporte e geralmente em situação desfavorável. Essa importante demanda deve ser reconhecida e de certa forma atendida pela equipe de saúde. A importância do reconhecimento da espiritualidade como estratégia de enfrentamento e identificação das necessidades espirituais do paciente faz com que o profissional de saúde possa planejar e fornecer uma assistência da forma mais integral possível. Tendo em vista a relevância do tema, esse trabalho teve a intenção de pesquisar a compreensão dos profissionais de saúde de um serviço oncológico hospitalar situado em Balneário Camboriú-SC sobre a espiritualidade e seu papel no cuidado integral aos pacientes oncológicos em finitude. Objetivo: Compreender a percepção dos profissionais de saúde sobre a espiritualidade no cuidado integral aos pacientes oncológicos em finitude, apresentar o modelo de cuidado em saúde e sua relação com espiritualidade. Método: O tipo de estudo realizado foi qualitativo, de natureza teórico-prática, exploratória com abordagem fenomenológica. O projeto foi submetido e aprovado no comitê de ética da UNIVALI. A coleta de dados se deu através de entrevista não-diretiva, buscando compreender o objeto da pesquisa: a compreensão da espiritualidade nas falas da equipe multiprofissional de um serviço de oncologia hospitalar. A população pesquisada foi composta por 9 profissionais da área de saúde composta por 3 médicos, 1 enfermeira, 1 psicóloga, 2 nutricionistas, 2 técnicos de enfermagem da equipe interdisciplinar do serviço de Oncologia de um hospital privado na cidade de Balneário Camboriú -SC. As perguntas realizadas no processo de entrevista foram as seguintes: “O que significa espiritualidade para Sr. (Sra.)?”; “Na sua percepção, a espiritualidade pode influenciar o processo saúde-doença nos pacientes oncológicos em finitude? Se sim, de que modo?”; “O Sr. (Sra.) tem como rotina abordar questões sobre a espiritualidade com os pacientes oncológicos em finitude? Se não, Por que não?” Resultados e conclusões: Os entrevistados acusaram que, o significado da espiritualidade no cuidado paliativo de pessoas com câncer relacionou-se ao sentido de vida de cada pessoa, seus significados e propósitos, além da percepção de uma energia motivadora transcendente. Quanto a influência da espiritualidade no processo saúde-doença, as falas foram mais concordantes, apesar de conceituarem diferentemente os princípios fundamentais de cuidado e espiritualidade. Os profissionais acreditaram com muita firmeza que a espiritualidade influencia o processo saúde-doença das pessoas em cuidados paliativos, especialmente quanto ao enfrentamento e resiliência. Portanto, por mais que haja dificuldades conceituais sobre o fenômeno da espiritualidade no processo de saúde-doença, não podemos negar que tal dimensão da pessoa precisa ser acessada e melhor compreendida para saber cuidar com maior humanidade.

      1. INTERVENÇÕES EM CUIDADOS PALIATIVOS: A INTERDISCIPLINARIEDADE NA PROMOÇÃO DE AUTONOMIA

Lenise Selbach49, Nathalie da Costa Nascimento50, Luisiana Fillipin Onófrio51, Patrícia da Silva Cecim52.

Introdução: O termo “cuidados paliativos” é utilizado para designar a ação de uma equipe multiprofissional a pacientes fora de possibilidades terapêuticas de curai. Para tal, requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. Quando se trata da atuação da psicologia percebe-se de modo geral que seu objetivo possibilitar que sujeito e família tenham um espaço de reflexão e elaboração das experiências de adoecimento, processo de morte e luto. A atuação do terapeuta ocupacional busca ampliar a autonomia e as possibilidades do fazer do paciente, proporcionando um cotidiano menos afetado, pois, a vida não pode perder seu sentido. As atividades utilizadas como recurso terapêutico são compreendidas como possibilitadoras de experiências de potência, ao permitir criar projetos e resgatar capacidades/habilidades remanescentes. Dessa forma, cuidar paliativamente exige sabedoria e sensibilidade e requer um tratamento abrangente e complexo com integração interdisciplinarii. Objetivo: contribuir para o desenvolvimento de práticas de saúde voltadas para o cuidado integral de cada sujeito fortalecendo a importância de propostas interdisciplinares. Método: Trata-se de um relato de experiência baseado nas primeiras atuações de uma psicóloga e uma terapeuta ocupacional do programa de residência multiprofissional desenvolvida em um hospital escola. O público-alvo das intervenções são pacientes oncológicos adultos sem possibilidade de tratamento curativo. Os pacientes são atendidos a partir de solicitação dos profissionais da equipe para avaliação de cada núcleo profissional, análise de prontuário e busca ativa. Por intermédio da escuta clínica, discussão do quadro clínico com membros da equipe e principalmente a partir da disponibilidade e do desejo do paciente de ser acompanhado é realizada uma avaliação do caso e propostas intervenções que são reavaliadas em todo o processo de atendimento. Resultados: O que se têm percebido nos casos atendidos até o presente momento é que os pacientes em cuidados paliativos apresentam limitações físicas no desenvolvimento de atividades; afastamento dos vínculos familiares pelo longo tempo de internação e limitações de visitas devido a infecções e intercorrências; perda funcional e desconhecimento acerca do prognóstico. Todas essas questões influenciam no estado emocional e enfrentamento da situação. A partir disso são desenvolvidas intervenções pela terapeuta ocupacional utilizando-se de recursos como: Comunicação Alternativa (CA), confecção de recordações para familiares, estimulação cognitiva, escuta das necessidades, manobras de posicionamento no leito, alternação de decúbito, orientações de conservação de energia e exercícios para Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia (NPIQ), buscando com essas ações a independência e a autonomia nas atividades de vida diária (AVDs) do sujeito e prevenção de deformidades e disfunções. Na proposta terapêutica sempre é considerada a condição clínica do paciente, de modo que as atividades não sejam iatrogênicas. Já a psicologia oferece um espaço de escuta, acolhimento, acompanhamento em determinados procedimentos fortalecendo um espaço de segurança e confiança. Construção conjunta com familiares sobre o manejo do paciente e situação, abordagens de assuntos e desejos do paciente de forma empática e respeitando a vontade cada sujeito em olhar para a situação. O fato é que todas estas práticas acontecem interrelacionadas contribuindo para a autonomia do paciente. Ainda se percebem muitas dificuldades relacionadas a falta da compreensão do papel do psicólogo e do terapeuta ocupacional no contexto hospitalar e do respeito ao olhar de cada um frente ao paciente. No entanto, é possível perceber avanços ao longo das intervenções pois estas favorecem que cada profissional construa o seu espaço e esclareça seu papel além de ressaltar a importância do trabalho multi e interdisciplinar. O vínculo com o paciente também é reforçado à medida que este percebe um espaço de escuta e valorização de suas possibilidades. Conclusões: Em meio a esse contexto inicial de descoberta, exploração, intervenções e reflexões em Cuidados Paliativos é possível perceber que a atuação interdisciplinar é fundamental a fim de promover qualidade de vida mesmo frente a iminência de morte. Para isso, pressupõe-se a presença de uma equipe que paute seu trabalho fundamentalmente na empatia e no respeito ao outro. Cabe ressaltar que trabalhar em equipe não se trata de dizer o que o outro tem que fazer ou fazer o que ele faz, mas sim refletir sobre de que forma o saber do outro pode ajudar a aprimorar o que cada um está fazendo. Além disso, com estas experiências iniciais cada vez mais percebe-se a importância de avaliar se as práticas propostas fazem sentido para que sejam provedoras de benefícios para o sujeito.

      1. ASSISTÊNCIA PRESTADA A UM PACIENTE FORA DA POSSIBILIDADE DE CURA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Silvia Francine Sartor53, Bruna Gil Vicente54, Luiza Rodrigues55, Janaina Baptista Machado56, Bruna Knob Pinto57, Stefanie Griebeler Oliveira58.

Introdução: o câncer de estômago é uma das neoplasias malignas mais comuns e configura como a segunda causa de morte a nível mundial. Além de apresentar uma alta taxa de mortalidade1, acarreta alterações na vida do paciente e da família. Desse modo, a assistência não se basta apenas com a prática tecnicista e curativa, deve-se incluir todo o cuidado que esteja disponível. Diante deste panorama, a enfermagem possui um importante papel no desenvolvimento da assistência, permitindo a realização de um cuidado integral e humano para atender as singularidades do adoecimento quando no ambiente hospitalar. Objetivo: descrever a assistência de enfermagem ofertada a um paciente com neoplasia gástrica fora da possibilidade de cura em uma unidade de clínica médica. Metodologia: relato de experiência oriundo de um estudo de caso de base qualitativa e exploratória. A coleta de dados foi realizada nos dias 30 de setembro e 7 de outubro, enquanto a construção textual ocorreu desde o primeiro contato até o mês de novembro de 2015. O estudo foi construído a partir da situação de um paciente internado no município de Pelotas. O estudo foi elaborado por três acadêmicas de enfermagem do quinto semestre da Universidade Federal de Pelotas, durante as atividades em campo prático do componente curricular Unidade do Cuidado de Enfermagem V – Adulto e Família. Primeiramente, foi feita a escolha do paciente, lhe foi solicitada autorização para acompanhá-lo e, a partir disso, foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em duas vias. A coleta de dados envolveu entrevista e exame físico detalhado, conforme instrumento guia padrão, além de informações do prontuário do paciente. Com isso, se preservou o anonimato, respeitando a Resolução 466/122 do Conselho Nacional de Saúde. Dessa forma, para identificar o paciente, foi utilizado o pseudônimo “Benjamin”. Resultados: Benjamin, 66 anos, sexo masculino, branco, luterano. Natural de Pelotas, residindo em área urbana, aposentado, casado há 45 anos, três filhos e cinco netos. Ex-tabagista e hipertenso. Sua história inicia em 2013, quando descobriu uma neoplasia gástrica, para qual foi realizada uma gastrectomia total e uma jejunostomia. Realiza quimioterapia de 15 em 15 dias. Por ser um paciente em estadiamento IV, decidiu-se abordar a terminalidade. Benjamin e sua família têm sido acompanhados pelo Programa de Internação Domiciliar (PIDI), vinculado ao Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. Durante as conversas, Benjamin relatou estar incomodado com o barulho, e dizia sentir um cheiro forte e incomodativo, fétido. Além disso, relatou querer um leito sozinho, do que pode ser inferido um desejo por se isolar e ter um momento para si e para os seus. Em vários momentos se emocionou, principalmente quando o diálogo era focado em sua família. Ainda, considerando que o câncer traz consigo transformações físicas, psíquicas e sociais na vida dos indivíduos acometidos, se torna de suma importância compreender também sua repercussão na vida familiar. O câncer é uma doença que possui muitos estigmas e traz consigo uma gama de sentimentos negativos em todos os estágios, seja no diagnóstico ou tratamento. Conclusão: tendo por base o que vimos na unidade de internação, os cuidados de alguns profissionais centram-se nos gestos técnicos. Não parece haver espaço para um momento de escuta terapêutica. O paciente não sente apenas dor física, necessita também de cuidados psicológicos e espirituais, assim como seus familiares. Além disso, acreditamos que, por se tratar de um paciente fora da possibilidade de cura, e que não estava exigindo muitos cuidados práticos, outros aspectos subjetivos poderiam ter sido abordados. Por intermédio de uma escuta terapêutica, os profissionais de saúde poderiam ter observado e escutado seu relato e de sua companheira, frente ao desconforto com o ambiente. Cabe ressaltar que em seu período de internação, dois quartos de isolamento da unidade estavam vagos. Contudo, não houve receptividade ou ação por parte da equipe, tanto médica quanto de enfermagem, para o encaminhar para um dos leitos, o que propiciaria maior conforto tanto ao paciente quanto a família. Nessa perspectiva, acredita-se ser imprescindível que a equipe de saúde, dentro das suas possibilidades, busque alternativas e desenvolva a escuta terapêutica como forma de qualificar e humanizar a assistência em saúde, em especial aos pacientes que passam pelo intenso processo da terminalidade. Diante disso, tem-se que o cuidado medicamentoso é fundamental, entretanto, há de se atentar também às outras necessidades humanas, que transcendem o físico.

REFERENCIAS

  1. Santos AS, Burchianti LC, Netto NA, Mazon VA, Malheiros CA. Adenocarcinoma gástrico. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo 2015;60:156-9
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      1. PRÁTICAS DE CUIDADO DE SI POR MEIO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS NOS PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Francielly Zilli59, Stefanie Griebeler Oliveira60.

Introdução: O diagnóstico e tratamento de uma doença que ameaça a vida limita não só o desempenho ocupacional das atividades da vida diária (AVD), mas também o desempenho dos

papeis ocupacionais. As possibilidades de expressão de vida durante o enfrentamento da

doença ocorrem através das intervenções terapêuticas ocupacionais que se estabelecem pelo

processo de tríade construído entre terapeuta – atividade – paciente. Dessa forma, os recursos

terapêuticos (atividades) são utilizadas como mediadoras para expressões de vida e de

reconhecimento de si durante um processo de adoecimento onde há o risco eminente de

morte1. Assim, perceber a utilização dos recursos terapêuticos como facilitadores das práticas

de cuidado de si vistas por Foucault2 como ações de si para consigo, formas de atenção/olhar

para si, e principalmente como ações que nos modificam e nos transformam, permite avivar a

importância da utilização dos recursos terapêuticos como formas de intervenções com

pacientes oncológicos. Objetivo: Despertar o olhar para a utilização dos recursos terapêuticos

como formas de cuidado de si nos pacientes em cuidados paliativos. Método: Trata-se de um

estudo de quatro casos clínicos apresentados como Girassol, Gérbera, Lótus e Pessegueiro,

realizado no período de outubro de 2015 a janeiro de 2016, sendo fruto do trabalho de

conclusão de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica realizado em um

Hospital Escola vinculado a uma Universidade Federal do Sul do Rio Grande do Sul. A

pesquisa seguiu os princípios da Resolução nº466/12, sendo submetida ao Comitê de Ética e

Pesquisa e aprovado através do processo nº104561/2015. Resultados: Inicialmente,

apresentamos os novos modos de vida experienciados por Girassol, homem, 40 anos, com

diagnóstico de câncer de testículo somado a metástase pulmonar, o qual busca através do

artesanato com materiais reciclados ressignificar a vida, sendo essa atividade um forte

potencializador do resgate ocupacional durante o período de hospitalização. Girassol tornou-se

mais ativo no processo de cuidado, o qual referia a atividade terapêutica como parte do seu

tratamento comparando-a aos aportes nutricionais, remédios e a quimioterapia, com a

diferença de que enquanto estes eram estabelecidos pela doença, a terapia ocupacional se

estabelecia pela necessidade de reconhecer a si mesmo. Gérbera, mulher, 34 anos, diagnosticada com câncer de mama, semanalmente realizava atendimento terapêutico ocupacional com o intuito de converter o olhar para si e reencontrar a Gérbera aprisionada pelo câncer. Após expressar o quanto sentia-se um passarinho preso na gaiola, ela chega para atendimento e encontra na porta da sala uma cortina de papel crepon a qual representava simbolicamente a porta da gaiola que a aprisionava. A festa que Gérbera encontrou ao entrar marcava uma nova forma de refletir sobre si mesma. Foi no setting terapêutico que ela experienciou o resgate da permissibilidade de converter o olhar para si e ressignificar o eu doente. Lótus, mulher, 60 anos, enfrentando o diagnóstico de câncer de reto passa a usar duas bolsas de colostomia, apresentando dificuldades para compreender a modificação corporal: aos poucos, ela foi se afastando, passando a dormir na maior parte do tempo. Objetivando o cuidado de si, foi proposto a confecção de uma bolsa de tecido que possibilitasse a reflexão sobre a vida com a bolsa de colostomia. Esta proposta foi recusada, levando assim a terapeuta a confeccionar o “saquinho de sentimentos bons”, o qual oportunizou Lótus associar, através de um novo modo de encarar as coisas, a colostomia ao seu bem estar. Com isso, a paciente, na relação com o outro (o TO) e na representatividade simbólica, modificou-se por meio de reflexões, escutas, diálogos, explorando novas possibilidades de cuidado de si, bem como se reorganizando pela nova configuração do corpo. Por fim, Pessegueiro, homem, 37 anos, diagnosticado com leucemia mieloide Aguda tipo I, encontrava no setting terapêutico, espaço para planejar as partidas futuras da vida. Dessa forma, para ganhar na disputa do jogo, Pessegueiro precisava mudar suas estratégias a cada rodada, da mesma forma, para ganhar das limitações experienciadas pela doença, foi preciso ele mudar as estratégias de perceber a vida. Nessa relação, era possível, através do processo transferencial, identificar “o coringa que tem ajudado na partida da vida”, à ocupação terapêutica, a qual proporcionou através do jogo com cartas alterar as formas de olhar para si, proporcionando assumir e modificar novas práticas de cuidado e de enfrentar o adoecimento. Conclusões: Olhar os recursos terapêuticos como práticas de cuidado de si fortalece a assistência integral e reforça a potencialidade das intervenções terapêuticas ocupacionais com pacientes com doenças que ameaçam a vida.

REFERÊNCIAS

  1. Pedral, C; Bastos, P. Terapia Ocupacional: Metodologia e Prática. Rio de Janeiro: Rubio, 2013.
  1. Costa, A; Othero, MB; Candido, T. O papel da Terapia Ocupacional nos cuidados paliativos. In: Costa, A; Othero, M. Reabilitação em Cuidados Paliativos. Loures: Lusodidacta; 2014.

  1. Foucault, M. A hermenêutica do sujeito. 3º ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

      1. ENFRENTAMENTO DA MORTE INEVITÁVEL DE UM PREMATURO EXTREMO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Aline Nogario61, Edison Barlem62, Francielle Sena63, Jéssica Fagundes64, Kendra Castanha65.

Introdução: A unidade de terapia intensiva neonatal é destinada ao atendimento específico ao recém-nascido (RN) prematuro ou a termo que apresenta alguma comorbidade ao nascer e que necessita de cuidados especiais, como a monitorização contínua até o restabelecimento completo de sua saúde(1).Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prematuridade pode ser classificada de acordo com a idade gestacional, sendo ela moderada para os recém-nascidos entre 32 e 36 semanas de gestação; acentuada para os nascidos entre 38 e 31 semanas de gestação e prematuros extremos para aqueles bebês que nasceram com menos de 28 semanas de idade gestacional, os quais na grande maioria apresentam um maior risco de morte devido o contexto de suas condições fisiológicas(2). Diante disso, os cuidados paliativos podem ser utilizados para definir a ação da equipe de saúde multiprofissional e orientar as condutas dispensadas aos pacientes sem possibilidade de cura, em situação de morte iminente(3).Estes cuidados foram definidos em 1990 pela OMS e redefinidos em 2002, como uma abordagem necessária para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e familiares em situação de enfrentamento de doenças terminais, através da prevenção e alívio do sofrimento com a identificação, avaliação e tratamento adequado da dor e outros agravos, sejam eles físicos, espirituais ou psicossociais.(4) Objetivo: Refletir sobre o enfrentamento da morte inevitável de um prematuro extremo em uma unidade de tratamento intensivo neonatal. Método: Trata-se de um relato de experiência de uma enfermeira que atua como técnica em enfermagem em uma unidade de terapia intensiva neonatal de um Hospital Universitário no extremo sul do Brasil. No início do ano de 2017 recebemos a internação de gemelares de 22 semanas. O primeiro RN teve seu nascimento na rua devido à situação de vulnerabilidade de sua mãe, a qual era usuária pesada de crack e sob os efeitos da droga não conseguiu identificar o início do trabalho de parto e procurar um serviço de saúde. Esse RN pesou aproximadamente 670g e, ocasionado por sua condição extrema de prematuridade, não conseguia manter uma temperatura corporal acima de 32,2°C. Mesmo após inúmeras manobras, como a colocação de algodão ortopédico sob seu corpo e nas extremidades, troca de incubadora para uma com melhor sistema de aquecimento e colocação de plástico filme sobre o bebê, sua temperatura não excedeu 34,4°C ao fim do plantão. Infelizmente, mesmo com todo suporte prestado pela equipe, devido às condições inviáveis de manutenção de vida o recém-nascido foi a óbito. Essa perda gerou uma grande sensação de incapacidade e fracasso na profissional responsável pelo cuidado direto, gerando dúvidas quanto as reais necessidades de suas condutas ao auxiliar na coleta de sangue e punção para verificar glicemia, exemplos de procedimentos dolorosos e não eficazes na manutenção da vida, além do questionamento do que poderia ter sido feito para amenizar o sofrimento do bebê. Resultados: Atualmente, os recursos utilizados em unidades de terapia intensiva, principalmente nas neonatais, estão disponíveis como formas de intensificar o processo de cuidado, o que muitas vezes amplia o processo de morrer e consequentemente levam a um maior sofrimento para pacientes, familiares e profissionais diretamente responsáveis pelos cuidados. A escassa discussão a respeito da morte digna traz aos profissionais a sensação de que a morte é evitável e, consequentemente, a obrigação em prolongar a vida mesmo diante da inviabilidade, como forma de afirmar sua capacidade(5). Os profissionais da enfermagem, apesar de suas vivências cotidianas, não estão preparados para lidar com a morte, pois surgem sentimentos de culpa, fracasso e questionamentos quanto as suas condutas, o que representa claramente a dificuldade em compreender a transição entre a vida e morte(6-7). Todo esse processo poderia ocorrer de melhor forma se houvesse a implementação de uma linha de cuidados paliativos, com preparo da equipe e discussões no grande grupo multiprofissional quanto às condutas que são necessariamente adequadas a cada bebê individualmente. Conclusão: A partir da discussão e entendimento das condições de manutenção de vida de um RN prematuro extremo, percebe-se que existe uma grande necessidade de discussão entre os profissionais quanto às condutas da equipe no desenvolvimento do cuidado, pois trata-se de um tema pouco explorado desde a graduação, o que influi negativamente no enfrentamento destas situações. Grande parte dos profissionais passam por um processo doloroso de perda, pois atribuem a morte como consequência do seu fracasso profissional. Para tanto, conclui-se que é necessário abordar e discutir de forma mais ampla a magnitude dos cuidados paliativos, de forma que o cuidado se torne mais qualificado e seja voltado às necessidades dos bebês de forma a não os submeter as condutas terapêuticas dolorosas e desnecessárias em situação de morte iminente.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde [livro eletrônico]. 2a ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2012. [citado 2015 Nov 27].

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  1. Carvalho RT, Parsons HR. Manual de cuidados paliativos. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic; 2012.
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  1. Silva LC, Valença CN, Germano RM. Estudo fenomenológico sobre a vivência da morte em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Rev Bras Enferm [Internet].

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  1. Cardoso DH, Muniz RM, Schwartz E, Arrieira IC. Cuidados paliativos na assistência hospitalar: a vivência de uma equipe multiprofissional. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2013 [citado 2015 Nov 27]; 22(4): 1134-41. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/ S0104-07072013000400032

      1. PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR COMO DISPOSITIVO POTENCIAL NOS CUIDADOS PALIATIVOS

Lorrane Nogueira de Carvalho66, Cintia Camila Santos de Souza Costa67, Munique Pimentel Gomes68, Bárbara da Silva Gama69, Bianca Contreira de Jung70.

Introdução: Um dos princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS) é a integralidade da assistência, que significa atender as necessidades do usuário e da população através de serviços e cuidados específicos, devendo incluir, também, o cuidado paliativo (CP)1. Nesse sentindo, destaca-se que a abordagem do CP na Atenção Primária Saúde (APS) é imprescindível, visto que, é a equipe da APS a responsável pelo apoio ao usuário e à família, garantindo o controle de sintomas indesejados e promovendo a dignidade no processo de morte do usuário2. Acredita-se que o CP, quando é desenvolvido na Atenção Domiciliar (AD), pode superar o modelo técnico-assistencial em saúde e promover, com efetividade e eficácia, a integralidade da assistência. Destaca-se que a AD é um dispositivo que apresenta como um dos seus objetivos o fortalecimento da autonomia do usuário3. Outro instrumento capaz de garantir essa integralidade, é o Projeto Terapêutico Singular (PTS) que constitui-se como uma ferramenta essencial de cuidado, o qual também, é um dispositivo que promove a apropriação do usuário no seu processo de cuidado, tornando-o um agente ativo das suas necessidades em saúde4. O PTS ocorre em quatro etapas: 1a) O diagnóstico, que trata-se de uma avaliação biopsicosocioespiritual do usuário, captando a sua singularidade; 2a) A definição de metas, que são propostas terapêuticas do profissional de maior vínculo com o usuário; 3a) A divisão de responsabilidades das tarefas individuais e; 4a) É a reavaliação do PTS com o intuito de verificar a eficácia das metas propostas5. A partir do que foi exposto, este trabalho justifica-se pela necessidade em refletir sobre a importância do PTS no CP, desenvolvido na AD da APS, como um potencializador da assistência ao usuário. Objetivo: Refletir como o PTS pode potencializar a assistência ao usuário em CP desenvolvido na AD da APS. Metodologia: Trata-se de um levantamento bibliográfico desenvolvido a partir da questão norteadora: como o PTS pode constituir-se em um dispositivo que potencializa a integralidade da assistência à saúde do usuário em cuidados paliativos na AD da APS. Inicialmente realizou-se a busca de artigos científicos na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde: saúde pública Brasil, no mês Abril de 2017. Foram utilizados os descritores “cuidados paliativos” e “atenção primária à saúde” e, como critérios de inclusão, ser artigo, estar disponível em texto completo e no idioma português. Ao final da busca foram encontrados 14 artigos e, após a leitura criteriosa dos mesmos, percebeu-se que apenas um artigo abordava o tema em questão. Em consequência da pouca produção científica acerca da temática, este estudo foi construído com base na leitura crítica de manuais do Ministério da Saúde (MS) e do único artigo científico selecionado. Resultados: O PTS é um plano terapêutico desenvolvido para atender a singularidade do usuário e resulta da discussão coletiva de uma equipe multidisciplinar, visando atender todas as necessidades do mesmo6. Este plano geralmente é utilizado em situações mais complexas, havendo a necessidade de uma equipe integrada para valorizar aspectos que vão além do diagnóstico médico5. O profissional da saúde ao exercer o CP ao usuário na AD deve levar em consideração a sua cultura e suas crenças, informando o que o usuário deseja saber, atentando para o controle dos sintomas da doença, em especial a dor, e permitindo que o mesmo expresse seus sentimentos para o alivio do sofrimento e o planejamento de sua morte2. Quando este profissional atua conscientemente e desconsiderando os seus dilemas éticos, ele é capaz de desenvolver o PTS como um dispositivo técnico na produção da saúde, que promove o planejamento, a avaliação e o aprimoramento da assistência ao usuário6. Contudo, o artigo selecionado destacou que o PTS somente era utilizado nos casos mais complexos e de forma não padronizada pela equipe da Estratégia Saúde da Família durante a assistência no CP6. Destaca-se que o PTS pode ser um dispositivo potencializador da assistência na AD ao usuário em CP, através do cuidado direcionado às necessidades individuais do usuário, sem considerar, apenas, o seu diagnóstico médico. Conclusão: A partir deste trabalho foi possível refletir que o PTS pode potencializar a assistência ao usuário em CP na APS, através da equipe multidisciplinar como integradora do cuidado, com vistas a tratar o usuário em sua singularidade, diminuindo sintomas desconfortáveis e suas angústias no planejamento final da sua vida. Tendo em vista a importância do PTS, sugere-se que novos estudos sejam realizados acerca da temática focados aos cuidados paliativos na APS e que a sua utilização se torne padronizada.

REFERÊNCIAS

    1. Lei nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, 19 Set 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.html.

    2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação-Geral de Atenção Domiciliar. Caderno de Atenção Domiciliar. Vol.2 Brasília: Ministério da Saúde; 2012.

    3. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 963, de 27 de maio de 2013. Redefine a Atenção Domiciliar no Âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

    4. Merhy EE. Apostando em projetos terapêuticos cuidadores: desafios para a mudança da escola médica ou utilizando-se da produção dos projetos terapêuticos em saúde como dispositivo de transformação das práticas de ensino-aprendizagem que definem os perfis profissionais dos médicos. Campinas; 2013.

    5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Clínica ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico singular. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.

    6. Combinato DS, Martins STF. (Em defesa dos) Cuidados Paliativos na Atenção Primária à saúde. O Mundo da Saúde, São Paulo. 2012;36(3):433-441.

      1. A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA EM ENFERMGEM A PACIENTE MASTECTOMIZADA ACOMETIDA POR METÁSTASE ÓSSEA

Fabrício Diel71, Amanda Do Val72, Lavinia Alves73, Sabrina Farias74, Vitória Souza75, Ana Paula Escobal76.

Introdução: Mulheres acometidas por câncer de mama vivenciam momentos de dor física e psicológica durante a doença e isto influencia em todo o processo da doença, desde a aceitação até o final do tratamento longo e agressivo. Em alguns casos tendo que lidar não apenas com diferentes aspectos de sua vida social e afetiva, mas também com a aceitação de um corpo marcado e o convívio com esta nova imagem.¹ Frente a isso o processo de enfermagem é entendido como uma ferramenta metodológica que orienta o cuidado do profissional de enfermagem e a documentação prática.² Ainda a literatura aponta que 45% das pacientes que são diagnosticadas com a patologia, carregam evidencia de metástase óssea para regiões próximas ou distantes. Com dados mais precisos as áreas afastadas mais afetadas são ossos 71%, pulmões 69%, fígado 65%, pleura 51%, supra-renais 49%, pele 30% e cérebro 20%.³ Frente a isso a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem possibilita cuidados individualizados, ancorados nas particularidades dos pacientes oncológicos e também proporciona avanços na qualidade da assistência. Além dos benefícios para os pacientes, também são observados com a implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem, benefícios em relação a instituição e os profissionais da equipe multidisciplinar.4 Objetivo: Implementar a Sistematização de Assistência em Enfermagem a paciente acometida por câncer de mama com metástase óssea. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo estudo de caso. O estudo de caso visa à investigação de um evento contemporâneo em seu contexto no mundo real, mesmo quando o evento não está claramente relacionado ao contexto.5 O estudo foi realizado por acadêmicos de enfermagem na Universidade Federal de Pelotas, na unidade Rede de Urgência e Emergência I do Hospital Escola, situado na cidade de Pelotas-RS. A Paciente designada para a pesquisa é a V. L. P, 54 anos, casada, natural de Pinheiro Machado-RS, aposentada, com diagnóstico de câncer de mama com metástase óssea. A coleta dos dados foi realizada em outubro de 2016, por meio da anamnese, exame físico céfalo-caudal e utilização de métodos para identificação de informações importantes para desenvolver um plano de cuidado, incluído diagnóstico de enfermagem e prescrição de cuidados. A pesquisa envolve o sigilo e a privacidade das informações da paciente, sendo assim foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. De acordo com a resolução 466/20126, o sigilo e o anonimato da paciente serão preservados de acordo com os preceitos éticos. Resultados: Após a realização da anamnese e do exame físico foram elencados dois Diagnósticos Reais de Enfermagem de acordo com o North American Nursing Diagnosis Association (NANDA)7 e posteriormente os cuidados relacionados à paciente V. R. P. Deambulação prejudicada (00088) relacionado a dor evidenciado por capacidade prejudicada para percorrer as distancias necessárias. Os cuidados elencados foram: revisar prontuário em relação a ordem de atividades; usar mecânica corporal durante movimentos; usar cadeiras de rodas para auxiliar a paciente, pois a mesma esta impossibilitada de deambular, frente as lesões ósseas conseguem deambular. Dor crônica (00133) relacionado a infiltração de tumor evidenciado por alteração da capacidade de continuar atividades prévias, expressão facial de dor e mudanças no padrão de sono. Os cuidados elencados foram: monitorar o efeito terapêutico do medicamento; analisar o tipo e a fonte da dor ao selecionar uma estratégia para seu alívio; promover o repouso adequado para facilitar o alívio da dor. Considerações Finais: Esse estudo nos proporcionou contato e o estabelecimento de vínculo com a paciente, sua família e com a unidade Rede de Urgência e Emergência I, procurando sempre auxiliar a paciente conforme o nosso aprendizado e ao que estava ao nosso alcance e da nossa facilitadora. Durante as pesquisas realizadas sobre as patologias, conseguimos aprimorar o conhecimento, permitindo realizar o cuidado e ainda dentro desse desempenho nos integramos com a Unidade, visto que a maioria dos pacientes ali encontrados apresentam patologias específicas semelhantes. Interessante foi nos comprometer com um único paciente e estudar e analisar suas necessidades como um todo, buscando sua melhoria de qualidade de vida em todos os aspectos que estavam em nosso alcance.

REFERÊNCIAS

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  1. Flick U. Introdução a pesquisa qualitativa. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2009.
  1. Nanda Internacional. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e

Classificação 2012-2014. Porto Alegre: Artmed; 2013.

      1. O PAPEL DA ODONTOLOGIA NO CUIDADO PALIATIVO

Indyara Cerutti77, José Ricardo Sousa Costa78, Kaio Heide Sampaio Nobrega79, Monique Zanella80, Raquel Soncini de Morais81.

Introdução: Cuidados Paliativos se propõem a melhora da qualidade de vida de pacientes

e familiares que estão enfrentando doenças com risco de vida. Dessa forma, uma equipe

multiprofissional é de fundamental importância para que, através do conhecimento

integrado obtenham meios de proporcionar alívio da dor total; sendo essa física,

psicológica, social e espiritual. Objetivo: o presente trabalho ilustra o papel do Cirurgião-

Dentista no diagnóstico, suporte e tratamento de alterações em cavidade bucal que podem

repercutir na qualidade de vida dos pacientes sob cuidado paliativo. Método: relatar, de

forma narrativa, o histórico de práticas sistematizadas, de profissionais, alunos de

graduação e pós-graduação do serviço de Odontologia Hospitalar do Hospital Escola

UFPel/EBSERH com ações em ambiente hospitalar e domiciliar no período de 2010 a

2017. Uma série de alterações bucais faz parte das rotinas odontológicas dentre as quais

cabe citar: higiene bucal deficiente, xerostomia, mucosite, candidíase, cárie dentária,

doenças periodontais e distúrbio do paladar. Bem como, variado universo de fatores de

gestão hospitalar e do núcleo familiar se fazem presentes para a adequação da atenção em

saúde bucal pelos atores da odontologia. Resultados: Ao longo do período foi possível

verificar sensível mudança nas condutas profissionais das demais áreas da saúde com a

inclusão da odontologia no espectro de referências para o atendimento dos pacientes.

Reduzindo sobremaneira os riscos de comorbidades bucais e de agravos de saúde deste

seleto grupo de pacientes. Conclusão: Reduzir ou eliminar alterações bucais no cuidado

paliativo proporciona ao paciente menor sofrimento com disponibilidade de tempo e

atenção no convívio com seus familiares e amigos, atitudes de relevância nesta etapa do

cuidado.

REFERÊNCIAS

  1. Wiseman M. The Treatment of oral problems in the Palliative Patient. Journal of Canadian dental association. 2006;72(5) pg453-57
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      1. IDENTIFICAÇÃO DE PRÁTICAS E ORIENTAÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE AO CUIDADOR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS

Francielly Zilli82, Claúdia Pires Munhos Morales83, Bruna Ferreira Ribeiro84, Adrize Rutz Porto85, Stefanie Griebeler de Oliveira86, Michele Rodrigues Fonseca87.

Introdução: Sabe-se que houve um aumento significativo da expectativa de vida da população, sem necessariamente representar a garantia de qualidade de vida1. Por isso, o serviço de Atenção Domiciliar veio com vistas a dar continuidade ou complementar o atendimento prestado no âmbito domiciliar2. Nesse contexto, o cuidador responsável por prestar o cuidado ao paciente oncológico, também precisa de atenção integral, buscando compreender se esse entende o que abrange seu papel e quais as orientações sobre o cuidar que recebeu, visto que o adoecimento do seu familiar traz um enorme conflito juntamente com medo do enfrentamento perante às doenças crônico-degenerativas3. Assim, o cuidador familiar além de se sentir despreparado tecnicamente, senti–se envolto por inúmeros sentimentos, desde tristeza, raiva, culpa, solidão, depressão e medo4. O papel do cuidador familiar se amplifica não somente no cuidado técnico, mas sim no envolvimento total das emoções, perdendo em muitos casos sua própria identidade em prol do paciente5. A necessidade de uma educação com abordagem multiprofissional e interdisciplinar englobando o paciente como um todo, faz-se necessária para que seja conduzido o desfecho saúde e doença sem que haja um sofrimento e sobrecarga maior para o paciente e cuidador familiar e a família em geral6. Objetivo: Identificar quais as orientações e preparo técnico recebido pelos cuidadores familiares para as ações de cuidar de pacientes em cuidados paliativos. Método: Este trabalho é parte da pesquisa qualitativa intitulada “Modos de ser cuidador familiar em atenção domiciliar: práticas que falam de si”, vinculada a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Os participantes foram 26 cuidadores familiares dos programas de atenção domiciliar à saúde, da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul/Brasil. O recorte tratou das práticas e orientações recebidas pelos cuidadores familiares por meio dos profissionais de saúde. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFPEL, sob o número: 866.884. Resultados: O cuidador quando se descobre em tal função, sente-se na maioria das vezes incapaz de desenvolver ações técnicas de cuidado, uma vez que essas são condicionadas apenas aos profissionais de saúde, contudo na atenção domiciliar faz-se necessário ao cuidador ter domínio de cuidados técnicos a fim de cuidar ao paciente. Dessa forma, os entrevistados relataram reação de choque, desespero, pavor, choro e de não gostar de desempenhar os cuidados técnicos. Procedeu-se o estudo com doze cuidadores selecionados e apenas um verbalizou ter se sentido tranquilo. Também nunca imaginaram que precisariam desenvolver tal papel, bem como não ter coragem e capacidade, uma vez que ser cuidador não foi uma escolha. Entretanto, referiram que com o tempo foram adquirindo segurança no cuidar. A origem da capacitação para os cuidados técnicos geralmente ocorre ainda durante a internação hospitalar, onde os cuidadores acabam aprendendo por observação da equipe ou mesmo por instrução direta da mesma. A equipe de atenção domiciliar também é citada como fonte de capacitação, geralmente relacionada à continuidade e aprendizagem no decorrer do cuidado. O preparo técnico como: administração de medicamentos e manejo da dor, realização e troca de curativos, higienização adequada do paciente, nutrição equilibrada de acordo com as necessidades corporais, mudança de decúbito proporcionando conforto ao paciente e atenção as eliminações fisiológicas. Este preparo dos cuidadores familiares é citado em doze entrevistas, como relacionado ao acolhimento prestado pela equipe domiciliar, a qual orienta sobre os cuidados que devem ser prestados aos pacientes oncológicos e tranquiliza os cuidadores, os quais também acabam sentindo-se descansados pela presença da equipe. Dessa forma, percebem-se capacitados e assegurados emocionalmente para desempenhar o cuidado. Ainda, foi verificado que mesmo após vencer o medo, alguns cuidadores demonstraram receio em desenvolver cuidados técnicos, justificando que esses também são doloridos para quem cuida, mas continuam com a atividade, pois se faz necessário. Em contrapartida, outros cuidadores referem segurança em desenvolver essas atividades. Conclusões: A demasiada preocupação com os aspectos técnicos do cuidador familiar ao assumir o cuidado pode subtrair a atenção às demais dimensões que permeiam cuidar do outro, como os aspectos emocionais, sentimentos de sobrecarga, disponibilidade de tempo, etc. Entende-se que identificar as práticas e orientações dos profissionais de saúde aos cuidadores de pacientes oncológicos é fundamental para que o cuidado seja realizado de forma apropriada e efetiva, garantindo a qualidade de vida ao cuidador e paciente.

REFERÊNCIAS

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  1. Botucatu, 2012. 110 p. Dissertação (Dissertação apresentada à Universidade Estadual Paulista – UNESP para obtenção do título de mestre no programa de Pós Graduação Enfermagem Profissional).

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      1. CONSULTA DE ENFERMAGEM ONCOLÓGICA: QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA E ACOLHIMENTO AO PACIENTE

Daniela da Silva Corrêa da Silva de Farias88, Karine Mendonça Rodrigues89.

Introdução: A consulta de enfermagem (CE) é uma atividade específica do enfermeiro, conforme decreto de Lei n.º 94406 de junho de 1987¹, sendo utilizada para promover a saúde e qualidade de vida do indivíduo. Na consulta de enfermagem realizada na unidade oncológica, também é momento para acolher o paciente prepara-lo para o tratamento e criar vínculo com o mesmo. O enfermeiro, enquanto profissional com habilidades de comunicação e avaliação sistemática dos sinais e sintomas, é essencial no suporte a equipe e ao paciente/família/cuidador, fazendo o gerenciamento e coordenação das metas assistenciais propostas no acordo terapêutico². Através da relação de proximidade terapêutica e afetiva que estabelece com paciente e família/cuidador, as ações educativas tornam-se mais assertivas. Isso reforça a necessidade de uma consulta de enfermagem pensada para o paciente que, em cuidados paliativos, tem necessidades únicas, tendo em vista seu momento de fragilidade e diversos enfrentamentos. Objetivo: A partir dos relatos, percepção do paciente e escuta acolhedora durante a consulta de enfermagem, pretende-se relatar como a prática da consulta pode aprimorar o cuidado e melhor contemplar as necessidades do paciente em cuidados paliativos. Método: relato de experiência acerca da consulta de enfermagem realizada numa clínica oncológica num município do Vale do Paranhana, como meio de qualificar a assistência de enfermagem prestada. Resultados: Viu-se que é comum os pacientes chegarem para consulta de enfermagem sem saberem que estão em cuidados paliativos. Muitas vezes, eles mal sabem exatamente como será o tratamento, assim como a família/cuidadores. Isso torna-se evidente quando os sintomas começam a aparecer de maneira mais expressiva e paciente e familiares tentam incessantemente abordagens curativas, cobrando da equipe multiprofissional, soluções para sentimentos como angústia e demais ligados ao enlutamento³.Com a escuta qualificada e acolhimento durante consulta de enfermagem é possível promover a saúde e auxiliar na qualidade de vida do paciente oncológico. Essa prática ao ser realizada na clínica oncológica para pacientes em tratamento quimioterápico empodera o conhecimento e autonomia do enfermeiro como agente promotor de saúde, bem como promove a melhora saúde e qualidade de vida do paciente. Conclusões: A consulta de enfermagem prepara o paciente para o tratamento oncológico, diminuindo sintomas como ansiedade e medo e esclarece dúvidas do paciente e familiares/cuidadores, levando-os à uma melhor condição para promoção de saúde e qualidade de vida. O acolhimento e esclarecimento dessas questões desde o início deixariam paciente e família mais tranquilos e preparados quanto a realidade do cuidado paliativo. Além disso, dá ao enfermeiro a possibilidade de conhecer o indivíduo do qual irá cuidar, não somente pela sua doença, mas como alguém que precisa ser integralmente entendido e cuidado, humanizando cada vez mais a assistência prestada.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 26 jun. 1986. Seção 1, p.1. fls 9.273/9275 10. Brasil.

  1. Brasil. Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 09 jun. 1987. Seção 1, fls 8853/8855

  1. Firmino, Flávia. O papel do enfermeiro na equipe. Manual de Cuidados Paliativos – ANCP, 2009, páginas 335-336.
      1. ESPIRITUALIDADE E SAÚDE EM CUIDADOS PALIATIVOS: UMA EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA COM PACIENTES ONCOLÓGICOS

Karine Mendonça Rodrigues90

Introdução: Ao lidarmos com seres humanos, independente de suas condições de saúde, sabemos que é indispensável ter clara a noção de integralidade e complexidade do ser. Quando ficamos diante do ser humano fragilizado, necessitando de assistência de saúde, como pacientes em cuidados paliativos, muitas questões vêm à tona e nos exigem reflexões sobre bem-estar, entendimento de saúde e suas muitas dimensões, como espiritualidade. O profissional da saúde pode encontrar alguns desafios diante do cuidado com esses pacientes, afinal há constantemente enfrentamentos psíquicos, emocionais, sociais, físicos e espirituais que começam a compor a realidade desses indivíduos. Assim, precisa-se considerar que o tratamento e condução terapêutica pode ir além do que prevê o sistema biomédico, ou seja, os pacientes podem acrescentar técnicas ou condutas complementares para atingir a eficácia que acreditam (1). Cabe esclarecer que cuidados paliativos são definidos como cuidados voltados para indivíduos cujas doenças não respondem mais a tratamentos curativos e, por essa razão, tem-se por meta proporcionar melhora da qualidade de vida por meio do alívio da dor e de problemas biopsicossociais e espirituais(2). Durante a assistência de saúde em cuidados paliativos é comum que o paciente busque apoio para si e sua família vinculado à espiritualidade e religiosidade. São inúmeras as necessidades a serem atendidas no decorrer do tratamento, porém a espiritualidade é considerada a mais urgente para pacientes com doenças potencialmente fatais, devido à fragilidade que apresentam diante da proximidade da morte e do medo do desconhecido(3). Para muitos pacientes a eficácia do tratamento está para além do sucesso da terapêutica biomédica, pois questões como fé, resiliência e espiritualidade são muito relevantes para que sintam bem-estar e melhoria na qualidade de vida. Esses aspectos que influenciam a melhora do paciente estão vinculado ao conceito de antropológico de eficácia simbólica, onde todo resultado ou modificação no estado original de algo é considerado um resultado eficaz dado a subjetividade de alguns aspectos(4). Objetivo: Conhecer quais os aspectos relevantes para os pacientes em cuidados paliativos relacionados a eficácia simbólica quando estão recebendo atendimentos com técnicas relacionadas ao aspecto de espiritualidade e saúde. Compreender como os pacientes veem práticas espirituais quando aplicadas em paralelo com tratamento biomédico. Método: Um estudo exploratório-descritivo de caráter qualitativo realizado no período de fevereiro de 2014 a agosto de 2015 através do método de etnografia visando acompanhar a experiência de pacientes atendidos num centro espírita na cidade de Porto Alegre com uma técnica denominada apometria. Resultados: Há diversos elementos que compõem a eficácia simbólica do ponto de vista do paciente, que estão relacionadas com emoções e sensações: amor, empatia, disponibilidade, atenção, força de vontade e fé. Esses elementos estão presentes no discurso, nas ações, nos sentimentos e afetamentos provocados pela experiência de espiritualidade e saúde que eles têm ao serem atendidos com a técnica de apometria no centro espírita. Conclusões: Ao encontrarmos amor, empatia, disponibilidade, atenção, força de vontade e fé como elementos relevantes para eficácia simbólica para pacientes em cuidados paliativos que recebem atendimento complementar com a técnica de apometria é pertinente relacionar aos princípios moral e espiritual muito difundido em diversas religiões, bem como aspectos relacionados a princípio e sentido de vida. Quando temos a técnica de apometria, aplicada em pacientes oncológicos como uma forma de ajudar nos problemas físicos e espirituais, temos uma dimensão e entendimento de saúde e bem-estar que vai além da resolução biomédica para solucionar ou amenizar doenças.

Descritores: espiritualidade, cuidado paliativo, eficácia simbólica

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      1. PRÁTICAS DE ALÍVIO DA SOBRECARGA UTILIZADAS PELOS CUIDADORES NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS

Taís Alves Farias91, Silvia Francine Sartor92, Claudia Maria Brazil Gervini93, Natalia Ferreira Maya94, Elisa Sedrez Morais95, Stefanie Griebeler Oliveira96.

Introdução: Cuidados paliativos é uma abordagem que melhora a qualidade de vida de

pacientes e seus familiares que estão enfrentando problemas associados a doenças

potencialmente fatais, com prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação

precoce, avaliação impecável, e tratamento para dor e outros sintomas1.Entre seus princípios,

estão o respeito à vida, considerando a morte como processo natural, sem a intenção de

apressá-la ou adiá-la, oferecendo um sistema de apoio para que os pacientes possam viver

bem, com minimização dos sofrimentos físico, social, emocional e espiritual, até a sua

morte2.A oferta dos cuidados paliativos pode ser em diversos espaços: hospital, hospício ou

domicílio. Pelo cuidado domiciliar envolver a família, torna-se necessária a extensão de

cuidados a ela, em especial ao cuidador familiar, o qual expõe situações que provocam

estresse, sobrecarga, fadiga tanto emocional quanto física, além da despersonificação causada

pelo empenho dedicado ao paciente, esquecendo de cuidar de si. O cuidador é cotidianamente

testado no que concerne à sua capacidade de discernimento, capacidade de adaptação e

enfrentamento das situações inerentes ao cuidado. Mesmo os mais resilientes estão sujeitos a

alguma sobrecarga, tornando-se potencialmente doentes3. Os cuidadores, como forma de

refúgio da situação de fadiga causada pelo cuidado continuo, acabam desenvolvendo práticas

de alivio para suas tensões, amenizando a sobrecarga sofrida diariamente. Esse trabalho tem

relevância por mostrar um lado não visualizado em meio aos cuidados paliativos de familiares,

que acabam desenvolvendo esse cuidado com seus entes queridos enfermos e suas sobrecargas emocionais, onde utilizam de práticas para aliviarem tensões de forma que cumpram da melhor maneira suas funções como cuidadores. Objetivo: Identificar as práticas de alivio da sobrecarga de cuidado utilizada pelo cuidador familiar no contexto dos cuidados paliativos. Método: O relato de experiência foi baseado em dados retirados do projeto “Um olhar sobre o cuidador familiar: quem cuida merece ser cuidado” da Universidade Federal de Pelotas, onde iniciou em junho de 2015. Até hoje, 52 cuidadores foram acompanhados, sendo realizadas quatro visitas domiciliares por acadêmicos de Enfermagem e Terapia Ocupacional, com vistas a estimular a reflexão sobre as possibilidades destes também pensarem no cuidado de si. Esses são cuidadores de familiares vinculados ao Programa Melhor em Casa e ao Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar, ligados ao Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. As visitas realizadas são registradas em fichas individuais, e nesse trabalho foram identificadas as que dizem respeito a cuidadores ligados ao contexto de cuidados paliativos, totalizando 36 cuidadores. Resultados: Durante as visitas realizadas, os cuidadores relataram algumas práticas que desempenham para aliviar a sobrecarga e se desligar do cuidado realizado todo dia, como identificação e cuidado de si. Algumas das práticas de mais frequência referem-se a um tempo consigo mesmo, que induzem reflexão, exame de consciência ou meditação, tais como: a prática da escrita, tanto online quanto a livre punho, como por exemplo metáforas e estórias sobre o passado (4), o uso do cigarro (4), tomar chimarrão (3); outras, remetem-se a mudança de contexto, a fim de se distrair do ambiente de cuidado em que vive: leitura de livros(3), trabalhar fora em pelo menos um dos turnos (2); práticas de relaxamento também foram citadas: passear (5), limpar a casa como meio de organização mental (3), prática de artesanato como tricô, crochê e costura, prática de dança (2), assistir televisão (2); e por fim, busca de sentido para a experiência: a participação em igrejas e conhecimento de doutrinas como a espírita(8). Os medicamentos para alívio de sobrecarga são utilizados, por quase todos os cuidadores entrevistados. Conclusão: Os cuidadores visitados pelo projeto mostram que as práticas de si atenuam a sobrecarga, as quais são importantes, pois com a modificação de seu cotidiano, somada a inserção de práticas desconhecidas de cuidados e a proximidade de um familiar de sua finitude, debilitam esse cuidador, podendo surgir agravos a ele, tornando-o um segundo paciente. O uso abusivo ou não de medicamentos, pode prejudicar a atenção que o cuidador necessita dispensar ao paciente, sendo o mais indicado, o estimulo das práticas de si. Visualizamos e enfatizamos com o projeto a necessidade de um olhar diferenciado aos cuidadores afim de diminuir suas pressões, onde possam ter opções de descanso de pessoas/familiares/profissionais que se encarreguem do cuidado enquanto esse cuidador realiza suas tarefas ou ter um momento para si, incentivando-os mais para o autocuidado, valorizando as práticas alternativas de alívio de sobrecarga, já que beneficiaram o cuidador, reduzindo assim, o uso de medicação.

REFERÊNCIAS:

  1. World Health Organization. WHO. Cancer. Definition of Palliative Care. 2017. Disponível em: http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/ (24 abr. 2017).

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      1. FISIOTERAPIA NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS EM IDOSOS

Graciele Ferreira de Ferreira Mendes97, Marilene Rabuske98.

Introdução: O termo Cuidado Paliativo (CP) é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como sendo medidas que aumentam a qualidade de vida do paciente e seus familiares, quando acometido por uma doença em estágio progressivo, irreversível e prognóstico limitado. Tais cuidados buscam a prevenção e o alivio do sofrimento por meio da identificação precoce, da avaliação correta e do tratamento da dor e problemas físicos, psicológicos, sociais e espirituais1. A visão holística dos CP não leva em consideração apenas o diagnóstico e o prognóstico do paciente, nesse contexto é necessário que o profissional e o paciente revejam e estabeleçam suas próprias definições de vida e morte. A impossibilidade de cura não significa a deterioração da relação profissional-paciente, mas sim o estreitamento desta relação que certamente pode trazer benefícios para ambos os lados. Por vezes é necessário ver o paciente como ser ativo no seu tratamento podendo participar dos processos de decisão e dos cuidados voltados para si2. Considerando o envelhecimento populacional e a mudança no perfil epidemiológico3, surge a necessidade de preocupação com a saúde da população idosa, na qual há alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) responsáveis muitas vezes, pela perda da autonomia, independência e qualidade de vida nos anos adicionais dessas pessoas4. Pacientes idosos têm maior probabilidade de evoluir para o estado terminal da doença, tendo em vista que essa faixa etária tem maiores alterações estruturais e funcionais características do próprio processo de envelhecimento. Os idosos podem ser considerados os maiores beneficiários dos cuidados paliativos devido a suas fragilidades5. Diante do contexto, esses pacientes apresentam-se em estado debilitante, muitas vezes com presença de dor, fadiga, fraqueza muscular e dispneia, levando a níveis crescentes de perda funcional e dependência para as atividades de vida diária (AVDs) conforme a evolução do quadro clínico6. O fisioterapeuta tem importante contribuição para a melhoria da qualidade de vida do paciente e no controle dos sintomas7. O presente estudo tem como objetivo verificar por meio de uma revisão sistemática, a atuação do fisioterapeuta frente aos pacientes em cuidados paliativos. Metodologia: Foi realizada uma revisão sistemática de estudos sobre o papel da fisioterapia nos cuidados paliativos em pacientes idosos hospitalizados, nas bases de dados Pubmed e Scielo, publicados nos últimos 10 anos, considerando os descritores “physiotherapy” AND “palliative care”. A seleção dos estudos iniciou-se por meio da análise dos títulos dos artigos identificados por meio da estratégia de busca, seguido pela análise dos resumos e, por fim, a análise do texto na íntegra dos artigos selecionados nas etapas anteriores. Diante dessa sistemática, os dados extraídos foram: identificação da publicação, tipo de delineamento, faixa etária, tamanho da amostra, local da coleta dos dados, metodologia utilizada e seus resultados mais importantes. Após organização dos dados extraídos, as informações foram apresentadas de forma descritiva, por meio de tabelas. Resultados: Através da busca pode-se identificar 67 artigos, sendo excluídos do estudo 48 artigos após a análise do título e 13 excluídos pela análise do resumo. Em ambos os casos os estudos não contemplaram a temática abordada, a amostra e os objetivos não correspondiam aos critérios de inclusão desta revisão. Após a leitura na íntegra dos artigos, os seis foram incluídos na revisão. A literatura acerca da temática ainda é escassa há poucos estudos sobre avaliação dos benefícios da fisioterapia nos cuidados paliativos. No que diz respeito às características metodológicas a maioria dos estudos investigados foram revisões sistemáticas (n=4)6, 8, 9,10, apenas um consistiu em estudo transversal11 e um em estudo randomizado controlado12. Quanto a patologias específicas, dois estudos foram direcionados a pacientes oncológicos6, 12, um com enfoque em pacientes doentes crônicas com prognóstico curto8 e os demais sem definição de doença, mas realizados em pacientes internados em unidades de cuidados paliativos9, 10,11. Em relação aos benefícios da fisioterapia, pode-se constatar a melhora da qualidade de vida, prevenção de complicações secundárias as doenças, alívio da dor, diminuição do estresse, prevenção e manejo da fadiga, edema, lesões por pressão, dispneia, fraqueza muscular e preservação da independência funcional para as AVDs. Conclusão: Diante da importância da fisioterapia na prevenção, reabilitação e manutenção das condições físicas dos pacientes em cuidados paliativos, considera-se a necessidade de um enfoque maior para a temática. Através desta revisão pode-se concluir que o tratamento fisioterapêutico proporciona benefícios para a função física, psicológica, emotiva, melhorando a qualidade de vida e bem estar do paciente.

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      1. RELATO DE CASO: PACIENTE TERMINAL EM UM SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA.

Jessica Bitencorte99

Introdução: As unidades de urgência e emergência não estão preparadas para atender pacientes portadores de doenças avançadas e ameaçadoras da vida. Há falta de humanização na assistência nessas unidades e também falta de conhecimento sobre alguns temas como: cuidados paliativos, processo da boa morte, e como prestar o cuidado nas últimas horas de vida desses pacientes. Objetivo: Sinalizar a importância de existir um centro de referência onde tenham profissionais capacitados e preparados para assistir os pacientes e as família no processo de morte. Método: O relato foi desenvolvido após observação e utilização como familiar no serviço de urgência e emergência de um hospital da cidade de Pelotas/RS nas últimas horas de vida de um paciente com câncer terminal. Resultados: Após longo período de espera para ser atendido e assistido, notou-se que os profissionais que ali estavam não tinham conhecimento sobre quais condutas deveriam ser tomadas e como executa-las, em nenhum momento houve por parte da equipe uma conversa com o paciente, que se encontrava lúcido e orientado, para explicar a situação em que este se encontrava e quais a medidas paliativas seriam tomadas para amenizar suas dores, seus sintomas e seus medos. Outra parte falha do sistema é logo após a morte do ente querido, onde a família é totalmente esquecida por parte da equipe sem nenhuma satisfação do que ocorreu com seu familiar. Conclusão: Conclui-se então que é de extrema importância a implementação na cidade de Pelotas/RS, uma unidade específica para o atendimento desses pacientes. Que possa servir de suporte e que seja estruturado para prestar uma assistência adequada para pacientes terminais nas suas últimas horas de vida, onde a prestação do cuidado possa ser de uma forma humanizada e paliativa, abordando não somente o paciente, como também a família.

      1. UMA CAIXA DE LEMBRANÇAS PARA A ETERNIDADE

Luisiana Fillipin Onófrio100, Suzel Lima da Silva101, Jodeli Pommerehn102.

Introdução: Seguindo a lógica dos cuidados paliativos e para que este seja efetivo é necessária especial atenção a alguns fatores como: alívio da dor, valorizar a vida e a morte como um processo natural, não acelerar ou adiar a morte, valorizar os aspectos psicológicos e espirituais do paciente, oferecer suporte para que o paciente leve uma vida “o mais normal possível” até a morte, oferecer suporte à família para melhor lidar com esses eventos1,2. A Terapia Ocupacional, na área dos cuidados paliativos, busca promover o alívio do sofrimento do sujeito, auxilia no desempenho de suas ocupações e oportuniza que o paciente mantenha sua autonomia e realize suas últimas escolhas e desejos3. Objetivo: Relatar o caso de um paciente em cuidados paliativos internado em um hospital universitário e a implicação que os atendimentos de terapia ocupacional tiveram diante dos desejos expressos por ele e após o óbito. Métodos: O estudo de caso foi desenvolvido em um hospital universitário de referência do interior do Rio Grande do Sul onde o paciente era assistido por duas terapeutas ocupacionais em uma Unidade Oncológica Adulto. O paciente, sexo masculino, 42 anos, casado, com dois filhos (com idades de 21anos e um ano e meio), residente em zona urbana do município de pesquisa; diagnosticado com neoplasia maligna de cabeça e pescoço. Com dificuldade de comunicação oral, expôs de forma escrita o desejo de deixar uma lembrança, revelando o amor que sentia pelos filhos. A partir da demanda do paciente, foi proposta a confecção de uma “caixa de memórias” na tentativa de proporcionar uma recordação aos familiares e um conforto emocional ao paciente. Foram utilizados 8 atendimentos, com duração média de 20 minutos, respeitando o limite de tolerância do sujeito. Obteve-se o cuidado de manter os encontros sob sigilo à filha mais velha, apenas empoderando os demais familiares, onde os mesmos acabaram tornando-se parceiros durante o processo. Resultados: Utilizou-se como recurso terapêutico duas Caixas de Lembranças (uma para cada filho), que teve como função o resgate das memórias emocionais/afetivas familiares e a facilitação do processo de despedida. Nessa caixa eram depositados, diariamente, exceto aos finais de semana ou quando sinalizado desconforto pelo paciente, bilhetes com recados aos filhos. Durante a atividade o paciente pôde expressar-se livremente sobre seus temores, sendo o protagonista de todo o processo do fazer da atividade. Todos os recados, apresentavam uma data para serem entregues e uma pessoa que seria a guardiã desse presente. No total forem confeccionados quatro recados para cada filho. Durante a atividade, observou-se a diminuição de ansiedade e medo da despedida e morte, havendo referência ao sofrimento das pessoas que permaneceriam sem a sua presença. Após cada atendimento, ficou acordado que as caixas ficariam sob a guarda das terapeutas, evitando que os destinatários recebam a mesma antes do momento programado pelo paciente. Após sua morte, foi respeitado o luto de duas semanas, sendo posteriormente entregue as caixas para as mães dos seus filhos. A entrega foi agendada e realizada no hospital onde o paciente realizou o tratamento, pois compreendeu-se ser um local que permitiria às terapeutas prestar suporte, caso ocorresse desconfortos, tais como, emoção demasiada pela lembrança. Após a entrega e explanação sobre as orientações do paciente sobre o uso das caixas, o processo de desvinculação foi finalizado, ficando a critério de cada guardiã cuidar do destino do presente. Conclusão: O estudo de caso favoreceu o processo de despedida do paciente com diminuição da ansiedade e medo sobre a finitude da vida. No que tangem aos cuidados paliativos, pôde-se vivenciar a importância de um olhar para a autonomia do sujeito, uma vez que, se percebe que a instituição hospitalar negligencia tais aspectos. Para a prática da terapia ocupacional, destaca-se a relevância desse profissional dentro das equipes técnicas do contexto da oncologia por verificar ser um espaço adoecedor, mas que permite um fazer cheio de representatividade no cotidiano dos pacientes. Após tal experiência, as terapeutas ocupacionais puderam aperfeiçoar suas técnicas de manejo, refletindo sobre o fazer durante o processo de terminalidade, onde, quando ainda se têm vida, ainda podemos qualificar o cotidiano dos sujeitos.

REFERÊNCIAS

  1. Camargo, B. De; Kuramashima, A. Y. Cuidados paliativos em oncologia pediátrica: o cuidar além de curar. São Paulo: Lemar, p. 416, 2007.
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  2. Garcia, NR; et al. Intervenção Terapêutica Ocupacional junto a Adolescentes com Câncer em Contexto Hospitalar. Revista Brasileira de Cancerologia 2011; 57(4): 519-524.
      1. DIFERENTES ABORDAGENS DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CUIDADO PALIATIVO – REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA

Antônia Nunes103, Érika Annayur Polanczyk Frois104, Leticia Fortes Tabarelli105, Josiane Bertoldo Piovesan106, Maria Eduarda Menezes da Silva107, Suzel Lima da Silva108.

Introdução: Muito se tem discutido atualmente sobre os Cuidados Paliativos (CP), porém observa-se pouca atuação de profissionais que desenvolvem habilidades humanitárias e emocionais frente ao paciente adoecido¹. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que “cerca de 40 milhões de pessoas no mundo necessitam de CP, visto que metade delas já está em final de vida, ao mesmo tempo em que a outra metade ainda está com a doença em curso. A partir desse contexto, o local onde desenvolve-se as práticas do estágio supervisionado em Terapia Ocupacional I e II, é um hospital referência para a região centro-oeste do estado do Rio Grande do Sul em que são recebidas inúmeras demandas de doenças sem probabilidade de cura, caracterizando-se também como um hospital escola. Durante o estágio supervisionado observa-se a atuação do terapeuta ocupacional (TO) no que tangem aos CP frente à realização de desejos, posicionamento adequado no leito e alívio da dor2,3. O TO, é um profissional que atua no intuito de amenizar os impactos decorrentes do diagnóstico, promovendo maior nível de independência e autonomia possível3,4, considerando as reais demandas do paciente, familiares e cuidadores, os quais, são os protagonistas deste contexto3,4,5,6. Seu objeto de estudo é o fazer humano incluindo atividades tais como o trabalho, autocuidado e participação social, como foco de interesse à construção de estratégias que venham a contribuir para que seres humanos desempenhem atividades significativas durante toda a sua vida, permitindo a ressignificação desse fazer que pode estar prejudicado3,4,5. O interesse pela pesquisa se dá pela possibilidade de levar essa discussão no meio acadêmico, permitindo ampliar o conhecimento sobre a atuação prática da TO, a fim de qualificar a atenção ao paciente oncológico durante a formação do discente. Objetivo: Apontar as possíveis intervenções da terapia ocupacional frente aos cuidados paliativos em discussão nos últimos quatro anos. Metodologia: Para elaboração do texto, fez-se criterioso levantamento bibliográfico na literatura científica, a partir da compilação de trabalhos publicados, em duas revistas nacionais, no período entre 2013 à 2017. Os mesmos foram filtrados a partir do descritor “cuidados paliativos e oncologia. Tal busca foi realizada pelas acadêmicas do 7º e 8ºsemestre do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria, a fim de aprimorar as técnicas para o manejo no paciente durante a vivência no estágio curricular. Resultados e discussão: após investigação científica podemos constatar os principais pontos relevantes: a) Questões sobre cuidado domiciliar, b) hospitalar, c) Contribuição nas políticas públicas em oncologia e nos cuidados paliativos. Conclusão: Percebe-se que a atuação do terapeuta ocupacional no contexto dos CP está pautada em abranger demandas físicas, cognitivas, psíquicas e espirituais, auxiliando paciente, familiar e cuidador, no enfrentamento das dificuldades cotidianas e a conciliação de todas as demandas mencionadas.

REFERÊNCIAS

  1. Fonseca A, Geovanini F. Cuidados paliativos na formação do profissional da área de saúde. Rev. bras. educ. med. [online]. vol.37, n.1, p.120-125. 2013.
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  1. Faria NC, De Carlo MRP. A atuação da terapia ocupacional com mulheres com câncer. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo. Set/dez. v.26, n.3, p.418-427. 2015.
  1. Baltazar HMC, Pestana SCC, Santana MRR. Contributo da intervenção da terapia ocupacional nos Cuidados Paliativos. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 24, n. 2, p. 261-273, 2016.

      1. A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS NA ONCOLOGIA INFANTO-JUVENIL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES, CUIDADORES E PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Suzel Lima da Silva109, Amara Lúcia Holanda Tavares Battistel110.

Introdução: Este trabalho é um recorte de uma pesquisa baseada no estudo sobre o impacto da

comunicação da má notícia no cotidiano dos profissionais, pacientes e cuidadores de um

centro de tratamento da criança com câncer. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer

(INCA) a sobrevida do câncer pediátrico vem crescendo consideravelmente nos últimos anos,

mas a internação prolongada em alguns casos continua acometendo crianças e adolescentes,

modificando assim, o cotidiano desses jovens. No tratamento oncológico notícias difíceis são

constantemente transmitidas, uma vez que o próprio diagnóstico de câncer desencadeia uma

série de mitos, temores, além das mudanças na vida desse sujeito, sendo muitas vezes,

acompanhados por informações negativas que remetem ao paciente, restrições quanto à

qualidade e no tempo de vida que pode ter1. Estas questões repercutem na família/paciente e

também na equipe técnica que constantemente requisitada para esclarecimento de dúvidas

recorrentes durante uma internação. Aqui entra uma importante, delicada e muitas vezes

difícil atribuição da equipe de saúde, a habilidade de comunicação interpessoal, seja ela

verbal ou não verbal2. Pelas limitações de ordem pessoal e pela falta de reflexão e preparo do

profissional designado para a realização desta tarefa, além de aspectos relativos aquele que vai

receber a notícia, no caso da oncologia infanto-juvenil geralmente é o cuidador, um dos fatores

a ser considerado, diz respeito à qualidade da relação estabelecida entre paciente, família,

profissional e equipe de saúde, visto que uma boa relação possibilita benefícios como maior

confiança no profissional e redução do nível de ansiedade do paciente durante a consulta e

maior adesão e sucesso no tratamento3. A investigação foi norteada por três eixos: conduta de

transmissão de más notícias, peculiaridades da comunicação da má notícia e interferências no

cotidiano, sendo que neste artigo será apresentado os resultados obtidos no primeiro eixo que

trata de investigar a existência de um protocolo de transmissão de más notícias no serviço

pesquisado. Objetivo: analisar o impacto da comunicação da má notícia no cotidiano dos

pacientes, profissionais e cuidadores de crianças e adolescentes em tratamento hemato-oncológico. Método: Foi realizada uma investigação de abordagem qualitativa de cunho narrativo. Os dados foram coletados por meio de uma entrevista com base em uma matriz categorial, e uma ficha sócio demográfica, sendo analisada por meio da análise textual discursiva4. Fizeram parte deste estudo, dois cuidadores, dois pacientes, dois enfermeiros, dois médicos e uma terapeuta ocupacional. Os dados foram coletados em um centro de tratamento da criança com câncer. Todos os entrevistados participaram de forma voluntária, tendo como único critério de exclusão os pacientes menores de 12 anos. As entrevistas foram gravadas, realizadas no período de três meses e tiveram duração média de 30 minutos. Também foi construído um perfil sociodemográfico dos participantes da pesquisa. Resultados: Em relação às variáveis relacionadas ao perfil sociodemográfico dos cuidadores, obtivemos: quanto ao grau de parentesco encontramos uma díade, composta por mãe-filho e outra pai-filha; em relação à faixa etária, embora todos os progenitores estejam em idade laborativa, não estão exercendo função laboral devido às atividades de cuidadores, este dado é coerente com o observado na literatura quando discute a quebra da rotina doméstica e cotidiano interrompido. Quanto ao grau de escolaridade um dos sujeitos tem o ensino fundamental incompleto e o outro o ensino médio completo; ambos não residem na cidade onde fazem o tratamento dos filhos, não apresentando problemas de saúde. O tempo de cuidado varia entre cinco anos e sete meses. No que tangem aos aspectos referentes à um protocolo de comunicação de más notícias, os resultados demonstraram não existir um protocolo formalizado para a transmissão de tais condutas, porém não há reflexo negativo nas relações estabelecidas entre médico/paciente/cuidador. De modo geral os cuidadores/pacientes mostraram-se satisfeitos em relação às questões que remetem à comunicação, entretanto, há interesse em ampliar momentos de trocas de informações sobre procedimentos, reações e condutas adotadas durante o tratamento. Conclusão: A pesquisa trouxe a importância da existência de um protocolo de comunicação de más notícias para auxiliar os profissionais de saúde, havendo a necessidade do conhecimento prévio sobre o que o paciente/cuidador sabe. Como sugestão para futuras pesquisas, pode ser viável uma pesquisa-ação que ofereça por meio de encontros sistematizados a discussão e trocas de ideias entre profissionais, profissionais e pacientes/família, com criação de estratégias que possam contribuir para melhorar a comunicação entre os sujeitos envolvidos no tratamento hemato-oncológico, propiciando assim o fortalecimento das relações profissional-paciente/cuidador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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  1. Moraes, R e galiazzi, M. Análise textual discursiva. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2007.
      1. A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS ARTICULADA A REDE DE ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE

Pedro Márlon Martter Moura111, Adrize Rutz Porto112.

Introdução: A Atenção Básica deve ser a porta preferencial de entrada de todo usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) e, além disso, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) devem ser responsáveis pela continuidade do cuidado ao indivíduo e sua família após a alta hospitalar1. Nesse sentido, é importante ressaltar a importância do papel da UBS nos cuidados paliativos que são voltados não apenas para a saúde física, mas também fortalecendo a atenção às necessidades psicossociais e psicoespirituais de indivíduos que vivenciam doenças sem perspectivas de cura2. Ademais, dentre as características do processo de trabalho da atenção básica está a atenção à saúde no domicílio e, levando em conta que os indivíduos na finitude da vida retornam aos seus domicílios, a atenção básica consolida-se enquanto ponto importante de cuidados paliativos que, articulada com outros serviços de atenção domiciliar, garante uma forma de cuidado humanizada às pessoas na terminalidade da vida3. Desta forma, o objetivo deste estudo foi descrever o papel da atenção básica nos cuidados paliativo à população, bem como salientar como se dá a participação dos profissionais que nesta atuam, relatando os desafios encontrados para a implementação desta prática na rede básica de saúde. Método: Trata-se de uma revisão de literatura realizada por meio de buscas no Portal de Periódicos da CAPES, em julho de 2015, com os descritores “atenção básica” AND “cuidados paliativos”. Após ter sido realizada a leitura dos títulos e dos resumos dos documentos, os mesmos foram selecionados conforme os seguintes critérios de inclusão: ter sido publicado no período entre 2005 e 2015, estar disponível online na língua portuguesa e o texto completo na íntegra e gratuitamente. Resultados: O total de documentos encontrados foram 23. Foram selecionados cinco documentos, sendo três artigos e duas dissertações de mestrado, por condizerem com o objetivo da pesquisa. A longitudinalidade, principalmente em caráter domiciliar, aparece como a principal estratégia de atenção à saúde a ser desenvolvida pela atenção básica frente aos cuidados paliativos, ao passo que, o acompanhamento constante do indivíduo em terminalidade faz-se necessário, devido à complexidade que o envolve2-5. O atendimento domiciliar possibilita a reestruturação das práticas de saúde, rompendo com as barreiras que tornam o usuário passivo ao sistema, tornando-o participante ativo do seu cuidado e proprietário da sua autonomia5. Além disso, destaca-se a participação da atenção básica no que tange a necessidade desta em oferecer, no domicílio, dentro do possível, um controle efetivo dos sintomas mais estressores e uma morte digna ao usuário, em um ambiente agradável e ao mesmo tempo, procurando garantir que as preferências deste sejam priorizadas3. A criação do Projeto Terapêutico Singular é pautada no trabalho em conjunto com as redes de atenção à saúde e na individualidade de cada ser, também descrita na literatura como uma estratégia de cuidado paliativo que pode ser estabelecida pela atenção básica, enquanto meta e boa qualidade de morte ao indivíduo em fase terminal e sua família1. A necessidade da criação do vínculo entre o profissional de saúde e os indivíduos em fase terminal caracteriza-se como uma ferramenta de suma importância para a qualidade de vida dessa população e, neste sentido, a atenção básica compreende uma rede de atenção necessária para o fortalecimento das relações entre estes atores, capaz de garantir qualidade da assistência em saúde por meio do diálogo1. Facilitar o acesso do usuário em cuidados paliativos e sua família é responsabilizar-se pelo cuidado destes, embora pelas atuais características da atenção básica, como equipes incompletas, alta demanda para a atenção em saúde, acaba que não seja ofertada a atenção para estes que necessitam de qualidade de vida aos indivíduos em fase terminal no seu domicílio2. A cultura hospitalocêntrica e médico-centrada estão fortemente estabelecidas nas redes de atenção à saúde, principalmente na atenção básica e, desta forma torna-se desafiador reestruturar e reorganizar a atenção desta, para a cultura dos cuidados paliativos5. Outro desafio é a necessidade de preparar os profissionais da atenção básica para atender paliativamente, uma vez que, durante a formação acadêmica o enfoque é curativo1. Conclusão: A Atenção Básica como porta preferencial de entrada dos usuários do SUS deve estar relacionada com as demandas da comunidade. Nisto refere-se também a prestação de cuidados paliativos para os indivíduos na terminalidade da vida e suas famílias. O papel da Atenção Básica, então, está atrelado à humanização da assistência em saúde que, em sua maior parte, será prestada no ambiente domiciliar. Por fim, ressaltam-se a necessidades de reorientação dos modelos de ensino e assistências diante das fragilidades da formação acadêmica para o tema e, também, da forte influência do modelo assistencial centrado numa cultura curativista. REFERÊNCIAS

  1. Combinato DS, Martins, STF. (Em defesa dos) Cuidados Paliativos na Atenção Primária à Saúde. O Mundo da Saúde. 2012;36(3):433-441.
  1. Silva MLSR. O papel do profissional da Atenção Primária à Saúde em cuidados paliativos. Rev. Bras. Med. Fam. Com. 2014; 9(30):45-53.
  1. Floriani CA, Schramm FR. Desafios morais e operacionais da inclusão dos cuidados paliativos na rede de atenção básica. Cad. Saúde Pub. 2007;23(9):2072-2080.
  2. Simino GPR. Acompanhamento de usuários com câncer e seus cuidadores por trabalhadores de equipes de saúde da família: possibilidades e desafios. [tese]. Ribeirão Preto (SP): Universidade de São Paulo; 2009.

  1. Paz CRP. Cuidados paliativos na Atenção Primária à saúde: novos desafios. [tese]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2004.
      1. DESAFIOS PARA A PRÁTICA DOS CUIDADOS PALIATIVOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE: REVISÃO DA LITERATURA

Pedro Márlon Martter Moura113, Adrize Rutz Porto114.

Introdução: As constantes transformações nos fatores condicionantes e determinantes da saúde ao longo do tempo revelam as modificações ocorridas na saúde das pessoas no mundo todo. Atualmente, observa-se o crescente aumento das doenças crônico-degenerativas não transmissíveis em detrimento às doenças infectocontagiosas, como por exemplo o câncer. Diante disso, diferentes modos de cuidar têm sido propostos para atender às necessidades de saúde das pessoas, como é o caso dos Cuidados Paliativos (CP). Os CP são um conjunto de cuidados implementados quando se esgotam as propedêuticas curativas em saúde. Trata-se de um modo de cuidar mais humanizado que leva em considerações distintas abordagens, como por exemplo o conforto dos sofrimentos dos pacientes que vivenciam o processo de morte. No entanto, os CP ainda são uma novidade para os profissionais de saúde e um desafio para o sistema de saúde, principalmente o público. Objetivo: identificar na literatura quais são os principais desafios encontrados atualmente no sistema de saúde para a implementação dos CP. Método: foi realizada uma revisão da literatura na base de dados LILACS, no mês de abril de 2017. Utilizou-se as palavras-chave “Cuidados paliativos” AND “Desafios”. Foram excluídos os documentos que não configuravam artigos, os que haviam sido publicados há mais de cinco anos e aqueles os quais os resultados não respondiam ao objetivo desta pesquisa. Resultados: Foram encontrados 22 documentos, os quais foram lidos os respectivos resumos. Para análise final foram utilizados seis artigos. Após análise dos manuscritos, surgiram duas categorias para discussão: Repercussão dos cuidados paliativos na rotina dos profissionais e dos cuidadores; e Cuidados paliativos e Atenção Primária a Saúde. Na primeira, abordou-se a mudança de rotinas causada pela implementação dos CP na atenção à saúde, tanto para os profissionais quanto para os familiares, é uma das questões a serem consideradas. Para os profissionais de saúde, os CP representam uma ruptura das tradicionais práticas de cuidado em saúde – que estão voltadas para a cura/recuperação/tratamento/medicalização. Portanto, a execução desse novo modelo de cuidar perpassa algumas barreiras operacionais para esses profissionais pois eles precisam muita das vezes deixar de lado o seu saber técnico-científico e adotar atitudes mais “básicas” como a reflexão, a escuta e o olhar(1). Além disso, os CP necessitam da atuação multiprofissional em saúde, o que também configura uma dificuldade atualmente, tendo em vista que trabalho dos profissionais de saúde ainda ocorre de modo fragmentado, em que cada profissional realiza exclusivamente a sua parte(2). Outra questão que merece destaque é a necessidade de se atentar para os cuidadores das pessoas que vivenciam os CP. Ainda existem muitos estigmas acerca dos CP, e isso é um dos motivos pelos quais os familiares têm dificuldade de entender que esse modelo de cuidado é uma forma mais humanizada de tratamento. Por isso, é necessário envolver a comunidade e promover a reflexão nas pessoas acerca dessa temática(3). Um outro desafio que se tem diante dos CP é a necessidade de atenção à saúde dos cuidadores, bem como a estimulação do cuidado de si para estes(3-4). Já na segunda, ficou destacado que APS é a principal porta de entrada de todo usuário no serviço de saúde, além de ser o principal suporte de saúde do usuário no seu território(5). No entanto, no que tange os CP, esse espaço carece de fortalecimento e de formação e inclusão de pessoal capacitado para esse tipo de cuidado na rede(6). Todavia, é preciso atentar que a inclusão dos CP na APS aumenta a sobrecarga para os profissionais que nela atuam, pois esses precisam, além de atender as necessidades paliativas dos indivíduos, lidar cos dilemas éticos envolvendo os CP, como por exemplo a oportunização da morte no domicílio(6). Desta forma, ainda é necessária uma melhor definição do papel de cada serviço na rede saúde, principalmente da APS que é o serviço mais próximo do indivíduo e de sua família. Sobretudo, verifica-se ainda outros desafios, tais como: a construção de políticas voltadas para os CP(1); a inclusão da temática nos currículos de graduação dos cursos da saúde, a definição de lideranças na rede saúde que possam instruir e governar as ações, levantando as necessidades, provendo soluções e desenvolvendo pessoal com habilidades para prover os CP(5). Conclusão: Os CP precisam ter melhor atenção das políticas públicas de saúde para sua implementação. Considera-se que os desafios para a prática dos CP descritos neste estudo são o reflexo da atual realidade do sistema de saúde brasileiro, que enfrenta dificuldades econômicas e de estruturação, haja visto ser um sistema universal que atende em grande escala.

REFERÊNCIAS

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      1. CUIDADOS PALIATIVOS EM CRIANÇAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Jéssica Cardoso Vaz115, Jéssica Siqueira Perboni116, Stefanie Griebeler Oliveira117, Viviane Marten Milbrath118.

Introdução: Os cuidados paliativos (CP) são um direito humano constituem uma necessidade de saúde pública, pois produzem impacto na qualidade de vida dos doentes e suas famílias. São caracterizados como cuidados integrais, que visam o bem estar do paciente, com prestação de cuidados compreensivos, fornecendo qualidade de vida para os pacientes e suas famílias1. Ainda, buscam a prevenção e o alívio do sofrimento, assim como apoio para as tomadas de decisões e prestação de cuidados tecnicamente competentes2. Os CP para crianças propõem mudanças no formato de cuidar dos pacientes terminais, modificando o paradigma de cura para o cuidado. Possui uma abordagem de cuidado total e ativo, através da prevenção e alívio da dor e sofrimento, englobando problemas físicos, psicossociais, espirituais e emocionais. Oferecendo a família o controle dos sintomas angustiantes, e cuidado durante a morte e luto. A morte em pediatria é um evento não natural e normalmente não esperado e o modelo de CP existentes para adultos não correspondem às necessidades do público pediátrico, já que as crianças não são adultos em miniatura3. Nessa conjuntura, elaborou-se a seguinte questão norteadora: Quais são os cuidados paliativos para as crianças na área da enfermagem? Objetivo: Conhecer a produção científica sobre os cuidados paliativos para crianças na área de enfermagem. Método: Revisão de literatura com busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME), utilizando os descritores em saúde: Child; Palliative Care; Nursing. A busca foi realizada no dia 18 de Abril de 2017. Os critérios de inclusão empregados nos estudos foram: responderem a pergunta da pesquisa, estarem disponíveis on-line, nos idiomas português, inglês e espanhol, e publicados nos últimos cinco anos. Critérios de exclusão: artigos duplicados, textos incompletos e revisões bibliográficas. A realização deste estudo respeitou o tema a ser abordado e o conteúdo dos artigos a serem utilizados, não havendo distorção de conteúdos e/ou plágio. De acordo com os Direitos Autorais, Lei n° 9.610 de 1° Fevereiro, 19984. Resultados: Ao utilizar os descritores foram encontrados 124 artigos, contemplaram o objetivo da pesquisa 15 artigos onde 1 foi encontrado na Base de Dados de Enfermagem (BDENF); 7 são da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Observou-se que o ano com mais publicações foi o ano de 2014, com 5 publicações, seguido dos anos de 2015, 2016 e 2013, com quatro, e três publicações respectivamente. Em relação às metodologias utilizadas destaca-se o estudo qualitativo com 14 estudos e o estudo quantitativo com 1 publicação, pesquisa de campo com 3 estudos, descritiva exploratória com 5 estudos, análise de conteúdo com 1 estudo e com método fenomenológico 2 publicações. Em relação ao foco dos estudos, o destaque com 5 publicações abordaram crianças, 2 publicações referem-se à família; 6 estudos que abordam os profissionais da enfermagem; e por fim 2 publicações referem-se aos profissionais de saúde. No que se refere aos CP empregados para as crianças encontrou-se: brincar; comunicação; vivência da família frente os CP; CP no controle de sinais e sintomas; prolongar o tempo de vida; vida mais próxima da normalidade; alternativas para o controle da dor; estratégia para humanizar o cuidar em enfermagem e ter envolvimentos com os pacientes, com ênfase no alívio do sofrimento da criança; conforto à criança; cuidar da família; atender as necessidades da criança; proporcionar qualidade de vida à criança; dar apoio espiritual, emocional e religioso; estar mais próximo da criança, discussão da morte com os pais, pela equipe de saúde, orientar os pais a falarem com o filho sobre a morte, dar suporte aos irmãos, as barreiras que são percebidas pelos profissionais de saúde, dão-se em a família não aceitar o mau prognóstico infantil e a instituição continuar a promover tratamento avançado à criança por causa dos benefícios financeiros. Conclusões: Diante disso, é possível visualizar a importância do avanço em publicações ligadas ao (CP) em crianças, para que seja possível o aprimoramento do cuidado e da assistência ofertada, adequando-a com estratégias para enfrentamento do processo de adoecimento de acordo com as necessidades apresentadas.

REFERÊNCIAS

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      1. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO CUIDADO COM PACIENTES ONCOLÓGICOS.

Diva Juliana Aguiar da Silva119, Karine Mendonça Rodrigues120.

Introdução: As práticas integrativas e complementares (PICs), denominação adotada no Brasil pelo Ministério da Saúde contemplam sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos, esses que envolvem abordagens e buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde, através de tecnologias eficazes e seguras, priorizando a escuta acolhedora no desenvolvimento de um vínculo terapêutico e na integração desse humano com o meio ambiente e a sociedade¹. De uma forma gradativa a institucionalização das PICs possibilitaram a publicação da portaria 971, em 2006, definida Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS². Com isso foi possível ter abordagens como a Medicina Tradicional Chinesa, Medicina Ayurvédica, Homeopatia, meditação, fitoterapia, entre outras, o que tem atribuído em diversas unidades de saúde, especificamente na Atenção Básica. O que vem a estimular métodos naturais de prevenção diante de uma visão ampla nesse processo saúde-doença, salientando o autocuidado.³ Essas práticas integrativas e complementares são utilizadas de forma crescente em vários países, sendo incentivado e regulamentado pela Organização Mundial da Saúde.4 A prática da meditação traz resultados favoráveis na qualidade de vida, sintomas e sinais, reduzindo o uso de medicamentos e contribuindo para a adoção de hábitos saudáveis, como a da segurança quanto à ocorrência de reações adversas.5 Objetivo: Promover a melhoria da qualidade de vida e bem –estar dos pacientes atendidos em uma clínica oncológica no Vale do Paranhana em cuidados paliativos. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, sobre uma intervenção proposta por uma acadêmica de enfermagem em prática de estágio curricular supervisionado, visando aplicar práticas integrativas e complementares juntamente com questionário de satisfação aos pacientes oncológicos. Resultados: Espera-se conseguir atingir um maior grau de satisfação dos envolvidos nas práticas integrativas e complementares, tornando um ambiente acolhedor e proporcionando uma melhora na qualidade de vida desses pacientes em processo de tratamento quimioterápico. Conclusão: Como uma forma de interação com os que passam por momentos de aflição e buscam o bem estar desse paciente terminal, o enfermeiro visa realizar ações que trazem o conforto ao mesmo, além dos cuidados básicos e fisiopatológicos que o paciente necessita, realizando quando possível seus anseios, desejos e vontades. Esse profissional de enfermagem é fundamental para equipe de cuidados paliativos, pela essência de sua formação que se baseia na arte do cuidar. Como a prática da meditação possam a ser uma alternativa nesse momento tornando assim o atendimento mais humanizado.6

Descritores: Oncologia; Cuidados Paliativos, Enfermagem.

REFERÊNCIAS:

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      1. SENTIMENTOS DO CUIDADOR NO PROCESSO DE ADOECIMENTO DO PACIENTE COM CÂNCER: ENFOQUE NO CUIDADO PALIATIVO

Jéssica Siqueira Perboni121, Mateus Menezes Ribeiro122, Claudia Maria Brazil Gervini123, Elisa Sedrez Morais124, Taís Alves Farias125, Stefanie Griebeler Oliveira126.

Introdução: O cuidado paliativo objetiva assistir pessoas que possuem uma doença sem expectativa de cura. Esses cuidados caracterizam-se pelo controle de sinais e sintomas físicos e psicológicos próprios da fase final da doença. A terapêutica utilizada é específica, fazendo com que o paciente se beneficie do cuidado adequado para o momento que está sendo vivenciado, não estando baseado na cura, mas sim na qualidade, conforto e alívio do sofrimento durante a convivência com a doença1. Atualmente os cuidados paliativos vêm sendo realizados no domicílio, em decorrência das mudanças na sociedade, onde as famílias retomam a responsabilidades pelos cuidados ao indivíduo no seu processo de adoecimento2. Sendo assim, é possível evidenciar a sobrecarga provocada no cuidador, devido as rotinas, horários padronizados, não realização de atividades de lazer, falta tempo para descanso, enfim, limitações que são impostas frente a esse papel de cuidar, além da carga emocional que trazem consigo, em decorrência da doença do paciente3. Frente a isso, o cuidador vivencia diversos momentos complexos ao realizar esse cuidado diário ao familiar em fim de vida, fazendo com que surjam sentimentos múltiplos ligados a impotência diante do cenário em que se encontra, angustia devido aos sintomas do paciente, medo e receio da morte4. Diante desse contexto, torna-se importante voltarmos à atenção para os sentimentos reproduzidos no cuidador através do enfrentamento do processo de adoecimento do paciente com câncer em cuidados paliativos, valorizando esses sentimentos e visualizando sua influência na vida do cuidador. Objetivo: Identificar os sentimentos gerados no cuidador a partir do processo de adoecimento do paciente com câncer em cuidados paliativos. Método: Trata-se de um relato de experiência sobre os sentimentos gerados no cuidador identificados a partir do projeto de extensão “Um olhar sobre o cuidador: quem cuida merece ser cuidado”, o qual já acompanhou 52 cuidadores que estavam vinculados aos programas Melhor em Casa e Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), vinculados ao Hospital Escola UFPel/EBSERH. As ações foram elaboradas entre junho de 2015 e dezembro de 2016. Como técnica de produção de dados utilizou-se os registros individuais realizados nas fichas cadastrais e relatos dos cuidadores armazenadas no banco de dados do projeto. Na realização desse relato foram incluídos 27 familiares cuidadores de pessoas com diagnóstico de câncer em cuidados paliativos. A categorização dos dados foi realizada por aproximação temática. Resultados: A partir da análise das fichas dos cuidadores, as respostas obtidas foram categorizadas e organizadas em ordem decrescente de vezes que foram citadas, sendo estas: morte, angustia em relação ao processo de cuidar, aceitação do diagnóstico, superação e bom enfrentamento. Na categoria morte, a maioria dos cuidadores relataram que se sentem despreparados para enfrentar o processo de morte do familiar. No que tange à categoria de angustias em relação ao processo de cuidado, os cuidadores alegaram que se sentem tristes e angustiados, com isso alguns destes vivenciam sentimento de impotência e culpa perante a situação que se encontra seu familiar. Na categoria aceitação do diagnóstico foi constatado que a maioria dos cuidadores participantes não aceitam o diagnóstico terminal de seus familiares apresentando esperanças de cura. No que se refere a perspectiva de superação e bom enfrentamento foi evidenciado que os cuidadores não possuem perspectivas de superação e bom enfrentamento sobre a situação vivenciada. O resultado sugere que, o evento doença está envolto por vários fatores que decorrem das condições biopsicosocioespirituais do paciente e de seus entes. A estrutura familiar deve ser considerada na atenção em cuidados paliativos, pois o apoio da família é de extrema importância para vivenciar esse momento da melhor maneira possível5. Conclusão: Observou-se que os familiares sofrem com as manifestações da doença e estão sujeitos a sentimentos como: negação do câncer, impotência diante da situação do paciente e aceitação da doença, tendo a espiritualidade como forma de apoio. Desse modo, contemplar o cuidador familiar na abordagem de cuidados paliativos, pode ajudá-lo a enfrentar melhor o processo de cuidar, em especial no domicílio, qualificando ainda mais o cuidado que o mesmo oferta ao paciente.

REFERÊNCIAS

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      1. FATORES LIMITANTES DA ALTA HOSPITALAR EM UNIDADE DE CUIDADOS PALIATIVOS DE UM HOSPITAL FRANCÊS

Franciele Roberta Cordeiro127, Maria Henriqueta Luce Kruse128, Noelle Carlin129.

Introdução: Unidades de cuidados paliativos são ambientes especializados no controle de sinais e sintomas que se exacerbam em casos de doenças fora de possibilidades de cura e no final da vida. Na maioria dos países, essas unidades se localizam em hospitais de alta complexidade, apresentam quantitativo pequeno de leitos, visando o acompanhamento mais próximo e individual dos pacientes. A hospitalização nesse tipo de serviço tende a ser curta e o objetivo das equipes é promover conforto e alívio da dor, do sofrimento e de sintomas desagradáveis, com a perspectiva de retorno ao domicílio. Atualmente, a França conta com 143 unidades de cuidados paliativos, as quais encontram-se distribuídas pelos diferentes departamentos, garantindo cobertura a grande parte da população e compondo rede de cuidados paliativos existente no país1. Objetivo: descrever os fatores limitantes da alta hospitalar em unidade de cuidados paliativos de um hospital francês. Método: estudo etnográfico, realizado em unidades de cuidados paliativos de hospitais brasileiro e francês. Foram acompanhadas, entre outubro de 2014 e outubro de 2016, pessoas em cuidados paliativos, seus familiares e profissionais de saúde. Como técnica de produção dos dados foram utilizados diário de campo, observação participante e entrevista individual semiestruturada. Os achados da pesquisa foram organizados por meio de mapeamento discursivo e analisados sob a perspectiva cultural e foucaultiana. Em relação aos aspectos éticos, o projeto foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, sob CAAE: 43747015.5.0000.5327 e seguiu as normas da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Resultados: Na França, as principais dificuldades em relação à alta hospitalar em cuidados paliativos dizem respeito ao tempo das internações, à dinâmica familiar e ao custo dos estabelecimentos médico-sociais. Neste estudo, foi possível identificar um duplo que permeia o atendimento nas unidades. De um lado, percebe-se a necessidade do tempo para trabalhar com os cuidados e os conflitos que surgem no final da vida, o que exigiria maior período de hospitalização. De outro, os profissionais devem atender as políticas institucionais e do Estado para organizar o fluxo dos serviços que compõem o sistema de saúde. No caso da França, os serviços hospitalares de curta permanência, como as unidades de Cuidados Paliativos, são financiados por meio da tarificação por atividade e dias de internação2. Nestes setores, no caso de internações que duram menos de quatro ou mais de 13 dias, a instituição poderá ter descontos e não receber o valor integral por procedimento. Dessa forma, as equipes tentam realizar a alta dentro do prazo em que ocorre o financiamento integral das atividades executadas. Ainda que desde o início da internação seja estabelecido um “contrato” para que, após o manejo dos sintomas, a pessoa retorne ao domicílio, surgem resistências à alta. Primeiro, porque os doentes e suas famílias habituam-se com a presença de equipe disposta a atender e aliviar a dor e os demais sintomas. Segundo, porque as famílias acreditam que não conseguirão ofertar os cuidados dispensados no hospital, seja pela indisponibilidade de tempo para cuidar, seja pelo espaço físico restrito do domicílio. Na tentativa de viabilizar as altas hospitalares em cuidados paliativos, na área social, o Estado francês possui dispositivos financeiros que auxiliam as pessoas doentes e suas famílias a financiarem materiais e cuidadores que não são custeados pelo sistema público de saúde. Por vezes, esses benefícios demoram para ser liberados, indo de encontro a urgência de tempo em situações de final de vida. Dessa forma, se a família quiser contratar determinados serviços, como cuidadores ou custear a permanência em estabelecimentos médicos sociais, terá que pagar do próprio bolso, recebendo, posteriormente, o reembolso do Estado. Nesses casos, as famílias tendem a oferecer resistência em acompanhar as pessoas em final de vida no domicílio, tentando prolongar o tempo de internação hospitalar. Conclusão: a alta hospitalar em cuidados paliativos em hospitais franceses mostra-se complexa. Mesmo com a presença de dispositivos econômicos e recursos materiais para viabilizar o retorno ao domicílio, nem sempre isso é possível. Tal fato atribui-se às políticas econômicas e institucionais que limitam a abordagem integral e que preconizam pela constante liberação de leitos. Além disso, as famílias mostram-se indisponíveis para o cuidado, tanto pelo tempo dedicado ao trabalho como pelo restrito espaço físico dos domicílios. Os estabelecimentos médico-sociais, os quais são tidos como alternativas para a alta hospitalar, são onerosos e nem sempre possuem vagas disponíveis para viabilizar o acolhimento e os cuidados às pessoas em final de vida.

REFERÊNCIAS

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      1. CIRURGIA PALIATIVA NA NEOPLASIA DE PÂNCREAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Felipe Ferreira da Silva130, Renata Ferreira Fagundes131, Karen Milene da Rosa Piske132, Sharon Pereira Feijó133, Julliani Quevedo da Rosa134, Rosani Manfrin Muniz135.

Introdução: Cirurgia é a modalidade mais antiga de tratamento do câncer, avanços nas técnicas cirúrgicas tem tornado a cirurgia moderna mais segura e muitos pacientes pós cirúrgicos têm conseguido bons resultados após o tratamento. Em função de seu objetivo, as cirurgias podem ser empregadas com diferentes finalidades: Curativa, Redutora e Paliativa. A Cirurgia paliativa é usada no controle do câncer para que ele não se espalhe para outras partes do corpo ou para tratar complicações e/ou sintomas decorrentes de cânceres avançados, como por exemplo a neoplasia de pâncreas em estados terminais. A cirurgia paliativa procura fornecer benefício para o paciente na ausência de possibilidade de cura. A estimativa para o Brasil, Biênio 2016-2017, aponta a ocorrência de cerca de 600 mil casos novos de câncer1, e estima-se que 7.500 novos casos de câncer de pâncreas sejam diagnosticados a cada ano no Brasil2. Pelo fato de ser de difícil detecção, o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade, por conta do diagnóstico tardio e de seu comportamento agressivo. Assim, a conduta cirúrgica paliativa mais adequada é a anastomose biliodigestiva, associada a anastomose gastrojejunal para evitar a obstrução duodenal a longo prazo, que pode ocorrer devido ao aumento do tumor pancreático. Objetivo: Promover a cirurgia paliativa de anastomose biliodigestiva associada a anastomose gastrojejunal `a pessoa acometida por neoplasia de pâncreas em estágio III a fim de melhorar sua qualidade de vida. Método: Trata-se de um relato de experiência fundamentado em um estudo de caso realizado em uma unidade de internação de um hospital de médio porte do Rio Grande do Sul desenvolvido durante estágio curricular do 5° semestre da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas no mês de abril de 2016. Resultados: Sra. I.C.S., 66 anos, acometida por neoplasia de pâncreas em estágio III. Realizou uma cirurgia paliativa de derivação biliodigestiva, para aliviar a obstrução dos ductos do confluente bilio-pancreato-duodenal e o quadro de icterícia

obstrutiva a fim de minimizar os danos já causados pela doença, como a obstrução biliar prolongada, que resulta em má absorção e consequente desnutrição, prurido, colangites de repetição e disfunção hepática. Após 14 dias de pós-operatório a Sra. I.C.S recebeu alta hospitalar e foi encaminhada para o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar, referência na cidade em cuidados paliativos. O tratamento cirúrgico paliativo, por sua vez, é uma alternativa para promover uma melhor qualidade de vida da pessoa com câncer, já que reduz a população de células tumorais ou controla sintomas que põem em risco a vida do paciente ou comprometem a qualidade da sua sobrevivência3. Conclusão: Concluiu-se que a cirurgia paliativa de anastomose biliodigestiva, associada a anastomose gastrojejunal, tem como finalidade melhorar a qualidade de vida da pessoa acometida por neoplasia, no entanto não é uma cura para o câncer. Diante disso, esse estudo servirá para que acadêmicos e futuros profissionais da saúde zelem pela saúde e bem-estar dos pacientes a fim de promover o conforto, o alívio da dor e de outros sintomas que causam sofrimento, seja de ordem física, espiritual e psicossocial no fim da vida.

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    1. Ministério da Saúde (BR). Instituto Nacional do Câncer. 2013. Disponível em http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/cancer/site/tratamento/cuidados_paliativos

Acesso em 15 abril de 2016.

      1. A FAMÍLIA COMO FATOR PROTETOR PARA DESENVOLVIMENTO DA RESILIÊNCIA NO PACIENTE EM CUIDADO PALIATIVO

Débora Eduarda Duarte do Amaral136, Rosani Manfrin Muniz137, Aline da Costa Viegas138, Daniela Habekost Cardoso139, Michele Cristiene Nachtigall Barboza140.

Introdução: O Cuidado Paliativo é definido, conforme conceito 1990 atualizado em 2002 pela Organização Mundial da Saúde, como uma “assistência promovida por uma equipe, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”. ¹ Ainda, esse tipo de cuidado está permeado por uma rede complexa de interações, que cerca diferentes formas de saberes, crenças, valores, significados e resiliência.² E o apoio da família é importante, pois auxilia tanto na manutenção do cuidado, mas também no enfrentamento do paciente.³ O apoio familiar é considerado um fator de proteção para resiliência, pois é visto como algo capaz de fortalecer e ajudar no processo de superação das adversidades.4 Conforme Michel Rutter “a resiliência é definida como uma variação individual em resposta ao risco, cujo termo refere-se ao fenômeno de superação de estresse e adversidades”.5 Objetivo: Averiguar as redes de apoio das pessoas com câncer avançado em Cuidados paliativos. Metodologia: O presente trabalho trata-se de estudo qualitativo com uma abordagem de Pesquisa Convergente Assistencial oriundo de dissertação de mestrado “Promoção da resiliência para pessoas com câncer avançado em cuidados paliativos domiciliar”, sendo um subprojeto da pesquisa “O significado da experiência das pessoas frente ao câncer: interfaces da atenção à saúde, cultura e resiliência”. O estudo foi realizado na cidade de Pelotas/RS no domicílio de cinco participantes com câncer em cuidados paliativos internados em um programa de internação domiciliar. O período de coleta foi de março a agosto de 2015, e os participantes foram identificados por nomes fictícios que atribuíram durante a coleta de dados com intuito de preservar o anonimato. Na construção do estudo os princípios éticos foram assegurados conforme a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) 311/2007. E considerou-se também a Resolução nº 466/122 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, que trata da pesquisa envolvendo seres humanos.6 O estudo obteve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFPel, sob parecer número 968.462 de 18 de fevereiro de 2015. Resultados: Os participantes do estudo apresentaram a família como uma fonte de apoio e fator de proteção para resiliência, pois a mesma contribuiu no cuidado, e também no reestabelecimento tanto físico e emocional de cada indivíduo. Nos depoimentos a seguir, fica evidente a presença da família como apoio e fator de proteção para os participantes: “Eu saia, ia no centro. Parou a vida, de repente mudou muito, isso me deprimiu, me atingiu, […], antes saia, saia para vender, comia de tudo, mas por outro lado é uma das melhores fases da minha vida, passo com ela dentro de casa (esposa) tenho toda a assistência dela (esposa) para mim. […] (JOÃO)”; “Para mim as facilidades (pausa) é a família né, família e a religião, pelo apoio do pessoal, gente que eu nem conhecia, que são de outra religião vem aqui e fazem oração, eu não me importo, mas muita gente assim que a gente não conhecia lá do trabalho, o pessoal vem me visitar, seguida ligam e é bom né, mas o mais importante é o apoio da família […].(PAULO)”; “Seria difícil sozinho, a minha esposa, ela está presente no tratamento […] a minha família está sempre presente né, os filhos de fora estão sempre se comunicando, dois filhos moram fora, um em Santa Catarina e outro em POA, consigo visitar de vez em quando, mas são estes que me ajudam a lidar com tudo (JOÃO ALFREDO)”. Os fatores de proteção minimizam ou até mesmo a eliminam a probabilidade das influências inerentes do risco, e a resiliência é o produto final do acumulo desses fatores. 7 Desta forma, o apoio da família e de outras pessoas, auxilia o indivíduo nas situações de adversidades e contribui para a formação da resiliência8. Conclusão: Com a realização do estudo foi possível observar a presença da família na vida do paciente em cuidado paliativo e a importância da mesma na manutenção e favorecimento da resiliência. Esse dado corrobora com que está descrito na literatura, que o apoio familiar, é considerado fator de proteção para a promoção da resiliência. Ainda, aponta-se a necessidade de realização de outros estudos com universo maior desta população, que possibilitem aprofundar e proporcionar conhecimento acerca da identificação do processo de resiliência, bem como seus fatores protetores ao paciente oncológico em cuidados paliativos.

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      1. TERAPIAS COMPLEMENTARES UTILIZADAS EM CUIDADOS PALIATIVOS: REVISÃO DE LITERATURA

Camila Timm Bonow141, Jéssica Cardoso Vaz142, Janaína do Couto Minuto143, Teila Ceolin144, Rita Maria Heck145.

Introdução: Cuidado Paliativo (CP) é uma abordagem ou terapêutica que estabelece conforto a pacientes e familiares frente às doenças crônicas que impedem a continuidade da vida. As terapias complementares são práticas que complementam tratamentos convencionais, e promovem assistência à saúde ao usuário, atentando para questões físicas, emocionais e espirituais, tendo o potencial de ser aplicadas nos CP, com objetivo de amenizar os sintomas e favorecer uma melhor qualidade de vida1. A Organização Mundial da Saúde (OMS) incentiva e intensifica a inserção, reconhecimento e regulamentação destas práticas2. Em 2006 no Brasil, o Ministério da Saúde elaborou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), em busca da integralidade3. A partir da PNPIC ocorreram outras publicações pelo Ministério da Saúde, visando à implementação dessa política no SUS. Objetivo: Realizar um levantamento em bases de dados online dos estudos científicos produzidos sobre as terapias complementares utilizadas em cuidados paliativos. Método: Revisão de literatura com busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) e a Public Medline or Publisher Medline (PubMed), utilizando os descritores em saúde: Palliative Care; Complementary Therapies; Nursing. A busca foi realizada no dia 20 de abril de 2017. Os critérios de inclusão empregados nos estudos foram: responderem a pergunta da pesquisa, estarem disponíveis online, nos idiomas português e inglês, publicados nos entre 2006 e 2016. Critérios de exclusão: artigos duplicados e textos incompletos. A realização deste estudo respeitou o tema a ser abordado e o conteúdo dos artigos a serem utilizados, não havendo distorção de conteúdos e/ou plágio. De acordo com dos Direitos Autorais, Lei n° 9.610 de 1° Fevereiro, 19984. Resultados: Ao utilizar os descritores foram encontrados 34 artigos, destes, 11 contemplaram o objetivo da pesquisa. Quatro foram encontrados na BIREME, sendo dois na MEDLINE e dois na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); os outros sete foram localizados na PubMed. Observou-se que os anos com mais publicações foram 2008 e 2014. Em relação à metodologia utilizada, nove eram estudos qualitativos5-13, um quantitativo14 e um qualitativo-quantitativo15. Entre as publicações, três7,11,13 abordaram a massagem para a diminuição dos sintomas, principalmente a dor; dois8,9 referiram-se a musicoterapia como influência na saúde física e mental; dois5,6 discutiram o cuidado domiciliar, o qual oferece conforto, carinho, alívio da dor e preparação para a morte, para o usuário e para sua família; um14 relatou a acupuntura, a massagem e a musicoterapia, aliadas ao tratamento convencional, como auxílio para aliviar a ansiedade, a depressão e a dor dos pacientes, promovendo o relaxamento e facilitando a relação e a interação entre profissional-paciente-família. Uma pesquisa10 mostrou a yoga com uma prática que propicia o aumento da flexibilidade e força, melhoria da motivação e capacidade de exercício, diminuindo insonias, melhorando a capacidade de lidar com ansiedade ou estresse. Um estudo15 mencionou a terapia espiritual, que tem o objetivo de conforto e proporcionar uma morte que respeite a vida do paciente que está morrendo. Uma12 investigação mostrou que a fitoterapia utilizada concomitantemente, por exemplo, com a quimioterapia apresentava interação medicamentosa como a toxidade, ocorrendo um aumento da quimiossensibilidade das células cancerosas, necessitando de uma redução na dose. As terapias complementares usufruem de meios terapêuticos com eficácia comprovada visto que complementam as terapias convencionais, respeitando a individualidade de cada um e empregando técnicas seguras, pautadas na responsabilidade profissional, de acordo com total conhecimento e consentimento do usuário16. A enfermagem busca o atendimento integral do usuário, e as terapias complementares vêm ao encontro deste discurso, remodelando a percepção que o profissional tem a respeito do indivíduo, assistindo-o com um ser total e não compartimentalizado. As terapias complementares visam o cuidado integral do indivíduo considerando o estilo de vida, o estado emocional, as relações sociais, a alimentação, ocorrendo um processo de interação o profissional e o usuário3. Conclusões: Em consequência da demanda dos usuários por práticas que atendam suas necessidades de saúde, como a diminuição dos sintomas pelos usuários em cuidados paliativos, foi possível observar através das publicações que vem sendo incentivada em alguns países a implantação das terapias complementares, principalmente por proporcionar uma melhor qualidade de vida e potencializar o efeito dos medicamentos no controle da dor.

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      1. INTERFACE ENTRE CUIDADO PALIATIVO PEDIÁTRICO, FAMÍLIA E EQUIPE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Maria Eduarda Menezes Da Silva146, Dani Laura Peruzzolo147.

Introdução: Entre os anos de 2004 e 2014, as mortes de crianças advindas de causas que, com intervenção imediata poderiam ser evitadas, apresentaram uma redução de, aproximadamente, 19 mil casos no Brasil, sendo que na região Sul esta queda aparece em mais de 2 mil casos¹. Esta significativa redução ocorre devido à grande disponibilidade de serviços especializados a nível nacional como o pré-natal5, programas como Seguimento de Prematuros, e a oferta de atendimentos especializados em intervenção precoce7. Isso fez com que aumentasse também o tratamento nos primeiros anos de vida do bebê com prognóstico de óbito neste período. Mesmo que nem sempre estes diagnósticos se confirmem, os pais e a equipe lidam com essa informação durante a vida e o tratamento da criança. Mesmo que nem sempre estes diagnósticos se confirmem, os pais e a equipe lidam com essa informação durante a vida e o tratamento da criança. A experiência clínica tem apontado para a importância do acompanhamento especializado tanto para o bebê quanto para os pais, que está pela ordem de um cuidado paliativo, porém, na busca de discussões teóricas e práticas sobre o tema, muito pouco material foi encontrado, principalmente no que tange aos cuidados cotidianos que ultrapasse a atenção à patologia e avancem na produção de experiências de produções familiares. Objetivo: Identificar as produções na área da saúde que apontam as possíveis intervenções das equipes frente aos cuidados paliativos pediátricos e as famílias desses paciente. Metodologia: Realizou-se pesquisas bibliográficas, por meio de artigos nacionais e internacionais publicados nas bases de dados LILACS e SciELO, durante o período de 2012 a 2016. Os mesmos foram filtrados a partir do cruzamento entre os descritores “cuidados paliativos”, “profissionais”, “criança”, “família” e “morte”. Foi analisado como critério de inclusão artigos de acesso livre, que discutiam a percepção dos profissionais frente ao cuidado paliativo pediátrico, e como critério de exclusão, quando se tratava de cuidados paliativos com pacientes adultos. Tal busca foi realizada pelas pesquisadoras, no decorrer do segundo semestre de 2016, e estudados através de análise de conteúdo que definiu categorias fundamentais. Resultados e discussão: Foram identificados 50 artigos, que analisados em seu conteúdo, produziram 4 categorias apresentadas a seguir e representadas pela indicação de 6 artigos por se tratar de um resumo. Categoria 1:a formação acadêmica das mais diversas profissões da área da saúde não prepara os profissionais para suportar sentimentos e percepções sobre a morte, menos ainda para que saibam confortar as famílias que estão vivenciando o processo de morte de uma criança, fazendo com que a angustia, a indecisão e o fracasso permeiem a atuação profissional4. Categoria 2: a morte precoce é vivenciada por todos com grande resistência tanto por familiares quanto por profissionais, pois é vista como uma ruptura da vida e de descobertas, sendo assim um momento em que a equipe costuma ser levada a um sentimento de impotência o qual não estão preparados para vivenciar4. Categoria 3: a equipe, mesmo sem preparo anterior, percebe que a família é uma parte importante do cuidado com a criança em cuidado paliativo, em virtude das mesmas estarem presentes de forma contínua junto a criança, o que muitas vezes pode gerar um desarranjo familiar, por todas as atenções estarem voltadas para a criança a qual não tem possibilidades de cura³. Categoria 4: em sua grande maioria as publicações trazem que o único recurso cabível de atendimento a estas famílias é a escuta, proporcionando um ambiente acolhedor e de confiança, amparando essas famílias no momento de lidar com o sofrimento(faltou um artigo). Conclusão: Tal revisão deu ênfase ao grande tabu e complexidade de se falar de algo tão doloroso e subjetivo, expresso na escassez de publicações que apontem estratégias de ação, ou indiquem referenciais teóricos à equipes dispostas a efetivarem uma formação mais especializada no tema. Percebe-se que a atuação das equipes com as famílias de crianças no contexto dos cuidados paliativos está pautada na escuta sensível, sendo esta ainda sem uma formação ou fundamentação teórica mais eficaz.

REFERÊNCIAS

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      1. ESPIRITUALIDADE COMO ESTRATÉGIA PARA O ENFRENTAMENTO DO CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS: PERSPECTIVA ECOSSISTÊMICA

Aurélia Danda Sampaio, Adriane Calvetti de Medeiro, Gustavo Baade Andrade, Mara Regina BergmannThurow, Vanessa Soares Mendes Pedroso, Hedi Crecencia Heckler Siqueira (orientadora)

Introdução: Dados do Instituto Nacional de Câncer revelam que são estimados 596 mil casos novos de câncer no Brasil em 20161. A Organização Mundial (OMS) preconiza que todas as questões do cuidado devem ser abordadas, incluindo as espirituais, psicossociais e familiares, como estratégias integrativas no cuidado aos usuários oncológicos em cuidados paliativos2. De acordo com a OMS, a estratégia de cuidados paliativos deve ser desenvolvida por uma equipe multiprofissional com atenção focada não na doença a ser curada/controlada, mas no usuário, com direito à informação e autonomia plena para decisões a respeito do percurso da doença e seu tratamento. Portanto, a atenção deve ser individualizada ao usuário e à sua família. A espiritualidade representa fonte de conforto, de esperança e de significados à vida, independente das crenças e condições em que o usuário e/ou familiar se encontra. Ao considerar a dimensão espiritual, a enfermagem cria possibilidades de fortalecer os mecanismos de enfrentamento dos usuários oncológicos, potencializando práticas de promoção a saúde e melhorara da qualidade de vida3-5. Assim a espiritualidade pode ser definida como característica individual do ser humano, inerente as questões sobre o significado e o propósito da vida, encontrando-se além da religião e da religiosidade6-7. Existem evidências de que a espiritualidade melhora os níveis de conforto dos usuários em situações vulneráveis de dor, sofrimento, angustias e morte.. Diante do exposto, o estudo justifica-se pela importância da temática no cenário atual, pelo crescente número de usuários acometidos de câncer que necessitam de cuidados com integrais. Existe, interesse dos pesquisadores em buscar maiores subsídios a respeito da espiritualidade no enfrentamento do câncer. Assim, tem-se como objetivo investigar como a espiritualidade pode auxiliar o usuário em cuidados paliativos no enfrentamento do câncer, sob a perspectiva ecossistêmica. Método: Estudo exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa, desenvolvido em um Hospital Escola da região sul do Rio Grande do Sul/Brasil que atende usuários em tratamento oncológico; internação em UTI adulto e internação domiciliar. Os participantes do estudo foram 10 enfermeiros assistenciais que participam, ativamente, nos cuidados de enfermagem aos usuários oncológicos. A análise dos dados seguiu os passos de Minayo, 2010. Foram observados os princípios éticos segundo a Resolução 466/12, Plataforma Brasil e Comitê de Ética da Faculdade Anhanguera, parecer nº 765.820/2014. Resultados: Os dados apontam que existe necessidade de atender o usuário na sua integralidade, incluindo no cuidado a dimensão espiritual. Neste sentido os participantes expressaram (…) a integralidade vai além do cuidado técnico (…) proporcionar apoio e conforto espiritual (P1). O cuidado integral é o que vai além desses cuidados tradicionais. As falas dos enfermeiros permitem distinguir alguns elementos que configuram o cuidado de enfermagem como : integralidade, apoio, ajuda, conforto. Outros aspectos, incorporados à prática assistencial, evidenciam o princípio ecossistêmico da inter-relação. Alguns dos participantes consideram que é preciso: (…) prestar o cuidado sensível, que se preocupa com a questão social, espiritual, com o ser humano de uma forma holística (P3). Respeitar as suas crenças, seus valores e sua construção de vida (P4. Questões de dimensão espiritual e psíquicas para enfrentar a doença e o tratamento (P7). Nesses relatos os enfermeiros identificam a necessidade de compreender as inter-relações entre as ações do cuidado nas questões emocionais, de sensibilidades de crenças, de valores, de enfrentamentos. Os resultados do estudo evidenciam que os enfermeiros compreendem a espiritualidade no cuidado a partir de uma visão multidimensional, que ultrapassa os aspectos inerentes do cuidado biológico, ao reconhecerem a importância de atender as necessidades dos usuários oncológicos de forma integral. Sob a perspectiva ecossistêmica a espiritualidade está inter-relacionada com as questões do viver humano em sua integralidade. Neste sentido, pesquisas17-19 apontam que a espiritualidade é capaz de preservar a qualidade de vida dos usuários ao promover conforto, mecanismos de enfretamento, aceitação ao prognóstico da doença, proteção contra a perda da esperança e da terminalidade de vida17. Pesquisa que analisou a compreensão do enfermeiro acerca do cuidado espiritual e a sua experiência na promoção desse cuidado aos usuários na prática clínica revela que a necessidade de cuidado espiritual esteve muito relacionada às situações de fragilidade dos usuários, as quais são vistas como propícias para a prestação de um cuidado direcionado às necessidades relativas à condição de existência humana, à busca de explicações sobre a natureza da vida, seu significado e terminalidade18. Nesta perspectiva, percebe-se a necessidade de mudança de paradigma de atenção, que abandona o modelo biologista, linear e mecanicista, centrado na doença, para desenvolver uma nova configuração de cuidado em saúde, que busca compreender o ser humano em sua totalidade, com seus valores e crenças pessoais e familiares. Portanto, o cuidado espiritual, aos usuários oncológicos, requer que o usuário seja considerado na totalidade integrativa envolvida no processo saúde-doença–cuidado. Conclui-se que a espiritualidade como estratégia para o enfrentamento do câncer em cuidados paliativos, sob a perspectiva ecossistêmica, é uma temática atual e emergente na enfermagem/saúde. Portanto, na promoção da saúde e na qualidade de vida, é relevante a condução de novas pesquisas que possam ancorar a dimensão espiritual nas ações do cuidado, capazes de criar e fortalecer os mecanismos de enfrentamento dos usuários oncológicos em cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS

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      1. TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Patricia Abrantes Duval148, Rosane Scussel Garcia149, Patricia Peres de Peres150, Enrique Daniel Garin Saldaña151, Tássia Ney Portantiolo152.

Introdução: A nutrição no paciente em cuidados paliativos (CP) vem apresentando na prática clínica alguns aspectos que podem ser vistos como negativos em relação ao conforto do paciente. Os estágios avançados do câncer tem a desnutrição como uma complicação comum, entre 20% e 50%1, e diante das possibilidades terapêuticas dessa fase há grande controvérsia no uso da terapia nutricional, além de questões familiares e protocolos de trabalho dos profissionais de saúde. A prescrição de restrição de nutrientes deve ser evitada, porém muito se questiona sobre o real benefício de se administrar nutrição artificial quando o objetivo principal do manejo do paciente torna-se paliativo1. As recomendações de administração de terapia nutricional em pacientes desnutridos com câncer incurável enquanto houver tratamento ativo, claramente aperfeiçoam os benefícios do tratamento anticâncer, por outro lado, suspender ou minimizar a dose de nutrição artificial para um paciente em CP pode ser interpretado como abandono do paciente e promover um dilema ético entre a família e a equipe de saúde2. A Sociedade Européia de Nutrição Parenteral e Enteral publicou diretrizes específicas para o uso de nutrição artificial no câncer terminal, porém na prática clínica muitos dilemas ainda levantam dúvidas sobre o assunto3,4,5. Vem sendo descrito como consensual que em pacientes inapetentes com expectativa de vida menor que dois meses não é aconselhável ou desejável iniciar a terapia nutricional, uma vez que esse seria o tempo de o paciente vir a falecer da doença e não da inanição6. As questões éticas e o papel da família no contexto da nutrição desse paciente parecem ser desafios a serem administrados na rotina das equipes de CP, evitando falsas interpretações de abandono e priorizando o conforto e a supressão das necessidades dos pacientes terminais, sem prolongamento do sofrimento com o uso de intervenções fúteis. Conhecer a população com a qual se trabalha, certamente melhora a capacidade de estabelecer condutas apropriadas. Objetivos: Descrever o perfil dos pacientes em cuidados paliativos internados no Hospital Escola da UFPel/EBSERH acompanhados pela Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) no período de janeiro de 2016 a março de 2017. Métodos: Estudo transversal descritivo realizado a partir de dados secundários obtidos dos registros da EMTN e da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do Hospital Escola/UFPel/EBSERH dos pacientes que receberam terapia nutricional enteral, por sonda nasoenteral (SNE), gastrostomia ou jejunostomia, ou terapia nutricional parenteral (NPT). Também foram avaliadas as variáveis: sexo, idade, diagnóstico principal, desfecho e tempo de internação, tempo compreendido entre a internação e a avaliação nutricional, bem como Indice de Massa Corporal (IMC) e Avaliação Subjetiva Global (ASG)7. A equipe de terapia nutricional, após ser solicitada, avalia o paciente e determina as necessidades dentro do diagnóstico atual e plano de tratamento. Resultados: Foram avaliados 51 pacientes neste período de 15 meses, 58% eram do sexo masculino, com média de idade de 62 anos e 82,3% com diagnóstico de neoplasia maligna à internação. O tempo médio de internação foi de 38 dias, sendo que a EMTN foi acionada em média até o quinto dia de internação. O desfecho da internação foi óbito em 52,9% e alta hospitalar em 43,1%. A via de acesso para nutrição enteral mais utilizada foi a SNE em 60,7%, seguido da gastrostomia 23,5%, jejunostomia 9,8% e 5,8% receberam NPT. Em relação ao estado nutricional, 68,6% dos pacientes apresentavam-se gravemente desnutridos (ASG-C), 27,4% em risco nutricional (ou suspeita) (ASG-B) e apenas 3,9% eram bem nutridos (ASG-A), sendo que pelo IMC a maioria deles (71,7%) tinha peso adequado e 19,5% estavam abaixo do peso. Conclusão: O grupo estudado foi predominantemente de pacientes oncológicos do sexo masculino, idosos, com diagnóstico de desnutrição grave, porém a maioria com IMC adequado, sendo avaliados e acompanhados pela EMTN com até cinco dias após a internação hospitalar. O paciente com câncer necessita de intervenção nutricional uma vez que a diminuição da ingestão alimentar e consequente perda ponderal são frequentes tanto pelo impacto da doença quanto pelos efeitos colaterais dos tratamentos anticancerígenos. Estudos bem desenhados são necessários para se chegar a um consenso sobre as melhores formas de nutrir o paciente com doenças em fase avançada, como o câncer, sempre lembrando que tais decisões devem ser individualizadas.

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      1. INTER-RELAÇÕES NO PROCESSO DE MORTE E MORRER EM AMBIENTE HOSPITALAR

Tania Cristina Schäfer Vasques, Valéria Lerch Lunardi, Rosemary Silva da Silveira, Liziani Iturriet Avila, Cáren Igure Noble, Karen Knopp de Carvalho.

Introdução: Ainda hoje, a morte é tratada como tabu, em que pouco se dialoga sobre ela e suas implicações na vida do indivíduo no seu processo de morte e morrer e do seu familiar/cuidador1-2. Enquanto o nascer é algo que, na maioria das vezes, é lindo e revitalizante para todos no entorno, o morrer ainda é percebido como algo a ser escondido, ocasionando tristeza e dor. Por isso, comumente, é ocultado, negado ou combatido a qualquer custo, excluído do processo de viver do indivíduo, mesmo a morte sendo um evento natural e esperado em algum momento da vida3. Nesse sentido, faz-se necessário desmistificar a ideia de que não existe “mais nada a ser feito” com o indivíduo em seu processo de morte e morrer, mas antes tornar a vida que lhe resta o mais confortável e digna possível, substituindo-se pela convicção de que o cuidado pode ser realizado até seu fim, por meio de cuidados paliativos, estendendo-se, a seus familiares/cuidadores e, também, no seu processo de luto, por meio de uma interação possível e focada nas necessidades dos indivíduos enfermos e seus familiares/cuidadores4. Tal cuidado visa trazer uma compreensão da morte como parte do processo de vida, a qual não apressa nem adia sua chegada. Busca atender ao indivíduo na sua totalidade/globalidade (física,

  1. Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES/FURG). E-mail:taniacristina9@yahoo.com.br
  1. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES /FURG). Email: vlunardi@terra.com.br

  1. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES/FURG). Email: anacarol@mikrus.com.br

  1. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES/ FURG). Email: l.iturriet@yahoo.com.br

  1. Graduanda em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. E-mail: carennoble@hotmail.com
  1. Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Rio Grande/RS-Brasil. E-mail: knoppcarvalho@hotmail.com

psicológica, social e espiritual), proporcionando-lhe melhor qualidade de vida e a seu familiar, bem como apoio e orientação na elaboração do luto5. Dessa forma, no processo de morte e morrer, a comunicação dialógica pode tornar-se elemento de interligação e compreensão dessa fase do ciclo da vida. Objetivo: compreender como ocorrem as inter-relações entre a tríade: trabalhadores da equipe de enfermagem, familiares/cuidadores e indivíduos no seu processo de morte e morrer em ambiente hospitalar. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, metodologicamente, inspirada no caminho proposto por Leininger. Como referencial teórico, optou-se pelo pensamento complexo de Edgar Morin. O processo de coleta dos dados ocorreu de março a junho de 2016, em uma Unidade de Clínica Médica de um Hospital Universitário, no sul do Brasil. Os informantes gerais da pesquisa totalizaram 47 trabalhadores da equipe de enfermagem e 24 familiares/cuidadores de indivíduos em processo de morte e morrer. Desses, 18 trabalhadores da equipe de enfermagem e 15 familiares/cuidadores constituíram-se em informantes-chave, os quais, foram entrevistados, além de participarem das fases de observação. Foram incluídos como informantes-chave aqueles que durante as observações demonstraram maior sensibilidade ou ausência de sensibilidade para tornar menos sofrido o processo de morte e morrer. O total de participantes foi determinado pela repetição/saturação dos dados(6). Realizaram-se quatro fases de observação (não participante; pouca participação, mais observação; mais participação e menos observação; e, observação reflexiva), uma fase de entrevista (realizadas individualmente e as questões foram geradas a partir das observações realizadas, resgatadas na entrevista. Estas foram gravadas e tiveram duração de 40-75 minutos) e quatro fases de análise simultânea. Resultados: Constituíram-se três categorias: A primeira, “Relação dialógica complexa no processo de morte e morrer em ambiente hospitalar”, enfocando-se nas inter-relações no ambiente hospitalar: o olhar sobre o processo de morte e morrer do outro e de si e as estratégias recursivas para um repensar relacionado ao processo de morte e morrer. A segunda, “Inter-relações no processo de morte e morrer no hospital: olhar do familiar/cuidador” abordou-se as fragilidades percebidas pelos familiares/cuidadores nas suas inter-relações com os trabalhadores da equipe de enfermagem e o indivíduo em seu processo de morte e morrer, bem como as potencialidades no processo inter-relacional do familiar/cuidador com o indivíduo enfermo e com trabalhadores da equipe de enfermagem. E, a terceira categoria, “(Re)pensando inter-relações complexas do cuidado no processo de morte e morrer: ótica da equipe de enfermagem”, discorreu-se sobre os obstáculos da equipe de enfermagem para a efetivação de inter-relações conectadas, com enfoque na sobrecarga de trabalho, descuidado dos pacientes, despreparo do trabalhador e falta de apoio institucional; e, também, a complexidade das relações no processo de morte e morrer em ambiente hospitalar, relacionada à competência sobre a participação da família no cuidado e à atenção as suas necessidades, como a importância do reconhecimento e valorização do trabalhador, dentre outras. Discussão: Por meio da análise, verificou-se na primeira categoria, que o processo de morte e morrer, mesmo fazendo parte do desenvolvimento humano, sempre desperta sentimentos de medo. Assim, podem ocorrer tentativas de encobrir esse processo, fragmentando-o, quando, na verdade, deveria ocorrer a ligação em toda essa dinâmica7. Dentre as dificuldades evidenciadas, a revelação, ou não, do diagnóstico de terminalidade ao indivíduo enfermo e seu familiar/cuidador, influencia a realidade complexa dos mesmos que vivenciam esse processo no espaço hospitalar. Podem ocorrer rupturas/solidões ou mesmo a ligação e interconexão, com a descoberta, ou não, do diagnóstico. Sabe-se que tal revelação sobre a finitude da vida é um momento impactante, tanto a esse indivíduo quanto a sua família e precisa ser cuidadosamente tratado pela equipe de cuidado. No que se refere as estratégias recursivas utilizadas pelos trabalhadores da equipe de enfermagem e familiares/cuidadores, no cuidado ao indivíduo enfermo em ambiente hospitalar, ressalta-se que podem ser contribuições para o alívio do sofrimento de quem vivencia o processo de morte e morrer, englobando a empatia, a espiritualidade e a compreensão de cada momento vivenciado pelo indivíduo. Por outro lado, observou-se no estudo, que ocorreram estratégias recursivas que dificultaram, por diversas vezes as inter-relações entre a tríade, como a forma de se afastar dos diálogos em direção a finitude da vida, passam a demonstrar reações distintas como negação, reserva, fechando-se ao diálogo. Assim, podem ocorrer rupturas e desentendimentos nas inter-relações com as equipes de cuidado, em especial os trabalhadores da equipe de enfermagem, pois estão mais próximos nos cuidados contínuos8. Em outros momentos, por meio da segunda categoria do estudo, constatou-se que esses indivíduos enfermos podem evitar, também, diálogos que abordem a causa do adoecimento, por vergonha, receio e aversão em pensar nessa temática, preferindo não relembrar situações vividas previamente relacionadas a sua situação, optando pelos isolamento social9-10. Nesse sentido, a partir de Morin uma possível resposta para todo esse sofrimento, é uma participação viva, com amor e solidariedade, extraindo do paradoxo vida-morte uma articulação profunda entre a reforma da vida como o eixo que nos remete a todo o arco complexo de outras reformas necessárias: da ética, da educação, da sociedade, concebidas em circuito recursivo11. Ainda, com a terceira categoria, do presente estudo, ratificou-se a questão dos próprios trabalhadores da equipe de enfermagem sentirem-se despreparados para cuidar no processo de morte e morrer. Assim, o preparo do trabalhador para interagir e cuidar do indivíduo no seu processo de finitude e de seu familiar/cuidador tem sido praticamente negligenciado desde a sua formação, levando-o a fazer essa aprendizagem no seu dia a dia; como nessa pesquisa, muitos parecem se (des)sensibilizar frente à necessidade de cuidado do indivíduo na finitude12. Dessa forma, enfatiza-se a busca pelo tratamento em prol da cura, não preparando esses trabalhadores para o cuidar na finitude, o que pode favorecer o afastamento do trabalhador, o que é percebido, frequentemente, como manifestação de negligência na assistência. Conclusão: considera-se que essas inter-relações, quando embasadas no diálogo, na formação de vínculos e na confiança, poderão contribuir para reduzir o distanciamento, a ruptura e o sofrimento de quem vivencia o processo de finitude, com a possibilidade de ressignificação dos sentimentos pela tríade. Tais discussões poderão gerar reflexões importantes tanto para os trabalhadores da equipe de enfermagem, quanto aos familiares/cuidadores, no que tange o cuidado e as inter-relações nessa fase do ciclo vital, propiciando uma melhor qualidade de vida a todos os envolvidos nesse processo.

Descritores: Morte. Paciente terminal. Enfermagem. Família. Inter-relação.

REFERÊNCIAS:

  1. Santos LMM, Simões IAR, Lima RS. Sentimentos dos acadêmicos de enfermagem frente à parada cardiorrespiratória Revista eletrônica gestão & saúde 2014; 5(4):2486-97.

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routine: students’ views. Interface-Comunicação, Saúde, Educação 2015; 19(55):1207-19.

  1. Trench B, Rosa TEC. Nós e o outro: envelhecimento, reflexões, práticas e pesquisa. São Paulo: Instituto de Saúde, 2011. 290p.
  1. Figueiredo MHJS, Martins MMFPS. Dos contextos da prática à (co)construção do modelo de cuidados de enfermagem de família. Rev. Escola enferm.USP 2009; 43(3):615-21.

  1. Silveira MH, Ciampone MHT, Gutierrez BAO. Percepção da equipe multiprofissional sobre cuidados paliativos. Revista Brasileira Geriatria e Gerontologia 2014; 17(1): 07-16.

  1. Leininger M. Culture Care Diversity and Universality: a Theory of Nursing. Nova

York: National League for Nursing Press,1991.

  1. Oliveira SG, Quintana AM, Denardin-Budó ML, Moraes NA, Lüdtke MF, Cassel PA. Internação domiciliar do paciente terminal: o olhar do cuidador familiar. Rev Gaúcha Enferm 2012; 33(3): 104-10.

  1. Oliveira SG, Quintana AM, Budó MLD, Morais NA, Garcia RP, Sartor SF, et al. Internação domiciliar na terminalidade: escolhas terapêuticas e medidas de conforto no olhar do cuidador. J Nurs Health. 2013;3(2):221-32

  1. Ribeiro JP, Cardoso LS, Pereira CMS, Silva BT, Bubolz BK, Castro CK. Nursing care in oncology hospitalized patients: diagnosis and interventions related to psychosocial and psychospiritual needs. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online 2016; 8(4): 5136-42.

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      1. ESCALA DE EDMONTON COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS ATENDIDOS NO DOMICÍLIO

Samanta Bastos Maagh, Aline da Costa Viegas, Vanessa Medeiros Almeida, Daniela Marques Herzer, Raquel Oliveira Pinto, Cintia Rodrigues Farias.

Introdução: os cuidados paliativos, segundo a Organização Mundial da Saúde consistem em cuidados com abordagem integral a pacientes cuja doença não é passível de tratamento curativo.1 Isso envolve controle de sintomas no âmbito biopsicossocial e espiritual que neste contexto, podem ser mensurados através de escalas visuais numéricas, analógicas, em cores ou questionários.2 Assim sendo, neste estudo será utilizada a escala de Edmonton Symptom Assessment System (ESAS), a qual auxilia no controle de sinais e sintomas físicos e psicológicos dos pacientes, permitindo conhecer a frequência e a intensidade destes, contribuindo para a tomada de decisão das equipes quanto a terapêutica do cuidado, possibilitando verificar a sua eficácia.3 A ESAS utilizada para análise dos dados possui dez itens, sendo estes: dor, cansaço, náuseas, depressão, ansiedade, sonolência, apetite, bem estar, dispneia e insônia; Tais sintomatologias são questionadas ao paciente, o qual pontuará de 0 (zero) a 10 (dez), sendo zero ausência do sintoma e 10 o sintoma mais intenso já sentido, uma vez que o paciente não consiga responder, o familiar ou cuidador poderá representá-lo ou o profissional que o acompanha.4 Objetivo: descrever os dois sintomas mais frequentes apresentados por pacientes oncológicos internados em um Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar. Método: trata-se de um estudo descritivo, o qual utilizou dados

1Mestre em Ciências. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: samantamaagh@yahoo.com.br

2Mestre em Ciências. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: alinecviegas@hotmail.com

3Especialista em Atenção Domiciliar. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: nessavma@hotmail.com

4Enfermeira. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail:

Daniela.Herzer@ebserh.gov.br

5Mestre em Saúde Coletiva. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: quel_enf@yahoo.com.br

6Especialista em Saúde Pública, Enfermagem Materno Infantil e Educação em Saúde. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: cicafarias@yahoo.com.br

secundários provenientes dos prontuários de 17 pacientes oncológicos internados pelas duas equipes do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) de um município do Sul do Rio Grande do Sul. Cada equipe pode atender concomitantemente 10 pacientes os quais recebem visitas diárias nos turnos da manhã e tarde. Estas equipes são compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, tendo apoio de psicólogos, odontólogas, nutricionista, assistente social e capelão, além de residentes multiprofissionais em oncologia. Os dados foram coletados no mês de maio de 2017 e tabulados, obtendo-se os dois sintomas mais frequentes nos pacientes durante aplicação da ESAS no momento de sua internação no PIDI. Resultados: a partir da avaliação das ESAS dos 17 pacientes participantes deste estudo se observou que os dois sintomas mais frequentes foram falta de apetite (inapetência) e ansiedade. A inapetência ou mesmo a recusa de alimentos ou água é um sintoma frequentemente encontrado nos pacientes em cuidados paliativos, muitas vezes, relacionado a outros sintomas como náuseas, vômitos, dor, obstipação, diarreia, entre outros. Nesse sentido, a nutrição em cuidados paliativos tem como objetivo auxiliar na redução da ansiedade, no aumento da autoestima e da independência, ofertar conforto emocional, prazer, produzir maior integridade e melhor comunicação com seus familiares. Dessa forma, garantir a autonomia a pessoa no que diz respeito a sua nutrição e sua aceitação ou não, é necessário, respeitando-se os princípios da bioética, evitando-se assim tratamentos fúteis e por consequência reduzindo o seu sofrimento.5 Como segundo sintoma mais frequente, encontrou-se a ansiedade, comumente presente em pacientes em cuidados paliativos, sendo definida como um estado de humor desconfortável, manifestando-se como a vivência de um sentimento difuso de medo e de apreensão. Nos pacientes em cuidados paliativos, a notícia do diagnóstico de uma doença grave, sem perspectivas de cura ou percebida como uma doença de evolução refratária pode desencadear este sintoma, que com frequência evolui para um estado patológico, sendo importante o seu reconhecimento precoce para início da terapia adequada.6 Conclusão: a partir da construção deste trabalho observou-se que embora estudos e a vivência profissional no contexto dos cuidados paliativos apontem a dor como um dos sintomas mais frequentes alterados, neste estudo a inapetência e a ansiedade foram os sintomas que mais se destacaram entre os pacientes em cuidados paliativos, reforçando a relevância de sua investigação e identificação precoce para manejo e terapêutica adequada, visto que podem produzir alterações significativas no estado de saúde e bem estar dos pacientes e de seus familiares, os quais precisam estar elucidados e conscientes da melhor conduta frente aos diferentes aspectos relacionados aos efeitos de uma doença sem perspectiva curativa. Também, salienta-se a importância da utilização de instrumentos para mensuração dos sintomas dos pacientes como a ESAS, como estratégia de qualificação da atenção à pessoa em cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS:

  1. Organização Mundial de Saúde [página da internet]. Definition of palliative care. Genebra (CH): OMS, 2002. Disponível em: www.who.int/cancer/palliative/definition (02 mai. 2017)

  1. Monteiro DR, Almeida MA, Kruse MHL. Tradução e adaptação transcultural do instrumento Edmonton Symptom Assessment System para uso em cuidados paliativos. Rev Gaúcha Enferm 2013; 34(2):163-71.

  1. Manfredine LL. Tradução e Validação da Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton (ESAS) em pacientes com câncer avançado. [dissertação] Barretos (SP): Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos; 2014.

  1. Costa MACM, Antunes MTC. Avaliação de sintomas em doentes sem perspectiva de cura. Rev. Enf. Ref [periódico online] 2012; 3(7):63-72. Disponível em http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-02832012000200007&lng=pt&nrm=iso (03 mai. 2017)

  1. Nascimento AG. Papel da nutricionista na equipe de Cuidados Paliativos. In: Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Diagraphic; 2009. p.144-147.

  1. Guimarães RCD. Ansiedade e depressão em Cuidados Paliativos: como tratar. In: Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2ª Edição. Porto Alegre: Sulina; 2012. p.191-201.

      1. A IMPORTÂNCIA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Thayzzy Fátima Araújo Santos, Letícia Zanetti Marchi Altafim, Jael Rúbia Figueiredo de Sá França.

Cuidados Paliativos (CP) é uma prática multiprofissional que trabalha com indivíduos diagnosticados com doenças crônicas que estão fora de possibilidade de cura, assim, compreende-se CP por um atendimento que integre todas as dimensões do indivíduo, visando atingir uma melhor qualidade de vida para o doente e sua família, levando em consideração que as consequências causadas pelo adoecimento acarretam intenso sofrimento que afetam todos em volta do paciente (CARVALHO e PARSONS, 2012), levando em consideração que o acompanhamento em CP deve ser feito após a morte do indivíduo, cuidando do luto dos familiares. O terapeuta ocupacional é um dos profissionais que compõe a equipe de CP, e tem como objetivo promover maior conforto, dignidade e qualidade de vida ao sujeito, contemplando as suas limitações funcionais e o desempenho ocupacional, correlacionando-as com as atividades cotidianas e as diversas formas de dor e sofrimento (físico, psíquico, social e espiritual) gerados pelo adoecimento (BIGATAO, MASTROPRIETO e DE CARLO, 2009.2). O presente estudo consiste em um relato de experiência, a partir da vivência de alguns atendimentos hospitalares com um paciente diagnosticado com câncer no pâncreas feito por uma residente terapeuta ocupacional. Foram realizados um total de dez atendimentos com duração média de 40 a 50 minutos cada, as atividades desenvolvidas foram de alongamento, estimulação sensorial, escuta qualificada, orientações e medidas de conforto ao cuidador, manutenção de atividades significativas, atividades expressivas, treino de Atividade de Vida Diária (AVD), movimentação ativa assistida, estimulação cognitiva e participação de intervenções de profissionais de Enfermagem e Técnicos de Enfermagem. Os resultados obtidos com os atendimentos foram melhora da autopercepção corporal (Ex.: movimentação ativa dos MMSS e MMII); adequação postural espontaneamente do indivíduo no leito; melhora da cognição (Ex.: reconhecimento de faces, recordação da sua rotina de trabalho e orientação de tempo e espaço); aceitação do cuidador quanto ao processo de tratamento em cuidados paliativos e morte. Mesmo com a eminência de término da vida devido a uma condição patológica, é importante investir nos cuidados paliativos, pois essa abordagem possibilita ao indivíduo e familiares um cuidado ampliado, fazendo com que a morte seja um momento de dignidade.

REFERÊNCIAS:

  1. CARVALHO R.C.T., PARSONS, H.A. Manual de Cuidados Paliativos ANCP, 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2012.
  1. BIGATAO, M. R.; MASTROPRIETO, A.P.; DE CARLO, M.M.R.P. Terapia Ocupacional em Oncologia: A Experiência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. In: OTHERO, M. B. (org.). Terapia Ocupacional – Práticas em Oncologia. São Paulo: Editora Roca, 2009.2.

      1. CUIDADORES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM AÇÃO EDUCATIVA NA ATENÇÃO À ALIMENTAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS

Adivanio Cardoso, Daniela Corrêa da Silva de Farias, Rejane Vernet Taborda de Barros Varriale.

Introdução: Para atender as necessidades dos pacientes terminais, assim como da sua família, é essencial que a equipe seja multidisciplinar, cujo objetivo seja prevenir e aliviar os sintomas, o sofrimento e a dor, associando o apoio espiritual e psicológico desde o diagnóstico até o final da vida¹. O enfermeiro, enquanto profissional com habilidades em comunicação e avaliação dos sinais e sintomas, é essencial no suporte em equipe do paciente, família e cuidador, fazendo o gerenciamento e coordenação das metas assistenciais propostas no acordo terapêutico. Através da relação de proximidade física e afetiva, este estabelece a articulação de ações educativas mais assertivas². Ao fonoaudiólogo, por sua vez, cabe avaliar a eficiência da comunicação e alimentação do paciente e auxiliar na definição dos melhores procedimentos a serem tomados, dentro dos princípios dos cuidados paliativos, na busca da melhora da qualidade de vida. Este profissional tem capacidade em auxiliar o paciente a alimentar-se de forma segura, através de manobras, adequação postural e orientação da consistência e quantidade de alimentos, sendo quando possível, a manutenção do prazer em comer. Da mesma forma, tem condições de indicar vias alternativas em casos de intensificação da disfagia, trazendo conforto e segurança ao paciente e família³. A alimentação é comumente associada a vitalidade, bem-estar e qualidade de vida, sendo um pilar importante nas interações sociais e familiares. Muitas vezes, este acaba sendo o interesse central na preocupação dos familiares e ou cuidadores, comparado a outras questões complexas do tratamento proposto. A equipe multiprofissional deve priorizar a ingesta de uma alimentação balanceada, dentro das necessidades nutricionais do paciente, focando na redução dos sintomas relacionados ao consumo de alimentos, assim como a busca em manter hábitos e preferências alimentares do indivíduo, garantindo assim sua satisfação. Na terminalidade, o alimentar-se é uma das atividades que está alterada, o que consequentemente é uma grande fonte de preocupação para a família. Ao aproximar-se da morte, se faz necessário que os profissionais intervenham de forma que os sintomas sejam controlados, proporcionando conforto ao paciente. Objetivo: Através da observação de uma consulta multidisciplinar, pretende-se fazer uma avaliação sobre a abordagem do aspecto alimentar entre equipe e paciente/cuidador. Método: relato de experiência acerca do atendimento multidisciplinar realizado em um serviço de dor e medicina paliativa num hospital da região metropolitana de Porto Alegre, como meio de qualificar o cuidado e tratamento prestado. Resultados: Viu-se que durante as consultas em equipe interdisciplinar, não havia a abordagem do tema alimentação de forma adequada, embora fosse evidente que a dificuldade em se alimentar é um fator desencadeante de ansiedade para família e paciente. Muitas vezes o paciente não era questionado sobre como estaria acontecendo a sua rotina alimentar, suas preferências e seus hábitos de higiene oral. Percebeu-se que os profissionais não entendem a alimentação como um pilar importante, nas interações sociais e no aspecto emocional do paciente e de sua família, dando atenção somente à questão nutricional, necessária para a qualidade de vida dentro dos cuidados paliativos. Com a abordagem e a escuta qualificada deste paciente, pela equipe multidisciplinar, é possível promover controle de sintomas e retomada do prazer em alimentar-se, quando possível. Conclusões: A consulta em equipe multidisciplinar, levando em consideração os princípios dos cuidados paliativos, prepara o paciente e sua família para o gerenciamento de sua rotina com autonomia, diminuindo sintomas como ansiedade e medo, além de esclarecer dúvidas do paciente e familiares/cuidadores, proporcionando assim, uma melhor condição de saúde e qualidade de vida. Como proposta a essa observação, pensou-se em desenvolver um questionário que avalie de forma qualitativa e quantitativa os vários aspectos da abordagem da alimentação durante as consultas em cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS

  1. BRAVO, Ángela Natalia Aguirre; PEDROZA, Rosa Sampallo. Fonoaudiologia em los cuidados paliativos. Ver. Fac. Med. 2015; 63(2):289-300. Spanish. Doi: http://dx.doi.org/10.15446/revfacmed.v63n2.48539

  1. FIRMINO, Flávia. O papel do enfermeiro na equipe. Manual de Cuidados Paliativos – ANCP, 2009, páginas 335-336.
  1. PINTO, Adriana Colombani. O papel do fonoaudiólogo na equipe. Manual de Cuidados Paliativos – ANCP, 2009, páginas 358-360.
  1. BENARROZ, Monica de Oliveira; FAILLACE, Giovanna Borges Damião; BARBOSA, Leandro Augusto. Bioética e nutrição em cuidados paliativos

oncológicos em adultos. Cadernos de Saúde Pública, Set 2009, Volume 25, nº 9,

páginas 1875-1882. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2009000900002&lang=pt

  1. ALVES, Patricia Vinheiras. Intervenção do enfermeiro que cuida da pessoa em fim de vida com alterações do comer e beber. Pensar Enfermagem, 2013, vol. 17, nº 1.

      1. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA EM CUIDADOS PALIATIVOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Felipe Ferreira da Silva, Renata Ferreira Fagundes, Luiz Guilherme Lindemann, Janaina Baptista Machado, Carina Rabêlo Moscoso, Rodrigo Verzeletti Ribeiro.

Introdução: o fígado é uma glândula que executa diversas funções importantes no organismo, e é extremamente vulnerável a uma variedade de insultos metabólicos, tóxicos, microbianos, circulatórios e cancerosos. Uma das complicações do fígado é a cirrose, que se caracteriza como a fase final da doença hepática crônica que danifica o fígado completamente. O tecido cicatricial lentamente substitui o tecido saudável, impedindo que o órgão funcione corretamente. A cirrose hepática tem diferentes causas, sendo uma delas o etilismo crônico, que faz com que inicie-se um processo de infiltração gordurosa, inflamação e fibrose permanente do fígado. A cirrose alcoólica se desenvolve em cerca de 15 a 20% dos etilistas crônicos. Isto significa que mais ou menos uma em cada cinco pessoas com consumo pesado de álcool irão desenvolver cirrose hepática. Objetivo: relatar os cuidados de enfermagem prestados a um paciente com cirrose hepática em cuidados paliativos. Métodos: trata-se de um relato de experiência fundamentado no cuidado prestado a um paciente com cirrose hepática alcoólica em cuidados paliativos em um hospital de ensino do Rio Grande do Sul no mês de março de 2016. Resultados: paciente R.F.S., sexo masculino, 59 anos, diagnosticado com cirrose hepática alcoólica e hepatite B há 3 anos, estava na fila para transplante de fígado desde o diagnóstico. Foi internado devido a hemorragia digestiva alta em decorrência de varizes esofagianas sangrantes, ascite e insuficiência hepática. Após avaliação da equipe multidisciplinar, optou-se por colocar esse paciente em cuidados paliativos por não haver mais recurso terapêutico que visasse a cura da doença, restando o investimento em medidas de conforto durante a fase de terminalidade. Nos quatro primeiros dias de internação, o paciente apresentava-se lúcido e orientado, comunicando-se com a família e equipe, fazendo uso de oxigenoterapia por máscara de Venturi, terapia endovenosa com opióides e inibidores da bomba de prótons, lactulose oral e enteroclisma. Não foi possível realizar a paracentese devido à plaquetopenia. Foi instalada sonda vesical de demora, sonda nasogástrica aberta em frasco para drenagem de conteúdo sanguinolento e acesso venoso central. Após esse período, iniciou-se um quadro irreversível de encefalopatia hepática que levou o paciente a períodos de agitação, irritabilidade e confusão mental. Nesse ponto, vale ressaltar que o paciente estava ciente da sua condição de saúde e optou por saber tudo o que iria acontecer com o organismo dele com a progressão da piora dos sinais e sintomas. Desde esse momento, uma equipe multidisciplinar formada por enfermeiro, médico, nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga e acadêmicos, atuou para sanar todo tipo de dúvidas e questionamentos do paciente e família, oferecendo suporte psicológico para o enfrentamento da doença, trabalhando na perspectiva da morte e da vivência do luto. Conclusão: a experiência proporcionou vivenciar a prática dos cuidados paliativos prestados desde a iminência da morte até os últimos dias de vida do paciente, ofertando medidas de conforto que proporcionassem qualidade e conforto durante a fase de terminalidade, abrangendo tanto o paciente quanto a família.

REFERÊNCIAS

1. FBG. Federação Brasileira de Gastroenterologia. Doença Hepática Alcoólica. São

Paulo; 2017. Disponível em: http://www.fbg.org.br/Conteudo/2231/0/Doen%C3%A7a-Hep%C3%A1tica-Alco%C3%B3lica (30 abr. 2017).

      1. CARACTERIZAÇÃO DE ATENDIMENTOS ONCOLÓGICOS DOMICILIARES A PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS, NO MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO – RELATO DE EXPERIÊNCIA

Camilla Luiza Stracke Viana, Helena Bianchi, Fernanda Pagliarini.

Introdução: A demanda por Cuidados Paliativos (CP) é um problema atual de saúde pública, evidenciando-se a importância da reorganização dos serviços de saúde com a finalidade de assegurar sua oferta. A assistência domiciliar, neste âmbito, faz-se necessária pelo elevado grau de humanização que pode propiciar, pois reduz complicações decorrentes das longas internações hospitalares, diminui custos do tratamento e envolve a família, tanto nos cuidados, como no amparo afetivo ao paciente.¹ Objetivo: Relatar a experiência de atendimentos fisioterapêuticos e psicológicos, de residentes do programa de residência em atenção ao câncer, integradas à equipe multiprofissional, em atendimentos realizados para pacientes oncológicos em cuidados paliativos da rede pública municipal de saúde. Metodologia: Estudo de caráter qualitativo, abordagem intervencionista multiprofissional, com amostragem intencional, na qual participaram pacientes oncológicos em cuidados paliativos, no município de Passo Fundo/RS, no período de março a agosto de 2016. Os critérios de inclusão para o estudo foram pacientes que estavam em cuidados paliativos neste período, sendo estes drenados através de um hospital geral do referido município e convidados verbalmente a participar dos atendimentos. Os atendimentos foram realizados semanalmente, com duração média de uma hora, sendo realizado atendimento fisioterapêutico, visando melhora da qualidade de vida e maior independência funcional dentro das limitações de cada paciente, sendo reavaliados a cada sessão. Os atendimentos psicológicos visaram auxiliar emocionalmente paciente e familiares frente ao adoecimento, proporcionando maior qualidade da saúde mental durante o tratamento. Cada paciente teve um Projeto Terapêutico Singular, que era reavaliado quinzenalmente pelas profissionais. Resultados: Observou-se nestes atendimentos, melhora gradual da funcionalidade e qualidade de vida das pacientes, bem como motivação para desempenhar atividades simples de vida diária. As pacientes apresentaram reações emocionais adequadas durante o período de atendimento, demonstrando enfrentamento adaptativo do tratamento. Cuidadores e familiares demonstraram aperfeiçoamento no cuidado e manejo com as pacientes. Conclusão: No campo da fisioterapia domiciliar, esta vem se ampliando por perceber a influência do contexto domiciliar para o cuidado integral dos pacientes. Nesse ambiente, o fisioterapeuta realiza uma avaliação e elabora um plano de cuidados continuados, proporcionando maior conforto e praticidade para o paciente, que pode estar restrito ao leito, ou com dificuldade de mobilidade. O atendimento psicológico domiciliar segue, também, a perspectiva do cuidado integral ao paciente, visa aliviar o sofrimento daqueles que necessitam do tratamento psicológico no processo de adoecimento, exercendo importantes funções terapêuticas e preventivas à pacientes e cuidadores.

REFERÊNCIAS

  1. Queiroz AHAB, Pontes RJS, Souza AMA, Rodrigues TB. Percepção de familiares e profissionais de saúde sobre os cuidados no final da vida no âmbito da atenção primária à saúde. Ciênc. Saúde Coletiva [Internet]. 2013; 9:2615-2623. Disponível

em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232013000900016&lng=en. (30 abr. 2017)

      1. ACOMPANHAMENTO MULTIDISCIPLINAR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Camilla Luiza Stracke Viana, Helena Bianchi, Fernanda Pagliarini.

Introdução: O atendimento multiprofissional a pacientes oncológicos hospitalizados promove integralidade na assistência, efetividade do tratamento, melhoria das condições de saúde e troca de informações entre os profissionais para melhoria do serviço prestado. Ao se tratar de pacientes oncológicos em cuidados paliativos, o cuidado ativo e total independem de o paciente estar ou não realizando tratamento oncológico, deseja-se a melhora da qualidade de vida através do controle da dor e de outros sintomas, além dos problemas psicológicos, sociais e espirituais. Objetivo: relatar a experiência do acompanhamento multidisciplinar a pacientes oncológicos em cuidados paliativos (CP) internados em um hospital geral da cidade de Passo Fundo. Método: O acompanhamento multidisciplinar foi realizado por residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção ao Câncer da Universidade de Passo Fundo. Os atendimentos tiveram como objetivo identificar as fragilidades dos pacientes durante o tratamento, analisar a aderência ao mesmo e realizar o cuidado necessário durante a internação na Unidade Hospitalar. Resultados: O acompanhamento permitiu realizar um atendimento integral e humanizado por meio da oferta do atendimento multiprofissional para manejo e cuidado, visando não somente a internação, mas as práticas de assistência após a alta do paciente, através da construção de elo entre cuidadores e equipe, propiciando melhor manejo dos sintomas por intermédio das orientações específicas a cada paciente. Conclusão: A realização do acompanhamento multidisciplinar durante a internação hospitalar promoveu maior qualidade ao serviço prestado ao paciente, possibilitando a inclusão de práticas integrativas através de um trabalho cooperativo de responsabilização entre os sujeitos e interação entre os pacientes e profissionais, fortalecendo a aceitação à terapêutica aos pacientes em cuidados paliativos.

      1. CUIDADOS PALIATIVOS A PACIENTES COM FERIDAS ONCOLÓGICAS NA ATENÇÃO DOMICILIAR

Daniela Marques Herzer, Fernanda Sant’Ana Tristão, Jefferson Sales da Silva, Maria Angélica Silveira Padilha.

Introdução: Feridas oncológicas são formadas pela infiltração de células malignas do tumor nas estruturas da pele, ocorrendo a quebra de integridade do tegumento, levando a formação de uma ferida evolutiva em decorrência da proliferação celular descontrolada que é provocada pelo processo de oncogênese. Em média 5% a 10% dos pacientes com câncer desenvolvem lesões oncológicas. Esse fato pode ocorrer durante os seis últimos meses de vida, em consequência do tumor primário ou metastático. Elas causam dor, prurido, sangramento, secreções, odor e fístulas. Estas lesões de pele apresentam mau prognóstico, geralmente não cicatrizam e exigem cuidados paliativos para aliviar os sintomas, diminuir complicações e melhorar a qualidade de vida através da prevenção e do alívio do sofrimento do paciente e sua família. Objetivo: Descrever a atuação do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL (HE–UFPEL) nas orientações das Equipes de Atenção Domiciliar no tratamento de pacientes em cuidado paliativo que apresentem lesões oncológicas. Método: trata-se de uma pesquisa descritiva, do tipo relato de experiência, desenvolvida no mês de abril e maio de 2017. O estudo foi construído a partir da vivência dos membros do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL. Resultado: Contextualização do Cenário. O Serviço de Atenção Domiciliar no HE – UFPEL contempla o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar para Pacientes Oncológicos, cujas internações são dirigidas a pessoas com diagnóstico de câncer, contemplando principalmente pacientes em fase de cuidados paliativos. O

1Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Enfermeira do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPel/EBSERH. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC). dmherzer16@gmail.com

2Enfermeira. Doutura em Ciências pela Universidade Federal de Pelotas. Docente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC). enfermeirafernanda1@gmail.com

3Enfermeiro. Técnico em Enfermagem do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL/EBSERH. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC) jeffe_salles@hotmail.com

4Enfermeira. Mestre em Ciências pela Universidade Federal de Pelotas. Coordenadora do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL/EBSERH. Vice-líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC) padilha.mangell@gmail.com

programa conta com duas equipes de médicos clínicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem e apoio complementar de assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, farmacêuticos voluntários e auxiliar administrativo. As visitas aos pacientes são feitas duas vezes ao dia, resultando em maior conforto e atenção humanizada. E contempla também o Melhor em Casa que atende pacientes que possuem problemas de saúde que necessitem de maior frequência e intensidade de cuidados e acompanhamento contínuo, dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde. O atendimento é feito por três Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD), formadas por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e assistentes sociais e uma Equipe Multiprofissional de Apoio (EMAP), formada por fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo. As EMAD’s são distribuídas em: EMAD SUL – Fragata, Barragem, Centro Sul e Porto/Várzea; EMAD NORTE – Três Vendas, Areal Norte e Centro Norte e EMAD LESTE – Areal, Fátima/Balsa e Laranjal. Atuação do Grupo de Pele do HE– UFPEL: os profissionais das equipes procuram o Grupo de Pele para solicitar orientações no manejo das lesões cutâneas. Diante da solicitação de acompanhamento a enfermeira do Grupo, responsável pela atenção domiciliar, acompanha a equipe e realiza a avaliação do paciente. Durante a visita domiciliar é feita uma minuciosa avaliação do paciente, e da lesão que inclui: identificação do tipo de lesão, tipo de tecido no leito, características do exsudato, características da pele perilesional, mensuração, registro fotográfico, e são fornecidos as primeiras orientações para a realização do tratamento para equipe de saúde, cuidador e familiares. Os cuidadores são informados de todas as condutas tomadas. As informações coletadas são levadas ao conhecimento do Grupo de Pele, sendo analisadas e discutidas e partir delas é formulado um plano de cuidado. O plano de cuidado é discutido com a Equipe de AD e são marcadas novas visitas domiciliares, para posteriores reavaliações das ações. Sempre é solicitado a enfermeira que realize o registro fotográfico e mensuração para manter o acompanhamento. As lesões oncológicas prevalentes estão relacionadas a câncer de mama e períneo. Dentre os principais sintomas destaca-se o odor, o exsudato, a dor, o sangramento e a necrose. Entre as questões psicossociais a mudança de imagem corporal, o isolamento social, constrangimento e vergonha estão associados com o viver e cuidar de uma ferida desta natureza. A compreensão das metas dos cuidados paliativos, como essencial no desenvolvimento de um plano de tratamento com foco sobre o controle de sintomas das lesões é uma das ações para manutenção da qualidade de vida dos usuários atendidos. Conclusão: Os cuidados paliativos em lesões oncológicas, são uma grande preocupação na assistência à saúde já que os efeitos da doença interferem diretamente na qualidade de vida. A progressão da doença, o aumento da lesão, as dificuldades no controle dos sintomas trazem um sentimento de impotência para o enfermeiro. A atuação do Grupo de Pele e as ações que desenvolve de avaliação e tratamento de lesões oncológicas tem um papel importante na minimização do desconforto e alterações psicossociais que podem ser gerados pelas lesões nos usuários.

      1. CUIDADOS PALIATIVOS EM ENFERMAGEM:VALORIZANDO O BEM ESTAR NO PROCESSO DE FINITUDE – REVISÃO INTEGRATIVA

Cáren Igure Noble, Tamara Rios de Avila, Daciclei Lopes da Fonseca, Ismael Moron de Souza Reinhardt, Isabel Cristina Rios de Avila, Susi Lauz.

10-11

Introdução: A humanização na saúde em cuidados paliativos surgiu com a necessidade de se resgatar e valorizar o outro por meio de uma sensibilidade há muito abandonada pelos profissionais de saúde1. Vale aprofundar a temática de forma integral e humanística, respeitando a individualidade do ser, valorizando suas crenças, atentando para a comunicação e estando presente na relação do cuidado, tornando-se imprescindível que a humanização seja despertada nos profissionais de saúde2. Em 2003 foi criada a Política Nacional de Humanização(PNH) pensada em evidenciar a interface entre o cuidado e a gestão nos serviços de saúde. A educação permanente emergiu recentemente como um método em saúde indispensável para as práticas de formação, atenção, transformação e interação dos saberes e práticas, no cenário real do público alvo estabelecendo integralidade no processo de cuidar3. Para a equipe de enfermagem, a humanização pode ser definida como ter respeito pelo ser humano e a empatia como um diferencial no processo de acolhimento de pacientes que estão submetidos aos cuidados paliativos. Surge, na fase final da vida, um dos possíveis caminhos para a intervenção da enfermagem e dos demais profissionais de saúde, pois, os mesmos participam de um processo de assistência e terapêutica que confluem no sentido de auxiliar e proporcionar uma melhoria na qualidade dos cuidados prestados, bem como no relacionamento que se estabelece com os seus familiares. Os Cuidados Paliativos (CP), segundo a World Health Organization (WHO) é uma terapêutica humanizada ao cuidado de pacientes cuja doença não responde ao tratamento curativo. Quando a doença se encontra em fase avançada e progressiva os cuidados visam o bem-estar do paciente, buscando fornecer uma melhor qualidade de vida para os pacientes e suas famílias4. Objetivo: Verificar os cuidados paliativos desenvolvidos pela enfermagem e averiguar quais são as estratégias utilizadas por para promover os cuidados paliativos. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, construída a partir das seguintes etapas: desenvolvimento da questão norteadora; a qual envolve a análise de artigos científicos relacionados com a temática; extração de dados dos estudos; análise e síntese dos resultados. Resultados: CP é uma abordagem terapêutica que envolve uma equipe multidisciplinar adequadamente capacitada. É considerado como uma filosofia do cuidar, cujo escopo é o de proporcionar aos pacientes sem possibilidades terapêuticas de cura e seus familiares uma melhor qualidade de vida5.O CP busca identificar e reduzir problemas nas esferas física, psicológica, espiritual e/ou social5-6. Percebe-se que no processo de terminalidade, o enfermeiro manifesta o cuidado paliativo quando o cuidado curativo deixa de ser o propósito principal, buscando que o exercício profissional amenize o sofrimento, confortando o paciente, expresso pela redução da dor/sofrimento com adoção de medidas que não só asmedicamentosas7. O cuidado incorpora a ideia de atendimento às necessidades humanas básicas, numa atitude acolhedora do profissional ao ser empático com esse paciente e promover a resolutividade dessas necessidades. No Brasil, algumas diretrizes foram subsidiando e estimulando a criação e implementação de serviços no processo de saúde-doença, que dispõem esse tipo de cuidados. Dentre elas, pode-se citar o Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos, dispondo na Portaria nº 19, de 03 de janeiro de 2002, que amplia a inserção de Cuidados Paliativos instituindo no âmbito da saúde. No art.1º, afirma que: “estimular a organização de serviços de saúde multidisciplinar para a assistência a pacientes com dor e que necessitam de Cuidados Paliativos, sensibilizar/treinar os profissionais de saúde para a adequada abordagem destes pacientes”3-6. Verifica-se um aumento da população idosa e, consequentemente, do aparecimento de doenças crônicas e terminais que inevitavelmente conduzem a pessoa a confrontar-se com o processo de morte/morrer. Deste modo, torna-se importante, os cuidados paliativos exercidos pela equipe de saúde, onde é sanado as necessidades do doente e dos familiares, a promoção e preservação da dignidade humana durante esse processo de transição9. Um doente em fase terminal possui além da dor física, a dor psicológica e o desgaste emocional. Desta forma, as principais necessidades do doente terminal e a sua família estão direcionadas para a gestão da dor e o sofrimento, existindo a necessidade de expressarem seus medos, angústias e sofrimentos, para que se sintam amparados, respeitados e compreendidos pelo enfermeiro e por todos os profissionais de saúde que lhe prestam cuidados13. Conclusões: Espera-se que este trabalho, conscientize acadêmicos e profissionais de enfermagem e da saúde, quanto à importância de reflexão sobre a temática, buscando sensibilizá-los, uma vez que irão cuidar de seres humanos, principalmente em seu processo de finitude.

Palavras Chaves: Cuidados Paliativos; Terminalidade; Humanização

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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  1. A Importância de uma unidade de cuidados paliativos nos hospitais privados. Disponível em: http://repositorio.ipvc.pt/handle/20.500.11960/1823. Acesso em: 03 de maio de 2017.

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      1. O PAPEL DA PSICOLOGIA EM ÁREAS CRÍTICAS E AS DIRETIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE: POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO

Paula Azambuja Gomes, Rita Gigliola Gomes Prieb, Simone Medianeira Scremin, Waleska Jerusa de Souza Mendonça.

Introdução: As diretivas antecipadas de vontade, a partir da Resolução CFM 1955/20121, preconizam que o desejo do paciente deve ser respeitado, sendo ele o principal norteador do seu tratamento e condutas. Em nossa experiência adquirida com a Residência Integrada Multiprofissional em Saúde, ênfase Adulto Crítico, em um Hospital Universitário de Porto Alegre, percebemos que mesmo tal temática tendo respaldo nesta resolução, ao trabalharmos sobre medidas de tratamento paliativos em diferentes cenários, nos deparamos com entraves que dificultam a comunicação entre as equipes e o respeito ao desejo do paciente. Desta forma, se faz necessário uma intermediação da psicologia a fim de resguardar a vontade expressa pelo paciente com relação aos procedimentos considerados pertinentes para alívio do sofrimento e aqueles aos quais não quer ser submetido em caso de final da vida. A equipe da psicologia que atua nos cenários Emergência e Centro de Terapia Intensiva (CTI) constantemente intervém com vistas a auxiliar a equipe a lidar com as suas limitações e expectativas frente ao desejo expresso pelo paciente. Culturalmente, estes dois cenários são ambientes que tem por objetivo o uso de tecnologias duras e leves-duras, com o intuito de salvar vidas. No entanto, o trabalho da psicologia tem se pautado na propagação da importância das tecnologias leves, como recursos terapêuticos de grande valia2,3. Objetivo: Compartilhar a atuação do psicólogo em unidades críticas, como profissional que favorece a comunicação entre paciente e equipe. Através de mediação nas discussões clinicas em round médico e multiprofissional, e por meio do registro da decisão em prontuários, respaldando o que está preconizado pelas diretrizes antecipadas de vontade do paciente. Metodologia: Será utilizado método de relato de experiência. Abrangendo período de março de 2016 a maio de 2017, nas unidades de CTI e Emergência do Hospital de Clinicas e Porto Alegre (HCPA)-Brasil/RS. Resultado: Um dos grandes problemas percebidos nessa experiência é a dificuldade de comunicação entre as equipes e a definição de qual equipe é responsável por determinar como será o desfecho dos atendimentos, priorizando o desejo expresso pelo paciente. Dentro disto, observou-se dificuldades internas dos profissionais envolvidos, tais como sentimentos de impotência e frustração profissional em não conseguir obter o desfecho esperado. Existem divergências entre a equipe assistente e equipe da unidade crítica, onde o paciente se encontra, pois, muitas vezes o paciente expressa seu desejo de não serem realizados procedimentos invasivos durante os atendimentos de rotina e essa informação não é repassada a equipe da unidade crítica. Neste momento, em função da dificuldade sobre qual área deve definir as condutas e respeitar a vontade do paciente no fim de vida, torna-se crucial o psicólogo como mediador da relação da equipe com o paciente e a família, minimizando possíveis falhas na comunicação entre os membros das equipes CTI/Emergência/Equipe Assistente e Paciente/Família. Auxiliar a equipe a tolerar a decisão do paciente e sua família em não prolongar a vida com tratamentos considerados fúteis e que podem não trazer benefícios terapêuticos ao paciente é um desafio a ser enfrentado na instituição pelos psicólogos que atuam em áreas críticas. Além disso, o amparo emocional ao paciente, família e equipe é essencial, haja vista que todos se beneficiam quando se propicia comunicação efetiva entre os envolvidos no processo de finitude2. Conclusão: Encorajar a reflexão sobre o processo natural de finitude, entendendo que o entrave entre a comunicação ocorre pela dificuldade dos membros da equipe em lidar com sentimentos de impotência e frustração profissional em não conseguir obter o desfecho esperado. Igualmente, auxiliar na dificuldade de comunicação entre as equipes e a definição de qual equipe é responsável por determinar como será o desfecho dos atendimentos é uma das principais missões do psicólogo atuante nas áreas críticas.

REFERÊNCIAS

  1. BRASIL. Resolução Nº 1.999/2012, de 19 de outubro de 2012. A falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento. Conselho Federal de Medicina. Brasília. 2017. Disponível em: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1999_2012.pdf

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Gomes MJB, Barros LHC. Temas em Psico-oncologia. 1a Edição. São Paulo: Summus Editorial; 2008.

  1. Simonett A. Manual de Psicologia Hospitalar – o mapa da doença. 5a Edição. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2009.
      1. DESPEDIDA SILENCIADA: A “CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO” COMO UM ENTRAVE NA COMUNICAÇÃO DE UM SERVIÇO DE CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL ESCOLA

Paula Azambuja Gomes, Amanda Bianchi, Dalvana Zago, Mônica Echerrevia de Oliveira, Suzelmara Mello Craidy.

Introdução: O paciente gravemente enfermo sabe inconscientemente sobre seu processo de adoecimento e finitude. Uma postura bastante recorrente e paternalista que ocorre é a evitação de uma conversa franca da equipe com o paciente e seus familiares sobre tal condição1. Entretanto esta mesma postura pode ocorrer quando apenas uma parte dos envolvidos têm o conhecimento real dos fatos. Esta condição pode criar uma situação conhecida como “conspiração do silêncio”, que acaba criando um isolamento emocional, ficando de um lado o paciente e de outro a família, todos com sentimentos, dúvidas e anseios semelhantes, mas não compartilhados1,2. Objetivos: Identificar como e de que forma ocorre a conspiração do silêncio no Núcleo de Cuidados Paliativos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) – Brasil/RS; Identificar em quais contextos e relações se processa a conspiração do silêncio; Quais as consequências dessa prática. Metodologia: O método utilizado neste trabalho é o relato da observação e atuação do profissional de psicologia dentro do Núcleo de Cuidados Paliativos na referida instituição no período de março de 2016 a maio de 2017. Resultados: Através da prática no Núcleo de Cuidados Paliativos foi possível perceber por vezes a existência da “conspiração do silêncio” como uma das formas de comunicação entre equipe- paciente-família. Em sua maioria, observamos que ocorre entre profissionais e familiares que buscam evitar falar em terminalidade e morte, com a ideia de poupar o paciente, por achar que poderão aumentar sua dor, causar sofrimento e deprimí-lo. Identifica-se esta forma de comunicação quando o paciente é isolado das conversas referentes ao diagnóstico/prognóstico, ao plano de tratamento, sendo assim impedido de participar das decisões em relação ao seu tratamento e futuro, influenciando nas suas escolhas referentes à qualidade do tempo em seu fim de vida. Frente a este entrave na comunicação, há dificuldade dos envolvidos em elaborar o luto antecipatório, o impedimento da finalização de assuntos importantes e despedida de entes queridos, dificulta a expressão de sentimentos, podendo gerar isolamento e sentimento de abandono. Percebe-se que o calar ocorre na tentativa não só de poupar o paciente, achando que seria esta a melhor forma de lidar com o que vem sendo vivenciado, mas também ocorre devido à dificuldade em lidar com a dor do outro, calar por não suportar perceber e trazer a certeza da iminência da morte para o presente. Essas características de dinâmica na comunicação são observadas pela equipe e o psicólogo irá se colocar nessa relação como um facilitador, respeitando o tempo e as defesas emocionais, proporcionando um espaço onde poderão ser expressos os conteúdos que deverão ser acolhidos e (re)significados1,3. Conclusão: Diante das inúmeras formas de expressão e comunicação existente nas relações humanas o silêncio enuncia o que vai além das palavras, um sofrimento que não é compartilhado. Frente ao entrave gerado pela “conspiração do silêncio”, o psicólogo intermédia a comunicação entre equipe-paciente-família, sendo essencial o amparo psíquico/emocional a todos os envolvidos, visto que todos se beneficiam quando ocorre comunicação efetiva entre os envolvidos no processo de finitude.

REFERÊNCIAS

  1. Maciel MGS. et al. Critérios de qualidade para os cuidados paliativos no Brasil / documento elaborado pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2006.

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      1. UM ANO DE EXPERIÊNCIA: PERFIL DE ATENDIMENTO DA EQUIPE DE CONSULTORIA DE CUIDADOS PALIATIVOS – HE/UFPEL/EBSERH

Ana Cristina Fraga da Fonseca, Julieta Carriconde Fripp, Marcia Inêz Xavier dos Santos, Simone da Fonseca Sanghi, Tais Manjourany Leivas, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: A transição demográfica proporcionou uma redução da taxa de natalidade e um

aumento da expectativa de vida. Dessa forma, temos aumento significativo das doenças

crônicos não transmissíveis como neoplasia, doenças cerebrovasculares e pulmonares1. Com

esse novo perfil de pacientes crônicos é necessário a instituição de Cuidados Paliativos o qual

tem como objetivo, segundo a Organização Mundial da Saúde, a melhoria da qualidade de vida

do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção

e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e

demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. A equipe de consultoria em

cuidados paliativos do Hospital Escola é constituída de médico, enfermeiro, psicólogo e

assistente social e presta atendimento aos pacientes e familiares por meio de solicitação da

equipe assistente, onde o atendimento é mantido a partir da primeira avaliação até a saída do

paciente. Dentre as atividades desenvolvidas por esta equipe, destaca-se: avaliação e manejo

das necessidades físicas, emocionais, sociais e espirituais, elaboração de plano de cuidados,

comunicação acerca

  1. Enfermeira da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica. Mestranda do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da UFPEL;
  1. Médica Paliativa – Medicina Intensiva AMB/AMIB; Docente Disciplina Cuidados Paliativos – FAMED/UFPel; Médica TAE do Hospital Escola – UFPEL; Especialista em Gestão Hospitalar – IEP/HSL; Líder do Grupo de Pesquisa LEP-RCP; Doutora em Ciências UFPEL; Coordenadora Programa Melhor em Casa Pelotas junto ao MS

  1. Assistente Social do Programa Melhor em Casa; Especialista em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional pela UFPEL;
  1. Assistente Social da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em Saúde Coletiva pela Escola de Saúde Pública do RS; Mestre em Serviço Social pela PUCRS e Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;

  1. Psicóloga da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH e Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;
  2. Médica Geriátrica da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH;

do adoecimento e terminalidade, planejamento e orientação para alta, encaminhamento ao serviço de atenção domiciliar quando necessário e ações educativas envolvendo equipe, paciente e familiar ou cuidador. Objetivo: Avaliar o primeiro ano de atendimento da equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. Métodos: Estudo prospectivo de pacientes atendidos pela equipe de consultoria em Cuidados Paliativos do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, no período de 01 de janeiro à 31 dezembro de 2016. Avaliado sexo, idade, diagnóstico, período entre internação e solicitação da consultoria pela equipe assistente, tempo de permanência em acompanhamento com a equipe consultora e desfecho clínico. Resultados: No período analisado foram atendidos um total de 107 pacientes, com predomínio de 57% do sexo feminino. Com relação a idade dos pacientes atendidos, houve maior prevalência de pacientes na faixa etária dos 51 aos 60 anos e dos 61 aos 70 anos, respectivamente com 30 e 29%. O diagnóstico principal dos pacientes encaminhados era neoplasia, 93% dos casos. E ao avaliarmos o sítio primário da neoplasia encontramos pulmão e intestino como de maior incidência, o primeiro com 22% e o segundo, 13%. Em relação ao tempo de seguimento até a saída do paciente, 78 pacientes foram acompanhados pela equipe por cerca 20 dias e 4 pacientes por um período maior de 2 meses, sendo que em média a permanência do acompanhamento foi de 16 dias. Em 12% dos atendimentos (13 pacientes) a equipe foi acionada nas últimas 48h de vida do paciente ou na fase ativa de morte, e no restante dos atendimentos, a equipe assistente levou em média 17 dias, após a internação do paciente, para chamar a equipe de consultoria. Quanto ao desfecho, 60% dos pacientes evoluíram para o óbito, e o restante tiveram sua saída do hospital através de alta ou transferência para outras unidades hospitalares. Conclusão: Esta análise inicial, nos permite concluir, que a quase totalidade dos atendimentos a pacientes oncológicos, se deve ao fato de que, a grande maioria dos profissionais ainda considera que o cuidado paliativo deve ser instituído principalmente a pacientes com câncer. E, que a demora em solicitar o atendimento a equipe de consultoria dificulta a implantação de cuidados que são necessários para aliviar o sofrimento ocasionado pela doença ameaçadora da vida. Com isso, destaca-se a relevância de instituir programas de ações educativas a equipe de saúde para o entendimento do cuidado paliativo como medida para melhorar a qualidade de vida e aliviar o sofrimento a pacientes que apresentam doenças que ameacem a continuidade da vida.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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  1. CARVALHO, R. T.; PARSONS, H. A. (Org.) Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2.ed. São Paulo: s. n., 2012.
      1. MOMENTOS FINAIS DA VIDA: O RELATO DE UMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS

Ana Cristina Fraga da Fonseca, Julieta Carriconde Fripp, Marcia Inêz Xavier dos Santos, Simone Fonseca Sanghi, Tais Manjourany Leivas, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: O modo de morrer é apresentado de diversas formas, dependendo do contexto histórico e cultural5. Um dos princípios dos cuidados paliativos é considerar a morte como um processo normal da vida, propondo uma aceitação social do processo de morrer: Morrer com dignidade! Para garantia da morte digna, faz-se necessário uma atenção dirigida ao controle de sintomas e do sofrimento e promoção do bem-estar e da qualidade de vida2. Assim, cabe a Equipe de Cuidados Paliativos perceber as fragilidades do paciente diante da terminalidade, contribuindo com o cuidado humanizado que permita uma partida serena e digna. O cuidado humanizado consiste na sensibilização da assistência integral dos pacientes e familiares, sendo que aquele abrange as diversas dimensões (física, psicológica, social e espiritual) do sofrimento humano para proporcionar uma sobrevida e um processo de morrer dignos1. Objetivo: Refletir as expectativas da equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos frente a experiência da morte. Métodos: Este estudo refere-se a uma abordagem descritiva com dados

  1. Enfermeira da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica. Mestranda do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da UFPEL;
  1. Médica Paliativa – Medicina Intensiva AMB/AMIB; Docente Disciplina Cuidados Paliativos – FAMED/UFPel; Médica TAE do Hospital Escola – UFPEL; Especialista em Gestão Hospitalar – IEP/HSL; Líder do Grupo de Pesquisa LEP-RCP; Doutora em Ciências UFPEL; Coordenadora Programa Melhor em Casa Pelotas junto ao MS

  1. Assistente Social do Programa Melhor em Casa; Especialista em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional pela UFPEL;
  1. Assistente Social da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em Saúde Coletiva pela Escola de Saúde Pública do RS; Mestre em Serviço Social pela PUCRS e Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;

  1. Psicóloga da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH e Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;
  2. Médica Geriátrica da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH;

qualitativos, realizado em um Hospital Universitário na cidade de Pelotas pela equipe de consultoria em Cuidados Paliativos, composta por um médico, enfermeiro, assistente social e psicólogo. A equipe, durante 20 dias, acompanhou um paciente de 43 anos com diagnostico de Obstrução Intestinal Maligna, sem possibilidade de tratamento cirúrgico o qual evoluiu para estratégia paliativa exclusiva. As visitas foram realizadas diariamente com no mínimo dois componentes da equipe, onde se utilizou a Escala de Edmonton para avaliação dos sintomas, avaliação psicossocial, observação e entrevista com familiares. Resultados e Conclusões: Nos momentos finais da vida o Cuidado Paliativo proporciona amparo e conforto. Desta forma, procura-se promover o controle dos sintomas, manutenção da qualidade de vida, apoio e segurança, pois sabemos que o abandono e a insegurança podem ser maiores que o medo da morte. Assim, a partir do acompanhamento realizado ao paciente citado, evidenciou-se que o mesmo expressava o desejo de abreviar o processo de morte e mostrava-se pouco comunicativo com a equipe e familiares, rejeitando as estratégias propostas de comunicação, aproximação da equipe, medidas de conforto, terapia ocupacional, musicoterapia e abordagem espiritual. Sendo assim, mesmo entendendo o comportamento do paciente como sendo integrante do processo de luto da morte, estas condições provocaram dificuldades na abordagem pela equipe gerando sentimento de rejeição, frustação e impotência, levando-nos a rever nossas expectativas e ressignificar a abordagem paliativa e o processo de morte. A partir da experiência vivida com o processo de morte, aprendemos que não existe modo/jeito certo de morrer, pois a morte pode ter significados diferentes e romper com protocolos definidos da chamada “boa morte”. Os momentos finais da vida, podem ser cercados de isolamento, tristeza e recolhimento por parte do paciente, não necessariamente sendo algo direcionado a equipe ou familiares. Estas percepções levaram a equipe a compreender que se deve respeitar o silencio e a introspecção profunda do paciente e que paliar também permitir o olhar, a presença, o toque e a comunicação não verbal. E, que estes sentimentos de frustação e desapontamento vivenciados pela equipe de cuidados paliativos vão além das habilidades técnicas e só serão amenizados com as experiências futuras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

  1. CARDOSO. Daniela Habekost; MUNIZ. Rosani Manfrin; SCHWARTZ. Eda; & ARRIEIRA. Isabel Cristina de Oliveira. (2013) Cuidados Paliativos na Assistência Hospitalar: a vivência de uma equipe multiprofissional, Texto Contexto Enferm., 22(4): 1134-1141.

  1. CARVALHO. Ricardo Tavares; PARSONS. Henrique Afonseca (org). Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2.ed. São Paulo: Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2012.

  1. SALTZ. Ernani; JUVER. Jeane (org). Cuidados Paliativos em Oncologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio de Janeiro, 2014.
  1. RODRIGUES. Inês Gimenes; ZAGO. Marcia Maria Fontão. (2012) A morte e o morrer: maior desafio de uma equipe de cuidados paliativos, Cienc Cuid Saude, 11(suplem.): 31-38.

  1. MENEZES. Rachel Aisengart. Em Busca da Boa Morte: antropologia dos

Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro: Garamond: FIOCRUZ, 2004.

      1. INICIATIVAS DA UTILIZAÇÃO DE HIPODERMÓCLISE E TERAPIA SUBCUTÂNEA PARA PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS NO AMBIENTE HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Sandy Alves Vasconcellos, Letícia Valente Dias, Clarice de Medeiros Carniére, Luana Amaral Mortolla, Ana Cristina Fraga da Fonseca, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: Hipodermóclise e terapia subcutânea tem por definição, a administração de fluidos isotônicos e/ou medicamentos pela via subcutânea, com a finalidade de reposição hidroeletrolítica e terapia medicamentosa1. O uso dessa técnica é segura e eficaz, devendo ser indicada sempre que houver impossibilidade da via oral ou a necessidade de hidratação por meio de grandes volumes de forma intermitente ou contínua2. A realização da punção e administração de medicamentos é feita pela equipe de enfermagem, desde que o profissional seja habilitado e capacitado para realizar o procedimento. O local da punção deve ser avaliado continuamente, ressaltando que os fluidos a serem administrados e o tempo de infusão precisam estar especificados em um protocolo institucional3. A padronização desses procedimentos tem o intuito de sistematizar a práxis dos profissionais na realização dos cuidados em pacientes em condições paliativas1. Em 2002, a OMS definiu cuidados paliativos (CP) como uma abordagem ou tratamento que melhora a qualidade de vida de pacientes e de seus familiares, que estão à frente de doenças que ameacem a vida e sua continuidade. Assim, se faz necessário avaliar e controlar todos os sintomas de natureza física, psíquica, social e espiritual4. Os pacientes terminais apresentam, com frequência, condições clínicas que prejudicam a via intravenosa, necessitando de vias alternativas para o suporte clínico, com isso, a

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com

2Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com
  1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: lumortola92@gmail.com
  1. Enfermeira. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: anacfragafonseca@gmail.com
  1. Médica. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. E-mail: nessapfernandes@gmail.com

hipodermóclise e terapia subcutânea pode ser implementada como esta via alternativa para reposição de fluidos, eletrólitos e medicamentos1. Objetivo: descrever as experiências vivenciadas por enfermeiras residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica durante a implementação do uso da hipodermóclise e terapia subcutânea no ambiente hospitalar de um Hospital Escola no Sul do Rio Grande do Sul. Pretende-se também realizar o levantamento sobre as facilidades e dificuldades encontradas pelas equipes. Metodologia: Estudo qualitativo, descritivo do tipo relato de experiência que descreve o uso da hipodermóclise e terapia subcutânea no meio intrahospitalar. O período compreende os meses de novembro de 2016 a fevereiro de 2017. Resultados: Primeiramente, por iniciativa das enfermeiras residentes, foi realizada uma apresentação sobre o tema hipodermóclise e terapia subcutânea em um round multidisciplinar que compreendia diferentes profissões da área da saúde como: medicina, odontologia, psicologia, nutrição, terapia ocupacional, fisioterapia e serviço social. A apresentação teve o intuito de discutir sobre o tema e propor o uso da técnica para os pacientes em cuidados paliativos que possuem impossibilidade da via oral e rede venosa prejudicada para fins de hidratação nos casos de desidratação leve ou moderada e administração medicamentosa. Após a apresentação inicial, foi possível constatar o desconhecimento por parte dos profissionais sobre a técnica adequada e fármacos utilizados por essa via. A partir dessa iniciativa, foram observadas na prática algumas tentativas de implementação da via para pacientes internados, contudo observou-se pouca adesão e resistência dos profissionais. A fim de colaborar para a disseminação da técnica no ambiente hospitalar, as residentes construíram o Procedimento Operacional Padrão (POP) sobre o assunto em conjunto com os profissionais da equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos (CCP), a partir de encontros semanais, de discussão e revisão da literatura atualizada. O POP em questão encontra-se em fase de avaliação para ser disseminado no hospital e é constituído pela demonstração da técnica de punção, indicações, contra-indicações e medicações a serem administradas por essa via. Pretende-se após sua aprovação realizar a capacitação das equipes através de um projeto de educação permanente sobre o tema, a fim impulsionar a prescrição e o uso prático da técnica. Conclusão: Com base no exposto, destaca-se que o uso da técnica no ambiente hospitalar apresentou diversas dificuldades relacionadas a falta de informação dos profissionais. Como potencialidade pode-se ressaltar a formação da parceria das residentes com a equipe CCP que fomentou a construção do POP e iniciativas educativas dentro do serviço de saúde. Desta forma, é possível concluir que a via de hipodermóclise e terapia subcutânea configura-se como um recurso de grande valia para o paciente em CP que não dispõe de outras vias para receber a terapêutica prescrita, porém, para que a mesma seja aceita e utilizada é necessária forte mobilização por parte das residentes e profissionais do serviço com vistas a capacitação dos profissionais envolvidos no cuidado.

REFERÊNCIAS:

  1. Brasil, Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer. Terapia Subcutânea no Câncer Avançado: Série Cuidados Paliativos, Rio de Janeiro, 2009, p.34.
  1. Bruno VG. Hipodermóclise: revisão de literatura para auxiliar a prática clínica.

Einstein.2013; p. 2-7. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/eins/2015nahead/pt_1679-4508-eins-167945082015RW2572.pdf [acesso em 28 abr, 2017]

  1. São Paulo. Conselho Regionalde Enfermagem (COREN), Parecer COREN-SP 031/2014 – CT. PRCI n° 102.681/2013. Ementa: Punção e administração de fluidos na

Hipodermóclise. 2014. [Internet]. Disponível em: http://portal.coren-

sp.gov.br/sites/default/files/parecer_coren_sp_2014_031.pdf [acesso em 28 abr. 2017]

  1. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos ANCP, 2012. p. 592.
      1. A INSERÇÃO DE RESIDENTES DE ENFERMAGEM NA EQUIPE DE CONSULTORIA EM CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL NO SUL DO BRASIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Sandy Alves Vasconcellos, Clarice de Medeiros Carniére, Letícia Valente Dias, Luana Amaral Mortolla, Norlai Alves Azevedo, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: Os Programas de Residência Multiprofissional em Saúde, reconhecidos como pós-graduação lato sensu, representam uma oportunidade significativa de aprendizagem teórico/prática e de integração entre ensino-serviço-comunidade. Estes programas tem o objetivo de propiciar a formação e a atuação de profissionais de diferentes áreas, buscando a mudança do modelo assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS) e também colaborar na qualificação dos diferentes níveis de atenção à saúde oferecidos à comunidade, de forma integral e interdisciplinar1. A nova constituição do conceito de saúde e de assistência à saúde baseadas nos princípios da universalidade, integralidade, equidade, intersetorialidade, humanização do atendimento e participação social propostas pelo SUS têm requerido a reformulação da atuação dos diversos atores que compõem o quadro da atenção à saúde2. Dentre estas reformulações encontra-se a proposta da atuação em equipe multiprofissional na assistência ao usuário, como a consultoria em cuidados paliativos, que consiste em uma equipe multiprofissional que elabora um projeto terapêutico dirigido não apenas ao doente mas também a sua família. Cuidados paliativos destinam-se a pessoas com doença progressiva e incurável, que ameaça a vida e necessitam de controle álgico e de outros possíveis sintomas associados

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com

2Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com
  1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: lumortola92@gmail.com
  1. Enfermeira. Doutora em Clínica Médica pela PUC – RS. Docente da Faculdade de Enfermagem da UFPEL. Coordenadora do Curso de Enfermagem no Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: norlai2011@hotmail.com

  1. Médica. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. E-mail: nessapfernandes@gmail.com

nas diferentes esferas do ser humano, incluindo o período de luto de sua família3. Nesse prisma, o enfoque terapêutico baseia-se no alívio dos sintomas que comprometem a qualidade de vida, integrando ações médicas, de enfermagem, psicológicas, nutricionais, sociais, espirituais e de reabilitação, podendo também influenciar no tipo de morte que o paciente terá4. Objetivo: Descrever as experiências vivenciadas pelas profissionais da área da enfermagem que integram o Programa de Residência Multiprofissional na área de Oncologia inseridas no cenário de consultoria de cuidados paliativos intra-hospitalar. Metodologia: Estudo qualitativo, descritivo do tipo relato de experiência fundamentado na vivência das residentes de enfermagem no atendimento ao paciente oncológico em fase terminal. O período de atuação compreendeu os meses de janeiro a abril de 2017, no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPEL EBSEH). Resultados: Durante a vivencia das residentes no acompanhamento da equipe de consultoria de cuidados paliativos houve a oportunidade de identificar as necessidades dos pacientes em fase terminal, bem como de sua família. O trabalho dessa equipe é fundamentado pelas premissas dos cuidados paliativos, sendo constituída por médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, capelão e nutrólogo. As visitas são realizadas diariamente, de segunda sexta-feira, no turno da manhã. Semanalmente são realizados rounds multidisciplinares para a discussão dos casos com a equipe e elaboração de um projeto terapêutico singular, no qual, busca-se a construção conjunta e valorização dos diferentes saberes profissionais. As residentes desenvolveram dentro da equipe ações relativas à: avaliações diárias com ações e educação em saúde com pacientes e familiares; aplicação de escalas de avaliação da dor e de performance funcional; fornecimento de orientações a equipe de enfermagem; organização dos prontuários; planejamento de alta; discussões a respeito de condutas terapêuticas de alívio de sintomas. Foi possível dispensar atenção a diferentes faixas-etárias, perfis-socioeconômicos e diagnósticos, observando-se diferentes desfechos como a alta hospitalar, encaminhamento para serviços da rede de apoio em oncologia e óbito. Conclusão: Durante esse período em que se pôde acompanhar tanto a equipe, quanto os pacientes e seus familiares as residentes foram expostas a um cenário de atuação em que a abordagem multidisciplinar é valorizada. A exemplo disso destaca-se os rounds multidisciplinares que corroboram com a perspectiva paliativista favorecendo o processo de ensino-aprendizagem indispensável para a formação das residentes. Assim pode-se perceber que o paciente é visto como um todo, e não apenas reduzido ao seu diagnóstico clínico tendo também consideradas suas crenças, costumes e contexto em que está inserido. Em suma, mesmo em um período curto foi de grande relevância para o aperfeiçoamento profissional e pessoal, pois os saberes contribuíram para associar o conhecimento teórico com o prático.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Resolução CNRMS Nº 2, de 13 de abril de 2012. Comissão Nacional de

Residência Multiprofissional em Saúde. 2012. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=154 48-resol-cnrms-n2-13abril-2012&Itemid=30192 > [acesso em: 26 abr. 2017]

  1. Teixeira C. Texto de apoio elaborado para subsidiar o debate nas Conferências Municipal e Estadual de Saúde. Salvador: Bahia; 2011. Disponível em: <http://www.saude.ba.gov.br/pdf/OS_PRINCIPIOS_DO_SUS.pdf > [acesso em 26 abr. 2017]

  1. World Health Organization. National cancer control programmes: policies and managerial guidelines. 2ª edition, Geneve: OMS, 2002. Disponível em: <http://www.who.int/cancer/media/en/408.pdf> [acesso em 26 abr. 2017]

  1. Maciel MGS, Rodrigues LF, Naylor C, Betega R, Barbosa SM, Burlá C, Melo ITV. Critérios de Qualidade para os Cuidados Paliativos no Brasil/Documento elaborado pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro : Diagraphic, 2006.

      1. A ASSISTÊNCIA MULTIPROFISSIONAL A UMA PACIENTE COM CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM PROCESSO DE TERMINALIDADE SOB A ÓTICA DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM

Clarice De Medeiros Carniére, Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Luana Amaral Mortola, Norlai Alves Azevedo, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: No cuidado a pessoa com câncer e seus familiares, os profissionais de saúde podem deparar-se com a cura e a sobrevivência do paciente, mas também com a sua morte anunciada pela parca resposta da doença ao tratamento curativo e consequente agravamento da condição clínica do acometido1. O processo de terminalidade configura-se no esgotamento das possibilidades de resgate curativo e a possibilidade de morte próxima parece inevitável e previsível, apesar dos esforços despendidos2. A partir disso, mudanças devem ser empreendidas na assistência ao paciente configurando uma modalidade de cuidado não mais voltado para a cura, mas sim, à manutenção da qualidade de vida da pessoa em sua trajetória de terminalidade3. Assim, o cuidado paliativo consiste numa abordagem que objetiva melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares no enfrentamento de problemas associados à doença potencialmente fatal, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificando, avaliando e tratando problemas de ordem física, psicossocial e espiritual2. Nesse contexto, o trabalho da enfermagem com pacientes terminais exige capacitação e atualização contínua sobre o assunto, pois a afinidade com o tema torna os profissionais mais habilitados e confiantes durante a assistência prestada4. Recentemente foi instituída a equipe de consultoria em cuidados

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com
  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com
  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com
  1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: lumortola92@gmail.com
  1. Enfermeira. Doutora em Clínica Médica pela PUC – RS. Docente da Faculdade de Enfermagem da UFPEL. Coordenadora do Curso de Enfermagem no Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: norlai2011@hotmail.com

  1. Médica. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. E-mail: nessapfernandes@gmail.com

paliativos (CCP) no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel EBSERH), que consiste em uma equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social e orientador espiritual. Estão também inseridos residentes multiprofissionais na área da oncologia (enfermagem e terapia ocupacional), estudantes da graduação em medicina e serviço social. A equipe de consultoria é referência em cuidados paliativos para as equipes das diferentes especialidades contidas no hospital, auxiliando na elaboração de um plano de cuidados dirigido ao doente e sua família. Objetivo: Descrever o cuidado prestado a uma paciente com câncer do colo do útero em processo de terminalidade, acompanhada pela equipe CCP sob a ótica das residentes de enfermagem. Métodos: Estudo qualitativo, descritivo do tipo relato de experiência realizado em uma unidade de internação do HE UFPel EBSERH. Resultados: J.L.S., sexo feminino, 36 anos, 5 filhos, ensino fundamental incompleto, usuária prévia de crack, tabagista em abstinência, portadora de HIV. Recebeu diagnóstico de câncer do colo do útero metastático em novembro de 2016, e está internada desde janeiro de 2017, onde recebeu tratamentos de quimioterapia e radioterapia paliativas. O acompanhamento pela equipe de CCP teve início em fevereiro de 2017, apresentando como principais sintomas físicos a serem paliados dor intensa e distensão na região abdominal (entre os escores 9-10), vômitos, edema nos membros inferiores, ansiedade devido ao avanço da doença. Cabe ressaltar que a mesma também demonstrava alteração nas dimensões espiritual, psicológica e social, como a questão da guarda dos filhos menores de idade, o processo de terminalidade, ansiedade relacionada ao avanço da doença e autoimagem. Durante o acompanhamento diário pôde-se buscar as necessidades e intervir de forma gradual no controle da dor e nos ajustes de medicação usados para dor e acrescentar remédios para alivio dos sintomas associados a doença bem como dar apoio a família e orientar sobre o processo de terminalidade. Foi também trabalhado as mudanças com relação a autoimagem, como a alopecia, hiperpigmentação cutânea e edema, por meio de conversas diárias sobre as mudanças corporais esperadas devido ao avanço da doença e incentivo a auto aceitação. A paciente recebeu orientações a respeito de como proceder em relação a guarda dos filhos menores de idade em caso de óbito, bem como visitas programadas das crianças foram organizadas de maneira que o vínculo familiar fosse mantido apesar da hospitalização. Além disso, paciente e família receberam apoio espiritual valorizando suas crenças religiosas e seu desejo em conversar sobre a finitude da vida. Conclusão: A partir da vivência das residentes em enfermagem na CCP pode-se inferir que esse tipo de atendimento surge como uma modalidade para melhorar e aliviar os sintomas de pacientes em fase terminal, em que o paciente é visto como um todo e sua família recebe acompanhamento e apoio da equipe de forma integral, assim podemos intervir para aliviar o sofrimento. Durante o processo de cuidado voltado a paciente do estudo foi possível perceber as mudanças no contexto biológico como um todo, espiritual e social, evidenciando a necessidade de um cuidado holístico e ativo na atenção voltada a pessoa em cuidados paliativos. Nesse sentido, o residente configura-se como potencial colaborador nas práticas de saúde, pois sua interação com a CCP favorece seu aperfeiçoamento profissional e traz novas perspectivas e visões sobre a oncologia.

REFERÊNCIAS:

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  1. SANTANA JCB, PAULA KF, CAMPOS ACV,REZENDE MAE, BARBOSA BDG, DUTRA BS, BALDESSARI CEF. Cuidados paliativos aos pacientes terminais: percepção da equipe de enfermagem. Bio&Thikos. 2009; 3 (1):77-86.

  1. PAIVA FCL, JÚNIOR JJA, DAMÁSIO AC. Ética em cuidados paliativos: concepções sobre o fim da vida. Rev. Bioét. 2014; 22 (3): 550-60.
  1. SANTANA JCB, SANTOS AV, SILVA BR, OLIVEIRA DCA, CAMINHA ME, PERES FS, ANDRADE CCD, VIANA MB. O. Docentes de enfermagem e terminalidade em condições dignas. Rev. Bioét. 2013; 21 (2): 298-307.

      1. SENTIMENTOS E VIVENCIAS DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM NO CUIDADO A PESSOA E A FAMÍLIA EM FASE ATIVA DE MORTE

Clarice De Medeiros Carniére, Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Luana Amaral Mortola, Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos, Norlai Alves Azevedo.

Introdução: Os Cuidados Paliativos (CP) modernos estão organizados em graus de complexidade que se somam em um cuidado integral e ativo1. Os CP gerais referem-se à abordagem do paciente a partir do diagnóstico de doença em progressão, atuando em todas as dimensões dos sintomas que vierem a se apresentar1. Os CP específicos são requeridos ao paciente nas últimas semanas ou nos últimos seis meses de vida, no momento em que torna-se claro que o paciente encontra-se em estado progressivo de declínio1. Todo o esforço é feito para que o mesmo permaneça autônomo, com preservação de seu autocuidado e próximo de seus entes queridos1. Os cuidados ao fim de vida referem-se, em geral, aos últimos dias ou últimas 72 horas de vida1. O reconhecimento desta fase pode ser difícil mas é extremamente necessário para o planejamento do cuidado e preparo do paciente e sua família para perdas e óbito1. Mesmo após o óbito do paciente, a equipe de cuidados paliativos deve dar atenção ao processo de morte: como ocorreu, qual o grau de conforto e que impactos trouxe aos familiares e à própria equipe interdisciplinar1. A assistência familiar pós-morte pode e deve ser iniciada com intervenções preventivas2. Os cuidados paliativos devem incluir as investigações necessárias para o melhor entendimento e manejo de complicações e sintomas estressantes tanto relacionados ao tratamento quanto à evolução da doença2. Apesar da

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com
  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com
  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com
  1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: lumortola92@gmail.com
  1. Enfermeira. Ambulatório de Oncologia Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: carenlais@hotmail.com
  1. Enfermeira. Doutora em Clínica Médica pela PUC – RS. Docente da Faculdade de Enfermagem da UFPEL. Coordenadora do Curso de Enfermagem no Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: norlai2011@hotmail.com

conotação negativa ou passiva do termo paliativo, a abordagem e o tratamento paliativo devem ser eminentemente ativos, principalmente em pacientes portadores de câncer em fase avançada, onde algumas modalidades de tratamento cirúrgico e radioterápico são essenciais para alcance do controle de sintomas2. Considerando a carga devastadora de sintomas físicos, emocionais e psicológicos que se avolumam no paciente com doença terminal, faz-se necessário um diagnóstico precoce e condutas terapêuticas antecipadas, dinâmicas e ativas, respeitando-se os limites do próprio paciente2. Objetivo: Relatar a vivência das residentes de enfermagem vinculadas ao Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica em relação a fase ativa de morte dos pacientes oncológicos internados em um hospital de ensino, bem como seus familiares. Metodologia: Relato de experiência das residentes de enfermagem na assistência prestada aos pacientes oncológicos e suas famílias durante a fase ativa de morte. O estudo foi realizado em unidades de internação de um hospital de ensino localizado no Sul do Brasil. Resultados: Durante a atuação das enfermeiras residentes nos cenários de internação hospitalar, comumente foi vivenciada a fase ativa de morte de pacientes oncológicos. Dentre as ações desenvolvidas destacam-se a oferta de um sistema de apoio e ajuda à família e ao paciente, de como lidar com sintomas angustiantes decorrentes do final de vida, bem como a aceitação da morte como um processo natural. Estar ao lado de uma pessoa que está sofrendo ou morrendo é um desafio para quem está exercendo o cuidado de saúde3, por isso, compreender os eventos biológicos de nascer, viver e morrer complexo e paradoxal4. O ser humano quer viver e viver bem, porém, precisa pensar e se preparar para a morte, pois a única certeza da vida é que ela acaba4. Para nós residentes de enfermagem a possibilidade de trabalhar nesse novo contexto, nos remete ao aprofundamento das premissas dos cuidados paliativos, algo pouco discutido durante a graduação. Ressalta-se a complexidade de trabalhar o processo de finitude, visto que em muitos momentos encontramos dificuldades quanto a comunicação entre a equipe e não aceitação da perda por parte dos familiares. Acredita-se que isso se dá devido aos significados atribuídos a morte em nossa sociedade, que tende a fugir de discussões sobre o tema, criando uma crença negativa sobre o término da vida. Conclusão: Na oncologia lidar com o processo ativo de morte nos remete a repensar nossos conceitos sobre como tornar esse momento menos angustiante, minimizando o sofrimento tanto do paciente como o da família. Deve-se primar pela humanização do cuidado, respeito a autonomia e manutenção da dignidade humana. Desse modo, favorecemos a desconstrução de um modelo de cuidados limitado que não percebe o paciente como um todo e protagonista de sua vida. Nesse sentido, consideramos que utilizar estratégias paliativas contribuem para um cuidado mais qualificado que diminui os possíveis sentimentos de impotência que o residente pode deparar-se em sua prática.

REFERÊNCIAS:

  1. BRASIL. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Cuidados

Paliativos. 2014 [acesso em 25 abr. 2017]. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/cancer/site/tratamento/cuidados_paliativos

  1. Rodrigues IG. Cuidados Paliativos: Análise de conceito [dissertação]. Ribeirão

Preto: Universidade de São Paulo: 2004 [acesso em 25 abr. 2017]. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-17082004-101459/pt-br.php

  1. VICENSI MC. Reflexão sobre a morte e o morrer na UTI: a perspectiva do profissional. Rev. Bioét. 2016; 24 (1): 64-72.
  1. COELHO MEM, FERREIRA AC. Cuidados paliativos: narrativas do sofrimento na escuta do outro. Rev. Bioét. 2015; 23 (2): 340-48.
      1. DOR COMO SINTOMA DEBILITANTE NO PACIENTE ONCOLÓGICO: AÇÕES PALIATIVAS NO DOMICÍLIO

Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Clarice De Medeiros Carniére, Luana Amaral Mortola, Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos, Norlai Alves Azevedo.

Introdução: A dor pode ser definida como uma experiência única e individual, alterada pelo conhecimento anterior de um dano que pode ser existente ou presumido, devendo, portanto, ser considerada de acordo com o expresso pelo paciente em sua descrição1. Para a pessoa com câncer, a dor simboliza o sintoma mais temido, constituindo um importante fator na determinação do sofrimento relacionado à doença mesmo quando comparado à expectativa da morte. Estima-se que a dor acomete 60 a 80% dos pacientes com câncer, estando presente em 25 a 30% no momento do diagnóstico é classificada como moderada grave por 70% a 90% dos pacientes com doença avançada2. Desse modo, torna-se imprescindível considerar a dor como um sintoma potencialmente debilitante no cuidado prestado a pessoa com câncer em cuidados paliativos incluindo os diferentes cenários de atenção. Nesse sentido, a internação domiciliar surge como uma modalidade de atenção diferenciada por desenvolver-se dentro do contexto familiar e social do indivíduo, configurando-se como uma proposta ainda pouco visualizada no contexto brasileiro o que torna pertinente conhecer as potencialidades e fragilidades do tratamento da dor no domicílio. Objetivo: Descrever a atenção voltada à dor de pacientes oncológicos em cuidados paliativos em internação domiciliar e identificar as estratégias de manejo no domicílio. Método: Estudo de abordagem qualitativa, descritivo do tipo relato de experiência, referente às vivências de quatro residentes vinculadas ao Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel/EBSERH). O período de coleta compreendeu o período de agosto de 2016 a janeiro de 2017 e utilizou-se como local de estudo o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI). Resultados: Considerando os sintomas apresentados pelos pacientes oncológicos em cuidados paliativos no domicílio, possivelmente um dos mais frequentes e angustiantes é a dor. O cuidado da dor no domicílio envolve a primazia de sua identificação, o que no serviço do estudo é realizada por meio da observação de expressões faciais, utilização de escala numérica aplicada diariamente como parte integrante dos sinais vitais e pela Escala de Edmonton que permite a avaliação conjunta da dor e de outros sintomas a serem paliados. A presença e gravidade da dor em muitas situações podem comprometer o bem estar global do paciente, podendo causar prejuízos na funcionalidade, interação social e aumento da ansiedade. A família, como importante componente do cuidado da equipe de atenção domiciliar, também tende a ter seu sofrimento potencializado ao conviver com a dor do seu ente, sendo essencial a orientação sobre a terapêutica utilizada e suporte emocional. Acredita-se que o sucesso relacionado ao controle da dor baseia-se em avaliações repetidas com vistas à escolha da terapêutica mais apropriada para cada paciente, alcançando-se um efeito favorável entre o alívio da dor e os efeitos adversos apresentados2. Nesse contexto, o PIDI apresenta-se como importante componente da rede de atenção oncológica na realização de visitas diárias, cinco dias por semana, reduzindo o índice de hospitalizações relacionadas a essa sintomatologia e favorecendo o acesso a opioides, identificado como um dos pontos deficitários dos cuidados paliativos em países como o Brasil3. Merece destaque que o uso da técnica de terapia subcutânea e hipodermóclise para analgesia contribuem para o conforto do paciente que tem minimizadas as múltiplas punções venosas, fruto de possíveis desconfortos. Somam-se ainda como ações da equipe a abordagem multidisciplinar da dor, que é manejada com a colaboração de diferentes profissionais e integração da família, o que promove o controle das causas e consequências físicas, emocionais e espirituais. Salienta-se que na equipe é demonstrado fortemente o papel do profissional como educador em saúde ao desmistificar possíveis equívocos relacionados às medicações, como o uso da morfina que ainda é comumente associada à última opção de escolha analgésica e como fármaco potencialmente fatal. Conclusão: Em cuidados paliativos o manejo da dor ainda apresenta-se como um desafio, devido às diferentes maneiras como um indivíduo pode experimentar tal sensação. Nesse sentido, a abordagem do profissional de saúde deve englobar a atuação multidisciplinar, a valorização das singularidades dos sujeitos e a avaliação impecável da dor, por isso, o uso de escalas de identificação, bem como a comunicação são de suma importância. Considera-se que o cuidado oferecido na modalidade de internação domiciliar pode favorecer a paliação desse sintoma, visto que o paciente não é deslocado de seu ambiente o que pode possibilitar maior conforto. Assim, conhecer a experiência da dor vivenciada pelo ser cuidado, valorizando suas crenças e cultura é um passo bastante significativo e já percebido no cenário do estudo.

REFERÊNCIAS:

  1. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos ANCP. São Paulo: ANCP; 2012.
  1. Rangel O, Telles C. Tratamento da Dor Oncológica em Cuidados Paliativos. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, v.11, n.2, p.32-37, 2012. Disponível em:http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=324. (01 mai. 2017).

  1. Lynch T, Connor S, Clark D. Mapping Levels of Palliative Care Development: A Global Updat. Journal of Pain and Symptom Management, v.45, n.6, p.1094-1106, 2013. Disponível em: http://www.jpsmjournal.com/article/S0885-3924(12)00334-X/fulltext. (01 mai. 2017).

      1. CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES: POTENCIALIDADES PARA A FORMAÇÃO DOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM ATENÇÃO A SAÚDE ONCOLÓGICA

Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Clarice De Medeiros Carniére, Luana Amaral Mortola, Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos, Norlai Alves Azevedo.

Introdução: As residências multiprofissionais em saúde são modalidades de pós-graduação latu-senso, nas quais a formação desenvolve-se por meio do ensino em serviço. Nesse cenário, o residente é exposto às realidades do serviço de saúde ao qual está vinculado, desenvolvendo suas atividades no regime de dedicação exclusiva perfazendo a carga horária de 60h semanais. No município de Pelotas tal possibilidade de aprimoramento profissional é oferecida para enfermeiros no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel/EBSERH) pela Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica. Nessa proposta os enfermeiros residentes são alocados em cenários que contemplam diferentes ações voltadas a atenção à pessoa com câncer, destacando-se assistência domiciliar ao paciente em cuidados paliativos como uma abordagem que destoa da graduação em enfermagem, na qual os temas cuidados paliativos e morte são ainda discutidos de maneira insípida. Tal percepção corrobora com os achados na literatura que evidenciam déficits na formação profissional a respeito dos cuidados paliativos e processo de morte e morrer culminando na má qualificação de recursos humanos para a atenção de pacientes oncológicos que necessitam dessa abordagem terapêutica1. Alguns autores discorrem que a atenção domiciliar configura-se como um braço assistencial imprescindível, ao permitir o acesso a uma assistência integral ao ser humano, em uma etapa que deve ser vivenciada com a melhor qualidade de vida possível2. Assim, torna-se pertinente discutir sobre a relevância do foco em cuidados paliativos para a formação dos futuros profissionais especialistas em oncologia no âmbito do Sistema Único de Saúde e as particularidades encontradas na prática assistencial no contexto domiciliar. Objetivos: Relatar a experiência do cuidado domiciliar destinado ao paciente oncológico em cuidados paliativos apontando suas contribuições para a formação do residente em oncologia. Método: Abordagem qualitativa na modalidade de relato de experiência. É relatada a vivência de quatro enfermeiras residentes vinculadas ao Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica do HE UFPel/EBSERH. O período de coleta de dados contemplou os meses de agosto de 2016 a janeiro de 2017 durante a inserção das residentes no cenário do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), concentrando-se na observação e atuação das residentes no referido local. Resultados: Na formação das enfermeiras residentes em Atenção à Saúde Oncológica dentre os cenários de atuação está o PIDI, que se configura como um serviço que fornece a experiência da internação domiciliar. O PIDI integra a rede de atenção à saúde oncológica do município de Pelotas, contando com duas equipes que possuem capacidade para a internação de até 10 pacientes. As equipes trabalham sob a perspectiva interdisciplinar contando com profissionais de diferentes áreas, sendo eles: enfermeiro, técnico de enfermagem, médico, psicólogo, assistente social, cirurgião, nutricionista e capelão. Os pacientes atendidos possuem diagnóstico de câncer e recebem da equipe cuidados paliativos direcionados a sua condição física, psicossocial e espiritual, sendo contempladas abordagens sobre o processo de final de vida, manejo de sintomas angustiantes e atenção à família. As residentes realizaram atividades em conjunto com a equipe em visitas diárias, desenvolvendo avaliação de sintomas por meio de anamnese e aplicação de escalas, administração de fármacos, estímulo ao autocuidado, orientações sobre medicamentos e dietas por sonda e esclarecimento de dúvidas ao paciente e família. Também integrou a prática das residentes a participação nos rounds multidisciplinares semanais, nos quais as discussões dos casos direcionavam a formulação e avaliações de projetos terapêuticos singulares (PTS). Considera-se que a participação das residentes nesse cenário possibilitou a imersão em um importante componente da rede de atenção oncológica, ainda pouco visto no contexto brasileiro e já bem consolidado no HE UFPel/EBSERH. Acrescenta-se ainda, que o atendimento realizado em domicílio favorece o entendimento do contexto familiar e social da pessoa com câncer em cuidados paliativos, muitas vezes difícil no ambiente hospitalar. Conclusão: Acredita-se que o componente de internação domiciliar na formação das residentes é fundamental para as futuras práticas das especialistas em oncologia. Isso se deve a compreensão integral dos diferentes serviços da rede de atenção oncológica e ao aperfeiçoamento em cuidados paliativos, ainda pouco concebidos no ambiente hospitalar. Soma-se ainda a discussão da morte como processo natural e a desinstitucionalização do processo de final de vida. Ressalta-se também como potencialidade do serviço o trabalho multidisciplinar na construção dos PTS, consonante as perspectivas da clínica ampliada e valorização dos saberes na construção do cuidado.

REFERÊNCIAS:

  1. Silva MM, Santanda NGM, Santos MC, Cirilo JD, Barrocas DLR, Moreira MC. Cuidados paliativos na assistência de alta complexidade em oncologia: percepção de enfermeiros. Esc Anna Nery 2015; 19(3):460-466.

  1. Souza JM, Alves ED. Cuidados paliativos de enfermagem na atenção domiciliar. Rev enferm UFPE online, v.9, n.2, p.669-76, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/10386/11138.

(29 abr. 2017).

      1. A INTERDISCIPLINARIDADE NO CUIDADO INTEGRAL DO PACIENTE EM CUIDADOS PALIATIVOS COMO CHAVE PARA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA: EXPERIÊNCIAS DE INTEGRANTES DE UMA LIGA ACADÊMICA INTERDISCIPLINAR

Sylvia Barum, Morgana Nunes.

Introdução: As ligas acadêmicas possuem como objetivos a formação extracurricular e aproximação da prática clínica (FILHO, 2011). O aprofundamento de temas específicos e o amadurecimento acadêmico são apontados como vantagens das mesmas (QUEIROZ et al., 2014). Nos Cuidados Paliativos, a interdisciplinaridade se apresenta como peça chave para cuidado integral do paciente visando a promoção de qualidade de vida. Nesse sentido, há 3 anos foi implementada uma Liga Acadêmica Interdisciplinar de Cuidados Paliativos na Universidade Federal de Pelotas, atualmente com 22 integrantes dos cursos de Medicina, Enfermagem, Psicologia, Terapia Ocupacional, Farmácia, Odontologia e Nutrição, visando promover experiências de interação com pacientes, contemplando a ideia de Pêgo-Fernandes & Mariani (2011) da importância de agregar diferentes cursos visto o caráter multidisciplinar do atendimento à saúde. Objetivo: Perceber o impacto da intervenção interdisciplinar com pacientes em cuidado paliativo no contexto hospitalar e na formação de acadêmicos da área da saúde. Método: Foi realizada uma pesquisa em base de dados (Scielo e PubMed) usando os descritores ligas acadêmicas, interdisciplinaridade e cuidados paliativos para mapear a influência de ligas na interdisciplinaridade e na formação acadêmica. Além disso, foi elaborado um questionário semi estruturado em uma plataforma online, contendo questões objetivas e dissertativas, respondido de forma anônima a respeito da atuação na liga e da importância da mesma. Resultados: As publicações encontradas sobre ligas acadêmicas pouco abordavam a interdisciplinaridade. Considerando a realidade de Pelotas/RS, as respostas do questionário mostraram o seguinte: 42,9% acreditam que a interdisciplinaridade auxiliou a tratar com os pacientes enquanto o restante, apesar de não se sentir preparado, considera que as discussões de caso no grupo contribui com seu processo

  1. Pedagoga. Acadêmica de Psicologia. Universidade Federal de Pelotas. sylvia.barum@gmail.com
  1. Acadêmica de Psicologia. Universidade Federal de Pelotas. mog.nunes@hotmail.com

de aprendizagem. O estado emocional do paciente mobiliza 58% dos entrevistados, que ressaltaram a importância da atuação de estudantes de Psicologia na liga para o trabalho com pacientes e cuidadores. Por fim, 93% das respostas consideram que o diferencial da liga é a interdisciplinaridade e que a troca com outros cursos ao acompanhar pacientes nos casos clínicos propicia o cuidado integral. Discussão: A abordagem interdisciplinar de extrema relevância, pois consiste na integração dos saberes, onde, conceitos e propostas específicas de cada área irão gerar novos conhecimentos (FURTADO, 2007). No contexto de cuidados paliativos, ela significa considerar que não existe uma área que detenha todo o saber no tratamento de um paciente, mas que o trabalho realizado coletivamente é garante que esse paciente receba cuidado integral (MCCOUGHLAN, 2006). Sendo assim, a possibilidade de criar essa cultura desde a graduação propicia a melhor formação dos profissionais e uma prática futura mais humanizada e mais completa. Considerações finais: A Liga Acadêmica apresentada existe há 3 anos, o que possibilita uma construção diária de interdisciplinaridade, principalmente na visita aos pacientes e discussão dos casos, projetando estratégias possíveis para a continuidade do tratamento dos mesmos. Muito ainda precisa ser pensado, como a integração demais áreas nesse trabalho, mas consideramos que a atuação da liga até o momento tem proporcionado uma experiência diferenciada a pacientes em cuidados paliativos e seus cuidadores no contexto hospitalar de Pelotas/RS.

REFERÊNCIAS:

  1. FILHO, P. T. H. Ligas Acadêmicas: Motivações e Críticas a Propósito de um Repensar Necessário. Revista Brasileira de Educação médica, v.35, n. 4, p. 535 – 543, 2011

  1. FURTADO, J. P. Equipes de referência: arranjo institucional para potencializar a colaboração entre disciplinas e profissões. Interface (Botucatu), Botucatu, v.11, n.22, p. 239-255, Ago. 2007.

  1. MCCOUGHLAN, M. A necessidade de cuidados paliativos. In: PESSINI, L.;BERTACHINI, L. (Org.) Humanização e Cuidados Paliativos. São Paulo: Edições Loyola, 2006. Cap. 11, p.167-179.

  1. PÊGO-FERNANDES, Paulo Manuel & MARIANI, Alessandro Wasum. O ensino médico além da graduação: ligas acadêmicas. Diagn Tratamento. 2011;16(2):50-1

  1. QUEIROZ; S. J. D.; AZEVEDO; R. L. D. O.; LIMA; K. P.; LIMA; M. M. D. D.; ANDRADE; M. A importância das ligas acadêmicas na formação profissional e promoção de saúde. Fragmentos de Cultura, Goiânia, v. 24, especial, p. 73-78, dez. 2014.

      1. AVALIAÇÃO DO PERFORMANCE STATUS EM IDOSOS: UM ESTUDO NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA EQUIPE DE ESF URBANA

Maria Elizabeth Urtiaga, Ari Lemos Junior, Isaac Lima, Anderson Silva, Julieta Fripp, Cristina Domingues.

Introdução: O processo de envelhecimento humano traz modificações na qualidade de vida dos idosos, principalmente na capacidade funcional entendida como a habilidade do indivíduo em desempenhar, de forma independente, as atividades ou tarefas cotidianas, identificadas como essenciais para a manutenção do seu bem-estar. A habilidade para realizar as tarefas cotidianas envolve responsabilidade a ser compartilhada entre idosos, cuidadores e profissionais, por meio de cuidados coordenados e contínuos que Objetivo: Avaliar a capacidade funcional da população idosa da área de abrangência de uma equipe de ESF em um bairro de periferia na cidade de Pelotas. Metodologia: Foram visitadas, pelas Agentes Comunitárias de Saúde, todas as casas da área de abrangência da Equipe II da UBS estudada, que possui 3 equipes de ESF. Nos moradores com 65 anos ou mais aplicou-se a Escala de Performance Status (PS) de Karnofsky a fim de identificar as famílias que possuíam maior potencial de necessitar visitas domiciliares e atenção cuidativa. Resultados: Os dados coletados evidenciaram que 259 pessoas entre os moradores da área possuíam 65 anos ou mais. Em dois pacientes não estava registrado o PS avaliado. Nos 257 moradores avaliados pela escala 71.5% se apresenta apto para atividades cotidianas e ao trabalho, onde nenhum cuidado especial é necessário. Em 23.34% o PS evidencia um idoso inapto ao trabalho, mas capaz de viver em casa e cuidar de muitas das suas necessidades, requerendo assistência e suporte muito variáveis. O restante 5.1% se caracteriza conforme Karnofsky como inapto para cuidar de si mesmo, necessitando cuidados hospitalares ou equivalentes, onde a doença está em progressão. Conclusão: A análise mostrou que a grande maioria dos idosos se mantém ativos, aptos e com capacidade de autocuidado, mesmo com o avanço da idade, entretanto, mais de 23% dos moradores encontra-se inapto ao trabalho e com necessidades de cuidado

  1. Médico.
  1. Acadêmica de Biotecnologia.

variáveis, evidenciando a necessidade de acompanhamento das Unidades de Saúde. Em 5.1% da população idosa estudada, a capacidade de autocuidado está muito comprometida, necessitando de acompanhamento domiciliar intensivo ou hospitalar, o que evidencia a atenção cuidativa, interdisciplinar e domiciliar como um conhecimento fundamental na formação dos profissionais em saúde.

      1. O PAPEL DO PSICÓLOGO EM CUIDADOS PALIATIVOS JUNTO A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

Geovana Leal Rossales, Isabel Cristina de Oliveira Arrieira, Débora Vasconcelos Bonilla.

Introdução: Os Cuidados Paliativos (CP) correspondem ao cuidado ativo e total do paciente cuja doença não responde mais ao tratamento curativo. O paliativismo preconiza a aceitação da condição humana frente à morte, tendo como objetivo o alivio dos sofrimentos físicos, sociais, emocionais e espirituais visando atingir uma melhor qualidade de vida para o doente e sua família; considerando que as consequências causadas pelo adoecimento acarretam intenso sofrimento que afetam todos em volta do paciente1. Objetivo: O Objetivo da presente pesquisa visa conhecer e explorar como se constitui a função do profissional de Psicologia inserido na equipe de Cuidados Paliativos junto ao paciente com diagnóstico de câncer, trazendo elementos que contribuam para a compreensão da prática e a importância do psicólogo neste contexto. Método: Foi realizado levantamento bibliográfico na base de dados Scielo e Google Acadêmico. Após a busca dos artigos, utilizando os descritores “Cuidados paliativos; Morte; Psicologia;” “Cuidado paliativo, Humanização, Equipe interdisciplinar”; “cuidados paliativos, intervenção psicológica, pacientes terminais” foram encontrados oito artigos referentes ao assunto, tendo que como resultado desta análise, observou-se uma escassez de trabalhos que tratem especificamente do papel do psicólogo, enquanto integrante dessa equipe, bem como suas intervenções junto ao paciente e familiares; e em que tais intervenções se diferenciam da prática dos demais profissionais2. Resultados: A promoção da saúde, do bem-estar, da qualidade de vida faz parte dos objetivos a que o exercício da psicologia se propõe3. O Psicólogo dentro na equipe de Cuidados paliativos tem como função principal dar apoio psicológico aos doentes e familiares, devendo ter a seu cargo também a formação da equipe4. A manutenção ou restabelecimento da autoestima do paciente e a procura de um novo sentido para a vida é outro dos objetivos da intervenção do psicólogo, que deverá criar uma relação de confiança de forma a clarificar ou facilitar a comunicação junto daqueles com quem interage no ambiente terapêutico, no sentido de lhes diminuir a ansiedade, a depressão e o sofrimento5. É o profissional privilegiado para explorar as dúvidas, as crenças, os mitos e medos do doente, assim como as suas necessidades específicas1. Conclusão: Por meio da discussão estabelecida relacionada aos Cuidados Paliativos, pode-se inferir a importância da inserção da Psicologia na equipe multidisciplinar que oferece tais cuidados, pois ao mesmo tempo em que busca aliviar o sofrimento emocional de todos os envolvidos no processo, trabalha com o paciente em prol de qualidade de vida e melhor aceitação de sua condição. Mostrando ao paciente que o momento vivido pode ser compartilhado, tendo sempre cuidado para não ocupar o lugar de mais um elemento invasivo no processo de tratamento, mas de um facilitador no processo de integração do paciente, da família e da equipe, mantendo sempre como foco o doente e não a doença. Nesse sentido, a psicologia mostra-se essencial na redução de agentes estressores que geram sofrimento e angústia aos pacientes e familiares que estão passando por tal situação.

REFERENCIAS

  1. Oliveira, M. F. Luginger S.; Bernado, A.; Brito M.(2004). Morte – intervenção psicológica junto da família do paciente terminal. Trabalho de Licenciatura. Acesso em 10 out. 2012:

  1. FERREIRA, A.P., LOPES, L. Q., MELO, M, C. O papel do psicólogo na equipe de cuidados paliativos junto ao paciente com câncer. Rev. SBPH vol.14 no.2, Rio de Janeiro – Jul/Dez. – 2011.

  1. RIBEIRO, J. A importância da qualidade de vida para a psicologia da saúde. In: J.P.Cruz, S.N. de Jesus, & C Nunes (Coords.). Bem-Estar e Qualidade de Vida (pp.31-49). Alcochete: Textiverso, 2009.

  1. REZENDE, L. GOMES, C. MACHADO, M. A finitude da vida e o papel do psicólogo: perspectivas em cuidados paliativos. Revista Psicologia e Saúde, v. 6, n. 1, jan. /jun. 2014.

  1. Nunes, L. V. (2009). Papel do psicólogo na equipe de cuidados paliativos. In: ABCP- Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de cuidados paliativos (pp. 218220). Rio de Janeiro: Diagraphic.

  1. Junqueira MH, Kovacs MJ. Alunos de Psicologia e Educação para a morte. Revista Psicologia ciência e profissão 2008; 28(3):506-519.
  1. HENNEZEL, M. “O Papel do Psicólogo” in Abiven, Maurice (ed.) Para Uma

Morte Mais Humana – Experiência de uma Unidade Hospitalar de Cuidados Paliativos (2ª edição). Loures: Lusociência, 133-154, 2001.

  1. MESQUITA, A.S.L. O psicólogo em cuidados paliativos: intervenção em fim de vida. Dissertação (Mestrado) – Curso de Cuidados Paliativos, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, 2012.

      1. NUTRIÇÃO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS PALIATIVOS – UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Paim, GP; Paim, MP; Gouvêa, AP.

Introdução: Sabe-se que as doenças crônicas constituem a principal causa de morte no mundo, e, para aqueles pacientes considerados terminais, a assistência dos profissionais de saúde deve sempre visar à melhoria da sua qualidade de visa, ou seja, a prevenção e o alívio de sintomas que causem sofrimento, para gerar bem estar e autonomia ao doente. Nesse sentido, ao se tratar de nutrição e hidratação nesse grupo de pacientes surgem dúvidas sobre como manejá-lo. Objetivo: O objetivo desse trabalho é discutir o manejo referente à nutrição e hidratação nos pacientes em cuidados paliativos. Método: Esse trabalho consiste em uma revisão bibliográfica realizada no portal Google Acadêmico com o uso do descritor “nutrição em pacientes paliativos”. Foram obtidos como resultado da busca 1700 artigos, dos quais foram selecionados cinco pela sua relevância no tema e por estarem relacionados especialmente com pacientes oncológicos paliativos. Resultados: Em casos paliativos, a nutrição poderá apresentar diversos papéis, um deles prevenir efeitos colaterais dos remédios e da radioterapia, como os enjoos, náuseas, constipação, xerostomia, entre outros sintomas comumente relatados nesse processo do tratamento. Além disso, ela retarda o aparecimento da síndrome de anorexia/ caquexia, que piora o estado emocional do paciente, uma vez que o corpo em estado esquelético se aproxima muito da morte. A nutrição nesse tipo de paciente também apresenta a função de ressignificar o alimento e as refeições, já que pode trazer prazer ao paciente e atuar como um meio de comunicação e interação familiar. Esse último item citado evidencia o papel social e emocional da alimentação, ou seja, a nutrição no paciente paliativo tem um papel muito além do fisiológico, devendo sempre priorizar o prazer pela ingesta alimentar e sua socialização com a família, ao minimizar, assim, o desconforto que a alimentação pode causar. Dessa forma, é imprescindível a comunicação entre os profissionais de saúde e o paciente e suas familiares para se avaliar a vontade e comodidade da alimentação, pois nem sempre essa prática promoverá o conforto e o bem estar dos pacientes, principalmente, naqueles que utilizam técnicas de nutrição artificial (enteral ou parenteral). Tanto a alimentação quanto a hidratação devem ser priorizadas por via oral em pacientes paliativos. Há também casos que o mais adequado é suspender a alimentação por falta de benefício para o paciente. Ainda, estudos randomizados não mostraram ganhos com uma nutrição vigorosa na resposta tumoral e na sobrevida do paciente. A hidratação é importante, e sua falta pode causar confusão mental e desconforto, no entanto, em paciente no final de sua vida é difícil determinar o volume necessário para se obter esse resultado. Um ensaio randomizado de 2013 incluiu 129 pacientes com câncer avançado que receberam cuidados paliativos, eles foram aleatoriamente designados para receber hidratação parenteral (1 L de solução salina normal durante quatro horas diárias) ou placebo (100 mL Por dia). Ao final, observou-se que não houve diferença entre os grupos de tratamento e controle nos escores de delírio ou sintomas de desidratação (pontuação composta de fadiga, mioclonia, sedação e alucinações) aos quatro ou sete dias, também não houve diferença estatisticamente significativa na sobrevida global e que pacientes em ambos os grupos observaram melhora nos sintomas de desidratação no quarto dia, sugerindo que esses benefícios podem estar mais relacionados com o aumento da frequência de visitas e avaliações com enfermeiros pesquisadores ou com um efeito placebo, em vez do fornecimento de fluidos. Conclusão: Portanto, deve-se encarar a dieta sempre como uma opção, não pressionando o paciente a se alimentar, e estimular a dieta e a hidratação por via oral sempre que possível. A nutrição deve ter como objetivo principal auxiliar na diminuição da ansiedade, trazer prazer, integração com o meio e bem estar ao paciente. É importante lembrar, porém, que a recusa alimentar pode ser um manifestação de sintomas depressivos, devendo sempre ser investigada. Famílias que consideram a nutrição e a hidratação como tendo um valor simbólico que ultrapassa os limites da assistência médica devem ter seu ponto de vista respeitado, desde que não entre em conflito com os desejos expressos anteriormente expressos pelo paciente.

REFERÊNCIAS:

  1. Silva PB, Lopes M, Trindade LCT, Yamanouchi CN. Controle dos sintomas e intervenção nutricional. Fatores que interferem na qualidade de vida de pacientes oncológicos em cuidados paliativos. Rev Dor. São Paulo, 2010 out-dez; 11(4): 282-288.

  1. Benarroz MO, Faillace GBD, Barbosa LA. Bioética e nutrição em cuidados paliativos oncológicos em adultos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2009 set; 25 (9): 1875-1882

  1. Corrêa PH, Shibuya E. Administração da Terapia Nutricional em Cuidados Paliativos. Rev Bras de Cancerologia 2007; 53(3): 317-323.
  1. Bruera E, Hui D, Dalal S, et al. Parenteral hydration in patients with advanced

cancer: a multicenter, double-blind, placebo-controlled randomized trial. J Clin Oncol 2013; 31:111.

  1. Reiriz A.B., et al. Cuidados paliativos – há benefícios na nutrição do paciente em fase terminal? Rev Soc Bra Clin Med 2008; 6(4): 150-155.
  1. Reis P.C. Suporte Nutricional em Cuidados Paliativos. REVISTA NUTRÍCIAS

15: 24-27, APN, 2012

      1. RELATO DE CASO: LESÃO MEDULAR ESPINAL EM ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL NO CUIDADO PALIATIVO

Fernanda Silveira da Silveira, Simone Rodrigues dos Santos.

Introdução: Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde, revista em 2002, Cuidado Paliativo é “uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento. Requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual”1. A equipe multiprofissional tem como norteador do seu trabalho, a atenção no cuidado físico, social, psicossocial e espiritual do indivíduo e seus familiares. “A lesão da medula espinal é um dos mais graves acometimentos que pode afetar o ser humano e com enorme repercussão física, psíquica e social”. 2 Objetivo: Relatar o cuidado desenvolvido junto a um paciente com lesão medular em cuidados paliativos. Método: O estudo de caso foi realizado por duas acadêmicas do sétimo semestre do curso de enfermagem da disciplina saúde do adulto e idoso II, que em aula prática em uma Unidade Básica de Saúde da cidade de Pelotas/RS, realizaram visitas domiciliar com a equipe, prestando cuidados paliativos ao paciente. Resultados: A pessoa acompanhada foi J.Q.V, 35 anos de idade, vítima de ferimento com arma de fogo, apresentava lesão medular traumática com consequente paraplegia, ausência de sensibilidade abaixo das cristas ilíacas, lesões crônicas com risco de infecção, deformações em membros inferiores, bexiga neurogênica, além de ser portador de hepatite C. A equipe multiprofissional, composta por acadêmicos de enfermagem e medicina, duas enfermeiras, uma fisioterapeuta e uma psicóloga, realizaram visita domiciliar, a fim de prestar cuidados paliativos ao paciente que se encontrava acamado, alimentando-se por via oral, necessitando de ajuda para autocuidado e apresentando dislalia. A equipe de enfermagem realizou curativo em escara sacral grau quatro com tecido esfacelar de liquefação, realizando debridamento neste tecido. O paciente também apresentava lesão por pressão em maléolo esquerdo e calcâneo direito. Foi orientado aos familiares a alternância de decúbito de duas em duas horas, realização de curativos em escara sacral quando necessário e hidratação da pele com Dersane. Nas visitas subsequentes, observou-se escara em região sacral com odor fétido e sinais de infecção, familiares relataram que paciente apresentava diariamente febre de 38 a 39ºc, como conduta a equipe encaminhou o paciente para fisioterapia dermato-funcional. Embora houvesse déficit de força em membros superiores e tronco, o paciente apresentava condições de realizar troca posturais sozinho e ser semi–dependente em suas atividades básicas de vida, se estimulado pela fisioterapia. O paciente foi encaminhado para o Programa Melhor em Casa. Conclusão: A experiência vivida pelas acadêmicas na Unidade Básica de Saúde junto à equipe multiprofissional possibilitou a discussão e reflexão do caso clínico do paciente. Houve gradativa evolução no quadro clínico do paciente, mesmo esse sendo considerado irreversível por apresentar lesão medular completa em nível T11 e T12. As visitas visavam promover alívio da dor, conforto emocional, orientação familiar e a parceria com programas especializados para que houvesse o melhor entendimento e atendimento ao caso clínico diagnosticado, havendo também a promoção à espiritualidade por meio de diálogos, a fim de, perceber e sanar as necessidades globais do paciente e de seus familiares.

REFERÊNCIAS

  1. BRASIL, Manual De Cuidados Paliativos/Academia Nacional de Cuidados Paliativos. – Rio De Janeiro: Diagraphic, 2009.
  1. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas e Departamento de Atenção Especializada – Brasilia: Ministério da Saúde, 2013.

      1. O CUIDADO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM CÂNCER EM CABEÇA E PESCOÇO EM RADIOTERAPIA PALIATIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Pâmela Barros de Leon, Jéssica Luíza Beck, Silvana Bastos Cogo, Cintia da Silva Marconato, Lílian Medianeira Coelho Stekel, Taís Falcão Gomes.

Introdução: No Brasil, no ano de 2016, estimou-se 11.140 casos novos de câncer em cavidadeoral homens e 4.350 em mulheres.1 Os cânceres em região de cabeça e pescoço são tumores malignos localizados na cavidade oral, lábios, língua, faringe, laringe, seios paranasais e glândulas salivares tendo como principais características o aparecimento de lesões não cicatrizantes, ulcerações superficiais e indolores e manchas esbranquiçadas ou avermelhadas.2,3 O tratamento pode ser realizado por meio de cirurgia, quimioterapia, radioterapia, ambos isolados ou em concomitância. Ainda, quando não existe possibilidade terapêutica opta-se pelo tratamento paliativo.4 Todas essas modalidades de tratamento podem provocar efeitos adversos temporários ou permanentes. Tendo em vista o tipo de tratamento, bem como seu potencial de toxicidade e as condições clínicas da pessoa é legitimo também oferecer a esta o direito ao adoecimento digno. O qual objetiva controlar sintomas e preservar a qualidade de vida. Nesse contexto, a radioterapia é um tratamento realizado por meio de radiações ionizantes para combater agentes neoplásicos com objetivo de destruir as células malignas, impedindo sua multiplicação por mitose e determinando a morte celular. Em tumores considerados inoperáveis é indicada para a remissão de sintomas como, para diminuir o sangramento, obstruções, aliviar a dor e a

  1. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção e Gestão Hospitalar no Sistema Público de Saúde. E-mail: pamdeleon@hotmail.com
  1. Farmacêutica. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção e Gestão Hospitalar no Sistema Público de Saúde. E-mail: jluizabeck@gmail.com
  1. Enfermeira. Doutora. Professora Adjunta do departamento de enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: silvanabastoscogo@gmail.com
  1. Enfermeira. Mestre. Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: cintiamarconato@gmail.com
  1. Enfermeira. Mestre. Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: lcstekel@yahoo.com.br
  1. Enfermeira. Mestre. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção e Gestão Hospitalar no Sistema Público de Saúde. E-mail: taissfg@gmail.com

compressão neurológica.4 Sendo assim, objetiva-se relatar a vivência de residentes multiprofissionais em relação aos cuidados de enfermagem a pessoas com câncer localizados em região de cabeça e pescoço em radioterapia paliativa. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência sobre os cuidados de enfermagem em radioterapia paliativa em pessoas com câncer localizado na região de cabeça e pescoço. Esse trabalho é proveniente da inserção de residentes de um Programa de Residência Multiprofissional em um serviço de radioterapia de um hospital universitário do interior do Rio Grande do Sul/ Brasil. Essa experiência ocorreu no período de março de 2016 a março de 2017. Resultados: No serviço de radioterapia são realizadas consultas de enfermagem durante todo o período que a pessoa se encontra em tratamento. A função da equipe de enfermagem engloba os cuidados diante da condição clínica, psicológica e social da pessoa em tratamento radioterápico, com garantia a prevenção das complicações e minimização da radiotoxicidade, que possui como principais efeitos colaterais: fadiga; ansiedade; depressão; anorexia; caquexia, reações de pele e especificamente em região de cabeça e pescoço: eritema; mucosite; esofagites, xerostomia e alterações no paladar.5 As ações e orientações que contribuíram para a diminuição dos sintomas/efeitos adversos foram: monitoramento das condições nutricionais, sendo avaliado a necessidade quanto ao uso de sonda nasoenteral, orientações em relação a estimulação da ingesta hídrica de 2 a 3 litro/dia, atenção quanto a deglutição, odinofagia, disfagia, desidratação; estimulação a higiene oral e escovação dos dentes após cada refeição adaptando as orientações ao contexto social da pessoa sendo assim a cavidade oral era semanalmente avaliada bem como, a necessidade de retirar próteses dentárias móveis, se existentes. Conforme a necessidade de cada pessoa foram realizados encaminhamentos com o médico assistente, radioterapeuta ou o oncologista sobre a necessidade de indicar o uso de analgésicos segundo o tipo e nível da dor referida. Outros aspectos observados durante as consultas de enfermagem foram as alterações no nível de consciência e alterações de comunicação. Além disso, muitas pessoas apresentavam ulcerações ou mutilações devido ao adoecimento sendo necessária a realização de curativos, nesses casos, era feito a avaliação da pele para tomada de decisão em relação as condutas que envolviam a assepsia (temperatura da solução fisiológica e utilização de outros tipos de soluções para limpeza de feridas) tipo de cobertura e fixação segura e confortável. Ainda, durante as consultas de enfermagem eram feitos os encaminhamentos e discussões necessárias a profissionais como: nutricionista, dentista, fonoaudiólogo, farmacêutico, assistente social e psicólogo formando um elo importante para a atuação da equipe multidisciplinar no cuidado paliativo de pessoas que tratam cânceres localizados em região de cabeça pescoço. Considerações Finais: A radioterapia paliativa é importante para a diminuição do sofrimento e melhora da qualidade de vida. Sendo assim, o profissional que atua com pessoas acometidas por câncer em tratamento radioterápico paliativo, necessita estar atento e sensível as reações adversas advindas da radioterapia e do desenvolvimento do percurso da doença. Desse modo, a humanização no cuidado, o trabalho na perspectiva multidisciplinar e atenção aos aspectos clínicos e psicológicos das pessoas são fundamentais para a radioterapia como cuidada paliativo.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – Rio de Janeiro: INCA, 2015.

  1. Aquino RCA, Lima MLLT, Menezes CRCX, Rodrigues M. Alterações fonoaudiológicas e acesso ao fonoaudiólogo nos casos de óbito por câncer de lábio, cavidade oral e orofaringe: um estudo retrospectivo. Rev. CEFAC v.18, n.3, São Paulo 2016

  1. Jemal A, Siegel R, Ward E, Hao Y, Xu J, Thun MJ. Cancer statistics. 2009. CA Cancer J Clin. 2009;59(4):225-49.
  1. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Carcinoma Epidermóide da Cabeça e Pescoço. Revista Brasileira de Cancerologia, v.47, n.4, p. 361-76, 2001.
  1. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Ações de enfermagem para o controle do

câncer: uma proposta de integração ensino-serviço 3. ed. rev. atual. ampl. – Rio de

Janeiro: iNCA, 2008.

      1. O CUIDADO FRENTE AOS EFEITOS COLATERAIS DECORRENTES DA QUIMIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Luana Amaral Mortola, Rosani Manfrin Muniz, Daniela Habekost Cardoso, Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Clarice de Medeiros Carniere.

Introdução: O câncer é a segunda maior causa de mortes no Brasil, sendo responsável por 15,6% dos óbitos, perdendo apenas para doenças cardiovasculares1. O tratamento oncológico curativo tem resultado na diminuição da mortalidade e da morbidade, no entanto, há a preocupação com conforto e alívio de sintomas do paciente no final de vida2. Em cuidados paliativos é importante amenizar o sofrimento que precede a morte. A quimioterapia paliativa tem grande importância na melhora da qualidade de vida com enfoque principalmente no tratamento de metástases3. Porém a modalidade terapêutica pode trazer inúmeros efeitos colaterais. Nesse sentido, destaca-se a importância do cuidado de enfermagem integral e individualizado, visando prevenir e minimizar estes efeitos4. Objetivo: Relatar a vivência de enfermeiras residentes no cuidado a pacientes com câncer durante o tratamento quimioterápico paliativo. Metodologia: Estudo de abordagem qualitativa na modalidade de relato de Experiência. Relata-se a vivência de quatro enfermeiras residentes do Programa de Residência Integrada Multiprofissional de um Hospital de ensino. O relato concentra-se na atuação de enfermeiras residentes na realização do cuidado paliativo no serviço de oncologia do hospital em questão. Os resultados aqui apresentados foram coletados entre o mês de janeiro a março de 2017, por

1 . Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail: lumortola92@gmail.com

  1. Enfermeira Doutora em Enfermagem Fundamental. Professora do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: romaniz@terra.com.br

  1. Enfermeira Mestre em Ciências. Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail:danielahabekost@yahoo.com
  1. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail:leticia_diazz@hotmail.com
  1. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail:sandyalvesvasconcellos@hotmail.com

  2. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail:claricecarniere39@hotmail.com

meio de atuação, observação e por relatos verbais da equipe acerca das contribuições, dificuldades e possibilidades durante o período de atuação. Resultados: O serviço de oncologia do Hospital Escola é localizado em uma cidade na região sul do Rio Grande do Sul, e atende pacientes oncológicos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para realização de quimioterapia e radioterapia. Neste espaço atuam profissionais de diversas áreas como enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, dentistas e assistente sociais. Por se tratar de uma instituição de ensino vinculada a uma universidade federal, existe a presença de acadêmicos e residentes da área da saúde. O atendimento é realizado de segunda a sábado das sete da manhã às sete da noite; em média 30 a 50 pacientes por dia, sendo que, de 20 a 30 realizam quimioterapia. Dependendo do protocolo quimioterápico, há pacientes que realizam o tratamento de uma a cinco vezes por semana. O tempo médio de permanência dos usuários para a administração do quimioterápico varia entre 30 minutos e seis horas. Atualmente há um crescente número de pacientes que realizam quimioterapia paliativa, sendo que o diagnóstico mais comuns é o câncer de mama, além das situações em que ocorrem metástases pulmonares e hepáticas. Os efeitos colaterais mais comuns são físicos, como náuseas, vômitos, constipação, alopecia e dor. Os cuidados de enfermagem são realizados em situações agudas e a longo prazo visando prevenir e minimizar os efeitos. Nos casos de efeitos concomitantes a aplicação da quimioterapia, como dor aguda, vômito e anafilaxia, tornam-se imprescindível a administração de medicamentos e cuidados com estes. Em outras situações de possibilidade de ocorrer alopecia, sintomas digestivos e dermatológicos, é de extrema importância a realização das orientações com o objetivo de prevenir tais sintomatologias. Neste caso, o momento da consulta de enfermagem é propício para explorar as possíveis dúvidas dos pacientes e, consequentemente, estimular a mudança de postura frente ao tratamento3. Conclusão: Sendo assim, fazem-se necessárias orientações e estímulo ao autocuidado, pois o tratamento oncológico causa diversas toxicidades, carecendo de intervenção não apenas medicamentosa, mas também de cuidados que podem ser tomados pelo próprio paciente. É errônea a suposição de que “não há mais nada a se fazer” pelo paciente sem possibilidades de cura, uma vez que enquanto houver vida, sempre existirá a necessidade do cuidado de enfermagem, que possam garantir melhor qualidade da vida e reduzir sofrimentos como propõe a filosofia paliativista.

REFERÊNCIAS:

  1. Ministério da Saúde (BR). Estimativa 2016: Incidência de câncer no Brasil/

Instituto Nacional do Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2014. http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2015/esti mativa_incidencia_cancer_2016

  1. Bonassa EMA, Gato MIR. Terapêutica oncológica para enfermeiros e farmacêuticos. ed. São Paulo ( SP): Atheneu; 2012.
  1. Cirilo JD, Silva MM, Fuly Patríci SC, MoreiraMC. A gerência do cuidado de enfermagem à mulher com câncer de mama em quimioterapia paliativa.Texto contexto –

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  1. Rodrigues AB. Estresse em pacientes submetidos a tratamento antineoplásico. Cuidado é Fundamental. 2016:8(2); 4487-4500.
      1. O CUIDADO DE ENFERMAGEM FRENTE À RADIODERMITE CONSEQUENTE DA RADIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Luana Amaral Mortola, Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Clarice de Medeiros Carniere, Jandira Amarilho Silveira, Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos.

Introdução: A radioterapia é uma das modalidades terapêuticas utilizadas no tratamento de neoplasias. Constitui-se como um tratamento localizado, que usa radiação ionizante produzida por aparelhos ou emitida por radioisótopos naturais1. A radioterapia paliativa atua no momento em que a doença se encontra em estágio avançado, tendo como propósito aliviar a sua sintomatologia (antálgica, anti-hemorrágica, no tratamento de compressões neurológicas, etc.)1. No entanto, apesar dos aspectos positivos, o tratamento radioterápico acarreta efeitos adversos como a radiodermite2.A radiodermite é um conjunto de lesões cutâneas provocadas por uma exposição excessiva à radiação ionizante. É considerada uma queimadura complexa levando à desidratação da pele e complicações secundárias como infecção local que pode promover a interrupção do tratamento radioterápico em muitos casos3. Estima-se que 60% dos pacientes com câncer serão submetidos à radioterapia e 95% destes devem desenvolver radiodermites4. Ressalta-se que a radiodermite é um efeito adverso que pode ser evitado. Destaca-se a importância do cuidado com intuito de promover o alívio do sofrimento que precede a morte incluindo efeitos adversos a terapêutica adotada. Nesse sentido os cuidados de enfermagem devem ser direcionados à realização de orientações com intuito de prevenir

1 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail: lumortola92@gmail.com

2 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com

3 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com

4 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com

5 Enfermeira. Ambulatório de Oncologia Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail:

jandiraamarilho@gmail.com

6 Enfermeira. Ambulatório de Oncologia Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail:

carenlais@hotmail.com

estes efeitos a proporcionar conforto e segurança para o paciente. Objetivo: Dissertar sobre a vivência do cuidado de enfermagem frente à radiodermite no paciente submetido radioterapia paliativa. Métodos: Estudo de abordagem qualitativa na modalidade de relato de Experiência. Relata-se a vivência de cinco enfermeiras residentes do Programa de Residência Integrada Multiprofissional do Hospital Escola da Universidade Federal Pelotas. O relato concentra-se na atuação das enfermeiras residentes na realização do cuidado paliativo em uma Unidade de Radioterapia de um Serviço de Oncologia no sul do Rio Grande do Sul. A atuação sucedeu-se nos meses de agosto a dezembro de 2016. Resultados: Na unidade de radioterapia o atendimento era realizado de segunda a sábado das sete da manhã às sete da noite. Em média eram atendidos de 20 a 30 pacientes por dia, destes, nove realizavam radioterapia paliativa. Ao iniciar o tratamento radioterápico o paciente era recebido pela equipe de enfermagem, onde o enfermeiro realizava a consulta de enfermagem, sendo preconizados os cuidados para prevenção de efeitos colaterais como a radiodermatite, tais cuidados como, incentivo a ingesta hídrica; evitar expor a área irradiada ao sol, calor e/ou frio; manter a pele do campo de tratamento seca e livre de irritações; não utilizar qualquer produto no local antes das seções de radioterapia; evitar coçar, arranhar ou esfregar o local de tratamento; lavar a pele do campo de tratamento com água em temperatura ambiente; utilizar produtos de higiene com pH neutro; entre outros. Nesse ambiente destacava-se a qualidade educativa do enfermeiro e a importância de acolher o paciente de maneira integral e individual, principalmente aquele que realiza a radioterapia paliativa, pois devido a não possibilidade de cura atrelada a ocorrência de efeitos colaterais pode indicar a não realização do tratamento. Mesmo sendo realizado o cuidado direcionado a prevenção da radiodermite, alguns pacientes que realizaram radioterapia paliativa apresentaram este efeito. Frente a isso os cuidados também tiveram o enfoque na minimização deste, sendo recomendadas diversas intervenções, tais como orientação de aplicação de compressas com chá de camomila ou água filtrada no local da lesão. Outros produtos como a aloe vera e a sulfadiazina de prata 1% também eram utilizados sob prescrição médica, porém com cautela devido à insuficiência de evidências científicas que as sustentassem. Os cuidados foram realizados de maneira educativa com intuito de serem reproduzidos no prisma domiciliar. O objetivo foi reduzir ou sanar a radiodermite removendo a possibilidade de interrupção do tratamento devido à possível evolução da lesão. Conclusão: A radiodermatite é um efeito adverso que pode ser prevenido, ou minimizado, por meio de orientações prévias ao tratamento radioterápico. Destaca-se a realização da consulta de enfermagem desde o início do tratamento até a sua conclusão, sendo a prevenção de complicações e a qualidade de vida os núcleos do cuidado na realização da radioterapia paliativa.

REFERÊNCIAS:

  1. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Ações de Enfermagem para o controle do câncer: Uma proposta de integração ensino-serviço. Rio de Janeiro: INCA; 2008.

  1. Lorencetti A, Simonetti JP. As estratégias de enfrentamento de pacientes durante o tratamento de radioterapia. Rev Latinoam Enferm. 2005;13:944-50.
  1. Dealey C. Cuidando de feridas: um guia para as enfermeiras. 3ª ed. São Paulo: Atheneu; 2008.
      1. CUIDADO TERAPÊUTICO: UM OLHAR EM BUSCA DA HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NOS CUIDADOS PALIATIVOS

Gabriela Nasser Gervini, Maira Buss Thofehrn, Helen Nicoletti Fernandes, Franciele Budziareck das Neves.

Introdução: O aumento da longevidade da população trouxe um crescimento não somente da incidência e prevalência, como da mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), tais como doenças cardiovasculares e neoplasias.1 Assim, pessoas com DCNT passam a necessitar de cuidados que priorizem o controle de sintomas e objetivem melhor qualidade de vida. Os cuidados paliativos são tratamentos ativos e totais aos pacientes quando a doença não responde à abordagens curativas, assim, o controle de sintomas torna-se prioridade, objetivando melhor qualidade de vida diante de doenças que ameaçam a vida, por meio da prevenção e alivio do sofrimento. Por isso, requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e de outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual.2 O cuidado terapêutico baseia-se na visão singular, solidária e integradora entre o profissional de enfermagem e ser humano que necessita de cuidados, buscando a resolução de problemas e/ou necessidades pessoais.3 A atenção domiciliar têm como objetivo proporcionar ao paciente um cuidado contextualizado à sua cultura, rotina e dinâmica familiar, evitando hospitalizações desnecessárias e proporcionando uma assistência holística ao paciente em cuidado paliativo.4 Deste modo, o estudo visa conhecer o cuidado prestado por enfermeiros da equipe do Programa Melhor em Casa, do Governo Federal e do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) em um município do sul do Brasil. Ao total, os dois programas têm oito equipes multidisciplinares que assistem diária e concomitantemente cerca de 120 pacientes financiados totalmente por recursos do Sistema Único de Saúde.5 Objetivos: Conhecer o cuidado prestado pelos enfermeiros de dois programas de internação domiciliar na promoção e busca da humanização do cuidado. Método: Estudo qualitativo, descritivo e exploratório. Desenvolvido com oito enfermeiras das equipes dos programas Melhor em

1Especialista em Estratégia de Saúde da Família Enfermeira. UFPel. gabrielagerviny@hotmail.com Professora Doutora Enfermeira.mairabusst@hotmail.com Doutoranda Mestra Enfermeira.helyfern@hotmail.com

Mestra Enfermeira.fran.bnvs@gmail.com

Casa e PIDI, de um hospital de ensino do Rio Grande do Sul. As entrevistas ocorreram durante o mês de novembro de 2014, por meio de uma entrevista semiestruturada. Foram mantidos os preceitos éticos, baseados no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem de 20077, e também, de acordo com a Resolução nº 466 de 12 de Dezembro de 20128, que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos. Os dados foram analisados por meio da Proposta Operativa de Minayo.6 Resultados: Foi possível conhecer o trabalho prestado pelos enfermeiros na busca da humanização dos cuidados, baseado na relação entre a equipe multiprofissional e vínculo com o paciente e sua família. Evidenciado através de boas habilidades de comunicação, escuta, empatia e preocupação com o paciente e família, tendo como objetivo principal um cuidado integral, ético e humanizado. Nos relatos, os enfermeiros mostram-se comprometidos na promoção e recuperação da saúde ao realizar um cuidado terapêutico, integral, equânime e humano, importando-se também com a família, no cuidado, orientação e apoio. As entrevistadas relatam que o vínculo criado com o paciente e sua família torna-se muito forte devido a inserção no contexto do paciente e família, rotinas e a própria internação dos mesmos, que muitas vezes torna-se bastante extensa. Algumas dificuldades encontradas pelas enfermeiras na atuação em cuidados paliativos são embasadas na literatura: 9 O encaminhamento tardio do paciente; inúmeras tentativas de tratamento com aumento do sofrimento e estresse; relutância no encaminhamento pela falta de compreensão do papel dos cuidados paliativos; esperanças não realistas por parte do paciente e/ou família em relação à evolução da doença; não concordância entre família e paciente quanto ao tratamento; pobreza extrema; entre outros. Conclusão: Com este trabalho, foi possível reconhecer o cuidado terapêutico exercido por enfermeiras de dois programas de internação domiciliar. Espera-se que o estudo permita uma reflexão sobre o assunto enfatizando a necessidade da humanização dos cuidados e disseminação do conceito de cuidado terapêutico, ainda pouco utilizado, e das filosofias dos cuidados paliativos, implantando esse cuidado conjuntamente ao tratamento ativo da doença, buscando concretizar o que seria um cuidado terapêutico e humanizado. É necessário ampliar esse olhar para outros serviços, realizar maiores investimentos durante a formação de profissionais enfermeiros, assim como trabalhar fortemente a humanização com os acadêmicos. A mudança de comportamento dentro dos hospitais deve partir do princípio de uma redução da carga horária dos profissionais, demanda de trabalho e aumento das condições de trabalho para um cuidado de melhor qualidade. Por fim, conclui-se que são necessárias mais pesquisas que abordem o cuidado terapêutico dentro dos serviços de saúde.

REFERÊNCIAS

  1. Gottlieb MGV, Schwanke CHA, Gomes I, Cruz IBM. Envelhecimento e longevidade no Rio Grande do Sul: um perfil histórico, étnico e de morbi-mortalidade dos idosos. Rev. bras. geriatr. gerontol. 2011 Abr./Jun.,14(2): 365-380.

  1. Organização Mundial da Saúde. WHO Definition of Palliative Care [internet]. Acesso

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http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en.

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  1. Fripp JC, Facchini LA, Silva SM. Caracterização de um programa de internação domiciliar e cuidados paliativos no Município de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil: uma contribuição à atenção integral aos usuários com câncer no Sistema Único de Saúde, SUS. Epidemiol. Serv. Saúde. 2012 mar., 21(1): 69-78.

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.208, de 18 de junho de 2013. Dispõe sobre a integração do Programa Melhor em Casa (Atenção Domiciliar no âmbito do SUS) com o Programa SOS Emergências, ambos inseridos na Rede de Atenção às Urgências. Diário Oficial da União. nº 116, 2013 jun.19; seção 1 p.37.

  1. Minayo, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12 ed. São

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  1. Conselho Federal de Enfermagem Resolução. COFEN nº 311 de 18 de janeiro de

2007. Dispõe sobre o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Acesso em: [2014 mai 10]. Disponível em: http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-3112007_4345.html.

  1. Brasil. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre projetos de pesquisa envolvendo seres humanos. Acesso em: [2014 mai 13]. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf>.

  1. Guimarães, RM. Filosofia dos cuidados paliativos. In: Saltz, E. Juver, J. Cuidados

paliativos em oncologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Senac; 2013. p. 13-23.de privacidade, de conforto e as rotinas padronizadas6. Conclusões: Destaca-se a importância da equipe de cuidados paliativos no contexto domiciliar e o suporte por estes oferecido tende a auxiliar o enfrentamento do cuidador diante do momento vivenciado. É indispensável que os profissionais estejam atentos as necessidades desse familiar para fortalecer seus fatores protetivos e integrá-lo na assistência. À equipe cabe ainda oferecer um ambiente acolhedor para a expressão de sentimentos e identificação das demandas pessoais. Para tal, prioriza-se a atuação integral da equipe interdisciplinar. Ademais, orientações sobre saúde e autocuidado, repercutem em uma melhor qualidade de vida a essa população.

REFERÊNCIAS

  1. World Health Organization. National cancer control programmes: policies and

managerial guidelines. Geneve: OMS; 2002.

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  1. Fripp JC. Ação prática do paliativista na continuidade dos cuidados em domicílio. In: Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de cuidados paliativos ANCP: ampliado e revisado. Rio de Janeiro: Academia Nacional de Cuidados Paliativos; 2012. p. 375-391.

  1. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011.
  1. Oliveira SG, Quintana AM, Budó MLD, Kruse HL, Beuter M. Internação domiciliar e internação hospitalar: semelhanças e diferenças no olhar do cuidador familiar. Texto contexto-enferm 2012; 21(3): 591-9.

  1. Oliveira SG, Quintana AM, Denardin-Budó ML, Moraes NA, Lüdtke MF, Cassel PA. Internação domiciliar do paciente terminal: o olhar do cuidador familiar. Rev Gaúch Enferm 2012; 33(3):104-10.

      1. CUIDADOS PALIATIVOS NO PROGRAMA MELHOR EM CASA: O PERFIL DOS PACIENTES ASSISTIDOS

Sara Deise de Souza Lopes Ferreira153,, Isabel Cristina de Oliveira Arrieira154, Emeli Rodrigues dos Santos155, Simone Braga Martins156, Julieta Carriconde Fripp157, Renata Schmitz158

Introdução: Os cuidados paliativos são medidas terapêuticas que buscam atender de forma integral e humanizada as repercussões negativas da doença que ameace a vida, ou ainda, elimine o bem-estar do indivíduo. Corroborando, a atenção domiciliar é uma modalidade de atendimento na rede pública que visa a garantir a assistência adequada, de qualidade, integral e humanizada aos pacientes que mantêm quadro clínico estável, dispensando a infraestrutura hospitalar, mas que necessitam de assistência em saúde, acompanhamento regular e vigilância ativa. Objetivo: Este estudo tem como objetivo caracterizar o perfil dos usuários atendidos em cuidados paliativos de uma equipe do programa Melhor em Casa no sul do estado do Rio Grande do Sul; no período de janeiro a dezembro de 2015, a partir de informações contidas em prontuários. Trata-se de um estudo quantitativo descritivo em que foram analisadas as seguintes variáveis: diagnóstico clínico, idade, gênero, e sintoma principal no momento da inclusão no programa. Metodologia: O estudo foi realizado com a análise dos prontuários de pacientes internados no programa no período de 1° de janeiro de dois mil e quinze a 31 de dezembro de dois mil e quinze. Excluindo-se os prontuários de pacientes internados para assistência curativa e analisando somente os prontuários dos pacientes com indicação de cuidados paliativos, com ou sem comorbidades, estando ou não ainda em assistência pelo programa. A principal ferramenta analisada foi a Ficha de Solicitação de Internação que é componente obrigatório do prontuário, sendo buscadas informações adicionais no restante dos documentos somente quando necessário. Resultados: Do total de 127 pacientes atendidos pela referida equipe no ano em estudo, 23% eram para cuidados paliativos. Quanto ao diagnóstico clínico, 50% das internações foram por neoplasias, 25% por sequela de AVC, 14% por Doença de Alzheimer e 11% com outros diagnósticos, sendo esses, insuficiência renal, SIDA e Diabetes Mellitus. Os pacientes analisados tinham idade entre 49 e 90 anos, 62% mulheres e 38% homens. E ainda o principal sintoma referido era dor, com uma taxa de prevalência entre 44% do total dos pacientes; seguido por 28% com anorexia e outros 28% com lesões por pressão. Conclusão: Pode-se observar que a maior necessidade de cuidados paliativos provém de usuários com diagnóstico de neoplasias, sendo este responsável por metade das internações paliativas da equipe. O principal sintoma encontrado foi dor, demonstrando que esse sintoma ainda pouco tratado em nossa realidade, levando ao sofrimento dos usuários e suas famílias. Observou-se ainda que o outro grande diagnóstico encontrado, ou seja, a sequela de AVC, associado ao fator idade encontrado no estudo, que são na grande maioria idosos, justificam as outras duas sintomatologias prevalentes que são a inapetência e as lesões por pressão. O presente estudo é oportuno na literatura, pois conhecer o perfil dos pacientes que se assiste é fundamental para que se possa adequar e qualificar o cuidado. Quanto à sintomatologia, é essencial o conhecimento por parte dos profissionais para que se utilizem dos resultados como fonte de resolutividade, eficácia e qualidade no cuidado. É necessário então, que haja aporte por parte da gestão e ainda de equipe habilitada no manejo dos sintomas.

      1. VIVENCIANDO A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ONCOLÓGICO: UMA ABORDAGEM SOBRE A SAÚDE DA MULHER

Cristiane Oliveira dos Santos159, Pâmela Pereira Mourão160, Sidnei Morales161, Ana Paula Escobal162

Introdução: As mulheres representavam 59% da população brasileira em 2012, dessa forma considera-se relevante o conhecimento das políticas públicas direcionadas a essa população, bem como as patologias que acometem este universo.1 Dentre as patologias que acometem as mulheres destacamos no presente estudo o Câncer de Vulva e Reto associado a outras patologias; O câncer de vulva corresponde a menos de 1% das neoplasias malignas da mulher e responsável por 3% a 5% das neoplasias malignas do trato genital feminino, com incidência estimada de 1 a 2 casos por 100.000 mulheres/ano, e a partir destes dados, considera-se uma neoplasia rara.2 A vulva é o órgão reprodutor feminino que possibilita fácil visualização por ser mais externo, porém, o câncer de vulva diagnosticado tardiamente. A partir do primeiro sintoma até o diagnóstico, considera-se um tempo médio de 18 meses. Um dos motivos para o diagnóstico tardio é o pudor da paciente, que na maioria das vezes tem idade acima de 50 anos e quando surgem os primeiros sintomas não realiza exames ginecológicos, e faz uso de pomadas e outros recursos que não combatem ao diagnóstico real.3 A assistência em enfermagem ao paciente oncológico requer a construção de um saber aprimorado muito mais do que a realização de ações padronizadas e sistematizadas, ou seja, um cuidado integral e humanizado, considerando as singularidades e particularidades do paciente. A SAE organiza e realiza o cuidado ancorado nos princípios do método científico. É um instrumento privativo do processo de trabalho do enfermeiro que tem a função de desenvolver ações que modificam o estado do processo saúde-doença dos indivíduos, organizando o atendimento individualizado aos pacientes. Na perspectiva do cuidado envolve a atenção integral associada a comunicação, compreensão, solidariedade, presença e responsabilidade. O relacionamento do enfermeiro junto aos pacientes, familiares e ou acompanhantes é de extrema importância na incorporação da filosofia do cuidado humanizado de forma a contribuir positivamente no enfrentamento durante o tratamento da doença.4 Objetivo: Descrever o processo de Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente acometida por câncer de vulva. Metodologia: Trata-se de um estudo de caso clinico, que utiliza a investigação de elementos como instrumento de colaboração em diversas áreas de conhecimento5. A pesquisa foi realizada por acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, na unidade Rede de Urgência e Emergência I do Hospital Escola, na cidade de Pelotas – RS. A paciente selecionada para este estudo é R.R.A, 49 anos, casada, natural de Pelotas-RS, do lar, com diagnóstico de Câncer de Vulva. A coleta de dados foi realizada nos dias 16 e 19 de 2016, por meio da anamnese, exame físico cefálio-caudal e a realização de procedimentos para identificação de informações necessárias para a elaboração de plano de cuidados, incluindo diagnósticos de enfermagem, prescrição de cuidados. Pelo fato de realizar um estudo de caso que necessita envolver a privacidade e sigilo das informações da paciente, foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O sigilo e anonimato da paciente serão preservados. Resultados: após realização da anamnese e exame físico elencamos dois Diagnósticos reais de Enfermagem de acordo com o North American Nursing Diagnosis Association (NANDA)6 e posteriormente os cuidados de enfermagem7 relacionada à paciente R.R.A. Eliminação urinária prejudicada (00016) relacionada a múltiplas causas evidenciada por retenção urinária, os cuidados elencados para este diagnóstico foram: manter desobstruído o sistema de cateter urinário; higienizar externamente o cateter urinário na região do meato; além de observar as características da drenagem urinária. Disfunção sexual (00059) relacionada à estrutura corporal alterada (por processo de doença e cirurgia) evidenciada por limitações reais impostas pela doença. Os cuidados elencados foram: abranger a relação terapêutica, ancorada na confiança e no respeito; oferecer privacidade e confidencialidade; e ainda discutir as modificações necessárias na atividade sexual. Considerações Finais: Em virtude dos fatos mencionados, concluímos que o estudo de caso não é baseado apenas em teorias ou conteúdos científicos. A implementação da SAE nos possibilitou realizar a assistência de forma humanizada e integralizada. Sendo assim, nós enquanto acadêmicos precisamos aprimorar nossos conhecimentos para tornarmos profissionais capacitados e com autonomia na prestação dos cuidados, além de orientar, estimular e encorajar a equipe interdisciplinar de saúde.

REFERÊNCIAS

  1. DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php. Acesso em: 29 mai. 2016.
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  1. Mccloskey JC, Bulechek GM. Classificação das intervenções de enfermagem. 3.ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.
      1. CUIDADOS PALIATIVOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E CLÍNICA MÉDICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DR. MIGUEL RIÊT CORREA JR: UMA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Andressa Hübner Pereira163, Daniela Barsotti Santos164

Os cuidados paliativos consistem em abordagens que visam promover uma melhor qualidade

de vida de pacientes e familiares frente a doenças que ameaçam a vida. Eles requerem uma avaliação precoce, abordagem e tratamento de problemas de ordem física, psicológica, social e

espiritual. O foco dos cuidados paliativos não é a cura ou o controle das doenças, e sim o

paciente e suas necessidades. No Brasil, os cuidados paliativos ainda são pouco difundidos,

porém com a criação da Associação Brasileira de Cuidados Paliativos houve maior fomento

na formação dos profissionais de saúde voltados ao tema. Entende-se que o processo da

terminalidade no hospital, bem como a assistência oferecida pela equipe multiprofissional

necessita ser discutida e refletida1. Nesse sentido, observa-se a importância do diálogo com os

profissionais sobre questões como a morte, a ética, práticas e vivências, contribuindo para a

qualificação dos serviços já prestados e para os próprios profissionais, resultando em melhoria

no auxílio da comunicação entre equipe, paciente e familiar. É relevante também destacar o

processo do morrer atual, bem como grifar termos como a obstinação terapêutica, a “boa

morte” e a tomada de decisões, para melhor compreender o papel dos cuidados paliativos. As

ações voltadas para a saúde estão em constante desenvolvimento tecnológico, porém isto

conclama a venerar a vida física ansiando sua manutenção, esquecendo-se da sua qualidade2.

Os profissionais da área da saúde são formados para combater a morte, sendo esta considerada

como fracasso, podendo ocasionar a obstinação terapêutica. O conceito de “boa morte”, seria o

de uma morte indolor, com o paciente rodeado de pessoas queridas, e de preferência com um

bom relacionamento entre a equipe, o paciente e seus familiares3. Diante do exposto, cabe

grifar a bioética, que permeia os cuidados paliativos. É sabido que o termo bioética abarca

muitos sentidos, porém neste trabalho será tratada como “ética da vida”. Os cuidados

paliativos propõem, pois, a filosofia de cuidado de modo a humanizar a relação entre

paciente/equipe/instituição, visando à autonomia do sujeito. No Brasil a Resolução 1.995/2012 do Conselho Federal de Medicina dispôs sobre as diretivas antecipadas de vontade do paciente e, caso estas não tenham sido feitas e o paciente estiver incapacitado de responder por si, o processo de decisão dependerá da participação do representante legal4. Diante da realidade exposta, é visível que a morte, a ética e decisões acerca do tratamento dado ao indivíduo, são questões polêmicas. Este trabalho objetiva, portanto, conhecer como as equipes multidisciplinares da Unidade de Terapia Intensiva e da Unidade de Clínica Médica do Hospital Universitário Dr. Miguel Riêt Correa Jr./HU-FURG trabalham e lidam com os pacientes terminais, bem como averiguar como os mesmos lidam com as questões éticas e a terminalidade. Também busca indagar se o Hospital Universitário possui um viés de trabalho que utilize os cuidados paliativos. Por ser um trabalho que visa compreender a visão dos profissionais acerca dos cuidados paliativos e a sua aplicação no cotidiano dos pacientes, optou-se por realizá-lo de forma qualitativa e descritiva exploratória. A pesquisa será desenvolvida nos setores já mencionados, que embora não sejam unidades especializadas em cuidados paliativos, atendem pacientes em processo de terminalidade. Para a seleção dos sujeitos, será eleito um turno de trabalho nas unidades, de forma aleatória, visando preservar o anonimato dos participantes. Assim, um profissional de cada área de atuação (nutricionista, fisioterapeuta, médico, psicólogo, enfermeiro, assistente social e técnico em enfermagem) participarão do estudo, sendo convidados verbalmente a participar. Após o aceite será realizada uma entrevista com roteiro semiestruturado com os mesmos. A análise dos dados se dará por conteúdos temáticos, com a organização dos dados, a leitura dos mesmos, e a sua interpretação com embasamento teórico de autores já pesquisados. Na análise final dos dados, pretende-se que ocorra uma reflexão das pesquisadoras acerca do material teórico e empírico, buscando sua análise e melhor interpretação. O trabalho passará por uma análise do Comitê de Ética em Pesquisa na Área da Saúde – FURG, bem como aprovação da Gerência de Ensino e Pesquisa/ HU. Além disso, será entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos participantes. Espera-se que com este trabalho os temas com relação aos cuidados paliativos e questões de morte e de vida sejam levantados e fomentados, de forma a contribuir com sua maior compreensão e aprimoramento. Deseja-se que novas pesquisas e projetos surjam através das questões aqui erguidas, esperando-se contribuir para a ampliação do trabalho que já é realizado nos hospitais de Rio Grande e região.

REFERÊNCIAS

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  1. Conselho Federal de Medicina. Resolução no 1.995, de 9 de agosto de 2012. Dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade dos pacientes. [internet]. 31 ago. 2012 [acesso

22 abr. 2017]. Disponível:

http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1995_2012.pdf

      1. ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E A TOMADA DE DECISÃO COMPARTILHADA EM CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES

Introdução: O cuidado paliativo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde1, é uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e suas famílias, enfrentando problemas associados à doença ameaçadora de vida, através da prevenção e alívio de sofrimento por identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais. Em pacientes fora de possibilidade terapêutica, a abordagem interdisciplinar em cuidados paliativos é de extrema relevância como garantia de integralidade da assistência prestada, sendo que a atenção domiciliar, por se inserir no cotidiano do paciente, possibilita ações que incrementam a qualidade de vida nesses casos. Objetivo: relatar um caso com abordagem em cuidados paliativos em atenção domiciliar de um hospital universitário, com a instrumentalização da tomada de decisão de um paciente a partir da utilização de estratégias de comunicação. Método: Relato de caso de paciente atendido em um hospital universitário da região central do RS, com indicação de cuidados paliativos, assistido por equipe interdisciplinar de um serviço de atenção domiciliar, como parte do projeto “Núcleo Interdisciplinar de apoio ao cuidado: projeto terapêutico singular como estratégia para redução de riscos à saúde no pós-alta hospitalar”, CAAE: 46952715.1.0000.5346. Resultado: Trata-se de um paciente do sexo masculino, 59 anos, que compareceu ao hospital universitário em julho de 2015, no ambulatório de Cabeça e Pescoço, com lesão de assoalho de boca há dois anos, refratária a tratamento inicial, tabagista ativo e etilista em abstinência há oito anos, submetido a biópsia que revelou carcinoma espinocelular de boca. Em agosto de 2015 foi realizada hemimandibulectomia anterior direita, com esvaziamento cervical bilateral, com reconstrução, utilização de traqueostomia plástica com balonete e endocânula, com necessidade de uso de aspirador, sendo encaminhado para abordagem multiprofissional ambulatorial, no pós-operatório, enquanto aguardava avaliação para radioterapia e quimioterapia. Em outubro de 2015, realizou gastrostomia endoscópica e foi encaminhado ao Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), devido dificuldade com aquisição e uso de aspirador. No SAD, o paciente iniciou abordagem da equipe interdisciplinar com indicação de cuidado paliativo complementar, que incluiu avaliação de habilidades comunicativas por fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, visando manutenção de comunicação de maneira independente, buscando garantir o exercício da autonomia para tomada de decisão compartilhada. Houve a indicação de incentivo para comunicação não verbal por escrita e verbal com som, durante períodos de possibilidade de oclusão da traqueostomia com balonete desinsuflado, com envolvimento de paciente, família e

equipe. Em dezembro 2015, houve a liberação de via oral de conforto, mediante avaliação conjunta da equipe (médico, enfermeiro, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e nutricionista). Foi mantido em gerenciamento telefônico no período de janeiro de 2016 a fevereiro de 2017, com acompanhamento nos ambulatórios do mesmo hospital, devido sua melhora no status funcional, eutrofia, progressão para traqueostomia metálica com oclusão, uso de via oral e comunicação verbal com som. Em março de 2017, apresentou recidiva da lesão, com indicação de internação hospitalar para quimioterapia paliativa. O paciente optou por não realizar a quimioterapia, após explanação sobre objetivos do tratamento e resultados esperados, devido entendimento de que o procedimento não apresentaria o benefício de proporcionar uma sobrevida com qualidade de vida, através do uso de comunicação não verbal por escrita. O paciente optou por serem retomadas as visitas domiciliares pelo SAD no pós-alta hospitalar, com organização de cuidado paliativo predominante, com otimização de medidas de conforto, de acordo com suas preferências. Em nova avaliação das habilidades comunicativas, observou-se disfunção ocupacional na área da comunicação, devido à expansão da lesão, com exteriorização exacerbada de língua, confirmando-se a impossibilidade de comunicação verbal com ou sem som. Optou-se por complementação da comunicação não verbal por escrita com o uso de Comunicação Suplementar Alternativa (CSA), por meio de frases cotidianas prontas. Esse recurso apresenta baixa tecnologia, com utilização de folhas de papel com frases dispostas de maneira vertical e prancha com símbolos gráficos para serem apontados com a mão. Dessa forma, houve uma facilitação do processo de comunicação. Conclusão: Observou-se que as estratégias utilizadas acompanharam a evolução do paciente, auxiliando a comunicação entre paciente, família e equipe, facilitando a abordagem de desejos e anseios, principalmente relacionados aos desconfortos físicos e despedidas. Dessa forma, a avaliação de habilidades comunicativas, o incentivo individualizado à utilização de comunicação verbal e não verbal e a utilização de dispositivos podem ser estratégias de comunicação utilizadas em cuidados paliativos, no intuito de garantir uma tomada de decisão compartilhada entre paciente, família e equipe envolvidos.

REFERÊNCIA

  1. World Health Organization Paliative Care 2002[cited 2017 apr 24]. Available from: http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/
      1. RESIDENTES DO RISO: UMA PROPOSTA DE (RE) CONSTRUÇÃO INTERDISCIPLINAR

Bianca Camargo165,, Marcia Gracioli166, Michele Zarantonelo167

O presente artigo se sustenta na discussão de práticas de humanização do atendimento tais como preconiza a atual Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS), onde se define que humanizar é construir relações que afirmem os valores que orientam nossa política pública de saúde¹. Visto que, o Sistema Único de Saúde tem como um dos princípios a integralidade do atendimento, atenta-se para a necessidade de intervenções e estratégias que modifiquem o modus operante do sistema voltado para o modelo biomédico. Entretanto, a quebra deste paradigma exige a formulação de práticas inovadoras, como a reinvenção do espaço hospitalar, tido como estritamente curativo, para um ambiente que perceba o sujeito como um ser biopsicossocial. Deste anseio por mudanças surge o projeto Residentes do Riso, que será desenvolvido no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), com o intuito de atuar para que os sujeitos que encontram-se em processo de adoecimento e em cuidados paliativos, bem como seus acompanhantes e a equipe que presta a assistência a estes, tenham um momento de interação e descontração propondo a construção de novos caminhos onde a doença deixa de ser o foco principal, abrindo assim, espaços para a expressão de novas formas de enfrentamento da realidade hospitalar. Dessa forma, destaca-se que para Funes² (2001) “o riso nos fornece uma libertação catártica, uma purificação de emoções e uma libertação da tensão emocional”. Para isso, acredita-se que a utilização de formas lúdicas de interação, como musicoterapia, contação de histórias, brincadeiras, jogos e demais atividades propiciam ao sujeito alívio do sofrimento e a ressignificação de suas angústias frente a doença e a proeminência da morte, uma vez que, conforme afirma Sisto³ (2001) contar histórias é sempre dialogar em várias direções: na da arte, na do outro, na nossa. Os objetivos podem mudar: recrear, informar, transformar, curar, apaziguar, integrar; mas nunca acabar com o prazer de escutar, participar e criar junto. Segundo a OMS4 (2002) os cuidados paliativos surgem neste contexto, como sendo uma alternativa de aprimoramento da qualidade de vida dos pacientes e familiares no enfrentamento dos diversos dilemas associados a terminalidade da vida, a partir de medidas de prevenção e alivio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e de outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual. Neste prisma, diante da perspectiva de finitude da vida emergem inúmeras situações ansiogênicas, tanto para a equipe quanto para o paciente e seus familiares, como o momento de “revelar o diagnóstico de uma doença grave, o envolvimento emocional com o paciente, o tipo de atenção disponibilizada ao doente com doença terminal e a necessidade de uma intervenção psicológica para o doente e a família” (SOUZA; BOEMER, 2005)5. A metodologia empregada será através de incursões mensais na Unidade Clínica Cirúrgica do HUSM nos períodos manhã e tarde, previamente comunicado a toda equipe assistencial. As atividades serão desenvolvidas por Residentes Multiprofissionais da linha de cuidado Crônico Degenerativo em Atenção e Gestão Hospitalar da Universidade Federal de Santa Maria. Salienta-se que a referida unidade engloba diversas especialidades, onde encontram-se também pacientes em cuidados paliativos. Com base no exposto o presente artigo contribui na disseminação de práticas voltadas para a humanização do atendimento, seja para pacientes crônicos e/ou em cuidados paliativos, e no entendimento que “o morrer não é apenas um fato biológico, mas um processo socialmente construído”6:24.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Ministério da saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização. Humaniza SUS. 1ª ed. 2ª reimpressão. Brasília – DF. 2015.
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  1. Menezes, Rachel Aisengart. Em Busca da Boa Morte: Antropologia dos cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004.

      1. VIVÊNCIA INTERDISCIPLINAR DA EQUIPE DE APOIO EM CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇÃO DOMICILIAR DO MUNICÍPIO DE PELOTAS-RS

Bárbara Pereira Terres168, Gabriela de Lemos Uliano169, Renato Lins Rodrigues170, Vicente Arenhart171

Introdução: Os cuidados paliativos foram definidos pela Organização Mundial de Saúde em 2002, como a abordagem que promove qualidade de vida aos pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, por meio de prevenção e alívio do sofrimento, incluindo problemas físicos, psicossociais e espirituais1. Por esta definição, a abordagem paliativista engloba doenças neoplásicas ou não, progressivas e incuráveis, que requerem atenção direcionada à individualidade e autonomia do paciente e de seus familiares2. A lei N°8.080/1990, que dispõe sobre os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, traz o conceito de integralidade de assistência como um conjunto articulado e contínuo de ações preventivas e curativas, individuais e coletivas, exigidas para cada caso em todos os níveis do sistema3. Cabe destacar que a integralidade é um tema desafiador na construção conceitual e prática. Para tanto, é necessário identificar-se menos com as tecnologias centradas em exames e medicamentos, como se elas fossem capazes de reestabelecer a saúde por si só, sem uma intervenção articulada e cuidadora, que foca ne mais com o processo de cuidado centrado nas pessoas4. A atenção domiciliar (AD) tem mostrado um caráter inovador por propor, na própria residência do paciente, a continuidade da assistência recebida em outras instituições, de forma integral e interdisciplinar2. A equipe de AD tem a missão de aproximar-se da família a fim de criar vínculo, visualizar o contexto do lar e convergir para uma clínica ampliada singular e integrada envolvendo não só paciente, mas também cuidadores e familiares5. Neste contexto, destacam-se dois programas de AD interdisciplinar no município de Pelotas: o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) voltado para pacientes oncológicos, e o Programa Melhor em Casa, ambos vinculados ao Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPEL), que representaram grande avanço no fortalecimento da AD no âmbito do SUS6,7. Objetivo: Relatar a experiência da interdisciplinaridade da equipe multiprofissional de apoio (EMAP) da AD do HE/UFPEL. Método: Trata-se de um relato de experiência, baseado na observação do cotidiano da equipe. O cenário que possibilitou este relato foi um hospital público em Pelotas, RS, Brasil, que possui uma equipe multiprofissional na AD, destacando-se na realidade nacional em Cuidados Paliativos. No contexto deste relato, realizaram atendimentos aos pacientes: dois fisioterapeutas, uma nutricionista e uma psicóloga. Os pacientes faziam parte dos programas Melhor em Casa e PIDI, e foram acompanhados desde 2016 pela mesma equipe. Estes pacientes eram encaminhados pelas equipes assistenciais e cada profissional da EMAP utilizou sua ficha individual de avaliação. Resultados: A EMAP da AD do HE/UFPEL, ao longo de sua prática cotidiana, vem construindo seu modelo de atuação interdisciplinar. Dentre as atividades coletivas desenvolvidas destacam-se acolhimento dos pacientes encaminhados e elaboração do trajeto das visitas domiciliares junto ao motorista, ora individuais ora em grupo, de acordo com as prioridades clínicas. Além disso, eram realizados periodicamente “rounds” clínicos com as equipes assistenciais onde foram discutidas as impressões de cada profissional e construídas as condutas interdisciplinares, tendo em vista a integralidade e autonomia do paciente e de sua família. A partir desses encontros e vivências foi possível compreender a influência da atuação profissional individual na conduta dos outros. Por exemplo, o quanto o estado nutricional limita a funcionalidade e o bem-estar do sujeito, o quanto a imobilidade influi no metabolismo nutricional, sobrecarga do cuidador e estados psíquicos do paciente, o quanto os transtornos mentais desencadeiam alterações nos comportamentos alimentares e são limitadores do autocuidado e funcionalidade. Nos pacientes em cuidados paliativos, percebemos isso de maneira ainda mais intensa. Ao envolver temas como a terminalidade, em que cada profissional precisa rever seus conceitos e se moldar a situação, a equipe não foca em reabilitação, mas sim em qualidade de vida, conforto e desejos do sujeito. A partir dessas influências recíprocas surgem novas percepções e atuações provenientes da intersubjetividade, tornando o cuidado integral. Conclusão: A atuação de diferentes profissionais em grupo possibilita, mas não garante, a busca pela complementaridade entre as ciências. A troca de informações entre a equipe demonstra que o intercâmbio existe de forma efetiva. Não há negação das especificidades ou crença em um saber genérico, mas sim a consciência de que, a despeito das diferenças entre os saberes, a construção coletiva de uma prática mais efetiva é possível. Este relato contribuiu para definições de condutas individuais, baseadas em avaliações clínicas compartilhadas, com vistas à integralidade do cuidado. Dessa forma, a atuação interdisciplinar coloca-se como potencializadora de uma compreensão ampliada, que em cuidados paliativos é indispensável, pois promove atendimento integral, humanizado, com qualidade de vida e conforto para os pacientes.

REFERÊNCIAS

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  1. Oliveira Neto AV, Dias MB. Atenção Domiciliar no Sistema Único de Saúde (SUS): o que representou o Programa Melhor em Casa?. Divulg saúde debate 2014; 51: 58-71.

      1. REDE DE APOIO SOCIAL DO CUIDADOR DE PACIENTES COM CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS

Maiara Simões Formentin172, Andriara Canêz Cardoso173, Mateus Menezes Ribeiro174, Jéssica Siqueira Perboni175, Franciele Roberta Cordeiro176, Stefanie Griebeler Oliveira177

Introdução: Os cuidados paliativos têm por objetivo o alívio do sofrimento dos pacientes e seus familiares que enfrentam doenças que ameaçam a vida, por meio da prevenção e alívio de sintomas psíquicos, sociais e/ou espirituais. Eles fornecem uma rede de apoio para que o paciente possa ter vida ativa até a morte e, também, dar apoio à família para que ela possa enfrentar o período da doença até o luto1. Realizar o cuidado no domicílio provoca mudanças no âmbito físico, psicológico e social do cuidador. Um dos aspectos mais afetados em decorrência dessa atividade é a rede de apoio social, devido à sobrecarga e falta de tempo para atividades no ambiente externo como lazer, relações sociais, trabalho, dentre outros2. As redes de apoio social podem ser caracterizadas por vizinhança, organizações religiosas, sistema de saúde e escola. Diante do exposto, evidencia-se a importância da rede de apoio social na vida do cuidador de pacientes com câncer em cuidados paliativos, já que ela contribui com a qualidade de vida do mesmo e das relações no processo de cuidar. Objetivo: Identificar a rede de apoio social de cuidadores de pacientes com câncer em cuidados paliativos. Método: trata-se de um relato de experiência sobre a rede de apoio de cuidadores identificada a partir do projeto de extensão Um olhar sobre o cuidador: quem cuida merece ser cuidado. Tal projeto foi realizado com 52 cuidadores que estavam vinculadas aos programas Melhor em Casa e Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), vinculados ao Hospital Escola / UFPel / EBSERH. O desenvolvimento das ações ocorreu entre junho de 2015 e dezembro de 2016. Como técnica de produção de dados utilizou-se os registros individuais realizados nas fichas cadastrais, ecomapas e relatos dos cuidadores armazenadas no banco de dados do projeto. Para esse relato foram incluídos 27 familiares que cuidavam de pessoas com diagnóstico de câncer e em cuidados paliativos. Os dados foram categorizados por aproximação temática. Resultados: A partir da análise dos dados emergiram cinco categorias de fontes de apoio destes cuidadores, agrupadas em ordem decrescente de vezes que foram citadas, são elas: familiares, religião, apoio social na comunidade, rede de apoio a saúde e lazer. A principal rede de apoio citada foi a família, entre as falas apareceram maridos, filhos, irmãos, sobrinhos, ex companheiros e o próprio paciente. Com o decorrer do tempo, observou-se a configuração de diferentes tipos de núcleos familiares. Esses núcleos são complexos, com múltiplas formas de apresentação e devem ser reconhecidos por sua pluralidade, apresentam um contínuo processo de transformação histórica, social e cultural4. Deve-se levar em consideração que a doença promove uma ruptura na estrutura familiar, que leva ao desequilíbrio, gerando conflitos, distanciamento e alteração na rotina da família. Quando esta recebe o apropriado suporte consegue dar prioridade e gerir os problemas do doente. A simples intervenção de reconhecimento e apoio reduz consideravelmente o stress do doente e família5. A religião foi o segundo grupo mais citado pelos cuidadores. A adesão a essa categoria pode estar relacionada com a finitude e os sentimentos que essa desperta no paciente e em sua família. Por, em alguns momentos, demonstrarem sensações de impotência e/ou culpa, alguns cuidadores buscam na religião consolo ou ajuda para enfrentar esse processo. Outra categoria enfatizada foi o apoio social na comunidade. Sobre esse aspecto foram citados os vizinhos, amigos e a própria comunidade. O cuidador da pessoa em cuidados paliativos tende a se afastar de compromissos sociais. Por isso, as relações com sua rede de apoio na comunidade mostram-se importantes, já que elas podem minimizar o isolamento e a sensação de abandono em que se encontram muitos dos familiares. Outra categoria que emergiu foi a rede de apoio a saúde, composta por: Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar, Unidade Básica de Saúde, Melhor em casa, hospital, Associação de Apoio a Pessoas com Câncer e profissionais de saúde. Essas redes de apoio a saúde são responsáveis pelos cuidados diretamente com o paciente em procedimentos técnicos, alívio da dor e relações entre paciente, além de favorecer o vínculo com os serviços de saúde. Também possuem um papel fundamental na capacitação do cuidador em relação ao cuidado com paciente. Finalmente, a categoria lazer foi caracterizado por: assistir televisão, ler, acessar as redes sociais e assistir filmes. Para os cuidadores, esses momentos são uma forma de fuga da realidade, nas quais eles podem se envolver em outras atividades que consideram prazerosas. Conclusão: Conclui-se que a identificação da rede de apoio social mostra-se relevante, pois possibilita o apoio e o suporte que auxiliam no alívio da sobrecarga daqueles que cuidam de pessoas com câncer em cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS

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  1. Gomes AMR. O cuidador e o doente em de fim de vida – família e/ou pessoa significativa. Enfer Global 2010; 18:1-9.

      1. MEDICINA PALIATIVA: A COMPREENSÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE ESPIRITUALIDADE NO CUIDADO INTEGRAL AOS PACIENTES ONCOLÓGICOS EM FINITUDE

Luiz Gustavo Teixeira Pinto178, Carolina Machado179, Julio Massuo Makimori180, Luana Carina Czapla181, Tamires Farina Menegat182, Luiza Soster Lizott183.

Introdução: No cuidado paliativo oncológico, os profissionais de saúde têm o desafio de encontrar significados e respostas aos questionamentos do processo de viver, adoecer, curar, morrer e de implementar medidas para promover a vida ou aliviar o sofrimento. O paciente oncológico convive com uma doença de repercussões múltiplas: físicas, psíquicas, sociais e espirituais. Em especial, nestes pacientes em finitude, o cuidado está voltado para a qualidade de vida, devendo-se voltar o cuidado para individualidade, singularidade, sentido da vida, crenças e valores culturais. Esse processo de finitude pode ser vivido de diversas maneiras de acordo com os significados atribuídos a este evento pelo paciente – que está inserido em uma sociedade, com seus próprios conceitos sobre a morte. Por isso não se deve conceber a morte como um fim, mas como um processo, pois considerando o paciente como um ser social e histórico, seu cuidado no fim de sua vida significa ouvi-lo, entender suas demandas e respeitá-las. Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde, cuidado paliativo é a abordagem que promove qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, através de prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento impecável da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. Dentro desta abordagem integral à finitude, a espiritualidade pode ser compreendida como aquilo que traz propósito à vida das pessoas. Uma propensão humana a buscar significado à existência por meios que transcendem o tangível, que pode ou não incluir uma participação religiosa. A percepção espiritual da realidade dá ao indivíduo uma dimensão mais ampla de significados para os eventos da vida diária e pode reorganizar subjetivamente suas experiências. Os pacientes têm suas próprias crenças e tradições que influenciam o modo como lidam com a doença, e quando hospitalizados em geral são isolados de suas comunidades espirituais/religiosas, sem o suporte e geralmente em situação desfavorável. Essa importante demanda deve ser reconhecida e de certa forma atendida pela equipe de saúde. A importância do reconhecimento da espiritualidade como estratégia de enfrentamento e identificação das necessidades espirituais do paciente faz com que o profissional de saúde possa planejar e fornecer uma assistência da forma mais integral possível. Tendo em vista a relevância do tema, esse trabalho teve a intenção de pesquisar a compreensão dos profissionais de saúde de um serviço oncológico hospitalar situado em Balneário Camboriú-SC sobre a espiritualidade e seu papel no cuidado integral aos pacientes oncológicos em finitude. Objetivo: Compreender a percepção dos profissionais de saúde sobre a espiritualidade no cuidado integral aos pacientes oncológicos em finitude, apresentar o modelo de cuidado em saúde e sua relação com espiritualidade. Método: O tipo de estudo realizado foi qualitativo, de natureza teórico-prática, exploratória com abordagem fenomenológica. O projeto foi submetido e aprovado no comitê de ética da UNIVALI. A coleta de dados se deu através de entrevista não-diretiva, buscando compreender o objeto da pesquisa: a compreensão da espiritualidade nas falas da equipe multiprofissional de um serviço de oncologia hospitalar. A população pesquisada foi composta por 9 profissionais da área de saúde composta por 3 médicos, 1 enfermeira, 1 psicóloga, 2 nutricionistas, 2 técnicos de enfermagem da equipe interdisciplinar do serviço de Oncologia de um hospital privado na cidade de Balneário Camboriú -SC. As perguntas realizadas no processo de entrevista foram as seguintes: “O que significa espiritualidade para Sr. (Sra.)?”; “Na sua percepção, a espiritualidade pode influenciar o processo saúde-doença nos pacientes oncológicos em finitude? Se sim, de que modo?”; “O Sr. (Sra.) tem como rotina abordar questões sobre a espiritualidade com os pacientes oncológicos em finitude? Se não, Por que não?” Resultados e conclusões: Os entrevistados acusaram que, o significado da espiritualidade no cuidado paliativo de pessoas com câncer relacionou-se ao sentido de vida de cada pessoa, seus significados e propósitos, além da percepção de uma energia motivadora transcendente. Quanto a influência da espiritualidade no processo saúde-doença, as falas foram mais concordantes, apesar de conceituarem diferentemente os princípios fundamentais de cuidado e espiritualidade. Os profissionais acreditaram com muita firmeza que a espiritualidade influencia o processo saúde-doença das pessoas em cuidados paliativos, especialmente quanto ao enfrentamento e resiliência. Portanto, por mais que haja dificuldades conceituais sobre o fenômeno da espiritualidade no processo de saúde-doença, não podemos negar que tal dimensão da pessoa precisa ser acessada e melhor compreendida para saber cuidar com maior humanidade.

      1. INTERVENÇÕES EM CUIDADOS PALIATIVOS: A INTERDISCIPLINARIEDADE NA PROMOÇÃO DE AUTONOMIA

Lenise Selbach184, Nathalie da Costa Nascimento185, Luisiana Fillipin Onófrio186, Patrícia da Silva Cecim187.

Introdução: O termo “cuidados paliativos” é utilizado para designar a ação de uma equipe multiprofissional a pacientes fora de possibilidades terapêuticas de curai. Para tal, requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. Quando se trata da atuação da psicologia percebe-se de modo geral que seu objetivo possibilitar que sujeito e família tenham um espaço de reflexão e elaboração das experiências de adoecimento, processo de morte e luto. A atuação do terapeuta ocupacional busca ampliar a autonomia e as possibilidades do fazer do paciente, proporcionando um cotidiano menos afetado, pois, a vida não pode perder seu sentido. As atividades utilizadas como recurso terapêutico são compreendidas como possibilitadoras de experiências de potência, ao permitir criar projetos e resgatar capacidades/habilidades remanescentes. Dessa forma, cuidar paliativamente exige sabedoria e sensibilidade e requer um tratamento abrangente e complexo com integração interdisciplinarii. Objetivo: contribuir para o desenvolvimento de práticas de saúde voltadas para o cuidado integral de cada sujeito fortalecendo a importância de propostas interdisciplinares. Método: Trata-se de um relato de experiência baseado nas primeiras atuações de uma psicóloga e uma terapeuta ocupacional do programa de residência multiprofissional desenvolvida em um hospital escola. O público-alvo das intervenções são pacientes oncológicos adultos sem possibilidade de tratamento curativo. Os pacientes são atendidos a partir de solicitação dos profissionais da equipe para avaliação de cada núcleo profissional, análise de prontuário e busca ativa. Por intermédio da escuta clínica, discussão do quadro clínico com membros da equipe e principalmente a partir da disponibilidade e do desejo do paciente de ser acompanhado é realizada uma avaliação do caso e propostas intervenções que são reavaliadas em todo o processo de atendimento. Resultados: O que se têm percebido nos casos atendidos até o presente momento é que os pacientes em cuidados paliativos apresentam limitações físicas no desenvolvimento de atividades; afastamento dos vínculos familiares pelo longo tempo de internação e limitações de visitas devido a infecções e intercorrências; perda funcional e desconhecimento acerca do prognóstico. Todas essas questões influenciam no estado emocional e enfrentamento da situação. A partir disso são desenvolvidas intervenções pela terapeuta ocupacional utilizando-se de recursos como: Comunicação Alternativa (CA), confecção de recordações para familiares, estimulação cognitiva, escuta das necessidades, manobras de posicionamento no leito, alternação de decúbito, orientações de conservação de energia e exercícios para Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia (NPIQ), buscando com essas ações a independência e a autonomia nas atividades de vida diária (AVDs) do sujeito e prevenção de deformidades e disfunções. Na proposta terapêutica sempre é considerada a condição clínica do paciente, de modo que as atividades não sejam iatrogênicas. Já a psicologia oferece um espaço de escuta, acolhimento, acompanhamento em determinados procedimentos fortalecendo um espaço de segurança e confiança. Construção conjunta com familiares sobre o manejo do paciente e situação, abordagens de assuntos e desejos do paciente de forma empática e respeitando a vontade cada sujeito em olhar para a situação. O fato é que todas estas práticas acontecem interrelacionadas contribuindo para a autonomia do paciente. Ainda se percebem muitas dificuldades relacionadas a falta da compreensão do papel do psicólogo e do terapeuta ocupacional no contexto hospitalar e do respeito ao olhar de cada um frente ao paciente. No entanto, é possível perceber avanços ao longo das intervenções pois estas favorecem que cada profissional construa o seu espaço e esclareça seu papel além de ressaltar a importância do trabalho multi e interdisciplinar. O vínculo com o paciente também é reforçado à medida que este percebe um espaço de escuta e valorização de suas possibilidades. Conclusões: Em meio a esse contexto inicial de descoberta, exploração, intervenções e reflexões em Cuidados Paliativos é possível perceber que a atuação interdisciplinar é fundamental a fim de promover qualidade de vida mesmo frente a iminência de morte. Para isso, pressupõe-se a presença de uma equipe que paute seu trabalho fundamentalmente na empatia e no respeito ao outro. Cabe ressaltar que trabalhar em equipe não se trata de dizer o que o outro tem que fazer ou fazer o que ele faz, mas sim refletir sobre de que forma o saber do outro pode ajudar a aprimorar o que cada um está fazendo. Além disso, com estas experiências iniciais cada vez mais percebe-se a importância de avaliar se as práticas propostas fazem sentido para que sejam provedoras de benefícios para o sujeito.

      1. ASSISTÊNCIA PRESTADA A UM PACIENTE FORA DA POSSIBILIDADE DE CURA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Silvia Francine Sartor188, Bruna Gil Vicente189, Luiza Rodrigues190, Janaina Baptista Machado191, Bruna Knob Pinto192, Stefanie Griebeler Oliveira193.

Introdução: o câncer de estômago é uma das neoplasias malignas mais comuns e configura como a segunda causa de morte a nível mundial. Além de apresentar uma alta taxa de mortalidade1, acarreta alterações na vida do paciente e da família. Desse modo, a assistência não se basta apenas com a prática tecnicista e curativa, deve-se incluir todo o cuidado que esteja disponível. Diante deste panorama, a enfermagem possui um importante papel no desenvolvimento da assistência, permitindo a realização de um cuidado integral e humano para atender as singularidades do adoecimento quando no ambiente hospitalar. Objetivo: descrever a assistência de enfermagem ofertada a um paciente com neoplasia gástrica fora da possibilidade de cura em uma unidade de clínica médica. Metodologia: relato de experiência oriundo de um estudo de caso de base qualitativa e exploratória. A coleta de dados foi realizada nos dias 30 de setembro e 7 de outubro, enquanto a construção textual ocorreu desde o primeiro contato até o mês de novembro de 2015. O estudo foi construído a partir da situação de um paciente internado no município de Pelotas. O estudo foi elaborado por três acadêmicas de enfermagem do quinto semestre da Universidade Federal de Pelotas, durante as atividades em campo prático do componente curricular Unidade do Cuidado de Enfermagem V – Adulto e Família. Primeiramente, foi feita a escolha do paciente, lhe foi solicitada autorização para acompanhá-lo e, a partir disso, foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em duas vias. A coleta de dados envolveu entrevista e exame físico detalhado, conforme instrumento guia padrão, além de informações do prontuário do paciente. Com isso, se preservou o anonimato, respeitando a Resolução 466/122 do Conselho Nacional de Saúde. Dessa forma, para identificar o paciente, foi utilizado o pseudônimo “Benjamin”. Resultados: Benjamin, 66 anos, sexo masculino, branco, luterano. Natural de Pelotas, residindo em área urbana, aposentado, casado há 45 anos, três filhos e cinco netos. Ex-tabagista e hipertenso. Sua história inicia em 2013, quando descobriu uma neoplasia gástrica, para qual foi realizada uma gastrectomia total e uma jejunostomia. Realiza quimioterapia de 15 em 15 dias. Por ser um paciente em estadiamento IV, decidiu-se abordar a terminalidade. Benjamin e sua família têm sido acompanhados pelo Programa de Internação Domiciliar (PIDI), vinculado ao Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. Durante as conversas, Benjamin relatou estar incomodado com o barulho, e dizia sentir um cheiro forte e incomodativo, fétido. Além disso, relatou querer um leito sozinho, do que pode ser inferido um desejo por se isolar e ter um momento para si e para os seus. Em vários momentos se emocionou, principalmente quando o diálogo era focado em sua família. Ainda, considerando que o câncer traz consigo transformações físicas, psíquicas e sociais na vida dos indivíduos acometidos, se torna de suma importância compreender também sua repercussão na vida familiar. O câncer é uma doença que possui muitos estigmas e traz consigo uma gama de sentimentos negativos em todos os estágios, seja no diagnóstico ou tratamento. Conclusão: tendo por base o que vimos na unidade de internação, os cuidados de alguns profissionais centram-se nos gestos técnicos. Não parece haver espaço para um momento de escuta terapêutica. O paciente não sente apenas dor física, necessita também de cuidados psicológicos e espirituais, assim como seus familiares. Além disso, acreditamos que, por se tratar de um paciente fora da possibilidade de cura, e que não estava exigindo muitos cuidados práticos, outros aspectos subjetivos poderiam ter sido abordados. Por intermédio de uma escuta terapêutica, os profissionais de saúde poderiam ter observado e escutado seu relato e de sua companheira, frente ao desconforto com o ambiente. Cabe ressaltar que em seu período de internação, dois quartos de isolamento da unidade estavam vagos. Contudo, não houve receptividade ou ação por parte da equipe, tanto médica quanto de enfermagem, para o encaminhar para um dos leitos, o que propiciaria maior conforto tanto ao paciente quanto a família. Nessa perspectiva, acredita-se ser imprescindível que a equipe de saúde, dentro das suas possibilidades, busque alternativas e desenvolva a escuta terapêutica como forma de qualificar e humanizar a assistência em saúde, em especial aos pacientes que passam pelo intenso processo da terminalidade. Diante disso, tem-se que o cuidado medicamentoso é fundamental, entretanto, há de se atentar também às outras necessidades humanas, que transcendem o físico.

REFERENCIAS

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      1. PRÁTICAS DE CUIDADO DE SI POR MEIO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS NOS PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Francielly Zilli194, Stefanie Griebeler Oliveira195.

Introdução: O diagnóstico e tratamento de uma doença que ameaça a vida limita não só o desempenho ocupacional das atividades da vida diária (AVD), mas também o desempenho dos

papeis ocupacionais. As possibilidades de expressão de vida durante o enfrentamento da

doença ocorrem através das intervenções terapêuticas ocupacionais que se estabelecem pelo

processo de tríade construído entre terapeuta – atividade – paciente. Dessa forma, os recursos

terapêuticos (atividades) são utilizadas como mediadoras para expressões de vida e de

reconhecimento de si durante um processo de adoecimento onde há o risco eminente de

morte1. Assim, perceber a utilização dos recursos terapêuticos como facilitadores das práticas

de cuidado de si vistas por Foucault2 como ações de si para consigo, formas de atenção/olhar

para si, e principalmente como ações que nos modificam e nos transformam, permite avivar a

importância da utilização dos recursos terapêuticos como formas de intervenções com

pacientes oncológicos. Objetivo: Despertar o olhar para a utilização dos recursos terapêuticos

como formas de cuidado de si nos pacientes em cuidados paliativos. Método: Trata-se de um

estudo de quatro casos clínicos apresentados como Girassol, Gérbera, Lótus e Pessegueiro,

realizado no período de outubro de 2015 a janeiro de 2016, sendo fruto do trabalho de

conclusão de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica realizado em um

Hospital Escola vinculado a uma Universidade Federal do Sul do Rio Grande do Sul. A

pesquisa seguiu os princípios da Resolução nº466/12, sendo submetida ao Comitê de Ética e

Pesquisa e aprovado através do processo nº104561/2015. Resultados: Inicialmente,

apresentamos os novos modos de vida experienciados por Girassol, homem, 40 anos, com

diagnóstico de câncer de testículo somado a metástase pulmonar, o qual busca através do

artesanato com materiais reciclados ressignificar a vida, sendo essa atividade um forte

potencializador do resgate ocupacional durante o período de hospitalização. Girassol tornou-se

mais ativo no processo de cuidado, o qual referia a atividade terapêutica como parte do seu

tratamento comparando-a aos aportes nutricionais, remédios e a quimioterapia, com a

diferença de que enquanto estes eram estabelecidos pela doença, a terapia ocupacional se

estabelecia pela necessidade de reconhecer a si mesmo. Gérbera, mulher, 34 anos, diagnosticada com câncer de mama, semanalmente realizava atendimento terapêutico ocupacional com o intuito de converter o olhar para si e reencontrar a Gérbera aprisionada pelo câncer. Após expressar o quanto sentia-se um passarinho preso na gaiola, ela chega para atendimento e encontra na porta da sala uma cortina de papel crepon a qual representava simbolicamente a porta da gaiola que a aprisionava. A festa que Gérbera encontrou ao entrar marcava uma nova forma de refletir sobre si mesma. Foi no setting terapêutico que ela experienciou o resgate da permissibilidade de converter o olhar para si e ressignificar o eu doente. Lótus, mulher, 60 anos, enfrentando o diagnóstico de câncer de reto passa a usar duas bolsas de colostomia, apresentando dificuldades para compreender a modificação corporal: aos poucos, ela foi se afastando, passando a dormir na maior parte do tempo. Objetivando o cuidado de si, foi proposto a confecção de uma bolsa de tecido que possibilitasse a reflexão sobre a vida com a bolsa de colostomia. Esta proposta foi recusada, levando assim a terapeuta a confeccionar o “saquinho de sentimentos bons”, o qual oportunizou Lótus associar, através de um novo modo de encarar as coisas, a colostomia ao seu bem estar. Com isso, a paciente, na relação com o outro (o TO) e na representatividade simbólica, modificou-se por meio de reflexões, escutas, diálogos, explorando novas possibilidades de cuidado de si, bem como se reorganizando pela nova configuração do corpo. Por fim, Pessegueiro, homem, 37 anos, diagnosticado com leucemia mieloide Aguda tipo I, encontrava no setting terapêutico, espaço para planejar as partidas futuras da vida. Dessa forma, para ganhar na disputa do jogo, Pessegueiro precisava mudar suas estratégias a cada rodada, da mesma forma, para ganhar das limitações experienciadas pela doença, foi preciso ele mudar as estratégias de perceber a vida. Nessa relação, era possível, através do processo transferencial, identificar “o coringa que tem ajudado na partida da vida”, à ocupação terapêutica, a qual proporcionou através do jogo com cartas alterar as formas de olhar para si, proporcionando assumir e modificar novas práticas de cuidado e de enfrentar o adoecimento. Conclusões: Olhar os recursos terapêuticos como práticas de cuidado de si fortalece a assistência integral e reforça a potencialidade das intervenções terapêuticas ocupacionais com pacientes com doenças que ameaçam a vida.

REFERÊNCIAS

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  1. Foucault, M. A hermenêutica do sujeito. 3º ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

      1. ENFRENTAMENTO DA MORTE INEVITÁVEL DE UM PREMATURO EXTREMO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Aline Nogario196, Edison Barlem197, Francielle Sena198, Jéssica Fagundes199, Kendra Castanha200.

Introdução: A unidade de terapia intensiva neonatal é destinada ao atendimento específico ao recém-nascido (RN) prematuro ou a termo que apresenta alguma comorbidade ao nascer e que necessita de cuidados especiais, como a monitorização contínua até o restabelecimento completo de sua saúde(1).Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prematuridade pode ser classificada de acordo com a idade gestacional, sendo ela moderada para os recém-nascidos entre 32 e 36 semanas de gestação; acentuada para os nascidos entre 38 e 31 semanas de gestação e prematuros extremos para aqueles bebês que nasceram com menos de 28 semanas de idade gestacional, os quais na grande maioria apresentam um maior risco de morte devido o contexto de suas condições fisiológicas(2). Diante disso, os cuidados paliativos podem ser utilizados para definir a ação da equipe de saúde multiprofissional e orientar as condutas dispensadas aos pacientes sem possibilidade de cura, em situação de morte iminente(3).Estes cuidados foram definidos em 1990 pela OMS e redefinidos em 2002, como uma abordagem necessária para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e familiares em situação de enfrentamento de doenças terminais, através da prevenção e alívio do sofrimento com a identificação, avaliação e tratamento adequado da dor e outros agravos, sejam eles físicos, espirituais ou psicossociais.(4) Objetivo: Refletir sobre o enfrentamento da morte inevitável de um prematuro extremo em uma unidade de tratamento intensivo neonatal. Método: Trata-se de um relato de experiência de uma enfermeira que atua como técnica em enfermagem em uma unidade de terapia intensiva neonatal de um Hospital Universitário no extremo sul do Brasil. No início do ano de 2017 recebemos a internação de gemelares de 22 semanas. O primeiro RN teve seu nascimento na rua devido à situação de vulnerabilidade de sua mãe, a qual era usuária pesada de crack e sob os efeitos da droga não conseguiu identificar o início do trabalho de parto e procurar um serviço de saúde. Esse RN pesou aproximadamente 670g e, ocasionado por sua condição extrema de prematuridade, não conseguia manter uma temperatura corporal acima de 32,2°C. Mesmo após inúmeras manobras, como a colocação de algodão ortopédico sob seu corpo e nas extremidades, troca de incubadora para uma com melhor sistema de aquecimento e colocação de plástico filme sobre o bebê, sua temperatura não excedeu 34,4°C ao fim do plantão. Infelizmente, mesmo com todo suporte prestado pela equipe, devido às condições inviáveis de manutenção de vida o recém-nascido foi a óbito. Essa perda gerou uma grande sensação de incapacidade e fracasso na profissional responsável pelo cuidado direto, gerando dúvidas quanto as reais necessidades de suas condutas ao auxiliar na coleta de sangue e punção para verificar glicemia, exemplos de procedimentos dolorosos e não eficazes na manutenção da vida, além do questionamento do que poderia ter sido feito para amenizar o sofrimento do bebê. Resultados: Atualmente, os recursos utilizados em unidades de terapia intensiva, principalmente nas neonatais, estão disponíveis como formas de intensificar o processo de cuidado, o que muitas vezes amplia o processo de morrer e consequentemente levam a um maior sofrimento para pacientes, familiares e profissionais diretamente responsáveis pelos cuidados. A escassa discussão a respeito da morte digna traz aos profissionais a sensação de que a morte é evitável e, consequentemente, a obrigação em prolongar a vida mesmo diante da inviabilidade, como forma de afirmar sua capacidade(5). Os profissionais da enfermagem, apesar de suas vivências cotidianas, não estão preparados para lidar com a morte, pois surgem sentimentos de culpa, fracasso e questionamentos quanto as suas condutas, o que representa claramente a dificuldade em compreender a transição entre a vida e morte(6-7). Todo esse processo poderia ocorrer de melhor forma se houvesse a implementação de uma linha de cuidados paliativos, com preparo da equipe e discussões no grande grupo multiprofissional quanto às condutas que são necessariamente adequadas a cada bebê individualmente. Conclusão: A partir da discussão e entendimento das condições de manutenção de vida de um RN prematuro extremo, percebe-se que existe uma grande necessidade de discussão entre os profissionais quanto às condutas da equipe no desenvolvimento do cuidado, pois trata-se de um tema pouco explorado desde a graduação, o que influi negativamente no enfrentamento destas situações. Grande parte dos profissionais passam por um processo doloroso de perda, pois atribuem a morte como consequência do seu fracasso profissional. Para tanto, conclui-se que é necessário abordar e discutir de forma mais ampla a magnitude dos cuidados paliativos, de forma que o cuidado se torne mais qualificado e seja voltado às necessidades dos bebês de forma a não os submeter as condutas terapêuticas dolorosas e desnecessárias em situação de morte iminente.

REFERÊNCIAS

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      1. PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR COMO DISPOSITIVO POTENCIAL NOS CUIDADOS PALIATIVOS

Lorrane Nogueira de Carvalho201, Cintia Camila Santos de Souza Costa202, Munique Pimentel Gomes203, Bárbara da Silva Gama204, Bianca Contreira de Jung205.

Introdução: Um dos princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS) é a integralidade da assistência, que significa atender as necessidades do usuário e da população através de serviços e cuidados específicos, devendo incluir, também, o cuidado paliativo (CP)1. Nesse sentindo, destaca-se que a abordagem do CP na Atenção Primária Saúde (APS) é imprescindível, visto que, é a equipe da APS a responsável pelo apoio ao usuário e à família, garantindo o controle de sintomas indesejados e promovendo a dignidade no processo de morte do usuário2. Acredita-se que o CP, quando é desenvolvido na Atenção Domiciliar (AD), pode superar o modelo técnico-assistencial em saúde e promover, com efetividade e eficácia, a integralidade da assistência. Destaca-se que a AD é um dispositivo que apresenta como um dos seus objetivos o fortalecimento da autonomia do usuário3. Outro instrumento capaz de garantir essa integralidade, é o Projeto Terapêutico Singular (PTS) que constitui-se como uma ferramenta essencial de cuidado, o qual também, é um dispositivo que promove a apropriação do usuário no seu processo de cuidado, tornando-o um agente ativo das suas necessidades em saúde4. O PTS ocorre em quatro etapas: 1a) O diagnóstico, que trata-se de uma avaliação biopsicosocioespiritual do usuário, captando a sua singularidade; 2a) A definição de metas, que são propostas terapêuticas do profissional de maior vínculo com o usuário; 3a) A divisão de responsabilidades das tarefas individuais e; 4a) É a reavaliação do PTS com o intuito de verificar a eficácia das metas propostas5. A partir do que foi exposto, este trabalho justifica-se pela necessidade em refletir sobre a importância do PTS no CP, desenvolvido na AD da APS, como um potencializador da assistência ao usuário. Objetivo: Refletir como o PTS pode potencializar a assistência ao usuário em CP desenvolvido na AD da APS. Metodologia: Trata-se de um levantamento bibliográfico desenvolvido a partir da questão norteadora: como o PTS pode constituir-se em um dispositivo que potencializa a integralidade da assistência à saúde do usuário em cuidados paliativos na AD da APS. Inicialmente realizou-se a busca de artigos científicos na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde: saúde pública Brasil, no mês Abril de 2017. Foram utilizados os descritores “cuidados paliativos” e “atenção primária à saúde” e, como critérios de inclusão, ser artigo, estar disponível em texto completo e no idioma português. Ao final da busca foram encontrados 14 artigos e, após a leitura criteriosa dos mesmos, percebeu-se que apenas um artigo abordava o tema em questão. Em consequência da pouca produção científica acerca da temática, este estudo foi construído com base na leitura crítica de manuais do Ministério da Saúde (MS) e do único artigo científico selecionado. Resultados: O PTS é um plano terapêutico desenvolvido para atender a singularidade do usuário e resulta da discussão coletiva de uma equipe multidisciplinar, visando atender todas as necessidades do mesmo6. Este plano geralmente é utilizado em situações mais complexas, havendo a necessidade de uma equipe integrada para valorizar aspectos que vão além do diagnóstico médico5. O profissional da saúde ao exercer o CP ao usuário na AD deve levar em consideração a sua cultura e suas crenças, informando o que o usuário deseja saber, atentando para o controle dos sintomas da doença, em especial a dor, e permitindo que o mesmo expresse seus sentimentos para o alivio do sofrimento e o planejamento de sua morte2. Quando este profissional atua conscientemente e desconsiderando os seus dilemas éticos, ele é capaz de desenvolver o PTS como um dispositivo técnico na produção da saúde, que promove o planejamento, a avaliação e o aprimoramento da assistência ao usuário6. Contudo, o artigo selecionado destacou que o PTS somente era utilizado nos casos mais complexos e de forma não padronizada pela equipe da Estratégia Saúde da Família durante a assistência no CP6. Destaca-se que o PTS pode ser um dispositivo potencializador da assistência na AD ao usuário em CP, através do cuidado direcionado às necessidades individuais do usuário, sem considerar, apenas, o seu diagnóstico médico. Conclusão: A partir deste trabalho foi possível refletir que o PTS pode potencializar a assistência ao usuário em CP na APS, através da equipe multidisciplinar como integradora do cuidado, com vistas a tratar o usuário em sua singularidade, diminuindo sintomas desconfortáveis e suas angústias no planejamento final da sua vida. Tendo em vista a importância do PTS, sugere-se que novos estudos sejam realizados acerca da temática focados aos cuidados paliativos na APS e que a sua utilização se torne padronizada.

REFERÊNCIAS

    1. Lei nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, 19 Set 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.html.

    2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação-Geral de Atenção Domiciliar. Caderno de Atenção Domiciliar. Vol.2 Brasília: Ministério da Saúde; 2012.

    3. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 963, de 27 de maio de 2013. Redefine a Atenção Domiciliar no Âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

    4. Merhy EE. Apostando em projetos terapêuticos cuidadores: desafios para a mudança da escola médica ou utilizando-se da produção dos projetos terapêuticos em saúde como dispositivo de transformação das práticas de ensino-aprendizagem que definem os perfis profissionais dos médicos. Campinas; 2013.

    5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Clínica ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico singular. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.

    6. Combinato DS, Martins STF. (Em defesa dos) Cuidados Paliativos na Atenção Primária à saúde. O Mundo da Saúde, São Paulo. 2012;36(3):433-441.

      1. A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA EM ENFERMGEM A PACIENTE MASTECTOMIZADA ACOMETIDA POR METÁSTASE ÓSSEA

Fabrício Diel206, Amanda Do Val207, Lavinia Alves208, Sabrina Farias209, Vitória Souza210, Ana Paula Escobal211.

Introdução: Mulheres acometidas por câncer de mama vivenciam momentos de dor física e psicológica durante a doença e isto influencia em todo o processo da doença, desde a aceitação até o final do tratamento longo e agressivo. Em alguns casos tendo que lidar não apenas com diferentes aspectos de sua vida social e afetiva, mas também com a aceitação de um corpo marcado e o convívio com esta nova imagem.¹ Frente a isso o processo de enfermagem é entendido como uma ferramenta metodológica que orienta o cuidado do profissional de enfermagem e a documentação prática.² Ainda a literatura aponta que 45% das pacientes que são diagnosticadas com a patologia, carregam evidencia de metástase óssea para regiões próximas ou distantes. Com dados mais precisos as áreas afastadas mais afetadas são ossos 71%, pulmões 69%, fígado 65%, pleura 51%, supra-renais 49%, pele 30% e cérebro 20%.³ Frente a isso a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem possibilita cuidados individualizados, ancorados nas particularidades dos pacientes oncológicos e também proporciona avanços na qualidade da assistência. Além dos benefícios para os pacientes, também são observados com a implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem, benefícios em relação a instituição e os profissionais da equipe multidisciplinar.4 Objetivo: Implementar a Sistematização de Assistência em Enfermagem a paciente acometida por câncer de mama com metástase óssea. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo estudo de caso. O estudo de caso visa à investigação de um evento contemporâneo em seu contexto no mundo real, mesmo quando o evento não está claramente relacionado ao contexto.5 O estudo foi realizado por acadêmicos de enfermagem na Universidade Federal de Pelotas, na unidade Rede de Urgência e Emergência I do Hospital Escola, situado na cidade de Pelotas-RS. A Paciente designada para a pesquisa é a V. L. P, 54 anos, casada, natural de Pinheiro Machado-RS, aposentada, com diagnóstico de câncer de mama com metástase óssea. A coleta dos dados foi realizada em outubro de 2016, por meio da anamnese, exame físico céfalo-caudal e utilização de métodos para identificação de informações importantes para desenvolver um plano de cuidado, incluído diagnóstico de enfermagem e prescrição de cuidados. A pesquisa envolve o sigilo e a privacidade das informações da paciente, sendo assim foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. De acordo com a resolução 466/20126, o sigilo e o anonimato da paciente serão preservados de acordo com os preceitos éticos. Resultados: Após a realização da anamnese e do exame físico foram elencados dois Diagnósticos Reais de Enfermagem de acordo com o North American Nursing Diagnosis Association (NANDA)7 e posteriormente os cuidados relacionados à paciente V. R. P. Deambulação prejudicada (00088) relacionado a dor evidenciado por capacidade prejudicada para percorrer as distancias necessárias. Os cuidados elencados foram: revisar prontuário em relação a ordem de atividades; usar mecânica corporal durante movimentos; usar cadeiras de rodas para auxiliar a paciente, pois a mesma esta impossibilitada de deambular, frente as lesões ósseas conseguem deambular. Dor crônica (00133) relacionado a infiltração de tumor evidenciado por alteração da capacidade de continuar atividades prévias, expressão facial de dor e mudanças no padrão de sono. Os cuidados elencados foram: monitorar o efeito terapêutico do medicamento; analisar o tipo e a fonte da dor ao selecionar uma estratégia para seu alívio; promover o repouso adequado para facilitar o alívio da dor. Considerações Finais: Esse estudo nos proporcionou contato e o estabelecimento de vínculo com a paciente, sua família e com a unidade Rede de Urgência e Emergência I, procurando sempre auxiliar a paciente conforme o nosso aprendizado e ao que estava ao nosso alcance e da nossa facilitadora. Durante as pesquisas realizadas sobre as patologias, conseguimos aprimorar o conhecimento, permitindo realizar o cuidado e ainda dentro desse desempenho nos integramos com a Unidade, visto que a maioria dos pacientes ali encontrados apresentam patologias específicas semelhantes. Interessante foi nos comprometer com um único paciente e estudar e analisar suas necessidades como um todo, buscando sua melhoria de qualidade de vida em todos os aspectos que estavam em nosso alcance.

REFERÊNCIAS

  1. Vieira CP, Lopes MHBM, Shimo AKK. Sentimentos e experiências na vida das mulheres com câncer de mama. Rev esc enferm USP. 2007; 41 (2): 311-316.
  1. Barros ALBL, Sanchez CG, Lopes JL, et al. Processo de enfermagem: guia para a

prática / Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. In: Lopes MHBM.

Prontuario eletrônico do paciente. São Paulo: COREN-SP; 2015. p. 110-113.

  1. Smeltzer SC, Bare BG. Cancer ósseo metatastico. In: Smeltzer SC, Bare BG. Brunner&Suddarth Tratado de enfermagem Médicocirurgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2015. p. 1626-1629.

  1. Trupper TC, Meier MJ, Calixto RC, et al. Sistematização da Assistência de Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. Rev bras enferm. 2009; 62 (2): 221-227.

  1. Yin RK. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman; 2015.
  1. Flick U. Introdução a pesquisa qualitativa. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2009.
  1. Nanda Internacional. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e

Classificação 2012-2014. Porto Alegre: Artmed; 2013.

      1. O PAPEL DA ODONTOLOGIA NO CUIDADO PALIATIVO

Indyara Cerutti212, José Ricardo Sousa Costa213, Kaio Heide Sampaio Nobrega214, Monique Zanella215, Raquel Soncini de Morais216.

Introdução: Cuidados Paliativos se propõem a melhora da qualidade de vida de pacientes

e familiares que estão enfrentando doenças com risco de vida. Dessa forma, uma equipe

multiprofissional é de fundamental importância para que, através do conhecimento

integrado obtenham meios de proporcionar alívio da dor total; sendo essa física,

psicológica, social e espiritual. Objetivo: o presente trabalho ilustra o papel do Cirurgião-

Dentista no diagnóstico, suporte e tratamento de alterações em cavidade bucal que podem

repercutir na qualidade de vida dos pacientes sob cuidado paliativo. Método: relatar, de

forma narrativa, o histórico de práticas sistematizadas, de profissionais, alunos de

graduação e pós-graduação do serviço de Odontologia Hospitalar do Hospital Escola

UFPel/EBSERH com ações em ambiente hospitalar e domiciliar no período de 2010 a

2017. Uma série de alterações bucais faz parte das rotinas odontológicas dentre as quais

cabe citar: higiene bucal deficiente, xerostomia, mucosite, candidíase, cárie dentária,

doenças periodontais e distúrbio do paladar. Bem como, variado universo de fatores de

gestão hospitalar e do núcleo familiar se fazem presentes para a adequação da atenção em

saúde bucal pelos atores da odontologia. Resultados: Ao longo do período foi possível

verificar sensível mudança nas condutas profissionais das demais áreas da saúde com a

inclusão da odontologia no espectro de referências para o atendimento dos pacientes.

Reduzindo sobremaneira os riscos de comorbidades bucais e de agravos de saúde deste

seleto grupo de pacientes. Conclusão: Reduzir ou eliminar alterações bucais no cuidado

paliativo proporciona ao paciente menor sofrimento com disponibilidade de tempo e

atenção no convívio com seus familiares e amigos, atitudes de relevância nesta etapa do

cuidado.

REFERÊNCIAS

  1. Wiseman M. The Treatment of oral problems in the Palliative Patient. Journal of Canadian dental association. 2006;72(5) pg453-57
  2. Mulk BS, Chintamaneni RL, Prabhat MPV, Gummadapu S, Salvadhi SS. Palliative Dental Care – A Boon for Debilitating. Journal of Clinical and Diagnostic Research, 2014; Vol-8(6) pg1–6
  1. WHO. Control del cáncer. Aplicación de los conocimientos. Guía de la OMS para desarrollar programas eficaces. Cuidados Paliativos. 2007.
      1. IDENTIFICAÇÃO DE PRÁTICAS E ORIENTAÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE AO CUIDADOR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS

Francielly Zilli217, Claúdia Pires Munhos Morales218, Bruna Ferreira Ribeiro219, Adrize Rutz Porto220, Stefanie Griebeler de Oliveira221, Michele Rodrigues Fonseca222.

Introdução: Sabe-se que houve um aumento significativo da expectativa de vida da população, sem necessariamente representar a garantia de qualidade de vida1. Por isso, o serviço de Atenção Domiciliar veio com vistas a dar continuidade ou complementar o atendimento prestado no âmbito domiciliar2. Nesse contexto, o cuidador responsável por prestar o cuidado ao paciente oncológico, também precisa de atenção integral, buscando compreender se esse entende o que abrange seu papel e quais as orientações sobre o cuidar que recebeu, visto que o adoecimento do seu familiar traz um enorme conflito juntamente com medo do enfrentamento perante às doenças crônico-degenerativas3. Assim, o cuidador familiar além de se sentir despreparado tecnicamente, senti–se envolto por inúmeros sentimentos, desde tristeza, raiva, culpa, solidão, depressão e medo4. O papel do cuidador familiar se amplifica não somente no cuidado técnico, mas sim no envolvimento total das emoções, perdendo em muitos casos sua própria identidade em prol do paciente5. A necessidade de uma educação com abordagem multiprofissional e interdisciplinar englobando o paciente como um todo, faz-se necessária para que seja conduzido o desfecho saúde e doença sem que haja um sofrimento e sobrecarga maior para o paciente e cuidador familiar e a família em geral6. Objetivo: Identificar quais as orientações e preparo técnico recebido pelos cuidadores familiares para as ações de cuidar de pacientes em cuidados paliativos. Método: Este trabalho é parte da pesquisa qualitativa intitulada “Modos de ser cuidador familiar em atenção domiciliar: práticas que falam de si”, vinculada a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Os participantes foram 26 cuidadores familiares dos programas de atenção domiciliar à saúde, da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul/Brasil. O recorte tratou das práticas e orientações recebidas pelos cuidadores familiares por meio dos profissionais de saúde. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFPEL, sob o número: 866.884. Resultados: O cuidador quando se descobre em tal função, sente-se na maioria das vezes incapaz de desenvolver ações técnicas de cuidado, uma vez que essas são condicionadas apenas aos profissionais de saúde, contudo na atenção domiciliar faz-se necessário ao cuidador ter domínio de cuidados técnicos a fim de cuidar ao paciente. Dessa forma, os entrevistados relataram reação de choque, desespero, pavor, choro e de não gostar de desempenhar os cuidados técnicos. Procedeu-se o estudo com doze cuidadores selecionados e apenas um verbalizou ter se sentido tranquilo. Também nunca imaginaram que precisariam desenvolver tal papel, bem como não ter coragem e capacidade, uma vez que ser cuidador não foi uma escolha. Entretanto, referiram que com o tempo foram adquirindo segurança no cuidar. A origem da capacitação para os cuidados técnicos geralmente ocorre ainda durante a internação hospitalar, onde os cuidadores acabam aprendendo por observação da equipe ou mesmo por instrução direta da mesma. A equipe de atenção domiciliar também é citada como fonte de capacitação, geralmente relacionada à continuidade e aprendizagem no decorrer do cuidado. O preparo técnico como: administração de medicamentos e manejo da dor, realização e troca de curativos, higienização adequada do paciente, nutrição equilibrada de acordo com as necessidades corporais, mudança de decúbito proporcionando conforto ao paciente e atenção as eliminações fisiológicas. Este preparo dos cuidadores familiares é citado em doze entrevistas, como relacionado ao acolhimento prestado pela equipe domiciliar, a qual orienta sobre os cuidados que devem ser prestados aos pacientes oncológicos e tranquiliza os cuidadores, os quais também acabam sentindo-se descansados pela presença da equipe. Dessa forma, percebem-se capacitados e assegurados emocionalmente para desempenhar o cuidado. Ainda, foi verificado que mesmo após vencer o medo, alguns cuidadores demonstraram receio em desenvolver cuidados técnicos, justificando que esses também são doloridos para quem cuida, mas continuam com a atividade, pois se faz necessário. Em contrapartida, outros cuidadores referem segurança em desenvolver essas atividades. Conclusões: A demasiada preocupação com os aspectos técnicos do cuidador familiar ao assumir o cuidado pode subtrair a atenção às demais dimensões que permeiam cuidar do outro, como os aspectos emocionais, sentimentos de sobrecarga, disponibilidade de tempo, etc. Entende-se que identificar as práticas e orientações dos profissionais de saúde aos cuidadores de pacientes oncológicos é fundamental para que o cuidado seja realizado de forma apropriada e efetiva, garantindo a qualidade de vida ao cuidador e paciente.

REFERÊNCIAS

  1. Guimarães, CA. Lipp, ME. Um olhar sobre o cuidador de pacientes oncológicos

recebendo cuidados paliativos. 2011; Psic Ter Prática, 11(2): 50-62. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Atenção Domiciliar no Sistema Único de Saúde: Melhor em casa – A segurança do hospital no conforto do seu lar. 2013. 22.

  1. Mutro, MEG. Vivência do cuidador familiar de paciente com câncer [Dissertação]. Botucatu: Universidade Estadual Paulista – UNESP; 2012.
  1. Botucatu, 2012. 110 p. Dissertação (Dissertação apresentada à Universidade Estadual Paulista – UNESP para obtenção do título de mestre no programa de Pós Graduação Enfermagem Profissional).

  1. Rafacho M. Oliver CF. A atenção aos cuidadores informais/familiares e a estratégia de saúde da família: Contribuições de uma revisão bibliográfica. 2010; Rev Ter Ocup USP, 21(1): 41-50.

  1. Meneguin S. Ribeiro R. Dificuldades de cuidadores de pacientes em Cuidados Paliativos na estratégia de saúde da família. 2016; Text Cont Enfer, 25(1): 336-414.
  1. Ricaldoni CAC. Sena RR. Educação permanente: uma ferramenta para pensar e agir no trabalho de enfermagem. 2006; Rev Lat – am Enfer. 14 (6).

      1. CONSULTA DE ENFERMAGEM ONCOLÓGICA: QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA E ACOLHIMENTO AO PACIENTE

Daniela da Silva Corrêa da Silva de Farias223, Karine Mendonça Rodrigues224.

Introdução: A consulta de enfermagem (CE) é uma atividade específica do enfermeiro, conforme decreto de Lei n.º 94406 de junho de 1987¹, sendo utilizada para promover a saúde e qualidade de vida do indivíduo. Na consulta de enfermagem realizada na unidade oncológica, também é momento para acolher o paciente prepara-lo para o tratamento e criar vínculo com o mesmo. O enfermeiro, enquanto profissional com habilidades de comunicação e avaliação sistemática dos sinais e sintomas, é essencial no suporte a equipe e ao paciente/família/cuidador, fazendo o gerenciamento e coordenação das metas assistenciais propostas no acordo terapêutico². Através da relação de proximidade terapêutica e afetiva que estabelece com paciente e família/cuidador, as ações educativas tornam-se mais assertivas. Isso reforça a necessidade de uma consulta de enfermagem pensada para o paciente que, em cuidados paliativos, tem necessidades únicas, tendo em vista seu momento de fragilidade e diversos enfrentamentos. Objetivo: A partir dos relatos, percepção do paciente e escuta acolhedora durante a consulta de enfermagem, pretende-se relatar como a prática da consulta pode aprimorar o cuidado e melhor contemplar as necessidades do paciente em cuidados paliativos. Método: relato de experiência acerca da consulta de enfermagem realizada numa clínica oncológica num município do Vale do Paranhana, como meio de qualificar a assistência de enfermagem prestada. Resultados: Viu-se que é comum os pacientes chegarem para consulta de enfermagem sem saberem que estão em cuidados paliativos. Muitas vezes, eles mal sabem exatamente como será o tratamento, assim como a família/cuidadores. Isso torna-se evidente quando os sintomas começam a aparecer de maneira mais expressiva e paciente e familiares tentam incessantemente abordagens curativas, cobrando da equipe multiprofissional, soluções para sentimentos como angústia e demais ligados ao enlutamento³.Com a escuta qualificada e acolhimento durante consulta de enfermagem é possível promover a saúde e auxiliar na qualidade de vida do paciente oncológico. Essa prática ao ser realizada na clínica oncológica para pacientes em tratamento quimioterápico empodera o conhecimento e autonomia do enfermeiro como agente promotor de saúde, bem como promove a melhora saúde e qualidade de vida do paciente. Conclusões: A consulta de enfermagem prepara o paciente para o tratamento oncológico, diminuindo sintomas como ansiedade e medo e esclarece dúvidas do paciente e familiares/cuidadores, levando-os à uma melhor condição para promoção de saúde e qualidade de vida. O acolhimento e esclarecimento dessas questões desde o início deixariam paciente e família mais tranquilos e preparados quanto a realidade do cuidado paliativo. Além disso, dá ao enfermeiro a possibilidade de conhecer o indivíduo do qual irá cuidar, não somente pela sua doença, mas como alguém que precisa ser integralmente entendido e cuidado, humanizando cada vez mais a assistência prestada.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 26 jun. 1986. Seção 1, p.1. fls 9.273/9275 10. Brasil.

  1. Brasil. Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 09 jun. 1987. Seção 1, fls 8853/8855

  1. Firmino, Flávia. O papel do enfermeiro na equipe. Manual de Cuidados Paliativos – ANCP, 2009, páginas 335-336.
      1. ESPIRITUALIDADE E SAÚDE EM CUIDADOS PALIATIVOS: UMA EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA COM PACIENTES ONCOLÓGICOS

Karine Mendonça Rodrigues225

Introdução: Ao lidarmos com seres humanos, independente de suas condições de saúde, sabemos que é indispensável ter clara a noção de integralidade e complexidade do ser. Quando ficamos diante do ser humano fragilizado, necessitando de assistência de saúde, como pacientes em cuidados paliativos, muitas questões vêm à tona e nos exigem reflexões sobre bem-estar, entendimento de saúde e suas muitas dimensões, como espiritualidade. O profissional da saúde pode encontrar alguns desafios diante do cuidado com esses pacientes, afinal há constantemente enfrentamentos psíquicos, emocionais, sociais, físicos e espirituais que começam a compor a realidade desses indivíduos. Assim, precisa-se considerar que o tratamento e condução terapêutica pode ir além do que prevê o sistema biomédico, ou seja, os pacientes podem acrescentar técnicas ou condutas complementares para atingir a eficácia que acreditam (1). Cabe esclarecer que cuidados paliativos são definidos como cuidados voltados para indivíduos cujas doenças não respondem mais a tratamentos curativos e, por essa razão, tem-se por meta proporcionar melhora da qualidade de vida por meio do alívio da dor e de problemas biopsicossociais e espirituais(2). Durante a assistência de saúde em cuidados paliativos é comum que o paciente busque apoio para si e sua família vinculado à espiritualidade e religiosidade. São inúmeras as necessidades a serem atendidas no decorrer do tratamento, porém a espiritualidade é considerada a mais urgente para pacientes com doenças potencialmente fatais, devido à fragilidade que apresentam diante da proximidade da morte e do medo do desconhecido(3). Para muitos pacientes a eficácia do tratamento está para além do sucesso da terapêutica biomédica, pois questões como fé, resiliência e espiritualidade são muito relevantes para que sintam bem-estar e melhoria na qualidade de vida. Esses aspectos que influenciam a melhora do paciente estão vinculado ao conceito de antropológico de eficácia simbólica, onde todo resultado ou modificação no estado original de algo é considerado um resultado eficaz dado a subjetividade de alguns aspectos(4). Objetivo: Conhecer quais os aspectos relevantes para os pacientes em cuidados paliativos relacionados a eficácia simbólica quando estão recebendo atendimentos com técnicas relacionadas ao aspecto de espiritualidade e saúde. Compreender como os pacientes veem práticas espirituais quando aplicadas em paralelo com tratamento biomédico. Método: Um estudo exploratório-descritivo de caráter qualitativo realizado no período de fevereiro de 2014 a agosto de 2015 através do método de etnografia visando acompanhar a experiência de pacientes atendidos num centro espírita na cidade de Porto Alegre com uma técnica denominada apometria. Resultados: Há diversos elementos que compõem a eficácia simbólica do ponto de vista do paciente, que estão relacionadas com emoções e sensações: amor, empatia, disponibilidade, atenção, força de vontade e fé. Esses elementos estão presentes no discurso, nas ações, nos sentimentos e afetamentos provocados pela experiência de espiritualidade e saúde que eles têm ao serem atendidos com a técnica de apometria no centro espírita. Conclusões: Ao encontrarmos amor, empatia, disponibilidade, atenção, força de vontade e fé como elementos relevantes para eficácia simbólica para pacientes em cuidados paliativos que recebem atendimento complementar com a técnica de apometria é pertinente relacionar aos princípios moral e espiritual muito difundido em diversas religiões, bem como aspectos relacionados a princípio e sentido de vida. Quando temos a técnica de apometria, aplicada em pacientes oncológicos como uma forma de ajudar nos problemas físicos e espirituais, temos uma dimensão e entendimento de saúde e bem-estar que vai além da resolução biomédica para solucionar ou amenizar doenças.

Descritores: espiritualidade, cuidado paliativo, eficácia simbólica

REFERÊNCIAS

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2013[cited 2015 Mar 17];20(3):93-102. Available from: http://www.sciencedirect. com/science/article/pii/S1134248X12000559

  1. Rodrigues, KM. Apometria: do Centro Espírita ao Consultório, o Ritual e as Implicações quanto à Eficácia Simbólica. [dissertação]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2016.

      1. PRÁTICAS DE ALÍVIO DA SOBRECARGA UTILIZADAS PELOS CUIDADORES NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS

Taís Alves Farias226, Silvia Francine Sartor227, Claudia Maria Brazil Gervini228, Natalia Ferreira Maya229, Elisa Sedrez Morais230, Stefanie Griebeler Oliveira231.

Introdução: Cuidados paliativos é uma abordagem que melhora a qualidade de vida de

pacientes e seus familiares que estão enfrentando problemas associados a doenças

potencialmente fatais, com prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação

precoce, avaliação impecável, e tratamento para dor e outros sintomas1.Entre seus princípios,

estão o respeito à vida, considerando a morte como processo natural, sem a intenção de

apressá-la ou adiá-la, oferecendo um sistema de apoio para que os pacientes possam viver

bem, com minimização dos sofrimentos físico, social, emocional e espiritual, até a sua

morte2.A oferta dos cuidados paliativos pode ser em diversos espaços: hospital, hospício ou

domicílio. Pelo cuidado domiciliar envolver a família, torna-se necessária a extensão de

cuidados a ela, em especial ao cuidador familiar, o qual expõe situações que provocam

estresse, sobrecarga, fadiga tanto emocional quanto física, além da despersonificação causada

pelo empenho dedicado ao paciente, esquecendo de cuidar de si. O cuidador é cotidianamente

testado no que concerne à sua capacidade de discernimento, capacidade de adaptação e

enfrentamento das situações inerentes ao cuidado. Mesmo os mais resilientes estão sujeitos a

alguma sobrecarga, tornando-se potencialmente doentes3. Os cuidadores, como forma de

refúgio da situação de fadiga causada pelo cuidado continuo, acabam desenvolvendo práticas

de alivio para suas tensões, amenizando a sobrecarga sofrida diariamente. Esse trabalho tem

relevância por mostrar um lado não visualizado em meio aos cuidados paliativos de familiares,

que acabam desenvolvendo esse cuidado com seus entes queridos enfermos e suas sobrecargas emocionais, onde utilizam de práticas para aliviarem tensões de forma que cumpram da melhor maneira suas funções como cuidadores. Objetivo: Identificar as práticas de alivio da sobrecarga de cuidado utilizada pelo cuidador familiar no contexto dos cuidados paliativos. Método: O relato de experiência foi baseado em dados retirados do projeto “Um olhar sobre o cuidador familiar: quem cuida merece ser cuidado” da Universidade Federal de Pelotas, onde iniciou em junho de 2015. Até hoje, 52 cuidadores foram acompanhados, sendo realizadas quatro visitas domiciliares por acadêmicos de Enfermagem e Terapia Ocupacional, com vistas a estimular a reflexão sobre as possibilidades destes também pensarem no cuidado de si. Esses são cuidadores de familiares vinculados ao Programa Melhor em Casa e ao Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar, ligados ao Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. As visitas realizadas são registradas em fichas individuais, e nesse trabalho foram identificadas as que dizem respeito a cuidadores ligados ao contexto de cuidados paliativos, totalizando 36 cuidadores. Resultados: Durante as visitas realizadas, os cuidadores relataram algumas práticas que desempenham para aliviar a sobrecarga e se desligar do cuidado realizado todo dia, como identificação e cuidado de si. Algumas das práticas de mais frequência referem-se a um tempo consigo mesmo, que induzem reflexão, exame de consciência ou meditação, tais como: a prática da escrita, tanto online quanto a livre punho, como por exemplo metáforas e estórias sobre o passado (4), o uso do cigarro (4), tomar chimarrão (3); outras, remetem-se a mudança de contexto, a fim de se distrair do ambiente de cuidado em que vive: leitura de livros(3), trabalhar fora em pelo menos um dos turnos (2); práticas de relaxamento também foram citadas: passear (5), limpar a casa como meio de organização mental (3), prática de artesanato como tricô, crochê e costura, prática de dança (2), assistir televisão (2); e por fim, busca de sentido para a experiência: a participação em igrejas e conhecimento de doutrinas como a espírita(8). Os medicamentos para alívio de sobrecarga são utilizados, por quase todos os cuidadores entrevistados. Conclusão: Os cuidadores visitados pelo projeto mostram que as práticas de si atenuam a sobrecarga, as quais são importantes, pois com a modificação de seu cotidiano, somada a inserção de práticas desconhecidas de cuidados e a proximidade de um familiar de sua finitude, debilitam esse cuidador, podendo surgir agravos a ele, tornando-o um segundo paciente. O uso abusivo ou não de medicamentos, pode prejudicar a atenção que o cuidador necessita dispensar ao paciente, sendo o mais indicado, o estimulo das práticas de si. Visualizamos e enfatizamos com o projeto a necessidade de um olhar diferenciado aos cuidadores afim de diminuir suas pressões, onde possam ter opções de descanso de pessoas/familiares/profissionais que se encarreguem do cuidado enquanto esse cuidador realiza suas tarefas ou ter um momento para si, incentivando-os mais para o autocuidado, valorizando as práticas alternativas de alívio de sobrecarga, já que beneficiaram o cuidador, reduzindo assim, o uso de medicação.

REFERÊNCIAS:

  1. World Health Organization. WHO. Cancer. Definition of Palliative Care. 2017. Disponível em: http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/ (24 abr. 2017).

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      1. FISIOTERAPIA NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS EM IDOSOS

Graciele Ferreira de Ferreira Mendes232, Marilene Rabuske233.

Introdução: O termo Cuidado Paliativo (CP) é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como sendo medidas que aumentam a qualidade de vida do paciente e seus familiares, quando acometido por uma doença em estágio progressivo, irreversível e prognóstico limitado. Tais cuidados buscam a prevenção e o alivio do sofrimento por meio da identificação precoce, da avaliação correta e do tratamento da dor e problemas físicos, psicológicos, sociais e espirituais1. A visão holística dos CP não leva em consideração apenas o diagnóstico e o prognóstico do paciente, nesse contexto é necessário que o profissional e o paciente revejam e estabeleçam suas próprias definições de vida e morte. A impossibilidade de cura não significa a deterioração da relação profissional-paciente, mas sim o estreitamento desta relação que certamente pode trazer benefícios para ambos os lados. Por vezes é necessário ver o paciente como ser ativo no seu tratamento podendo participar dos processos de decisão e dos cuidados voltados para si2. Considerando o envelhecimento populacional e a mudança no perfil epidemiológico3, surge a necessidade de preocupação com a saúde da população idosa, na qual há alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) responsáveis muitas vezes, pela perda da autonomia, independência e qualidade de vida nos anos adicionais dessas pessoas4. Pacientes idosos têm maior probabilidade de evoluir para o estado terminal da doença, tendo em vista que essa faixa etária tem maiores alterações estruturais e funcionais características do próprio processo de envelhecimento. Os idosos podem ser considerados os maiores beneficiários dos cuidados paliativos devido a suas fragilidades5. Diante do contexto, esses pacientes apresentam-se em estado debilitante, muitas vezes com presença de dor, fadiga, fraqueza muscular e dispneia, levando a níveis crescentes de perda funcional e dependência para as atividades de vida diária (AVDs) conforme a evolução do quadro clínico6. O fisioterapeuta tem importante contribuição para a melhoria da qualidade de vida do paciente e no controle dos sintomas7. O presente estudo tem como objetivo verificar por meio de uma revisão sistemática, a atuação do fisioterapeuta frente aos pacientes em cuidados paliativos. Metodologia: Foi realizada uma revisão sistemática de estudos sobre o papel da fisioterapia nos cuidados paliativos em pacientes idosos hospitalizados, nas bases de dados Pubmed e Scielo, publicados nos últimos 10 anos, considerando os descritores “physiotherapy” AND “palliative care”. A seleção dos estudos iniciou-se por meio da análise dos títulos dos artigos identificados por meio da estratégia de busca, seguido pela análise dos resumos e, por fim, a análise do texto na íntegra dos artigos selecionados nas etapas anteriores. Diante dessa sistemática, os dados extraídos foram: identificação da publicação, tipo de delineamento, faixa etária, tamanho da amostra, local da coleta dos dados, metodologia utilizada e seus resultados mais importantes. Após organização dos dados extraídos, as informações foram apresentadas de forma descritiva, por meio de tabelas. Resultados: Através da busca pode-se identificar 67 artigos, sendo excluídos do estudo 48 artigos após a análise do título e 13 excluídos pela análise do resumo. Em ambos os casos os estudos não contemplaram a temática abordada, a amostra e os objetivos não correspondiam aos critérios de inclusão desta revisão. Após a leitura na íntegra dos artigos, os seis foram incluídos na revisão. A literatura acerca da temática ainda é escassa há poucos estudos sobre avaliação dos benefícios da fisioterapia nos cuidados paliativos. No que diz respeito às características metodológicas a maioria dos estudos investigados foram revisões sistemáticas (n=4)6, 8, 9,10, apenas um consistiu em estudo transversal11 e um em estudo randomizado controlado12. Quanto a patologias específicas, dois estudos foram direcionados a pacientes oncológicos6, 12, um com enfoque em pacientes doentes crônicas com prognóstico curto8 e os demais sem definição de doença, mas realizados em pacientes internados em unidades de cuidados paliativos9, 10,11. Em relação aos benefícios da fisioterapia, pode-se constatar a melhora da qualidade de vida, prevenção de complicações secundárias as doenças, alívio da dor, diminuição do estresse, prevenção e manejo da fadiga, edema, lesões por pressão, dispneia, fraqueza muscular e preservação da independência funcional para as AVDs. Conclusão: Diante da importância da fisioterapia na prevenção, reabilitação e manutenção das condições físicas dos pacientes em cuidados paliativos, considera-se a necessidade de um enfoque maior para a temática. Através desta revisão pode-se concluir que o tratamento fisioterapêutico proporciona benefícios para a função física, psicológica, emotiva, melhorando a qualidade de vida e bem estar do paciente.

REFERÊNCIAS

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      1. RELATO DE CASO: PACIENTE TERMINAL EM UM SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA.

Jessica Bitencorte234

Introdução: As unidades de urgência e emergência não estão preparadas para atender pacientes portadores de doenças avançadas e ameaçadoras da vida. Há falta de humanização na assistência nessas unidades e também falta de conhecimento sobre alguns temas como: cuidados paliativos, processo da boa morte, e como prestar o cuidado nas últimas horas de vida desses pacientes. Objetivo: Sinalizar a importância de existir um centro de referência onde tenham profissionais capacitados e preparados para assistir os pacientes e as família no processo de morte. Método: O relato foi desenvolvido após observação e utilização como familiar no serviço de urgência e emergência de um hospital da cidade de Pelotas/RS nas últimas horas de vida de um paciente com câncer terminal. Resultados: Após longo período de espera para ser atendido e assistido, notou-se que os profissionais que ali estavam não tinham conhecimento sobre quais condutas deveriam ser tomadas e como executa-las, em nenhum momento houve por parte da equipe uma conversa com o paciente, que se encontrava lúcido e orientado, para explicar a situação em que este se encontrava e quais a medidas paliativas seriam tomadas para amenizar suas dores, seus sintomas e seus medos. Outra parte falha do sistema é logo após a morte do ente querido, onde a família é totalmente esquecida por parte da equipe sem nenhuma satisfação do que ocorreu com seu familiar. Conclusão: Conclui-se então que é de extrema importância a implementação na cidade de Pelotas/RS, uma unidade específica para o atendimento desses pacientes. Que possa servir de suporte e que seja estruturado para prestar uma assistência adequada para pacientes terminais nas suas últimas horas de vida, onde a prestação do cuidado possa ser de uma forma humanizada e paliativa, abordando não somente o paciente, como também a família.

      1. UMA CAIXA DE LEMBRANÇAS PARA A ETERNIDADE

Luisiana Fillipin Onófrio235, Suzel Lima da Silva236, Jodeli Pommerehn237.

Introdução: Seguindo a lógica dos cuidados paliativos e para que este seja efetivo é necessária especial atenção a alguns fatores como: alívio da dor, valorizar a vida e a morte como um processo natural, não acelerar ou adiar a morte, valorizar os aspectos psicológicos e espirituais do paciente, oferecer suporte para que o paciente leve uma vida “o mais normal possível” até a morte, oferecer suporte à família para melhor lidar com esses eventos1,2. A Terapia Ocupacional, na área dos cuidados paliativos, busca promover o alívio do sofrimento do sujeito, auxilia no desempenho de suas ocupações e oportuniza que o paciente mantenha sua autonomia e realize suas últimas escolhas e desejos3. Objetivo: Relatar o caso de um paciente em cuidados paliativos internado em um hospital universitário e a implicação que os atendimentos de terapia ocupacional tiveram diante dos desejos expressos por ele e após o óbito. Métodos: O estudo de caso foi desenvolvido em um hospital universitário de referência do interior do Rio Grande do Sul onde o paciente era assistido por duas terapeutas ocupacionais em uma Unidade Oncológica Adulto. O paciente, sexo masculino, 42 anos, casado, com dois filhos (com idades de 21anos e um ano e meio), residente em zona urbana do município de pesquisa; diagnosticado com neoplasia maligna de cabeça e pescoço. Com dificuldade de comunicação oral, expôs de forma escrita o desejo de deixar uma lembrança, revelando o amor que sentia pelos filhos. A partir da demanda do paciente, foi proposta a confecção de uma “caixa de memórias” na tentativa de proporcionar uma recordação aos familiares e um conforto emocional ao paciente. Foram utilizados 8 atendimentos, com duração média de 20 minutos, respeitando o limite de tolerância do sujeito. Obteve-se o cuidado de manter os encontros sob sigilo à filha mais velha, apenas empoderando os demais familiares, onde os mesmos acabaram tornando-se parceiros durante o processo. Resultados: Utilizou-se como recurso terapêutico duas Caixas de Lembranças (uma para cada filho), que teve como função o resgate das memórias emocionais/afetivas familiares e a facilitação do processo de despedida. Nessa caixa eram depositados, diariamente, exceto aos finais de semana ou quando sinalizado desconforto pelo paciente, bilhetes com recados aos filhos. Durante a atividade o paciente pôde expressar-se livremente sobre seus temores, sendo o protagonista de todo o processo do fazer da atividade. Todos os recados, apresentavam uma data para serem entregues e uma pessoa que seria a guardiã desse presente. No total forem confeccionados quatro recados para cada filho. Durante a atividade, observou-se a diminuição de ansiedade e medo da despedida e morte, havendo referência ao sofrimento das pessoas que permaneceriam sem a sua presença. Após cada atendimento, ficou acordado que as caixas ficariam sob a guarda das terapeutas, evitando que os destinatários recebam a mesma antes do momento programado pelo paciente. Após sua morte, foi respeitado o luto de duas semanas, sendo posteriormente entregue as caixas para as mães dos seus filhos. A entrega foi agendada e realizada no hospital onde o paciente realizou o tratamento, pois compreendeu-se ser um local que permitiria às terapeutas prestar suporte, caso ocorresse desconfortos, tais como, emoção demasiada pela lembrança. Após a entrega e explanação sobre as orientações do paciente sobre o uso das caixas, o processo de desvinculação foi finalizado, ficando a critério de cada guardiã cuidar do destino do presente. Conclusão: O estudo de caso favoreceu o processo de despedida do paciente com diminuição da ansiedade e medo sobre a finitude da vida. No que tangem aos cuidados paliativos, pôde-se vivenciar a importância de um olhar para a autonomia do sujeito, uma vez que, se percebe que a instituição hospitalar negligencia tais aspectos. Para a prática da terapia ocupacional, destaca-se a relevância desse profissional dentro das equipes técnicas do contexto da oncologia por verificar ser um espaço adoecedor, mas que permite um fazer cheio de representatividade no cotidiano dos pacientes. Após tal experiência, as terapeutas ocupacionais puderam aperfeiçoar suas técnicas de manejo, refletindo sobre o fazer durante o processo de terminalidade, onde, quando ainda se têm vida, ainda podemos qualificar o cotidiano dos sujeitos.

REFERÊNCIAS

  1. Camargo, B. De; Kuramashima, A. Y. Cuidados paliativos em oncologia pediátrica: o cuidar além de curar. São Paulo: Lemar, p. 416, 2007.
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  2. Garcia, NR; et al. Intervenção Terapêutica Ocupacional junto a Adolescentes com Câncer em Contexto Hospitalar. Revista Brasileira de Cancerologia 2011; 57(4): 519-524.
      1. DIFERENTES ABORDAGENS DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CUIDADO PALIATIVO – REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA

Antônia Nunes238, Érika Annayur Polanczyk Frois239, Leticia Fortes Tabarelli240, Josiane Bertoldo Piovesan241, Maria Eduarda Menezes da Silva242, Suzel Lima da Silva243.

Introdução: Muito se tem discutido atualmente sobre os Cuidados Paliativos (CP), porém observa-se pouca atuação de profissionais que desenvolvem habilidades humanitárias e emocionais frente ao paciente adoecido¹. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que “cerca de 40 milhões de pessoas no mundo necessitam de CP, visto que metade delas já está em final de vida, ao mesmo tempo em que a outra metade ainda está com a doença em curso. A partir desse contexto, o local onde desenvolve-se as práticas do estágio supervisionado em Terapia Ocupacional I e II, é um hospital referência para a região centro-oeste do estado do Rio Grande do Sul em que são recebidas inúmeras demandas de doenças sem probabilidade de cura, caracterizando-se também como um hospital escola. Durante o estágio supervisionado observa-se a atuação do terapeuta ocupacional (TO) no que tangem aos CP frente à realização de desejos, posicionamento adequado no leito e alívio da dor2,3. O TO, é um profissional que atua no intuito de amenizar os impactos decorrentes do diagnóstico, promovendo maior nível de independência e autonomia possível3,4, considerando as reais demandas do paciente, familiares e cuidadores, os quais, são os protagonistas deste contexto3,4,5,6. Seu objeto de estudo é o fazer humano incluindo atividades tais como o trabalho, autocuidado e participação social, como foco de interesse à construção de estratégias que venham a contribuir para que seres humanos desempenhem atividades significativas durante toda a sua vida, permitindo a ressignificação desse fazer que pode estar prejudicado3,4,5. O interesse pela pesquisa se dá pela possibilidade de levar essa discussão no meio acadêmico, permitindo ampliar o conhecimento sobre a atuação prática da TO, a fim de qualificar a atenção ao paciente oncológico durante a formação do discente. Objetivo: Apontar as possíveis intervenções da terapia ocupacional frente aos cuidados paliativos em discussão nos últimos quatro anos. Metodologia: Para elaboração do texto, fez-se criterioso levantamento bibliográfico na literatura científica, a partir da compilação de trabalhos publicados, em duas revistas nacionais, no período entre 2013 à 2017. Os mesmos foram filtrados a partir do descritor “cuidados paliativos e oncologia. Tal busca foi realizada pelas acadêmicas do 7º e 8ºsemestre do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria, a fim de aprimorar as técnicas para o manejo no paciente durante a vivência no estágio curricular. Resultados e discussão: após investigação científica podemos constatar os principais pontos relevantes: a) Questões sobre cuidado domiciliar, b) hospitalar, c) Contribuição nas políticas públicas em oncologia e nos cuidados paliativos. Conclusão: Percebe-se que a atuação do terapeuta ocupacional no contexto dos CP está pautada em abranger demandas físicas, cognitivas, psíquicas e espirituais, auxiliando paciente, familiar e cuidador, no enfrentamento das dificuldades cotidianas e a conciliação de todas as demandas mencionadas.

REFERÊNCIAS

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  1. Baltazar HMC, Pestana SCC, Santana MRR. Contributo da intervenção da terapia ocupacional nos Cuidados Paliativos. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 24, n. 2, p. 261-273, 2016.

      1. A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS NA ONCOLOGIA INFANTO-JUVENIL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES, CUIDADORES E PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Suzel Lima da Silva244, Amara Lúcia Holanda Tavares Battistel245.

Introdução: Este trabalho é um recorte de uma pesquisa baseada no estudo sobre o impacto da

comunicação da má notícia no cotidiano dos profissionais, pacientes e cuidadores de um

centro de tratamento da criança com câncer. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer

(INCA) a sobrevida do câncer pediátrico vem crescendo consideravelmente nos últimos anos,

mas a internação prolongada em alguns casos continua acometendo crianças e adolescentes,

modificando assim, o cotidiano desses jovens. No tratamento oncológico notícias difíceis são

constantemente transmitidas, uma vez que o próprio diagnóstico de câncer desencadeia uma

série de mitos, temores, além das mudanças na vida desse sujeito, sendo muitas vezes,

acompanhados por informações negativas que remetem ao paciente, restrições quanto à

qualidade e no tempo de vida que pode ter1. Estas questões repercutem na família/paciente e

também na equipe técnica que constantemente requisitada para esclarecimento de dúvidas

recorrentes durante uma internação. Aqui entra uma importante, delicada e muitas vezes

difícil atribuição da equipe de saúde, a habilidade de comunicação interpessoal, seja ela

verbal ou não verbal2. Pelas limitações de ordem pessoal e pela falta de reflexão e preparo do

profissional designado para a realização desta tarefa, além de aspectos relativos aquele que vai

receber a notícia, no caso da oncologia infanto-juvenil geralmente é o cuidador, um dos fatores

a ser considerado, diz respeito à qualidade da relação estabelecida entre paciente, família,

profissional e equipe de saúde, visto que uma boa relação possibilita benefícios como maior

confiança no profissional e redução do nível de ansiedade do paciente durante a consulta e

maior adesão e sucesso no tratamento3. A investigação foi norteada por três eixos: conduta de

transmissão de más notícias, peculiaridades da comunicação da má notícia e interferências no

cotidiano, sendo que neste artigo será apresentado os resultados obtidos no primeiro eixo que

trata de investigar a existência de um protocolo de transmissão de más notícias no serviço

pesquisado. Objetivo: analisar o impacto da comunicação da má notícia no cotidiano dos

pacientes, profissionais e cuidadores de crianças e adolescentes em tratamento hemato-oncológico. Método: Foi realizada uma investigação de abordagem qualitativa de cunho narrativo. Os dados foram coletados por meio de uma entrevista com base em uma matriz categorial, e uma ficha sócio demográfica, sendo analisada por meio da análise textual discursiva4. Fizeram parte deste estudo, dois cuidadores, dois pacientes, dois enfermeiros, dois médicos e uma terapeuta ocupacional. Os dados foram coletados em um centro de tratamento da criança com câncer. Todos os entrevistados participaram de forma voluntária, tendo como único critério de exclusão os pacientes menores de 12 anos. As entrevistas foram gravadas, realizadas no período de três meses e tiveram duração média de 30 minutos. Também foi construído um perfil sociodemográfico dos participantes da pesquisa. Resultados: Em relação às variáveis relacionadas ao perfil sociodemográfico dos cuidadores, obtivemos: quanto ao grau de parentesco encontramos uma díade, composta por mãe-filho e outra pai-filha; em relação à faixa etária, embora todos os progenitores estejam em idade laborativa, não estão exercendo função laboral devido às atividades de cuidadores, este dado é coerente com o observado na literatura quando discute a quebra da rotina doméstica e cotidiano interrompido. Quanto ao grau de escolaridade um dos sujeitos tem o ensino fundamental incompleto e o outro o ensino médio completo; ambos não residem na cidade onde fazem o tratamento dos filhos, não apresentando problemas de saúde. O tempo de cuidado varia entre cinco anos e sete meses. No que tangem aos aspectos referentes à um protocolo de comunicação de más notícias, os resultados demonstraram não existir um protocolo formalizado para a transmissão de tais condutas, porém não há reflexo negativo nas relações estabelecidas entre médico/paciente/cuidador. De modo geral os cuidadores/pacientes mostraram-se satisfeitos em relação às questões que remetem à comunicação, entretanto, há interesse em ampliar momentos de trocas de informações sobre procedimentos, reações e condutas adotadas durante o tratamento. Conclusão: A pesquisa trouxe a importância da existência de um protocolo de comunicação de más notícias para auxiliar os profissionais de saúde, havendo a necessidade do conhecimento prévio sobre o que o paciente/cuidador sabe. Como sugestão para futuras pesquisas, pode ser viável uma pesquisa-ação que ofereça por meio de encontros sistematizados a discussão e trocas de ideias entre profissionais, profissionais e pacientes/família, com criação de estratégias que possam contribuir para melhorar a comunicação entre os sujeitos envolvidos no tratamento hemato-oncológico, propiciando assim o fortalecimento das relações profissional-paciente/cuidador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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      1. A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS ARTICULADA A REDE DE ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE

Pedro Márlon Martter Moura246, Adrize Rutz Porto247.

Introdução: A Atenção Básica deve ser a porta preferencial de entrada de todo usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) e, além disso, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) devem ser responsáveis pela continuidade do cuidado ao indivíduo e sua família após a alta hospitalar1. Nesse sentido, é importante ressaltar a importância do papel da UBS nos cuidados paliativos que são voltados não apenas para a saúde física, mas também fortalecendo a atenção às necessidades psicossociais e psicoespirituais de indivíduos que vivenciam doenças sem perspectivas de cura2. Ademais, dentre as características do processo de trabalho da atenção básica está a atenção à saúde no domicílio e, levando em conta que os indivíduos na finitude da vida retornam aos seus domicílios, a atenção básica consolida-se enquanto ponto importante de cuidados paliativos que, articulada com outros serviços de atenção domiciliar, garante uma forma de cuidado humanizada às pessoas na terminalidade da vida3. Desta forma, o objetivo deste estudo foi descrever o papel da atenção básica nos cuidados paliativo à população, bem como salientar como se dá a participação dos profissionais que nesta atuam, relatando os desafios encontrados para a implementação desta prática na rede básica de saúde. Método: Trata-se de uma revisão de literatura realizada por meio de buscas no Portal de Periódicos da CAPES, em julho de 2015, com os descritores “atenção básica” AND “cuidados paliativos”. Após ter sido realizada a leitura dos títulos e dos resumos dos documentos, os mesmos foram selecionados conforme os seguintes critérios de inclusão: ter sido publicado no período entre 2005 e 2015, estar disponível online na língua portuguesa e o texto completo na íntegra e gratuitamente. Resultados: O total de documentos encontrados foram 23. Foram selecionados cinco documentos, sendo três artigos e duas dissertações de mestrado, por condizerem com o objetivo da pesquisa. A longitudinalidade, principalmente em caráter domiciliar, aparece como a principal estratégia de atenção à saúde a ser desenvolvida pela atenção básica frente aos cuidados paliativos, ao passo que, o acompanhamento constante do indivíduo em terminalidade faz-se necessário, devido à complexidade que o envolve2-5. O atendimento domiciliar possibilita a reestruturação das práticas de saúde, rompendo com as barreiras que tornam o usuário passivo ao sistema, tornando-o participante ativo do seu cuidado e proprietário da sua autonomia5. Além disso, destaca-se a participação da atenção básica no que tange a necessidade desta em oferecer, no domicílio, dentro do possível, um controle efetivo dos sintomas mais estressores e uma morte digna ao usuário, em um ambiente agradável e ao mesmo tempo, procurando garantir que as preferências deste sejam priorizadas3. A criação do Projeto Terapêutico Singular é pautada no trabalho em conjunto com as redes de atenção à saúde e na individualidade de cada ser, também descrita na literatura como uma estratégia de cuidado paliativo que pode ser estabelecida pela atenção básica, enquanto meta e boa qualidade de morte ao indivíduo em fase terminal e sua família1. A necessidade da criação do vínculo entre o profissional de saúde e os indivíduos em fase terminal caracteriza-se como uma ferramenta de suma importância para a qualidade de vida dessa população e, neste sentido, a atenção básica compreende uma rede de atenção necessária para o fortalecimento das relações entre estes atores, capaz de garantir qualidade da assistência em saúde por meio do diálogo1. Facilitar o acesso do usuário em cuidados paliativos e sua família é responsabilizar-se pelo cuidado destes, embora pelas atuais características da atenção básica, como equipes incompletas, alta demanda para a atenção em saúde, acaba que não seja ofertada a atenção para estes que necessitam de qualidade de vida aos indivíduos em fase terminal no seu domicílio2. A cultura hospitalocêntrica e médico-centrada estão fortemente estabelecidas nas redes de atenção à saúde, principalmente na atenção básica e, desta forma torna-se desafiador reestruturar e reorganizar a atenção desta, para a cultura dos cuidados paliativos5. Outro desafio é a necessidade de preparar os profissionais da atenção básica para atender paliativamente, uma vez que, durante a formação acadêmica o enfoque é curativo1. Conclusão: A Atenção Básica como porta preferencial de entrada dos usuários do SUS deve estar relacionada com as demandas da comunidade. Nisto refere-se também a prestação de cuidados paliativos para os indivíduos na terminalidade da vida e suas famílias. O papel da Atenção Básica, então, está atrelado à humanização da assistência em saúde que, em sua maior parte, será prestada no ambiente domiciliar. Por fim, ressaltam-se a necessidades de reorientação dos modelos de ensino e assistências diante das fragilidades da formação acadêmica para o tema e, também, da forte influência do modelo assistencial centrado numa cultura curativista. REFERÊNCIAS

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      1. DESAFIOS PARA A PRÁTICA DOS CUIDADOS PALIATIVOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE: REVISÃO DA LITERATURA

Pedro Márlon Martter Moura248, Adrize Rutz Porto249.

Introdução: As constantes transformações nos fatores condicionantes e determinantes da saúde ao longo do tempo revelam as modificações ocorridas na saúde das pessoas no mundo todo. Atualmente, observa-se o crescente aumento das doenças crônico-degenerativas não transmissíveis em detrimento às doenças infectocontagiosas, como por exemplo o câncer. Diante disso, diferentes modos de cuidar têm sido propostos para atender às necessidades de saúde das pessoas, como é o caso dos Cuidados Paliativos (CP). Os CP são um conjunto de cuidados implementados quando se esgotam as propedêuticas curativas em saúde. Trata-se de um modo de cuidar mais humanizado que leva em considerações distintas abordagens, como por exemplo o conforto dos sofrimentos dos pacientes que vivenciam o processo de morte. No entanto, os CP ainda são uma novidade para os profissionais de saúde e um desafio para o sistema de saúde, principalmente o público. Objetivo: identificar na literatura quais são os principais desafios encontrados atualmente no sistema de saúde para a implementação dos CP. Método: foi realizada uma revisão da literatura na base de dados LILACS, no mês de abril de 2017. Utilizou-se as palavras-chave “Cuidados paliativos” AND “Desafios”. Foram excluídos os documentos que não configuravam artigos, os que haviam sido publicados há mais de cinco anos e aqueles os quais os resultados não respondiam ao objetivo desta pesquisa. Resultados: Foram encontrados 22 documentos, os quais foram lidos os respectivos resumos. Para análise final foram utilizados seis artigos. Após análise dos manuscritos, surgiram duas categorias para discussão: Repercussão dos cuidados paliativos na rotina dos profissionais e dos cuidadores; e Cuidados paliativos e Atenção Primária a Saúde. Na primeira, abordou-se a mudança de rotinas causada pela implementação dos CP na atenção à saúde, tanto para os profissionais quanto para os familiares, é uma das questões a serem consideradas. Para os profissionais de saúde, os CP representam uma ruptura das tradicionais práticas de cuidado em saúde – que estão voltadas para a cura/recuperação/tratamento/medicalização. Portanto, a execução desse novo modelo de cuidar perpassa algumas barreiras operacionais para esses profissionais pois eles precisam muita das vezes deixar de lado o seu saber técnico-científico e adotar atitudes mais “básicas” como a reflexão, a escuta e o olhar(1). Além disso, os CP necessitam da atuação multiprofissional em saúde, o que também configura uma dificuldade atualmente, tendo em vista que trabalho dos profissionais de saúde ainda ocorre de modo fragmentado, em que cada profissional realiza exclusivamente a sua parte(2). Outra questão que merece destaque é a necessidade de se atentar para os cuidadores das pessoas que vivenciam os CP. Ainda existem muitos estigmas acerca dos CP, e isso é um dos motivos pelos quais os familiares têm dificuldade de entender que esse modelo de cuidado é uma forma mais humanizada de tratamento. Por isso, é necessário envolver a comunidade e promover a reflexão nas pessoas acerca dessa temática(3). Um outro desafio que se tem diante dos CP é a necessidade de atenção à saúde dos cuidadores, bem como a estimulação do cuidado de si para estes(3-4). Já na segunda, ficou destacado que APS é a principal porta de entrada de todo usuário no serviço de saúde, além de ser o principal suporte de saúde do usuário no seu território(5). No entanto, no que tange os CP, esse espaço carece de fortalecimento e de formação e inclusão de pessoal capacitado para esse tipo de cuidado na rede(6). Todavia, é preciso atentar que a inclusão dos CP na APS aumenta a sobrecarga para os profissionais que nela atuam, pois esses precisam, além de atender as necessidades paliativas dos indivíduos, lidar cos dilemas éticos envolvendo os CP, como por exemplo a oportunização da morte no domicílio(6). Desta forma, ainda é necessária uma melhor definição do papel de cada serviço na rede saúde, principalmente da APS que é o serviço mais próximo do indivíduo e de sua família. Sobretudo, verifica-se ainda outros desafios, tais como: a construção de políticas voltadas para os CP(1); a inclusão da temática nos currículos de graduação dos cursos da saúde, a definição de lideranças na rede saúde que possam instruir e governar as ações, levantando as necessidades, provendo soluções e desenvolvendo pessoal com habilidades para prover os CP(5). Conclusão: Os CP precisam ter melhor atenção das políticas públicas de saúde para sua implementação. Considera-se que os desafios para a prática dos CP descritos neste estudo são o reflexo da atual realidade do sistema de saúde brasileiro, que enfrenta dificuldades econômicas e de estruturação, haja visto ser um sistema universal que atende em grande escala.

REFERÊNCIAS

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      1. CUIDADOS PALIATIVOS EM CRIANÇAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Jéssica Cardoso Vaz250, Jéssica Siqueira Perboni251, Stefanie Griebeler Oliveira252, Viviane Marten Milbrath253.

Introdução: Os cuidados paliativos (CP) são um direito humano constituem uma necessidade de saúde pública, pois produzem impacto na qualidade de vida dos doentes e suas famílias. São caracterizados como cuidados integrais, que visam o bem estar do paciente, com prestação de cuidados compreensivos, fornecendo qualidade de vida para os pacientes e suas famílias1. Ainda, buscam a prevenção e o alívio do sofrimento, assim como apoio para as tomadas de decisões e prestação de cuidados tecnicamente competentes2. Os CP para crianças propõem mudanças no formato de cuidar dos pacientes terminais, modificando o paradigma de cura para o cuidado. Possui uma abordagem de cuidado total e ativo, através da prevenção e alívio da dor e sofrimento, englobando problemas físicos, psicossociais, espirituais e emocionais. Oferecendo a família o controle dos sintomas angustiantes, e cuidado durante a morte e luto. A morte em pediatria é um evento não natural e normalmente não esperado e o modelo de CP existentes para adultos não correspondem às necessidades do público pediátrico, já que as crianças não são adultos em miniatura3. Nessa conjuntura, elaborou-se a seguinte questão norteadora: Quais são os cuidados paliativos para as crianças na área da enfermagem? Objetivo: Conhecer a produção científica sobre os cuidados paliativos para crianças na área de enfermagem. Método: Revisão de literatura com busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME), utilizando os descritores em saúde: Child; Palliative Care; Nursing. A busca foi realizada no dia 18 de Abril de 2017. Os critérios de inclusão empregados nos estudos foram: responderem a pergunta da pesquisa, estarem disponíveis on-line, nos idiomas português, inglês e espanhol, e publicados nos últimos cinco anos. Critérios de exclusão: artigos duplicados, textos incompletos e revisões bibliográficas. A realização deste estudo respeitou o tema a ser abordado e o conteúdo dos artigos a serem utilizados, não havendo distorção de conteúdos e/ou plágio. De acordo com os Direitos Autorais, Lei n° 9.610 de 1° Fevereiro, 19984. Resultados: Ao utilizar os descritores foram encontrados 124 artigos, contemplaram o objetivo da pesquisa 15 artigos onde 1 foi encontrado na Base de Dados de Enfermagem (BDENF); 7 são da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Observou-se que o ano com mais publicações foi o ano de 2014, com 5 publicações, seguido dos anos de 2015, 2016 e 2013, com quatro, e três publicações respectivamente. Em relação às metodologias utilizadas destaca-se o estudo qualitativo com 14 estudos e o estudo quantitativo com 1 publicação, pesquisa de campo com 3 estudos, descritiva exploratória com 5 estudos, análise de conteúdo com 1 estudo e com método fenomenológico 2 publicações. Em relação ao foco dos estudos, o destaque com 5 publicações abordaram crianças, 2 publicações referem-se à família; 6 estudos que abordam os profissionais da enfermagem; e por fim 2 publicações referem-se aos profissionais de saúde. No que se refere aos CP empregados para as crianças encontrou-se: brincar; comunicação; vivência da família frente os CP; CP no controle de sinais e sintomas; prolongar o tempo de vida; vida mais próxima da normalidade; alternativas para o controle da dor; estratégia para humanizar o cuidar em enfermagem e ter envolvimentos com os pacientes, com ênfase no alívio do sofrimento da criança; conforto à criança; cuidar da família; atender as necessidades da criança; proporcionar qualidade de vida à criança; dar apoio espiritual, emocional e religioso; estar mais próximo da criança, discussão da morte com os pais, pela equipe de saúde, orientar os pais a falarem com o filho sobre a morte, dar suporte aos irmãos, as barreiras que são percebidas pelos profissionais de saúde, dão-se em a família não aceitar o mau prognóstico infantil e a instituição continuar a promover tratamento avançado à criança por causa dos benefícios financeiros. Conclusões: Diante disso, é possível visualizar a importância do avanço em publicações ligadas ao (CP) em crianças, para que seja possível o aprimoramento do cuidado e da assistência ofertada, adequando-a com estratégias para enfrentamento do processo de adoecimento de acordo com as necessidades apresentadas.

REFERÊNCIAS

  1. Capelas ML, Silva SCSF, Alvarenga MISF, Coelho SP. Cuidados paliativos: o que é importante saber. Patient care. 2016: 16-20.
    1. Pereira DG, Fernandes J, Ferreira LS, Rabelo ROR, Pessalacia JDR, Souza RS. Significados dos cuidados paliativos na ótica de enfermeiros e gestores da atenção primária à saúde. Rev. enferm. UFPE on line. 2017; 11 (Supl.3): 1357-64.

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    1. Brasil. Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 19 fev. 1998. Seção 1, p.1

      1. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO CUIDADO COM PACIENTES ONCOLÓGICOS.

Diva Juliana Aguiar da Silva254, Karine Mendonça Rodrigues255.

Introdução: As práticas integrativas e complementares (PICs), denominação adotada no Brasil pelo Ministério da Saúde contemplam sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos, esses que envolvem abordagens e buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde, através de tecnologias eficazes e seguras, priorizando a escuta acolhedora no desenvolvimento de um vínculo terapêutico e na integração desse humano com o meio ambiente e a sociedade¹. De uma forma gradativa a institucionalização das PICs possibilitaram a publicação da portaria 971, em 2006, definida Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS². Com isso foi possível ter abordagens como a Medicina Tradicional Chinesa, Medicina Ayurvédica, Homeopatia, meditação, fitoterapia, entre outras, o que tem atribuído em diversas unidades de saúde, especificamente na Atenção Básica. O que vem a estimular métodos naturais de prevenção diante de uma visão ampla nesse processo saúde-doença, salientando o autocuidado.³ Essas práticas integrativas e complementares são utilizadas de forma crescente em vários países, sendo incentivado e regulamentado pela Organização Mundial da Saúde.4 A prática da meditação traz resultados favoráveis na qualidade de vida, sintomas e sinais, reduzindo o uso de medicamentos e contribuindo para a adoção de hábitos saudáveis, como a da segurança quanto à ocorrência de reações adversas.5 Objetivo: Promover a melhoria da qualidade de vida e bem –estar dos pacientes atendidos em uma clínica oncológica no Vale do Paranhana em cuidados paliativos. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, sobre uma intervenção proposta por uma acadêmica de enfermagem em prática de estágio curricular supervisionado, visando aplicar práticas integrativas e complementares juntamente com questionário de satisfação aos pacientes oncológicos. Resultados: Espera-se conseguir atingir um maior grau de satisfação dos envolvidos nas práticas integrativas e complementares, tornando um ambiente acolhedor e proporcionando uma melhora na qualidade de vida desses pacientes em processo de tratamento quimioterápico. Conclusão: Como uma forma de interação com os que passam por momentos de aflição e buscam o bem estar desse paciente terminal, o enfermeiro visa realizar ações que trazem o conforto ao mesmo, além dos cuidados básicos e fisiopatológicos que o paciente necessita, realizando quando possível seus anseios, desejos e vontades. Esse profissional de enfermagem é fundamental para equipe de cuidados paliativos, pela essência de sua formação que se baseia na arte do cuidar. Como a prática da meditação possam a ser uma alternativa nesse momento tornando assim o atendimento mais humanizado.6

Descritores: Oncologia; Cuidados Paliativos, Enfermagem.

REFERÊNCIAS:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS: atitude de ampliação de acesso. Brasilia;2015.

  1. Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Brasília; 2006.

  1. Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Diretrizes do Nasf – Núcleo de Apoio a Saúde da Família. Cadernos de Atenção Básica. 2009; 27.

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  1. Barollo C, Cabral M. Um dos maiores programas de práticas integrativas e complementares da América Latina: São Paulo. Revista Brasileira de Medicina da Família e Comunidade. 2012; 7(1): 6-7.

  1. Hélida RH, Isabel CAL. Cuidados paliativos: uma abordagem a partir das categorias profissionais de saúde. Ciência & Saúde Coletiva.2013; 18(9):2577-2588 2013.
      1. SENTIMENTOS DO CUIDADOR NO PROCESSO DE ADOECIMENTO DO PACIENTE COM CÂNCER: ENFOQUE NO CUIDADO PALIATIVO

Jéssica Siqueira Perboni256, Mateus Menezes Ribeiro257, Claudia Maria Brazil Gervini258, Elisa Sedrez Morais259, Taís Alves Farias260, Stefanie Griebeler Oliveira261.

Introdução: O cuidado paliativo objetiva assistir pessoas que possuem uma doença sem expectativa de cura. Esses cuidados caracterizam-se pelo controle de sinais e sintomas físicos e psicológicos próprios da fase final da doença. A terapêutica utilizada é específica, fazendo com que o paciente se beneficie do cuidado adequado para o momento que está sendo vivenciado, não estando baseado na cura, mas sim na qualidade, conforto e alívio do sofrimento durante a convivência com a doença1. Atualmente os cuidados paliativos vêm sendo realizados no domicílio, em decorrência das mudanças na sociedade, onde as famílias retomam a responsabilidades pelos cuidados ao indivíduo no seu processo de adoecimento2. Sendo assim, é possível evidenciar a sobrecarga provocada no cuidador, devido as rotinas, horários padronizados, não realização de atividades de lazer, falta tempo para descanso, enfim, limitações que são impostas frente a esse papel de cuidar, além da carga emocional que trazem consigo, em decorrência da doença do paciente3. Frente a isso, o cuidador vivencia diversos momentos complexos ao realizar esse cuidado diário ao familiar em fim de vida, fazendo com que surjam sentimentos múltiplos ligados a impotência diante do cenário em que se encontra, angustia devido aos sintomas do paciente, medo e receio da morte4. Diante desse contexto, torna-se importante voltarmos à atenção para os sentimentos reproduzidos no cuidador através do enfrentamento do processo de adoecimento do paciente com câncer em cuidados paliativos, valorizando esses sentimentos e visualizando sua influência na vida do cuidador. Objetivo: Identificar os sentimentos gerados no cuidador a partir do processo de adoecimento do paciente com câncer em cuidados paliativos. Método: Trata-se de um relato de experiência sobre os sentimentos gerados no cuidador identificados a partir do projeto de extensão “Um olhar sobre o cuidador: quem cuida merece ser cuidado”, o qual já acompanhou 52 cuidadores que estavam vinculados aos programas Melhor em Casa e Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), vinculados ao Hospital Escola UFPel/EBSERH. As ações foram elaboradas entre junho de 2015 e dezembro de 2016. Como técnica de produção de dados utilizou-se os registros individuais realizados nas fichas cadastrais e relatos dos cuidadores armazenadas no banco de dados do projeto. Na realização desse relato foram incluídos 27 familiares cuidadores de pessoas com diagnóstico de câncer em cuidados paliativos. A categorização dos dados foi realizada por aproximação temática. Resultados: A partir da análise das fichas dos cuidadores, as respostas obtidas foram categorizadas e organizadas em ordem decrescente de vezes que foram citadas, sendo estas: morte, angustia em relação ao processo de cuidar, aceitação do diagnóstico, superação e bom enfrentamento. Na categoria morte, a maioria dos cuidadores relataram que se sentem despreparados para enfrentar o processo de morte do familiar. No que tange à categoria de angustias em relação ao processo de cuidado, os cuidadores alegaram que se sentem tristes e angustiados, com isso alguns destes vivenciam sentimento de impotência e culpa perante a situação que se encontra seu familiar. Na categoria aceitação do diagnóstico foi constatado que a maioria dos cuidadores participantes não aceitam o diagnóstico terminal de seus familiares apresentando esperanças de cura. No que se refere a perspectiva de superação e bom enfrentamento foi evidenciado que os cuidadores não possuem perspectivas de superação e bom enfrentamento sobre a situação vivenciada. O resultado sugere que, o evento doença está envolto por vários fatores que decorrem das condições biopsicosocioespirituais do paciente e de seus entes. A estrutura familiar deve ser considerada na atenção em cuidados paliativos, pois o apoio da família é de extrema importância para vivenciar esse momento da melhor maneira possível5. Conclusão: Observou-se que os familiares sofrem com as manifestações da doença e estão sujeitos a sentimentos como: negação do câncer, impotência diante da situação do paciente e aceitação da doença, tendo a espiritualidade como forma de apoio. Desse modo, contemplar o cuidador familiar na abordagem de cuidados paliativos, pode ajudá-lo a enfrentar melhor o processo de cuidar, em especial no domicílio, qualificando ainda mais o cuidado que o mesmo oferta ao paciente.

REFERÊNCIAS

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      1. FATORES LIMITANTES DA ALTA HOSPITALAR EM UNIDADE DE CUIDADOS PALIATIVOS DE UM HOSPITAL FRANCÊS

Franciele Roberta Cordeiro262, Maria Henriqueta Luce Kruse263, Noelle Carlin264.

Introdução: Unidades de cuidados paliativos são ambientes especializados no controle de sinais e sintomas que se exacerbam em casos de doenças fora de possibilidades de cura e no final da vida. Na maioria dos países, essas unidades se localizam em hospitais de alta complexidade, apresentam quantitativo pequeno de leitos, visando o acompanhamento mais próximo e individual dos pacientes. A hospitalização nesse tipo de serviço tende a ser curta e o objetivo das equipes é promover conforto e alívio da dor, do sofrimento e de sintomas desagradáveis, com a perspectiva de retorno ao domicílio. Atualmente, a França conta com 143 unidades de cuidados paliativos, as quais encontram-se distribuídas pelos diferentes departamentos, garantindo cobertura a grande parte da população e compondo rede de cuidados paliativos existente no país1. Objetivo: descrever os fatores limitantes da alta hospitalar em unidade de cuidados paliativos de um hospital francês. Método: estudo etnográfico, realizado em unidades de cuidados paliativos de hospitais brasileiro e francês. Foram acompanhadas, entre outubro de 2014 e outubro de 2016, pessoas em cuidados paliativos, seus familiares e profissionais de saúde. Como técnica de produção dos dados foram utilizados diário de campo, observação participante e entrevista individual semiestruturada. Os achados da pesquisa foram organizados por meio de mapeamento discursivo e analisados sob a perspectiva cultural e foucaultiana. Em relação aos aspectos éticos, o projeto foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, sob CAAE: 43747015.5.0000.5327 e seguiu as normas da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Resultados: Na França, as principais dificuldades em relação à alta hospitalar em cuidados paliativos dizem respeito ao tempo das internações, à dinâmica familiar e ao custo dos estabelecimentos médico-sociais. Neste estudo, foi possível identificar um duplo que permeia o atendimento nas unidades. De um lado, percebe-se a necessidade do tempo para trabalhar com os cuidados e os conflitos que surgem no final da vida, o que exigiria maior período de hospitalização. De outro, os profissionais devem atender as políticas institucionais e do Estado para organizar o fluxo dos serviços que compõem o sistema de saúde. No caso da França, os serviços hospitalares de curta permanência, como as unidades de Cuidados Paliativos, são financiados por meio da tarificação por atividade e dias de internação2. Nestes setores, no caso de internações que duram menos de quatro ou mais de 13 dias, a instituição poderá ter descontos e não receber o valor integral por procedimento. Dessa forma, as equipes tentam realizar a alta dentro do prazo em que ocorre o financiamento integral das atividades executadas. Ainda que desde o início da internação seja estabelecido um “contrato” para que, após o manejo dos sintomas, a pessoa retorne ao domicílio, surgem resistências à alta. Primeiro, porque os doentes e suas famílias habituam-se com a presença de equipe disposta a atender e aliviar a dor e os demais sintomas. Segundo, porque as famílias acreditam que não conseguirão ofertar os cuidados dispensados no hospital, seja pela indisponibilidade de tempo para cuidar, seja pelo espaço físico restrito do domicílio. Na tentativa de viabilizar as altas hospitalares em cuidados paliativos, na área social, o Estado francês possui dispositivos financeiros que auxiliam as pessoas doentes e suas famílias a financiarem materiais e cuidadores que não são custeados pelo sistema público de saúde. Por vezes, esses benefícios demoram para ser liberados, indo de encontro a urgência de tempo em situações de final de vida. Dessa forma, se a família quiser contratar determinados serviços, como cuidadores ou custear a permanência em estabelecimentos médicos sociais, terá que pagar do próprio bolso, recebendo, posteriormente, o reembolso do Estado. Nesses casos, as famílias tendem a oferecer resistência em acompanhar as pessoas em final de vida no domicílio, tentando prolongar o tempo de internação hospitalar. Conclusão: a alta hospitalar em cuidados paliativos em hospitais franceses mostra-se complexa. Mesmo com a presença de dispositivos econômicos e recursos materiais para viabilizar o retorno ao domicílio, nem sempre isso é possível. Tal fato atribui-se às políticas econômicas e institucionais que limitam a abordagem integral e que preconizam pela constante liberação de leitos. Além disso, as famílias mostram-se indisponíveis para o cuidado, tanto pelo tempo dedicado ao trabalho como pelo restrito espaço físico dos domicílios. Os estabelecimentos médico-sociais, os quais são tidos como alternativas para a alta hospitalar, são onerosos e nem sempre possuem vagas disponíveis para viabilizar o acolhimento e os cuidados às pessoas em final de vida.

REFERÊNCIAS

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palliatifs en quelques chiffres. Paris: SFAP. Disponível em:

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enseignements de la théorie économique et des expériences étrangères. Institut de recherche et documentation en économie de la santé 2009; ( 23): 1–29.

      1. CIRURGIA PALIATIVA NA NEOPLASIA DE PÂNCREAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Felipe Ferreira da Silva265, Renata Ferreira Fagundes266, Karen Milene da Rosa Piske267, Sharon Pereira Feijó268, Julliani Quevedo da Rosa269, Rosani Manfrin Muniz270.

Introdução: Cirurgia é a modalidade mais antiga de tratamento do câncer, avanços nas técnicas cirúrgicas tem tornado a cirurgia moderna mais segura e muitos pacientes pós cirúrgicos têm conseguido bons resultados após o tratamento. Em função de seu objetivo, as cirurgias podem ser empregadas com diferentes finalidades: Curativa, Redutora e Paliativa. A Cirurgia paliativa é usada no controle do câncer para que ele não se espalhe para outras partes do corpo ou para tratar complicações e/ou sintomas decorrentes de cânceres avançados, como por exemplo a neoplasia de pâncreas em estados terminais. A cirurgia paliativa procura fornecer benefício para o paciente na ausência de possibilidade de cura. A estimativa para o Brasil, Biênio 2016-2017, aponta a ocorrência de cerca de 600 mil casos novos de câncer1, e estima-se que 7.500 novos casos de câncer de pâncreas sejam diagnosticados a cada ano no Brasil2. Pelo fato de ser de difícil detecção, o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade, por conta do diagnóstico tardio e de seu comportamento agressivo. Assim, a conduta cirúrgica paliativa mais adequada é a anastomose biliodigestiva, associada a anastomose gastrojejunal para evitar a obstrução duodenal a longo prazo, que pode ocorrer devido ao aumento do tumor pancreático. Objetivo: Promover a cirurgia paliativa de anastomose biliodigestiva associada a anastomose gastrojejunal `a pessoa acometida por neoplasia de pâncreas em estágio III a fim de melhorar sua qualidade de vida. Método: Trata-se de um relato de experiência fundamentado em um estudo de caso realizado em uma unidade de internação de um hospital de médio porte do Rio Grande do Sul desenvolvido durante estágio curricular do 5° semestre da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas no mês de abril de 2016. Resultados: Sra. I.C.S., 66 anos, acometida por neoplasia de pâncreas em estágio III. Realizou uma cirurgia paliativa de derivação biliodigestiva, para aliviar a obstrução dos ductos do confluente bilio-pancreato-duodenal e o quadro de icterícia

obstrutiva a fim de minimizar os danos já causados pela doença, como a obstrução biliar prolongada, que resulta em má absorção e consequente desnutrição, prurido, colangites de repetição e disfunção hepática. Após 14 dias de pós-operatório a Sra. I.C.S recebeu alta hospitalar e foi encaminhada para o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar, referência na cidade em cuidados paliativos. O tratamento cirúrgico paliativo, por sua vez, é uma alternativa para promover uma melhor qualidade de vida da pessoa com câncer, já que reduz a população de células tumorais ou controla sintomas que põem em risco a vida do paciente ou comprometem a qualidade da sua sobrevivência3. Conclusão: Concluiu-se que a cirurgia paliativa de anastomose biliodigestiva, associada a anastomose gastrojejunal, tem como finalidade melhorar a qualidade de vida da pessoa acometida por neoplasia, no entanto não é uma cura para o câncer. Diante disso, esse estudo servirá para que acadêmicos e futuros profissionais da saúde zelem pela saúde e bem-estar dos pacientes a fim de promover o conforto, o alívio da dor e de outros sintomas que causam sofrimento, seja de ordem física, espiritual e psicossocial no fim da vida.

REFERÊNCIAS:

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Acesso em 15 abril de 2016.

      1. A FAMÍLIA COMO FATOR PROTETOR PARA DESENVOLVIMENTO DA RESILIÊNCIA NO PACIENTE EM CUIDADO PALIATIVO

Débora Eduarda Duarte do Amaral271, Rosani Manfrin Muniz272, Aline da Costa Viegas273, Daniela Habekost Cardoso274, Michele Cristiene Nachtigall Barboza275.

Introdução: O Cuidado Paliativo é definido, conforme conceito 1990 atualizado em 2002 pela Organização Mundial da Saúde, como uma “assistência promovida por uma equipe, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”. ¹ Ainda, esse tipo de cuidado está permeado por uma rede complexa de interações, que cerca diferentes formas de saberes, crenças, valores, significados e resiliência.² E o apoio da família é importante, pois auxilia tanto na manutenção do cuidado, mas também no enfrentamento do paciente.³ O apoio familiar é considerado um fator de proteção para resiliência, pois é visto como algo capaz de fortalecer e ajudar no processo de superação das adversidades.4 Conforme Michel Rutter “a resiliência é definida como uma variação individual em resposta ao risco, cujo termo refere-se ao fenômeno de superação de estresse e adversidades”.5 Objetivo: Averiguar as redes de apoio das pessoas com câncer avançado em Cuidados paliativos. Metodologia: O presente trabalho trata-se de estudo qualitativo com uma abordagem de Pesquisa Convergente Assistencial oriundo de dissertação de mestrado “Promoção da resiliência para pessoas com câncer avançado em cuidados paliativos domiciliar”, sendo um subprojeto da pesquisa “O significado da experiência das pessoas frente ao câncer: interfaces da atenção à saúde, cultura e resiliência”. O estudo foi realizado na cidade de Pelotas/RS no domicílio de cinco participantes com câncer em cuidados paliativos internados em um programa de internação domiciliar. O período de coleta foi de março a agosto de 2015, e os participantes foram identificados por nomes fictícios que atribuíram durante a coleta de dados com intuito de preservar o anonimato. Na construção do estudo os princípios éticos foram assegurados conforme a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) 311/2007. E considerou-se também a Resolução nº 466/122 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, que trata da pesquisa envolvendo seres humanos.6 O estudo obteve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFPel, sob parecer número 968.462 de 18 de fevereiro de 2015. Resultados: Os participantes do estudo apresentaram a família como uma fonte de apoio e fator de proteção para resiliência, pois a mesma contribuiu no cuidado, e também no reestabelecimento tanto físico e emocional de cada indivíduo. Nos depoimentos a seguir, fica evidente a presença da família como apoio e fator de proteção para os participantes: “Eu saia, ia no centro. Parou a vida, de repente mudou muito, isso me deprimiu, me atingiu, […], antes saia, saia para vender, comia de tudo, mas por outro lado é uma das melhores fases da minha vida, passo com ela dentro de casa (esposa) tenho toda a assistência dela (esposa) para mim. […] (JOÃO)”; “Para mim as facilidades (pausa) é a família né, família e a religião, pelo apoio do pessoal, gente que eu nem conhecia, que são de outra religião vem aqui e fazem oração, eu não me importo, mas muita gente assim que a gente não conhecia lá do trabalho, o pessoal vem me visitar, seguida ligam e é bom né, mas o mais importante é o apoio da família […].(PAULO)”; “Seria difícil sozinho, a minha esposa, ela está presente no tratamento […] a minha família está sempre presente né, os filhos de fora estão sempre se comunicando, dois filhos moram fora, um em Santa Catarina e outro em POA, consigo visitar de vez em quando, mas são estes que me ajudam a lidar com tudo (JOÃO ALFREDO)”. Os fatores de proteção minimizam ou até mesmo a eliminam a probabilidade das influências inerentes do risco, e a resiliência é o produto final do acumulo desses fatores. 7 Desta forma, o apoio da família e de outras pessoas, auxilia o indivíduo nas situações de adversidades e contribui para a formação da resiliência8. Conclusão: Com a realização do estudo foi possível observar a presença da família na vida do paciente em cuidado paliativo e a importância da mesma na manutenção e favorecimento da resiliência. Esse dado corrobora com que está descrito na literatura, que o apoio familiar, é considerado fator de proteção para a promoção da resiliência. Ainda, aponta-se a necessidade de realização de outros estudos com universo maior desta população, que possibilitem aprofundar e proporcionar conhecimento acerca da identificação do processo de resiliência, bem como seus fatores protetores ao paciente oncológico em cuidados paliativos.

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      1. TERAPIAS COMPLEMENTARES UTILIZADAS EM CUIDADOS PALIATIVOS: REVISÃO DE LITERATURA

Camila Timm Bonow276, Jéssica Cardoso Vaz277, Janaína do Couto Minuto278, Teila Ceolin279, Rita Maria Heck280.

Introdução: Cuidado Paliativo (CP) é uma abordagem ou terapêutica que estabelece conforto a pacientes e familiares frente às doenças crônicas que impedem a continuidade da vida. As terapias complementares são práticas que complementam tratamentos convencionais, e promovem assistência à saúde ao usuário, atentando para questões físicas, emocionais e espirituais, tendo o potencial de ser aplicadas nos CP, com objetivo de amenizar os sintomas e favorecer uma melhor qualidade de vida1. A Organização Mundial da Saúde (OMS) incentiva e intensifica a inserção, reconhecimento e regulamentação destas práticas2. Em 2006 no Brasil, o Ministério da Saúde elaborou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), em busca da integralidade3. A partir da PNPIC ocorreram outras publicações pelo Ministério da Saúde, visando à implementação dessa política no SUS. Objetivo: Realizar um levantamento em bases de dados online dos estudos científicos produzidos sobre as terapias complementares utilizadas em cuidados paliativos. Método: Revisão de literatura com busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) e a Public Medline or Publisher Medline (PubMed), utilizando os descritores em saúde: Palliative Care; Complementary Therapies; Nursing. A busca foi realizada no dia 20 de abril de 2017. Os critérios de inclusão empregados nos estudos foram: responderem a pergunta da pesquisa, estarem disponíveis online, nos idiomas português e inglês, publicados nos entre 2006 e 2016. Critérios de exclusão: artigos duplicados e textos incompletos. A realização deste estudo respeitou o tema a ser abordado e o conteúdo dos artigos a serem utilizados, não havendo distorção de conteúdos e/ou plágio. De acordo com dos Direitos Autorais, Lei n° 9.610 de 1° Fevereiro, 19984. Resultados: Ao utilizar os descritores foram encontrados 34 artigos, destes, 11 contemplaram o objetivo da pesquisa. Quatro foram encontrados na BIREME, sendo dois na MEDLINE e dois na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); os outros sete foram localizados na PubMed. Observou-se que os anos com mais publicações foram 2008 e 2014. Em relação à metodologia utilizada, nove eram estudos qualitativos5-13, um quantitativo14 e um qualitativo-quantitativo15. Entre as publicações, três7,11,13 abordaram a massagem para a diminuição dos sintomas, principalmente a dor; dois8,9 referiram-se a musicoterapia como influência na saúde física e mental; dois5,6 discutiram o cuidado domiciliar, o qual oferece conforto, carinho, alívio da dor e preparação para a morte, para o usuário e para sua família; um14 relatou a acupuntura, a massagem e a musicoterapia, aliadas ao tratamento convencional, como auxílio para aliviar a ansiedade, a depressão e a dor dos pacientes, promovendo o relaxamento e facilitando a relação e a interação entre profissional-paciente-família. Uma pesquisa10 mostrou a yoga com uma prática que propicia o aumento da flexibilidade e força, melhoria da motivação e capacidade de exercício, diminuindo insonias, melhorando a capacidade de lidar com ansiedade ou estresse. Um estudo15 mencionou a terapia espiritual, que tem o objetivo de conforto e proporcionar uma morte que respeite a vida do paciente que está morrendo. Uma12 investigação mostrou que a fitoterapia utilizada concomitantemente, por exemplo, com a quimioterapia apresentava interação medicamentosa como a toxidade, ocorrendo um aumento da quimiossensibilidade das células cancerosas, necessitando de uma redução na dose. As terapias complementares usufruem de meios terapêuticos com eficácia comprovada visto que complementam as terapias convencionais, respeitando a individualidade de cada um e empregando técnicas seguras, pautadas na responsabilidade profissional, de acordo com total conhecimento e consentimento do usuário16. A enfermagem busca o atendimento integral do usuário, e as terapias complementares vêm ao encontro deste discurso, remodelando a percepção que o profissional tem a respeito do indivíduo, assistindo-o com um ser total e não compartimentalizado. As terapias complementares visam o cuidado integral do indivíduo considerando o estilo de vida, o estado emocional, as relações sociais, a alimentação, ocorrendo um processo de interação o profissional e o usuário3. Conclusões: Em consequência da demanda dos usuários por práticas que atendam suas necessidades de saúde, como a diminuição dos sintomas pelos usuários em cuidados paliativos, foi possível observar através das publicações que vem sendo incentivada em alguns países a implantação das terapias complementares, principalmente por proporcionar uma melhor qualidade de vida e potencializar o efeito dos medicamentos no controle da dor.

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      1. INTERFACE ENTRE CUIDADO PALIATIVO PEDIÁTRICO, FAMÍLIA E EQUIPE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Maria Eduarda Menezes Da Silva281, Dani Laura Peruzzolo282.

Introdução: Entre os anos de 2004 e 2014, as mortes de crianças advindas de causas que, com intervenção imediata poderiam ser evitadas, apresentaram uma redução de, aproximadamente, 19 mil casos no Brasil, sendo que na região Sul esta queda aparece em mais de 2 mil casos¹. Esta significativa redução ocorre devido à grande disponibilidade de serviços especializados a nível nacional como o pré-natal5, programas como Seguimento de Prematuros, e a oferta de atendimentos especializados em intervenção precoce7. Isso fez com que aumentasse também o tratamento nos primeiros anos de vida do bebê com prognóstico de óbito neste período. Mesmo que nem sempre estes diagnósticos se confirmem, os pais e a equipe lidam com essa informação durante a vida e o tratamento da criança. Mesmo que nem sempre estes diagnósticos se confirmem, os pais e a equipe lidam com essa informação durante a vida e o tratamento da criança. A experiência clínica tem apontado para a importância do acompanhamento especializado tanto para o bebê quanto para os pais, que está pela ordem de um cuidado paliativo, porém, na busca de discussões teóricas e práticas sobre o tema, muito pouco material foi encontrado, principalmente no que tange aos cuidados cotidianos que ultrapasse a atenção à patologia e avancem na produção de experiências de produções familiares. Objetivo: Identificar as produções na área da saúde que apontam as possíveis intervenções das equipes frente aos cuidados paliativos pediátricos e as famílias desses paciente. Metodologia: Realizou-se pesquisas bibliográficas, por meio de artigos nacionais e internacionais publicados nas bases de dados LILACS e SciELO, durante o período de 2012 a 2016. Os mesmos foram filtrados a partir do cruzamento entre os descritores “cuidados paliativos”, “profissionais”, “criança”, “família” e “morte”. Foi analisado como critério de inclusão artigos de acesso livre, que discutiam a percepção dos profissionais frente ao cuidado paliativo pediátrico, e como critério de exclusão, quando se tratava de cuidados paliativos com pacientes adultos. Tal busca foi realizada pelas pesquisadoras, no decorrer do segundo semestre de 2016, e estudados através de análise de conteúdo que definiu categorias fundamentais. Resultados e discussão: Foram identificados 50 artigos, que analisados em seu conteúdo, produziram 4 categorias apresentadas a seguir e representadas pela indicação de 6 artigos por se tratar de um resumo. Categoria 1:a formação acadêmica das mais diversas profissões da área da saúde não prepara os profissionais para suportar sentimentos e percepções sobre a morte, menos ainda para que saibam confortar as famílias que estão vivenciando o processo de morte de uma criança, fazendo com que a angustia, a indecisão e o fracasso permeiem a atuação profissional4. Categoria 2: a morte precoce é vivenciada por todos com grande resistência tanto por familiares quanto por profissionais, pois é vista como uma ruptura da vida e de descobertas, sendo assim um momento em que a equipe costuma ser levada a um sentimento de impotência o qual não estão preparados para vivenciar4. Categoria 3: a equipe, mesmo sem preparo anterior, percebe que a família é uma parte importante do cuidado com a criança em cuidado paliativo, em virtude das mesmas estarem presentes de forma contínua junto a criança, o que muitas vezes pode gerar um desarranjo familiar, por todas as atenções estarem voltadas para a criança a qual não tem possibilidades de cura³. Categoria 4: em sua grande maioria as publicações trazem que o único recurso cabível de atendimento a estas famílias é a escuta, proporcionando um ambiente acolhedor e de confiança, amparando essas famílias no momento de lidar com o sofrimento(faltou um artigo). Conclusão: Tal revisão deu ênfase ao grande tabu e complexidade de se falar de algo tão doloroso e subjetivo, expresso na escassez de publicações que apontem estratégias de ação, ou indiquem referenciais teóricos à equipes dispostas a efetivarem uma formação mais especializada no tema. Percebe-se que a atuação das equipes com as famílias de crianças no contexto dos cuidados paliativos está pautada na escuta sensível, sendo esta ainda sem uma formação ou fundamentação teórica mais eficaz.

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      1. ESPIRITUALIDADE COMO ESTRATÉGIA PARA O ENFRENTAMENTO DO CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS: PERSPECTIVA ECOSSISTÊMICA

Aurélia Danda Sampaio, Adriane Calvetti de Medeiro, Gustavo Baade Andrade, Mara Regina BergmannThurow, Vanessa Soares Mendes Pedroso, Hedi Crecencia Heckler Siqueira (orientadora)

Introdução: Dados do Instituto Nacional de Câncer revelam que são estimados 596 mil casos novos de câncer no Brasil em 20161. A Organização Mundial (OMS) preconiza que todas as questões do cuidado devem ser abordadas, incluindo as espirituais, psicossociais e familiares, como estratégias integrativas no cuidado aos usuários oncológicos em cuidados paliativos2. De acordo com a OMS, a estratégia de cuidados paliativos deve ser desenvolvida por uma equipe multiprofissional com atenção focada não na doença a ser curada/controlada, mas no usuário, com direito à informação e autonomia plena para decisões a respeito do percurso da doença e seu tratamento. Portanto, a atenção deve ser individualizada ao usuário e à sua família. A espiritualidade representa fonte de conforto, de esperança e de significados à vida, independente das crenças e condições em que o usuário e/ou familiar se encontra. Ao considerar a dimensão espiritual, a enfermagem cria possibilidades de fortalecer os mecanismos de enfrentamento dos usuários oncológicos, potencializando práticas de promoção a saúde e melhorara da qualidade de vida3-5. Assim a espiritualidade pode ser definida como característica individual do ser humano, inerente as questões sobre o significado e o propósito da vida, encontrando-se além da religião e da religiosidade6-7. Existem evidências de que a espiritualidade melhora os níveis de conforto dos usuários em situações vulneráveis de dor, sofrimento, angustias e morte.. Diante do exposto, o estudo justifica-se pela importância da temática no cenário atual, pelo crescente número de usuários acometidos de câncer que necessitam de cuidados com integrais. Existe, interesse dos pesquisadores em buscar maiores subsídios a respeito da espiritualidade no enfrentamento do câncer. Assim, tem-se como objetivo investigar como a espiritualidade pode auxiliar o usuário em cuidados paliativos no enfrentamento do câncer, sob a perspectiva ecossistêmica. Método: Estudo exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa, desenvolvido em um Hospital Escola da região sul do Rio Grande do Sul/Brasil que atende usuários em tratamento oncológico; internação em UTI adulto e internação domiciliar. Os participantes do estudo foram 10 enfermeiros assistenciais que participam, ativamente, nos cuidados de enfermagem aos usuários oncológicos. A análise dos dados seguiu os passos de Minayo, 2010. Foram observados os princípios éticos segundo a Resolução 466/12, Plataforma Brasil e Comitê de Ética da Faculdade Anhanguera, parecer nº 765.820/2014. Resultados: Os dados apontam que existe necessidade de atender o usuário na sua integralidade, incluindo no cuidado a dimensão espiritual. Neste sentido os participantes expressaram (…) a integralidade vai além do cuidado técnico (…) proporcionar apoio e conforto espiritual (P1). O cuidado integral é o que vai além desses cuidados tradicionais. As falas dos enfermeiros permitem distinguir alguns elementos que configuram o cuidado de enfermagem como : integralidade, apoio, ajuda, conforto. Outros aspectos, incorporados à prática assistencial, evidenciam o princípio ecossistêmico da inter-relação. Alguns dos participantes consideram que é preciso: (…) prestar o cuidado sensível, que se preocupa com a questão social, espiritual, com o ser humano de uma forma holística (P3). Respeitar as suas crenças, seus valores e sua construção de vida (P4. Questões de dimensão espiritual e psíquicas para enfrentar a doença e o tratamento (P7). Nesses relatos os enfermeiros identificam a necessidade de compreender as inter-relações entre as ações do cuidado nas questões emocionais, de sensibilidades de crenças, de valores, de enfrentamentos. Os resultados do estudo evidenciam que os enfermeiros compreendem a espiritualidade no cuidado a partir de uma visão multidimensional, que ultrapassa os aspectos inerentes do cuidado biológico, ao reconhecerem a importância de atender as necessidades dos usuários oncológicos de forma integral. Sob a perspectiva ecossistêmica a espiritualidade está inter-relacionada com as questões do viver humano em sua integralidade. Neste sentido, pesquisas17-19 apontam que a espiritualidade é capaz de preservar a qualidade de vida dos usuários ao promover conforto, mecanismos de enfretamento, aceitação ao prognóstico da doença, proteção contra a perda da esperança e da terminalidade de vida17. Pesquisa que analisou a compreensão do enfermeiro acerca do cuidado espiritual e a sua experiência na promoção desse cuidado aos usuários na prática clínica revela que a necessidade de cuidado espiritual esteve muito relacionada às situações de fragilidade dos usuários, as quais são vistas como propícias para a prestação de um cuidado direcionado às necessidades relativas à condição de existência humana, à busca de explicações sobre a natureza da vida, seu significado e terminalidade18. Nesta perspectiva, percebe-se a necessidade de mudança de paradigma de atenção, que abandona o modelo biologista, linear e mecanicista, centrado na doença, para desenvolver uma nova configuração de cuidado em saúde, que busca compreender o ser humano em sua totalidade, com seus valores e crenças pessoais e familiares. Portanto, o cuidado espiritual, aos usuários oncológicos, requer que o usuário seja considerado na totalidade integrativa envolvida no processo saúde-doença–cuidado. Conclui-se que a espiritualidade como estratégia para o enfrentamento do câncer em cuidados paliativos, sob a perspectiva ecossistêmica, é uma temática atual e emergente na enfermagem/saúde. Portanto, na promoção da saúde e na qualidade de vida, é relevante a condução de novas pesquisas que possam ancorar a dimensão espiritual nas ações do cuidado, capazes de criar e fortalecer os mecanismos de enfrentamento dos usuários oncológicos em cuidados paliativos.

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      1. TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Patricia Abrantes Duval283, Rosane Scussel Garcia284, Patricia Peres de Peres285, Enrique Daniel Garin Saldaña286, Tássia Ney Portantiolo287.

Introdução: A nutrição no paciente em cuidados paliativos (CP) vem apresentando na prática clínica alguns aspectos que podem ser vistos como negativos em relação ao conforto do paciente. Os estágios avançados do câncer tem a desnutrição como uma complicação comum, entre 20% e 50%1, e diante das possibilidades terapêuticas dessa fase há grande controvérsia no uso da terapia nutricional, além de questões familiares e protocolos de trabalho dos profissionais de saúde. A prescrição de restrição de nutrientes deve ser evitada, porém muito se questiona sobre o real benefício de se administrar nutrição artificial quando o objetivo principal do manejo do paciente torna-se paliativo1. As recomendações de administração de terapia nutricional em pacientes desnutridos com câncer incurável enquanto houver tratamento ativo, claramente aperfeiçoam os benefícios do tratamento anticâncer, por outro lado, suspender ou minimizar a dose de nutrição artificial para um paciente em CP pode ser interpretado como abandono do paciente e promover um dilema ético entre a família e a equipe de saúde2. A Sociedade Européia de Nutrição Parenteral e Enteral publicou diretrizes específicas para o uso de nutrição artificial no câncer terminal, porém na prática clínica muitos dilemas ainda levantam dúvidas sobre o assunto3,4,5. Vem sendo descrito como consensual que em pacientes inapetentes com expectativa de vida menor que dois meses não é aconselhável ou desejável iniciar a terapia nutricional, uma vez que esse seria o tempo de o paciente vir a falecer da doença e não da inanição6. As questões éticas e o papel da família no contexto da nutrição desse paciente parecem ser desafios a serem administrados na rotina das equipes de CP, evitando falsas interpretações de abandono e priorizando o conforto e a supressão das necessidades dos pacientes terminais, sem prolongamento do sofrimento com o uso de intervenções fúteis. Conhecer a população com a qual se trabalha, certamente melhora a capacidade de estabelecer condutas apropriadas. Objetivos: Descrever o perfil dos pacientes em cuidados paliativos internados no Hospital Escola da UFPel/EBSERH acompanhados pela Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) no período de janeiro de 2016 a março de 2017. Métodos: Estudo transversal descritivo realizado a partir de dados secundários obtidos dos registros da EMTN e da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do Hospital Escola/UFPel/EBSERH dos pacientes que receberam terapia nutricional enteral, por sonda nasoenteral (SNE), gastrostomia ou jejunostomia, ou terapia nutricional parenteral (NPT). Também foram avaliadas as variáveis: sexo, idade, diagnóstico principal, desfecho e tempo de internação, tempo compreendido entre a internação e a avaliação nutricional, bem como Indice de Massa Corporal (IMC) e Avaliação Subjetiva Global (ASG)7. A equipe de terapia nutricional, após ser solicitada, avalia o paciente e determina as necessidades dentro do diagnóstico atual e plano de tratamento. Resultados: Foram avaliados 51 pacientes neste período de 15 meses, 58% eram do sexo masculino, com média de idade de 62 anos e 82,3% com diagnóstico de neoplasia maligna à internação. O tempo médio de internação foi de 38 dias, sendo que a EMTN foi acionada em média até o quinto dia de internação. O desfecho da internação foi óbito em 52,9% e alta hospitalar em 43,1%. A via de acesso para nutrição enteral mais utilizada foi a SNE em 60,7%, seguido da gastrostomia 23,5%, jejunostomia 9,8% e 5,8% receberam NPT. Em relação ao estado nutricional, 68,6% dos pacientes apresentavam-se gravemente desnutridos (ASG-C), 27,4% em risco nutricional (ou suspeita) (ASG-B) e apenas 3,9% eram bem nutridos (ASG-A), sendo que pelo IMC a maioria deles (71,7%) tinha peso adequado e 19,5% estavam abaixo do peso. Conclusão: O grupo estudado foi predominantemente de pacientes oncológicos do sexo masculino, idosos, com diagnóstico de desnutrição grave, porém a maioria com IMC adequado, sendo avaliados e acompanhados pela EMTN com até cinco dias após a internação hospitalar. O paciente com câncer necessita de intervenção nutricional uma vez que a diminuição da ingestão alimentar e consequente perda ponderal são frequentes tanto pelo impacto da doença quanto pelos efeitos colaterais dos tratamentos anticancerígenos. Estudos bem desenhados são necessários para se chegar a um consenso sobre as melhores formas de nutrir o paciente com doenças em fase avançada, como o câncer, sempre lembrando que tais decisões devem ser individualizadas.

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      1. INTER-RELAÇÕES NO PROCESSO DE MORTE E MORRER EM AMBIENTE HOSPITALAR

Tania Cristina Schäfer Vasques, Valéria Lerch Lunardi, Rosemary Silva da Silveira, Liziani Iturriet Avila, Cáren Igure Noble, Karen Knopp de Carvalho.

Introdução: Ainda hoje, a morte é tratada como tabu, em que pouco se dialoga sobre ela e suas implicações na vida do indivíduo no seu processo de morte e morrer e do seu familiar/cuidador1-2. Enquanto o nascer é algo que, na maioria das vezes, é lindo e revitalizante para todos no entorno, o morrer ainda é percebido como algo a ser escondido, ocasionando tristeza e dor. Por isso, comumente, é ocultado, negado ou combatido a qualquer custo, excluído do processo de viver do indivíduo, mesmo a morte sendo um evento natural e esperado em algum momento da vida3. Nesse sentido, faz-se necessário desmistificar a ideia de que não existe “mais nada a ser feito” com o indivíduo em seu processo de morte e morrer, mas antes tornar a vida que lhe resta o mais confortável e digna possível, substituindo-se pela convicção de que o cuidado pode ser realizado até seu fim, por meio de cuidados paliativos, estendendo-se, a seus familiares/cuidadores e, também, no seu processo de luto, por meio de uma interação possível e focada nas necessidades dos indivíduos enfermos e seus familiares/cuidadores4. Tal cuidado visa trazer uma compreensão da morte como parte do processo de vida, a qual não apressa nem adia sua chegada. Busca atender ao indivíduo na sua totalidade/globalidade (física,

  1. Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES/FURG). E-mail:taniacristina9@yahoo.com.br
  1. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES /FURG). Email: vlunardi@terra.com.br

  1. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES/FURG). Email: anacarol@mikrus.com.br

  1. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES/ FURG). Email: l.iturriet@yahoo.com.br

  1. Graduanda em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. E-mail: carennoble@hotmail.com
  1. Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Rio Grande/RS-Brasil. E-mail: knoppcarvalho@hotmail.com

psicológica, social e espiritual), proporcionando-lhe melhor qualidade de vida e a seu familiar, bem como apoio e orientação na elaboração do luto5. Dessa forma, no processo de morte e morrer, a comunicação dialógica pode tornar-se elemento de interligação e compreensão dessa fase do ciclo da vida. Objetivo: compreender como ocorrem as inter-relações entre a tríade: trabalhadores da equipe de enfermagem, familiares/cuidadores e indivíduos no seu processo de morte e morrer em ambiente hospitalar. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, metodologicamente, inspirada no caminho proposto por Leininger. Como referencial teórico, optou-se pelo pensamento complexo de Edgar Morin. O processo de coleta dos dados ocorreu de março a junho de 2016, em uma Unidade de Clínica Médica de um Hospital Universitário, no sul do Brasil. Os informantes gerais da pesquisa totalizaram 47 trabalhadores da equipe de enfermagem e 24 familiares/cuidadores de indivíduos em processo de morte e morrer. Desses, 18 trabalhadores da equipe de enfermagem e 15 familiares/cuidadores constituíram-se em informantes-chave, os quais, foram entrevistados, além de participarem das fases de observação. Foram incluídos como informantes-chave aqueles que durante as observações demonstraram maior sensibilidade ou ausência de sensibilidade para tornar menos sofrido o processo de morte e morrer. O total de participantes foi determinado pela repetição/saturação dos dados(6). Realizaram-se quatro fases de observação (não participante; pouca participação, mais observação; mais participação e menos observação; e, observação reflexiva), uma fase de entrevista (realizadas individualmente e as questões foram geradas a partir das observações realizadas, resgatadas na entrevista. Estas foram gravadas e tiveram duração de 40-75 minutos) e quatro fases de análise simultânea. Resultados: Constituíram-se três categorias: A primeira, “Relação dialógica complexa no processo de morte e morrer em ambiente hospitalar”, enfocando-se nas inter-relações no ambiente hospitalar: o olhar sobre o processo de morte e morrer do outro e de si e as estratégias recursivas para um repensar relacionado ao processo de morte e morrer. A segunda, “Inter-relações no processo de morte e morrer no hospital: olhar do familiar/cuidador” abordou-se as fragilidades percebidas pelos familiares/cuidadores nas suas inter-relações com os trabalhadores da equipe de enfermagem e o indivíduo em seu processo de morte e morrer, bem como as potencialidades no processo inter-relacional do familiar/cuidador com o indivíduo enfermo e com trabalhadores da equipe de enfermagem. E, a terceira categoria, “(Re)pensando inter-relações complexas do cuidado no processo de morte e morrer: ótica da equipe de enfermagem”, discorreu-se sobre os obstáculos da equipe de enfermagem para a efetivação de inter-relações conectadas, com enfoque na sobrecarga de trabalho, descuidado dos pacientes, despreparo do trabalhador e falta de apoio institucional; e, também, a complexidade das relações no processo de morte e morrer em ambiente hospitalar, relacionada à competência sobre a participação da família no cuidado e à atenção as suas necessidades, como a importância do reconhecimento e valorização do trabalhador, dentre outras. Discussão: Por meio da análise, verificou-se na primeira categoria, que o processo de morte e morrer, mesmo fazendo parte do desenvolvimento humano, sempre desperta sentimentos de medo. Assim, podem ocorrer tentativas de encobrir esse processo, fragmentando-o, quando, na verdade, deveria ocorrer a ligação em toda essa dinâmica7. Dentre as dificuldades evidenciadas, a revelação, ou não, do diagnóstico de terminalidade ao indivíduo enfermo e seu familiar/cuidador, influencia a realidade complexa dos mesmos que vivenciam esse processo no espaço hospitalar. Podem ocorrer rupturas/solidões ou mesmo a ligação e interconexão, com a descoberta, ou não, do diagnóstico. Sabe-se que tal revelação sobre a finitude da vida é um momento impactante, tanto a esse indivíduo quanto a sua família e precisa ser cuidadosamente tratado pela equipe de cuidado. No que se refere as estratégias recursivas utilizadas pelos trabalhadores da equipe de enfermagem e familiares/cuidadores, no cuidado ao indivíduo enfermo em ambiente hospitalar, ressalta-se que podem ser contribuições para o alívio do sofrimento de quem vivencia o processo de morte e morrer, englobando a empatia, a espiritualidade e a compreensão de cada momento vivenciado pelo indivíduo. Por outro lado, observou-se no estudo, que ocorreram estratégias recursivas que dificultaram, por diversas vezes as inter-relações entre a tríade, como a forma de se afastar dos diálogos em direção a finitude da vida, passam a demonstrar reações distintas como negação, reserva, fechando-se ao diálogo. Assim, podem ocorrer rupturas e desentendimentos nas inter-relações com as equipes de cuidado, em especial os trabalhadores da equipe de enfermagem, pois estão mais próximos nos cuidados contínuos8. Em outros momentos, por meio da segunda categoria do estudo, constatou-se que esses indivíduos enfermos podem evitar, também, diálogos que abordem a causa do adoecimento, por vergonha, receio e aversão em pensar nessa temática, preferindo não relembrar situações vividas previamente relacionadas a sua situação, optando pelos isolamento social9-10. Nesse sentido, a partir de Morin uma possível resposta para todo esse sofrimento, é uma participação viva, com amor e solidariedade, extraindo do paradoxo vida-morte uma articulação profunda entre a reforma da vida como o eixo que nos remete a todo o arco complexo de outras reformas necessárias: da ética, da educação, da sociedade, concebidas em circuito recursivo11. Ainda, com a terceira categoria, do presente estudo, ratificou-se a questão dos próprios trabalhadores da equipe de enfermagem sentirem-se despreparados para cuidar no processo de morte e morrer. Assim, o preparo do trabalhador para interagir e cuidar do indivíduo no seu processo de finitude e de seu familiar/cuidador tem sido praticamente negligenciado desde a sua formação, levando-o a fazer essa aprendizagem no seu dia a dia; como nessa pesquisa, muitos parecem se (des)sensibilizar frente à necessidade de cuidado do indivíduo na finitude12. Dessa forma, enfatiza-se a busca pelo tratamento em prol da cura, não preparando esses trabalhadores para o cuidar na finitude, o que pode favorecer o afastamento do trabalhador, o que é percebido, frequentemente, como manifestação de negligência na assistência. Conclusão: considera-se que essas inter-relações, quando embasadas no diálogo, na formação de vínculos e na confiança, poderão contribuir para reduzir o distanciamento, a ruptura e o sofrimento de quem vivencia o processo de finitude, com a possibilidade de ressignificação dos sentimentos pela tríade. Tais discussões poderão gerar reflexões importantes tanto para os trabalhadores da equipe de enfermagem, quanto aos familiares/cuidadores, no que tange o cuidado e as inter-relações nessa fase do ciclo vital, propiciando uma melhor qualidade de vida a todos os envolvidos nesse processo.

Descritores: Morte. Paciente terminal. Enfermagem. Família. Inter-relação.

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      1. ESCALA DE EDMONTON COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS ATENDIDOS NO DOMICÍLIO

Samanta Bastos Maagh, Aline da Costa Viegas, Vanessa Medeiros Almeida, Daniela Marques Herzer, Raquel Oliveira Pinto, Cintia Rodrigues Farias.

Introdução: os cuidados paliativos, segundo a Organização Mundial da Saúde consistem em cuidados com abordagem integral a pacientes cuja doença não é passível de tratamento curativo.1 Isso envolve controle de sintomas no âmbito biopsicossocial e espiritual que neste contexto, podem ser mensurados através de escalas visuais numéricas, analógicas, em cores ou questionários.2 Assim sendo, neste estudo será utilizada a escala de Edmonton Symptom Assessment System (ESAS), a qual auxilia no controle de sinais e sintomas físicos e psicológicos dos pacientes, permitindo conhecer a frequência e a intensidade destes, contribuindo para a tomada de decisão das equipes quanto a terapêutica do cuidado, possibilitando verificar a sua eficácia.3 A ESAS utilizada para análise dos dados possui dez itens, sendo estes: dor, cansaço, náuseas, depressão, ansiedade, sonolência, apetite, bem estar, dispneia e insônia; Tais sintomatologias são questionadas ao paciente, o qual pontuará de 0 (zero) a 10 (dez), sendo zero ausência do sintoma e 10 o sintoma mais intenso já sentido, uma vez que o paciente não consiga responder, o familiar ou cuidador poderá representá-lo ou o profissional que o acompanha.4 Objetivo: descrever os dois sintomas mais frequentes apresentados por pacientes oncológicos internados em um Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar. Método: trata-se de um estudo descritivo, o qual utilizou dados

1Mestre em Ciências. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: samantamaagh@yahoo.com.br

2Mestre em Ciências. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: alinecviegas@hotmail.com

3Especialista em Atenção Domiciliar. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: nessavma@hotmail.com

4Enfermeira. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail:

Daniela.Herzer@ebserh.gov.br

5Mestre em Saúde Coletiva. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: quel_enf@yahoo.com.br

6Especialista em Saúde Pública, Enfermagem Materno Infantil e Educação em Saúde. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: cicafarias@yahoo.com.br

secundários provenientes dos prontuários de 17 pacientes oncológicos internados pelas duas equipes do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) de um município do Sul do Rio Grande do Sul. Cada equipe pode atender concomitantemente 10 pacientes os quais recebem visitas diárias nos turnos da manhã e tarde. Estas equipes são compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, tendo apoio de psicólogos, odontólogas, nutricionista, assistente social e capelão, além de residentes multiprofissionais em oncologia. Os dados foram coletados no mês de maio de 2017 e tabulados, obtendo-se os dois sintomas mais frequentes nos pacientes durante aplicação da ESAS no momento de sua internação no PIDI. Resultados: a partir da avaliação das ESAS dos 17 pacientes participantes deste estudo se observou que os dois sintomas mais frequentes foram falta de apetite (inapetência) e ansiedade. A inapetência ou mesmo a recusa de alimentos ou água é um sintoma frequentemente encontrado nos pacientes em cuidados paliativos, muitas vezes, relacionado a outros sintomas como náuseas, vômitos, dor, obstipação, diarreia, entre outros. Nesse sentido, a nutrição em cuidados paliativos tem como objetivo auxiliar na redução da ansiedade, no aumento da autoestima e da independência, ofertar conforto emocional, prazer, produzir maior integridade e melhor comunicação com seus familiares. Dessa forma, garantir a autonomia a pessoa no que diz respeito a sua nutrição e sua aceitação ou não, é necessário, respeitando-se os princípios da bioética, evitando-se assim tratamentos fúteis e por consequência reduzindo o seu sofrimento.5 Como segundo sintoma mais frequente, encontrou-se a ansiedade, comumente presente em pacientes em cuidados paliativos, sendo definida como um estado de humor desconfortável, manifestando-se como a vivência de um sentimento difuso de medo e de apreensão. Nos pacientes em cuidados paliativos, a notícia do diagnóstico de uma doença grave, sem perspectivas de cura ou percebida como uma doença de evolução refratária pode desencadear este sintoma, que com frequência evolui para um estado patológico, sendo importante o seu reconhecimento precoce para início da terapia adequada.6 Conclusão: a partir da construção deste trabalho observou-se que embora estudos e a vivência profissional no contexto dos cuidados paliativos apontem a dor como um dos sintomas mais frequentes alterados, neste estudo a inapetência e a ansiedade foram os sintomas que mais se destacaram entre os pacientes em cuidados paliativos, reforçando a relevância de sua investigação e identificação precoce para manejo e terapêutica adequada, visto que podem produzir alterações significativas no estado de saúde e bem estar dos pacientes e de seus familiares, os quais precisam estar elucidados e conscientes da melhor conduta frente aos diferentes aspectos relacionados aos efeitos de uma doença sem perspectiva curativa. Também, salienta-se a importância da utilização de instrumentos para mensuração dos sintomas dos pacientes como a ESAS, como estratégia de qualificação da atenção à pessoa em cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS:

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  1. Nascimento AG. Papel da nutricionista na equipe de Cuidados Paliativos. In: Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Diagraphic; 2009. p.144-147.

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      1. A IMPORTÂNCIA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Thayzzy Fátima Araújo Santos, Letícia Zanetti Marchi Altafim, Jael Rúbia Figueiredo de Sá França.

Cuidados Paliativos (CP) é uma prática multiprofissional que trabalha com indivíduos diagnosticados com doenças crônicas que estão fora de possibilidade de cura, assim, compreende-se CP por um atendimento que integre todas as dimensões do indivíduo, visando atingir uma melhor qualidade de vida para o doente e sua família, levando em consideração que as consequências causadas pelo adoecimento acarretam intenso sofrimento que afetam todos em volta do paciente (CARVALHO e PARSONS, 2012), levando em consideração que o acompanhamento em CP deve ser feito após a morte do indivíduo, cuidando do luto dos familiares. O terapeuta ocupacional é um dos profissionais que compõe a equipe de CP, e tem como objetivo promover maior conforto, dignidade e qualidade de vida ao sujeito, contemplando as suas limitações funcionais e o desempenho ocupacional, correlacionando-as com as atividades cotidianas e as diversas formas de dor e sofrimento (físico, psíquico, social e espiritual) gerados pelo adoecimento (BIGATAO, MASTROPRIETO e DE CARLO, 2009.2). O presente estudo consiste em um relato de experiência, a partir da vivência de alguns atendimentos hospitalares com um paciente diagnosticado com câncer no pâncreas feito por uma residente terapeuta ocupacional. Foram realizados um total de dez atendimentos com duração média de 40 a 50 minutos cada, as atividades desenvolvidas foram de alongamento, estimulação sensorial, escuta qualificada, orientações e medidas de conforto ao cuidador, manutenção de atividades significativas, atividades expressivas, treino de Atividade de Vida Diária (AVD), movimentação ativa assistida, estimulação cognitiva e participação de intervenções de profissionais de Enfermagem e Técnicos de Enfermagem. Os resultados obtidos com os atendimentos foram melhora da autopercepção corporal (Ex.: movimentação ativa dos MMSS e MMII); adequação postural espontaneamente do indivíduo no leito; melhora da cognição (Ex.: reconhecimento de faces, recordação da sua rotina de trabalho e orientação de tempo e espaço); aceitação do cuidador quanto ao processo de tratamento em cuidados paliativos e morte. Mesmo com a eminência de término da vida devido a uma condição patológica, é importante investir nos cuidados paliativos, pois essa abordagem possibilita ao indivíduo e familiares um cuidado ampliado, fazendo com que a morte seja um momento de dignidade.

REFERÊNCIAS:

  1. CARVALHO R.C.T., PARSONS, H.A. Manual de Cuidados Paliativos ANCP, 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2012.
  1. BIGATAO, M. R.; MASTROPRIETO, A.P.; DE CARLO, M.M.R.P. Terapia Ocupacional em Oncologia: A Experiência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. In: OTHERO, M. B. (org.). Terapia Ocupacional – Práticas em Oncologia. São Paulo: Editora Roca, 2009.2.

      1. CUIDADORES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM AÇÃO EDUCATIVA NA ATENÇÃO À ALIMENTAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS

Adivanio Cardoso, Daniela Corrêa da Silva de Farias, Rejane Vernet Taborda de Barros Varriale.

Introdução: Para atender as necessidades dos pacientes terminais, assim como da sua família, é essencial que a equipe seja multidisciplinar, cujo objetivo seja prevenir e aliviar os sintomas, o sofrimento e a dor, associando o apoio espiritual e psicológico desde o diagnóstico até o final da vida¹. O enfermeiro, enquanto profissional com habilidades em comunicação e avaliação dos sinais e sintomas, é essencial no suporte em equipe do paciente, família e cuidador, fazendo o gerenciamento e coordenação das metas assistenciais propostas no acordo terapêutico. Através da relação de proximidade física e afetiva, este estabelece a articulação de ações educativas mais assertivas². Ao fonoaudiólogo, por sua vez, cabe avaliar a eficiência da comunicação e alimentação do paciente e auxiliar na definição dos melhores procedimentos a serem tomados, dentro dos princípios dos cuidados paliativos, na busca da melhora da qualidade de vida. Este profissional tem capacidade em auxiliar o paciente a alimentar-se de forma segura, através de manobras, adequação postural e orientação da consistência e quantidade de alimentos, sendo quando possível, a manutenção do prazer em comer. Da mesma forma, tem condições de indicar vias alternativas em casos de intensificação da disfagia, trazendo conforto e segurança ao paciente e família³. A alimentação é comumente associada a vitalidade, bem-estar e qualidade de vida, sendo um pilar importante nas interações sociais e familiares. Muitas vezes, este acaba sendo o interesse central na preocupação dos familiares e ou cuidadores, comparado a outras questões complexas do tratamento proposto. A equipe multiprofissional deve priorizar a ingesta de uma alimentação balanceada, dentro das necessidades nutricionais do paciente, focando na redução dos sintomas relacionados ao consumo de alimentos, assim como a busca em manter hábitos e preferências alimentares do indivíduo, garantindo assim sua satisfação. Na terminalidade, o alimentar-se é uma das atividades que está alterada, o que consequentemente é uma grande fonte de preocupação para a família. Ao aproximar-se da morte, se faz necessário que os profissionais intervenham de forma que os sintomas sejam controlados, proporcionando conforto ao paciente. Objetivo: Através da observação de uma consulta multidisciplinar, pretende-se fazer uma avaliação sobre a abordagem do aspecto alimentar entre equipe e paciente/cuidador. Método: relato de experiência acerca do atendimento multidisciplinar realizado em um serviço de dor e medicina paliativa num hospital da região metropolitana de Porto Alegre, como meio de qualificar o cuidado e tratamento prestado. Resultados: Viu-se que durante as consultas em equipe interdisciplinar, não havia a abordagem do tema alimentação de forma adequada, embora fosse evidente que a dificuldade em se alimentar é um fator desencadeante de ansiedade para família e paciente. Muitas vezes o paciente não era questionado sobre como estaria acontecendo a sua rotina alimentar, suas preferências e seus hábitos de higiene oral. Percebeu-se que os profissionais não entendem a alimentação como um pilar importante, nas interações sociais e no aspecto emocional do paciente e de sua família, dando atenção somente à questão nutricional, necessária para a qualidade de vida dentro dos cuidados paliativos. Com a abordagem e a escuta qualificada deste paciente, pela equipe multidisciplinar, é possível promover controle de sintomas e retomada do prazer em alimentar-se, quando possível. Conclusões: A consulta em equipe multidisciplinar, levando em consideração os princípios dos cuidados paliativos, prepara o paciente e sua família para o gerenciamento de sua rotina com autonomia, diminuindo sintomas como ansiedade e medo, além de esclarecer dúvidas do paciente e familiares/cuidadores, proporcionando assim, uma melhor condição de saúde e qualidade de vida. Como proposta a essa observação, pensou-se em desenvolver um questionário que avalie de forma qualitativa e quantitativa os vários aspectos da abordagem da alimentação durante as consultas em cuidados paliativos.

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      1. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA EM CUIDADOS PALIATIVOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Felipe Ferreira da Silva, Renata Ferreira Fagundes, Luiz Guilherme Lindemann, Janaina Baptista Machado, Carina Rabêlo Moscoso, Rodrigo Verzeletti Ribeiro.

Introdução: o fígado é uma glândula que executa diversas funções importantes no organismo, e é extremamente vulnerável a uma variedade de insultos metabólicos, tóxicos, microbianos, circulatórios e cancerosos. Uma das complicações do fígado é a cirrose, que se caracteriza como a fase final da doença hepática crônica que danifica o fígado completamente. O tecido cicatricial lentamente substitui o tecido saudável, impedindo que o órgão funcione corretamente. A cirrose hepática tem diferentes causas, sendo uma delas o etilismo crônico, que faz com que inicie-se um processo de infiltração gordurosa, inflamação e fibrose permanente do fígado. A cirrose alcoólica se desenvolve em cerca de 15 a 20% dos etilistas crônicos. Isto significa que mais ou menos uma em cada cinco pessoas com consumo pesado de álcool irão desenvolver cirrose hepática. Objetivo: relatar os cuidados de enfermagem prestados a um paciente com cirrose hepática em cuidados paliativos. Métodos: trata-se de um relato de experiência fundamentado no cuidado prestado a um paciente com cirrose hepática alcoólica em cuidados paliativos em um hospital de ensino do Rio Grande do Sul no mês de março de 2016. Resultados: paciente R.F.S., sexo masculino, 59 anos, diagnosticado com cirrose hepática alcoólica e hepatite B há 3 anos, estava na fila para transplante de fígado desde o diagnóstico. Foi internado devido a hemorragia digestiva alta em decorrência de varizes esofagianas sangrantes, ascite e insuficiência hepática. Após avaliação da equipe multidisciplinar, optou-se por colocar esse paciente em cuidados paliativos por não haver mais recurso terapêutico que visasse a cura da doença, restando o investimento em medidas de conforto durante a fase de terminalidade. Nos quatro primeiros dias de internação, o paciente apresentava-se lúcido e orientado, comunicando-se com a família e equipe, fazendo uso de oxigenoterapia por máscara de Venturi, terapia endovenosa com opióides e inibidores da bomba de prótons, lactulose oral e enteroclisma. Não foi possível realizar a paracentese devido à plaquetopenia. Foi instalada sonda vesical de demora, sonda nasogástrica aberta em frasco para drenagem de conteúdo sanguinolento e acesso venoso central. Após esse período, iniciou-se um quadro irreversível de encefalopatia hepática que levou o paciente a períodos de agitação, irritabilidade e confusão mental. Nesse ponto, vale ressaltar que o paciente estava ciente da sua condição de saúde e optou por saber tudo o que iria acontecer com o organismo dele com a progressão da piora dos sinais e sintomas. Desde esse momento, uma equipe multidisciplinar formada por enfermeiro, médico, nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga e acadêmicos, atuou para sanar todo tipo de dúvidas e questionamentos do paciente e família, oferecendo suporte psicológico para o enfrentamento da doença, trabalhando na perspectiva da morte e da vivência do luto. Conclusão: a experiência proporcionou vivenciar a prática dos cuidados paliativos prestados desde a iminência da morte até os últimos dias de vida do paciente, ofertando medidas de conforto que proporcionassem qualidade e conforto durante a fase de terminalidade, abrangendo tanto o paciente quanto a família.

REFERÊNCIAS

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Paulo; 2017. Disponível em: http://www.fbg.org.br/Conteudo/2231/0/Doen%C3%A7a-Hep%C3%A1tica-Alco%C3%B3lica (30 abr. 2017).

      1. CARACTERIZAÇÃO DE ATENDIMENTOS ONCOLÓGICOS DOMICILIARES A PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS, NO MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO – RELATO DE EXPERIÊNCIA

Camilla Luiza Stracke Viana, Helena Bianchi, Fernanda Pagliarini.

Introdução: A demanda por Cuidados Paliativos (CP) é um problema atual de saúde pública, evidenciando-se a importância da reorganização dos serviços de saúde com a finalidade de assegurar sua oferta. A assistência domiciliar, neste âmbito, faz-se necessária pelo elevado grau de humanização que pode propiciar, pois reduz complicações decorrentes das longas internações hospitalares, diminui custos do tratamento e envolve a família, tanto nos cuidados, como no amparo afetivo ao paciente.¹ Objetivo: Relatar a experiência de atendimentos fisioterapêuticos e psicológicos, de residentes do programa de residência em atenção ao câncer, integradas à equipe multiprofissional, em atendimentos realizados para pacientes oncológicos em cuidados paliativos da rede pública municipal de saúde. Metodologia: Estudo de caráter qualitativo, abordagem intervencionista multiprofissional, com amostragem intencional, na qual participaram pacientes oncológicos em cuidados paliativos, no município de Passo Fundo/RS, no período de março a agosto de 2016. Os critérios de inclusão para o estudo foram pacientes que estavam em cuidados paliativos neste período, sendo estes drenados através de um hospital geral do referido município e convidados verbalmente a participar dos atendimentos. Os atendimentos foram realizados semanalmente, com duração média de uma hora, sendo realizado atendimento fisioterapêutico, visando melhora da qualidade de vida e maior independência funcional dentro das limitações de cada paciente, sendo reavaliados a cada sessão. Os atendimentos psicológicos visaram auxiliar emocionalmente paciente e familiares frente ao adoecimento, proporcionando maior qualidade da saúde mental durante o tratamento. Cada paciente teve um Projeto Terapêutico Singular, que era reavaliado quinzenalmente pelas profissionais. Resultados: Observou-se nestes atendimentos, melhora gradual da funcionalidade e qualidade de vida das pacientes, bem como motivação para desempenhar atividades simples de vida diária. As pacientes apresentaram reações emocionais adequadas durante o período de atendimento, demonstrando enfrentamento adaptativo do tratamento. Cuidadores e familiares demonstraram aperfeiçoamento no cuidado e manejo com as pacientes. Conclusão: No campo da fisioterapia domiciliar, esta vem se ampliando por perceber a influência do contexto domiciliar para o cuidado integral dos pacientes. Nesse ambiente, o fisioterapeuta realiza uma avaliação e elabora um plano de cuidados continuados, proporcionando maior conforto e praticidade para o paciente, que pode estar restrito ao leito, ou com dificuldade de mobilidade. O atendimento psicológico domiciliar segue, também, a perspectiva do cuidado integral ao paciente, visa aliviar o sofrimento daqueles que necessitam do tratamento psicológico no processo de adoecimento, exercendo importantes funções terapêuticas e preventivas à pacientes e cuidadores.

REFERÊNCIAS

  1. Queiroz AHAB, Pontes RJS, Souza AMA, Rodrigues TB. Percepção de familiares e profissionais de saúde sobre os cuidados no final da vida no âmbito da atenção primária à saúde. Ciênc. Saúde Coletiva [Internet]. 2013; 9:2615-2623. Disponível

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      1. ACOMPANHAMENTO MULTIDISCIPLINAR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Camilla Luiza Stracke Viana, Helena Bianchi, Fernanda Pagliarini.

Introdução: O atendimento multiprofissional a pacientes oncológicos hospitalizados promove integralidade na assistência, efetividade do tratamento, melhoria das condições de saúde e troca de informações entre os profissionais para melhoria do serviço prestado. Ao se tratar de pacientes oncológicos em cuidados paliativos, o cuidado ativo e total independem de o paciente estar ou não realizando tratamento oncológico, deseja-se a melhora da qualidade de vida através do controle da dor e de outros sintomas, além dos problemas psicológicos, sociais e espirituais. Objetivo: relatar a experiência do acompanhamento multidisciplinar a pacientes oncológicos em cuidados paliativos (CP) internados em um hospital geral da cidade de Passo Fundo. Método: O acompanhamento multidisciplinar foi realizado por residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção ao Câncer da Universidade de Passo Fundo. Os atendimentos tiveram como objetivo identificar as fragilidades dos pacientes durante o tratamento, analisar a aderência ao mesmo e realizar o cuidado necessário durante a internação na Unidade Hospitalar. Resultados: O acompanhamento permitiu realizar um atendimento integral e humanizado por meio da oferta do atendimento multiprofissional para manejo e cuidado, visando não somente a internação, mas as práticas de assistência após a alta do paciente, através da construção de elo entre cuidadores e equipe, propiciando melhor manejo dos sintomas por intermédio das orientações específicas a cada paciente. Conclusão: A realização do acompanhamento multidisciplinar durante a internação hospitalar promoveu maior qualidade ao serviço prestado ao paciente, possibilitando a inclusão de práticas integrativas através de um trabalho cooperativo de responsabilização entre os sujeitos e interação entre os pacientes e profissionais, fortalecendo a aceitação à terapêutica aos pacientes em cuidados paliativos.

      1. CUIDADOS PALIATIVOS A PACIENTES COM FERIDAS ONCOLÓGICAS NA ATENÇÃO DOMICILIAR

Daniela Marques Herzer, Fernanda Sant’Ana Tristão, Jefferson Sales da Silva, Maria Angélica Silveira Padilha.

Introdução: Feridas oncológicas são formadas pela infiltração de células malignas do tumor nas estruturas da pele, ocorrendo a quebra de integridade do tegumento, levando a formação de uma ferida evolutiva em decorrência da proliferação celular descontrolada que é provocada pelo processo de oncogênese. Em média 5% a 10% dos pacientes com câncer desenvolvem lesões oncológicas. Esse fato pode ocorrer durante os seis últimos meses de vida, em consequência do tumor primário ou metastático. Elas causam dor, prurido, sangramento, secreções, odor e fístulas. Estas lesões de pele apresentam mau prognóstico, geralmente não cicatrizam e exigem cuidados paliativos para aliviar os sintomas, diminuir complicações e melhorar a qualidade de vida através da prevenção e do alívio do sofrimento do paciente e sua família. Objetivo: Descrever a atuação do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL (HE–UFPEL) nas orientações das Equipes de Atenção Domiciliar no tratamento de pacientes em cuidado paliativo que apresentem lesões oncológicas. Método: trata-se de uma pesquisa descritiva, do tipo relato de experiência, desenvolvida no mês de abril e maio de 2017. O estudo foi construído a partir da vivência dos membros do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL. Resultado: Contextualização do Cenário. O Serviço de Atenção Domiciliar no HE – UFPEL contempla o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar para Pacientes Oncológicos, cujas internações são dirigidas a pessoas com diagnóstico de câncer, contemplando principalmente pacientes em fase de cuidados paliativos. O

1Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Enfermeira do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPel/EBSERH. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC). dmherzer16@gmail.com

2Enfermeira. Doutura em Ciências pela Universidade Federal de Pelotas. Docente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC). enfermeirafernanda1@gmail.com

3Enfermeiro. Técnico em Enfermagem do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL/EBSERH. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC) jeffe_salles@hotmail.com

4Enfermeira. Mestre em Ciências pela Universidade Federal de Pelotas. Coordenadora do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL/EBSERH. Vice-líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC) padilha.mangell@gmail.com

programa conta com duas equipes de médicos clínicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem e apoio complementar de assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, farmacêuticos voluntários e auxiliar administrativo. As visitas aos pacientes são feitas duas vezes ao dia, resultando em maior conforto e atenção humanizada. E contempla também o Melhor em Casa que atende pacientes que possuem problemas de saúde que necessitem de maior frequência e intensidade de cuidados e acompanhamento contínuo, dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde. O atendimento é feito por três Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD), formadas por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e assistentes sociais e uma Equipe Multiprofissional de Apoio (EMAP), formada por fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo. As EMAD’s são distribuídas em: EMAD SUL – Fragata, Barragem, Centro Sul e Porto/Várzea; EMAD NORTE – Três Vendas, Areal Norte e Centro Norte e EMAD LESTE – Areal, Fátima/Balsa e Laranjal. Atuação do Grupo de Pele do HE– UFPEL: os profissionais das equipes procuram o Grupo de Pele para solicitar orientações no manejo das lesões cutâneas. Diante da solicitação de acompanhamento a enfermeira do Grupo, responsável pela atenção domiciliar, acompanha a equipe e realiza a avaliação do paciente. Durante a visita domiciliar é feita uma minuciosa avaliação do paciente, e da lesão que inclui: identificação do tipo de lesão, tipo de tecido no leito, características do exsudato, características da pele perilesional, mensuração, registro fotográfico, e são fornecidos as primeiras orientações para a realização do tratamento para equipe de saúde, cuidador e familiares. Os cuidadores são informados de todas as condutas tomadas. As informações coletadas são levadas ao conhecimento do Grupo de Pele, sendo analisadas e discutidas e partir delas é formulado um plano de cuidado. O plano de cuidado é discutido com a Equipe de AD e são marcadas novas visitas domiciliares, para posteriores reavaliações das ações. Sempre é solicitado a enfermeira que realize o registro fotográfico e mensuração para manter o acompanhamento. As lesões oncológicas prevalentes estão relacionadas a câncer de mama e períneo. Dentre os principais sintomas destaca-se o odor, o exsudato, a dor, o sangramento e a necrose. Entre as questões psicossociais a mudança de imagem corporal, o isolamento social, constrangimento e vergonha estão associados com o viver e cuidar de uma ferida desta natureza. A compreensão das metas dos cuidados paliativos, como essencial no desenvolvimento de um plano de tratamento com foco sobre o controle de sintomas das lesões é uma das ações para manutenção da qualidade de vida dos usuários atendidos. Conclusão: Os cuidados paliativos em lesões oncológicas, são uma grande preocupação na assistência à saúde já que os efeitos da doença interferem diretamente na qualidade de vida. A progressão da doença, o aumento da lesão, as dificuldades no controle dos sintomas trazem um sentimento de impotência para o enfermeiro. A atuação do Grupo de Pele e as ações que desenvolve de avaliação e tratamento de lesões oncológicas tem um papel importante na minimização do desconforto e alterações psicossociais que podem ser gerados pelas lesões nos usuários.

      1. CUIDADOS PALIATIVOS EM ENFERMAGEM:VALORIZANDO O BEM ESTAR NO PROCESSO DE FINITUDE – REVISÃO INTEGRATIVA

Cáren Igure Noble, Tamara Rios de Avila, Daciclei Lopes da Fonseca, Ismael Moron de Souza Reinhardt, Isabel Cristina Rios de Avila, Susi Lauz.

10-11

Introdução: A humanização na saúde em cuidados paliativos surgiu com a necessidade de se resgatar e valorizar o outro por meio de uma sensibilidade há muito abandonada pelos profissionais de saúde1. Vale aprofundar a temática de forma integral e humanística, respeitando a individualidade do ser, valorizando suas crenças, atentando para a comunicação e estando presente na relação do cuidado, tornando-se imprescindível que a humanização seja despertada nos profissionais de saúde2. Em 2003 foi criada a Política Nacional de Humanização(PNH) pensada em evidenciar a interface entre o cuidado e a gestão nos serviços de saúde. A educação permanente emergiu recentemente como um método em saúde indispensável para as práticas de formação, atenção, transformação e interação dos saberes e práticas, no cenário real do público alvo estabelecendo integralidade no processo de cuidar3. Para a equipe de enfermagem, a humanização pode ser definida como ter respeito pelo ser humano e a empatia como um diferencial no processo de acolhimento de pacientes que estão submetidos aos cuidados paliativos. Surge, na fase final da vida, um dos possíveis caminhos para a intervenção da enfermagem e dos demais profissionais de saúde, pois, os mesmos participam de um processo de assistência e terapêutica que confluem no sentido de auxiliar e proporcionar uma melhoria na qualidade dos cuidados prestados, bem como no relacionamento que se estabelece com os seus familiares. Os Cuidados Paliativos (CP), segundo a World Health Organization (WHO) é uma terapêutica humanizada ao cuidado de pacientes cuja doença não responde ao tratamento curativo. Quando a doença se encontra em fase avançada e progressiva os cuidados visam o bem-estar do paciente, buscando fornecer uma melhor qualidade de vida para os pacientes e suas famílias4. Objetivo: Verificar os cuidados paliativos desenvolvidos pela enfermagem e averiguar quais são as estratégias utilizadas por para promover os cuidados paliativos. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, construída a partir das seguintes etapas: desenvolvimento da questão norteadora; a qual envolve a análise de artigos científicos relacionados com a temática; extração de dados dos estudos; análise e síntese dos resultados. Resultados: CP é uma abordagem terapêutica que envolve uma equipe multidisciplinar adequadamente capacitada. É considerado como uma filosofia do cuidar, cujo escopo é o de proporcionar aos pacientes sem possibilidades terapêuticas de cura e seus familiares uma melhor qualidade de vida5.O CP busca identificar e reduzir problemas nas esferas física, psicológica, espiritual e/ou social5-6. Percebe-se que no processo de terminalidade, o enfermeiro manifesta o cuidado paliativo quando o cuidado curativo deixa de ser o propósito principal, buscando que o exercício profissional amenize o sofrimento, confortando o paciente, expresso pela redução da dor/sofrimento com adoção de medidas que não só asmedicamentosas7. O cuidado incorpora a ideia de atendimento às necessidades humanas básicas, numa atitude acolhedora do profissional ao ser empático com esse paciente e promover a resolutividade dessas necessidades. No Brasil, algumas diretrizes foram subsidiando e estimulando a criação e implementação de serviços no processo de saúde-doença, que dispõem esse tipo de cuidados. Dentre elas, pode-se citar o Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos, dispondo na Portaria nº 19, de 03 de janeiro de 2002, que amplia a inserção de Cuidados Paliativos instituindo no âmbito da saúde. No art.1º, afirma que: “estimular a organização de serviços de saúde multidisciplinar para a assistência a pacientes com dor e que necessitam de Cuidados Paliativos, sensibilizar/treinar os profissionais de saúde para a adequada abordagem destes pacientes”3-6. Verifica-se um aumento da população idosa e, consequentemente, do aparecimento de doenças crônicas e terminais que inevitavelmente conduzem a pessoa a confrontar-se com o processo de morte/morrer. Deste modo, torna-se importante, os cuidados paliativos exercidos pela equipe de saúde, onde é sanado as necessidades do doente e dos familiares, a promoção e preservação da dignidade humana durante esse processo de transição9. Um doente em fase terminal possui além da dor física, a dor psicológica e o desgaste emocional. Desta forma, as principais necessidades do doente terminal e a sua família estão direcionadas para a gestão da dor e o sofrimento, existindo a necessidade de expressarem seus medos, angústias e sofrimentos, para que se sintam amparados, respeitados e compreendidos pelo enfermeiro e por todos os profissionais de saúde que lhe prestam cuidados13. Conclusões: Espera-se que este trabalho, conscientize acadêmicos e profissionais de enfermagem e da saúde, quanto à importância de reflexão sobre a temática, buscando sensibilizá-los, uma vez que irão cuidar de seres humanos, principalmente em seu processo de finitude.

Palavras Chaves: Cuidados Paliativos; Terminalidade; Humanização

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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      1. O PAPEL DA PSICOLOGIA EM ÁREAS CRÍTICAS E AS DIRETIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE: POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO

Paula Azambuja Gomes, Rita Gigliola Gomes Prieb, Simone Medianeira Scremin, Waleska Jerusa de Souza Mendonça.

Introdução: As diretivas antecipadas de vontade, a partir da Resolução CFM 1955/20121, preconizam que o desejo do paciente deve ser respeitado, sendo ele o principal norteador do seu tratamento e condutas. Em nossa experiência adquirida com a Residência Integrada Multiprofissional em Saúde, ênfase Adulto Crítico, em um Hospital Universitário de Porto Alegre, percebemos que mesmo tal temática tendo respaldo nesta resolução, ao trabalharmos sobre medidas de tratamento paliativos em diferentes cenários, nos deparamos com entraves que dificultam a comunicação entre as equipes e o respeito ao desejo do paciente. Desta forma, se faz necessário uma intermediação da psicologia a fim de resguardar a vontade expressa pelo paciente com relação aos procedimentos considerados pertinentes para alívio do sofrimento e aqueles aos quais não quer ser submetido em caso de final da vida. A equipe da psicologia que atua nos cenários Emergência e Centro de Terapia Intensiva (CTI) constantemente intervém com vistas a auxiliar a equipe a lidar com as suas limitações e expectativas frente ao desejo expresso pelo paciente. Culturalmente, estes dois cenários são ambientes que tem por objetivo o uso de tecnologias duras e leves-duras, com o intuito de salvar vidas. No entanto, o trabalho da psicologia tem se pautado na propagação da importância das tecnologias leves, como recursos terapêuticos de grande valia2,3. Objetivo: Compartilhar a atuação do psicólogo em unidades críticas, como profissional que favorece a comunicação entre paciente e equipe. Através de mediação nas discussões clinicas em round médico e multiprofissional, e por meio do registro da decisão em prontuários, respaldando o que está preconizado pelas diretrizes antecipadas de vontade do paciente. Metodologia: Será utilizado método de relato de experiência. Abrangendo período de março de 2016 a maio de 2017, nas unidades de CTI e Emergência do Hospital de Clinicas e Porto Alegre (HCPA)-Brasil/RS. Resultado: Um dos grandes problemas percebidos nessa experiência é a dificuldade de comunicação entre as equipes e a definição de qual equipe é responsável por determinar como será o desfecho dos atendimentos, priorizando o desejo expresso pelo paciente. Dentro disto, observou-se dificuldades internas dos profissionais envolvidos, tais como sentimentos de impotência e frustração profissional em não conseguir obter o desfecho esperado. Existem divergências entre a equipe assistente e equipe da unidade crítica, onde o paciente se encontra, pois, muitas vezes o paciente expressa seu desejo de não serem realizados procedimentos invasivos durante os atendimentos de rotina e essa informação não é repassada a equipe da unidade crítica. Neste momento, em função da dificuldade sobre qual área deve definir as condutas e respeitar a vontade do paciente no fim de vida, torna-se crucial o psicólogo como mediador da relação da equipe com o paciente e a família, minimizando possíveis falhas na comunicação entre os membros das equipes CTI/Emergência/Equipe Assistente e Paciente/Família. Auxiliar a equipe a tolerar a decisão do paciente e sua família em não prolongar a vida com tratamentos considerados fúteis e que podem não trazer benefícios terapêuticos ao paciente é um desafio a ser enfrentado na instituição pelos psicólogos que atuam em áreas críticas. Além disso, o amparo emocional ao paciente, família e equipe é essencial, haja vista que todos se beneficiam quando se propicia comunicação efetiva entre os envolvidos no processo de finitude2. Conclusão: Encorajar a reflexão sobre o processo natural de finitude, entendendo que o entrave entre a comunicação ocorre pela dificuldade dos membros da equipe em lidar com sentimentos de impotência e frustração profissional em não conseguir obter o desfecho esperado. Igualmente, auxiliar na dificuldade de comunicação entre as equipes e a definição de qual equipe é responsável por determinar como será o desfecho dos atendimentos é uma das principais missões do psicólogo atuante nas áreas críticas.

REFERÊNCIAS

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      1. DESPEDIDA SILENCIADA: A “CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO” COMO UM ENTRAVE NA COMUNICAÇÃO DE UM SERVIÇO DE CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL ESCOLA

Paula Azambuja Gomes, Amanda Bianchi, Dalvana Zago, Mônica Echerrevia de Oliveira, Suzelmara Mello Craidy.

Introdução: O paciente gravemente enfermo sabe inconscientemente sobre seu processo de adoecimento e finitude. Uma postura bastante recorrente e paternalista que ocorre é a evitação de uma conversa franca da equipe com o paciente e seus familiares sobre tal condição1. Entretanto esta mesma postura pode ocorrer quando apenas uma parte dos envolvidos têm o conhecimento real dos fatos. Esta condição pode criar uma situação conhecida como “conspiração do silêncio”, que acaba criando um isolamento emocional, ficando de um lado o paciente e de outro a família, todos com sentimentos, dúvidas e anseios semelhantes, mas não compartilhados1,2. Objetivos: Identificar como e de que forma ocorre a conspiração do silêncio no Núcleo de Cuidados Paliativos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) – Brasil/RS; Identificar em quais contextos e relações se processa a conspiração do silêncio; Quais as consequências dessa prática. Metodologia: O método utilizado neste trabalho é o relato da observação e atuação do profissional de psicologia dentro do Núcleo de Cuidados Paliativos na referida instituição no período de março de 2016 a maio de 2017. Resultados: Através da prática no Núcleo de Cuidados Paliativos foi possível perceber por vezes a existência da “conspiração do silêncio” como uma das formas de comunicação entre equipe- paciente-família. Em sua maioria, observamos que ocorre entre profissionais e familiares que buscam evitar falar em terminalidade e morte, com a ideia de poupar o paciente, por achar que poderão aumentar sua dor, causar sofrimento e deprimí-lo. Identifica-se esta forma de comunicação quando o paciente é isolado das conversas referentes ao diagnóstico/prognóstico, ao plano de tratamento, sendo assim impedido de participar das decisões em relação ao seu tratamento e futuro, influenciando nas suas escolhas referentes à qualidade do tempo em seu fim de vida. Frente a este entrave na comunicação, há dificuldade dos envolvidos em elaborar o luto antecipatório, o impedimento da finalização de assuntos importantes e despedida de entes queridos, dificulta a expressão de sentimentos, podendo gerar isolamento e sentimento de abandono. Percebe-se que o calar ocorre na tentativa não só de poupar o paciente, achando que seria esta a melhor forma de lidar com o que vem sendo vivenciado, mas também ocorre devido à dificuldade em lidar com a dor do outro, calar por não suportar perceber e trazer a certeza da iminência da morte para o presente. Essas características de dinâmica na comunicação são observadas pela equipe e o psicólogo irá se colocar nessa relação como um facilitador, respeitando o tempo e as defesas emocionais, proporcionando um espaço onde poderão ser expressos os conteúdos que deverão ser acolhidos e (re)significados1,3. Conclusão: Diante das inúmeras formas de expressão e comunicação existente nas relações humanas o silêncio enuncia o que vai além das palavras, um sofrimento que não é compartilhado. Frente ao entrave gerado pela “conspiração do silêncio”, o psicólogo intermédia a comunicação entre equipe-paciente-família, sendo essencial o amparo psíquico/emocional a todos os envolvidos, visto que todos se beneficiam quando ocorre comunicação efetiva entre os envolvidos no processo de finitude.

REFERÊNCIAS

  1. Maciel MGS. et al. Critérios de qualidade para os cuidados paliativos no Brasil / documento elaborado pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2006.

  1. Porto G, Lustosa MA. Psicologia Hospitalar e Cuidados Paliativos. 2010 Jun [citado em 2017 Maio 2] In: Rev. SBPH [Internet]. V.13 (1): 76-93. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S15160858201000010000 7&lng=pt.

  1. Mota AR; Martins CGDM; Véras RM. Papel Dos Profissionais De Saúde Na Política De Humanização Hospitalar. 2006 Ago. [citado em 2017 Maio 2] In: Psicologia

em Estudo [Internet]. V. 11 (2): 323-330. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141373722006000200011&script=sci_abstract &tlng=pt

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      1. UM ANO DE EXPERIÊNCIA: PERFIL DE ATENDIMENTO DA EQUIPE DE CONSULTORIA DE CUIDADOS PALIATIVOS – HE/UFPEL/EBSERH

Ana Cristina Fraga da Fonseca, Julieta Carriconde Fripp, Marcia Inêz Xavier dos Santos, Simone da Fonseca Sanghi, Tais Manjourany Leivas, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: A transição demográfica proporcionou uma redução da taxa de natalidade e um

aumento da expectativa de vida. Dessa forma, temos aumento significativo das doenças

crônicos não transmissíveis como neoplasia, doenças cerebrovasculares e pulmonares1. Com

esse novo perfil de pacientes crônicos é necessário a instituição de Cuidados Paliativos o qual

tem como objetivo, segundo a Organização Mundial da Saúde, a melhoria da qualidade de vida

do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção

e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e

demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. A equipe de consultoria em

cuidados paliativos do Hospital Escola é constituída de médico, enfermeiro, psicólogo e

assistente social e presta atendimento aos pacientes e familiares por meio de solicitação da

equipe assistente, onde o atendimento é mantido a partir da primeira avaliação até a saída do

paciente. Dentre as atividades desenvolvidas por esta equipe, destaca-se: avaliação e manejo

das necessidades físicas, emocionais, sociais e espirituais, elaboração de plano de cuidados,

comunicação acerca

  1. Enfermeira da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica. Mestranda do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da UFPEL;
  1. Médica Paliativa – Medicina Intensiva AMB/AMIB; Docente Disciplina Cuidados Paliativos – FAMED/UFPel; Médica TAE do Hospital Escola – UFPEL; Especialista em Gestão Hospitalar – IEP/HSL; Líder do Grupo de Pesquisa LEP-RCP; Doutora em Ciências UFPEL; Coordenadora Programa Melhor em Casa Pelotas junto ao MS

  1. Assistente Social do Programa Melhor em Casa; Especialista em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional pela UFPEL;
  1. Assistente Social da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em Saúde Coletiva pela Escola de Saúde Pública do RS; Mestre em Serviço Social pela PUCRS e Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;

  1. Psicóloga da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH e Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;
  2. Médica Geriátrica da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH;

do adoecimento e terminalidade, planejamento e orientação para alta, encaminhamento ao serviço de atenção domiciliar quando necessário e ações educativas envolvendo equipe, paciente e familiar ou cuidador. Objetivo: Avaliar o primeiro ano de atendimento da equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. Métodos: Estudo prospectivo de pacientes atendidos pela equipe de consultoria em Cuidados Paliativos do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, no período de 01 de janeiro à 31 dezembro de 2016. Avaliado sexo, idade, diagnóstico, período entre internação e solicitação da consultoria pela equipe assistente, tempo de permanência em acompanhamento com a equipe consultora e desfecho clínico. Resultados: No período analisado foram atendidos um total de 107 pacientes, com predomínio de 57% do sexo feminino. Com relação a idade dos pacientes atendidos, houve maior prevalência de pacientes na faixa etária dos 51 aos 60 anos e dos 61 aos 70 anos, respectivamente com 30 e 29%. O diagnóstico principal dos pacientes encaminhados era neoplasia, 93% dos casos. E ao avaliarmos o sítio primário da neoplasia encontramos pulmão e intestino como de maior incidência, o primeiro com 22% e o segundo, 13%. Em relação ao tempo de seguimento até a saída do paciente, 78 pacientes foram acompanhados pela equipe por cerca 20 dias e 4 pacientes por um período maior de 2 meses, sendo que em média a permanência do acompanhamento foi de 16 dias. Em 12% dos atendimentos (13 pacientes) a equipe foi acionada nas últimas 48h de vida do paciente ou na fase ativa de morte, e no restante dos atendimentos, a equipe assistente levou em média 17 dias, após a internação do paciente, para chamar a equipe de consultoria. Quanto ao desfecho, 60% dos pacientes evoluíram para o óbito, e o restante tiveram sua saída do hospital através de alta ou transferência para outras unidades hospitalares. Conclusão: Esta análise inicial, nos permite concluir, que a quase totalidade dos atendimentos a pacientes oncológicos, se deve ao fato de que, a grande maioria dos profissionais ainda considera que o cuidado paliativo deve ser instituído principalmente a pacientes com câncer. E, que a demora em solicitar o atendimento a equipe de consultoria dificulta a implantação de cuidados que são necessários para aliviar o sofrimento ocasionado pela doença ameaçadora da vida. Com isso, destaca-se a relevância de instituir programas de ações educativas a equipe de saúde para o entendimento do cuidado paliativo como medida para melhorar a qualidade de vida e aliviar o sofrimento a pacientes que apresentam doenças que ameacem a continuidade da vida.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

  1. VASCONCELOS, A.M.N.; GOMES, M.M.F. Transição demográfica: a experiência brasileira. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 21(4):539-548, out-dez, 2012.
  1. CARVALHO, R. T.; PARSONS, H. A. (Org.) Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2.ed. São Paulo: s. n., 2012.
      1. MOMENTOS FINAIS DA VIDA: O RELATO DE UMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS

Ana Cristina Fraga da Fonseca, Julieta Carriconde Fripp, Marcia Inêz Xavier dos Santos, Simone Fonseca Sanghi, Tais Manjourany Leivas, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: O modo de morrer é apresentado de diversas formas, dependendo do contexto histórico e cultural5. Um dos princípios dos cuidados paliativos é considerar a morte como um processo normal da vida, propondo uma aceitação social do processo de morrer: Morrer com dignidade! Para garantia da morte digna, faz-se necessário uma atenção dirigida ao controle de sintomas e do sofrimento e promoção do bem-estar e da qualidade de vida2. Assim, cabe a Equipe de Cuidados Paliativos perceber as fragilidades do paciente diante da terminalidade, contribuindo com o cuidado humanizado que permita uma partida serena e digna. O cuidado humanizado consiste na sensibilização da assistência integral dos pacientes e familiares, sendo que aquele abrange as diversas dimensões (física, psicológica, social e espiritual) do sofrimento humano para proporcionar uma sobrevida e um processo de morrer dignos1. Objetivo: Refletir as expectativas da equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos frente a experiência da morte. Métodos: Este estudo refere-se a uma abordagem descritiva com dados

  1. Enfermeira da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica. Mestranda do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da UFPEL;
  1. Médica Paliativa – Medicina Intensiva AMB/AMIB; Docente Disciplina Cuidados Paliativos – FAMED/UFPel; Médica TAE do Hospital Escola – UFPEL; Especialista em Gestão Hospitalar – IEP/HSL; Líder do Grupo de Pesquisa LEP-RCP; Doutora em Ciências UFPEL; Coordenadora Programa Melhor em Casa Pelotas junto ao MS

  1. Assistente Social do Programa Melhor em Casa; Especialista em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional pela UFPEL;
  1. Assistente Social da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em Saúde Coletiva pela Escola de Saúde Pública do RS; Mestre em Serviço Social pela PUCRS e Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;

  1. Psicóloga da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH e Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;
  2. Médica Geriátrica da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH;

qualitativos, realizado em um Hospital Universitário na cidade de Pelotas pela equipe de consultoria em Cuidados Paliativos, composta por um médico, enfermeiro, assistente social e psicólogo. A equipe, durante 20 dias, acompanhou um paciente de 43 anos com diagnostico de Obstrução Intestinal Maligna, sem possibilidade de tratamento cirúrgico o qual evoluiu para estratégia paliativa exclusiva. As visitas foram realizadas diariamente com no mínimo dois componentes da equipe, onde se utilizou a Escala de Edmonton para avaliação dos sintomas, avaliação psicossocial, observação e entrevista com familiares. Resultados e Conclusões: Nos momentos finais da vida o Cuidado Paliativo proporciona amparo e conforto. Desta forma, procura-se promover o controle dos sintomas, manutenção da qualidade de vida, apoio e segurança, pois sabemos que o abandono e a insegurança podem ser maiores que o medo da morte. Assim, a partir do acompanhamento realizado ao paciente citado, evidenciou-se que o mesmo expressava o desejo de abreviar o processo de morte e mostrava-se pouco comunicativo com a equipe e familiares, rejeitando as estratégias propostas de comunicação, aproximação da equipe, medidas de conforto, terapia ocupacional, musicoterapia e abordagem espiritual. Sendo assim, mesmo entendendo o comportamento do paciente como sendo integrante do processo de luto da morte, estas condições provocaram dificuldades na abordagem pela equipe gerando sentimento de rejeição, frustação e impotência, levando-nos a rever nossas expectativas e ressignificar a abordagem paliativa e o processo de morte. A partir da experiência vivida com o processo de morte, aprendemos que não existe modo/jeito certo de morrer, pois a morte pode ter significados diferentes e romper com protocolos definidos da chamada “boa morte”. Os momentos finais da vida, podem ser cercados de isolamento, tristeza e recolhimento por parte do paciente, não necessariamente sendo algo direcionado a equipe ou familiares. Estas percepções levaram a equipe a compreender que se deve respeitar o silencio e a introspecção profunda do paciente e que paliar também permitir o olhar, a presença, o toque e a comunicação não verbal. E, que estes sentimentos de frustação e desapontamento vivenciados pela equipe de cuidados paliativos vão além das habilidades técnicas e só serão amenizados com as experiências futuras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

  1. CARDOSO. Daniela Habekost; MUNIZ. Rosani Manfrin; SCHWARTZ. Eda; & ARRIEIRA. Isabel Cristina de Oliveira. (2013) Cuidados Paliativos na Assistência Hospitalar: a vivência de uma equipe multiprofissional, Texto Contexto Enferm., 22(4): 1134-1141.

  1. CARVALHO. Ricardo Tavares; PARSONS. Henrique Afonseca (org). Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2.ed. São Paulo: Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2012.

  1. SALTZ. Ernani; JUVER. Jeane (org). Cuidados Paliativos em Oncologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio de Janeiro, 2014.
  1. RODRIGUES. Inês Gimenes; ZAGO. Marcia Maria Fontão. (2012) A morte e o morrer: maior desafio de uma equipe de cuidados paliativos, Cienc Cuid Saude, 11(suplem.): 31-38.

  1. MENEZES. Rachel Aisengart. Em Busca da Boa Morte: antropologia dos

Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro: Garamond: FIOCRUZ, 2004.

      1. INICIATIVAS DA UTILIZAÇÃO DE HIPODERMÓCLISE E TERAPIA SUBCUTÂNEA PARA PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS NO AMBIENTE HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Sandy Alves Vasconcellos, Letícia Valente Dias, Clarice de Medeiros Carniére, Luana Amaral Mortolla, Ana Cristina Fraga da Fonseca, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: Hipodermóclise e terapia subcutânea tem por definição, a administração de fluidos isotônicos e/ou medicamentos pela via subcutânea, com a finalidade de reposição hidroeletrolítica e terapia medicamentosa1. O uso dessa técnica é segura e eficaz, devendo ser indicada sempre que houver impossibilidade da via oral ou a necessidade de hidratação por meio de grandes volumes de forma intermitente ou contínua2. A realização da punção e administração de medicamentos é feita pela equipe de enfermagem, desde que o profissional seja habilitado e capacitado para realizar o procedimento. O local da punção deve ser avaliado continuamente, ressaltando que os fluidos a serem administrados e o tempo de infusão precisam estar especificados em um protocolo institucional3. A padronização desses procedimentos tem o intuito de sistematizar a práxis dos profissionais na realização dos cuidados em pacientes em condições paliativas1. Em 2002, a OMS definiu cuidados paliativos (CP) como uma abordagem ou tratamento que melhora a qualidade de vida de pacientes e de seus familiares, que estão à frente de doenças que ameacem a vida e sua continuidade. Assim, se faz necessário avaliar e controlar todos os sintomas de natureza física, psíquica, social e espiritual4. Os pacientes terminais apresentam, com frequência, condições clínicas que prejudicam a via intravenosa, necessitando de vias alternativas para o suporte clínico, com isso, a

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com

2Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com
  1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: lumortola92@gmail.com
  1. Enfermeira. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: anacfragafonseca@gmail.com
  1. Médica. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. E-mail: nessapfernandes@gmail.com

hipodermóclise e terapia subcutânea pode ser implementada como esta via alternativa para reposição de fluidos, eletrólitos e medicamentos1. Objetivo: descrever as experiências vivenciadas por enfermeiras residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica durante a implementação do uso da hipodermóclise e terapia subcutânea no ambiente hospitalar de um Hospital Escola no Sul do Rio Grande do Sul. Pretende-se também realizar o levantamento sobre as facilidades e dificuldades encontradas pelas equipes. Metodologia: Estudo qualitativo, descritivo do tipo relato de experiência que descreve o uso da hipodermóclise e terapia subcutânea no meio intrahospitalar. O período compreende os meses de novembro de 2016 a fevereiro de 2017. Resultados: Primeiramente, por iniciativa das enfermeiras residentes, foi realizada uma apresentação sobre o tema hipodermóclise e terapia subcutânea em um round multidisciplinar que compreendia diferentes profissões da área da saúde como: medicina, odontologia, psicologia, nutrição, terapia ocupacional, fisioterapia e serviço social. A apresentação teve o intuito de discutir sobre o tema e propor o uso da técnica para os pacientes em cuidados paliativos que possuem impossibilidade da via oral e rede venosa prejudicada para fins de hidratação nos casos de desidratação leve ou moderada e administração medicamentosa. Após a apresentação inicial, foi possível constatar o desconhecimento por parte dos profissionais sobre a técnica adequada e fármacos utilizados por essa via. A partir dessa iniciativa, foram observadas na prática algumas tentativas de implementação da via para pacientes internados, contudo observou-se pouca adesão e resistência dos profissionais. A fim de colaborar para a disseminação da técnica no ambiente hospitalar, as residentes construíram o Procedimento Operacional Padrão (POP) sobre o assunto em conjunto com os profissionais da equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos (CCP), a partir de encontros semanais, de discussão e revisão da literatura atualizada. O POP em questão encontra-se em fase de avaliação para ser disseminado no hospital e é constituído pela demonstração da técnica de punção, indicações, contra-indicações e medicações a serem administradas por essa via. Pretende-se após sua aprovação realizar a capacitação das equipes através de um projeto de educação permanente sobre o tema, a fim impulsionar a prescrição e o uso prático da técnica. Conclusão: Com base no exposto, destaca-se que o uso da técnica no ambiente hospitalar apresentou diversas dificuldades relacionadas a falta de informação dos profissionais. Como potencialidade pode-se ressaltar a formação da parceria das residentes com a equipe CCP que fomentou a construção do POP e iniciativas educativas dentro do serviço de saúde. Desta forma, é possível concluir que a via de hipodermóclise e terapia subcutânea configura-se como um recurso de grande valia para o paciente em CP que não dispõe de outras vias para receber a terapêutica prescrita, porém, para que a mesma seja aceita e utilizada é necessária forte mobilização por parte das residentes e profissionais do serviço com vistas a capacitação dos profissionais envolvidos no cuidado.

REFERÊNCIAS:

  1. Brasil, Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer. Terapia Subcutânea no Câncer Avançado: Série Cuidados Paliativos, Rio de Janeiro, 2009, p.34.
  1. Bruno VG. Hipodermóclise: revisão de literatura para auxiliar a prática clínica.

Einstein.2013; p. 2-7. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/eins/2015nahead/pt_1679-4508-eins-167945082015RW2572.pdf [acesso em 28 abr, 2017]

  1. São Paulo. Conselho Regionalde Enfermagem (COREN), Parecer COREN-SP 031/2014 – CT. PRCI n° 102.681/2013. Ementa: Punção e administração de fluidos na

Hipodermóclise. 2014. [Internet]. Disponível em: http://portal.coren-

sp.gov.br/sites/default/files/parecer_coren_sp_2014_031.pdf [acesso em 28 abr. 2017]

  1. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos ANCP, 2012. p. 592.
      1. A INSERÇÃO DE RESIDENTES DE ENFERMAGEM NA EQUIPE DE CONSULTORIA EM CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL NO SUL DO BRASIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Sandy Alves Vasconcellos, Clarice de Medeiros Carniére, Letícia Valente Dias, Luana Amaral Mortolla, Norlai Alves Azevedo, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: Os Programas de Residência Multiprofissional em Saúde, reconhecidos como pós-graduação lato sensu, representam uma oportunidade significativa de aprendizagem teórico/prática e de integração entre ensino-serviço-comunidade. Estes programas tem o objetivo de propiciar a formação e a atuação de profissionais de diferentes áreas, buscando a mudança do modelo assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS) e também colaborar na qualificação dos diferentes níveis de atenção à saúde oferecidos à comunidade, de forma integral e interdisciplinar1. A nova constituição do conceito de saúde e de assistência à saúde baseadas nos princípios da universalidade, integralidade, equidade, intersetorialidade, humanização do atendimento e participação social propostas pelo SUS têm requerido a reformulação da atuação dos diversos atores que compõem o quadro da atenção à saúde2. Dentre estas reformulações encontra-se a proposta da atuação em equipe multiprofissional na assistência ao usuário, como a consultoria em cuidados paliativos, que consiste em uma equipe multiprofissional que elabora um projeto terapêutico dirigido não apenas ao doente mas também a sua família. Cuidados paliativos destinam-se a pessoas com doença progressiva e incurável, que ameaça a vida e necessitam de controle álgico e de outros possíveis sintomas associados

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com

2Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com
  1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: lumortola92@gmail.com
  1. Enfermeira. Doutora em Clínica Médica pela PUC – RS. Docente da Faculdade de Enfermagem da UFPEL. Coordenadora do Curso de Enfermagem no Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: norlai2011@hotmail.com

  1. Médica. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. E-mail: nessapfernandes@gmail.com

nas diferentes esferas do ser humano, incluindo o período de luto de sua família3. Nesse prisma, o enfoque terapêutico baseia-se no alívio dos sintomas que comprometem a qualidade de vida, integrando ações médicas, de enfermagem, psicológicas, nutricionais, sociais, espirituais e de reabilitação, podendo também influenciar no tipo de morte que o paciente terá4. Objetivo: Descrever as experiências vivenciadas pelas profissionais da área da enfermagem que integram o Programa de Residência Multiprofissional na área de Oncologia inseridas no cenário de consultoria de cuidados paliativos intra-hospitalar. Metodologia: Estudo qualitativo, descritivo do tipo relato de experiência fundamentado na vivência das residentes de enfermagem no atendimento ao paciente oncológico em fase terminal. O período de atuação compreendeu os meses de janeiro a abril de 2017, no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPEL EBSEH). Resultados: Durante a vivencia das residentes no acompanhamento da equipe de consultoria de cuidados paliativos houve a oportunidade de identificar as necessidades dos pacientes em fase terminal, bem como de sua família. O trabalho dessa equipe é fundamentado pelas premissas dos cuidados paliativos, sendo constituída por médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, capelão e nutrólogo. As visitas são realizadas diariamente, de segunda sexta-feira, no turno da manhã. Semanalmente são realizados rounds multidisciplinares para a discussão dos casos com a equipe e elaboração de um projeto terapêutico singular, no qual, busca-se a construção conjunta e valorização dos diferentes saberes profissionais. As residentes desenvolveram dentro da equipe ações relativas à: avaliações diárias com ações e educação em saúde com pacientes e familiares; aplicação de escalas de avaliação da dor e de performance funcional; fornecimento de orientações a equipe de enfermagem; organização dos prontuários; planejamento de alta; discussões a respeito de condutas terapêuticas de alívio de sintomas. Foi possível dispensar atenção a diferentes faixas-etárias, perfis-socioeconômicos e diagnósticos, observando-se diferentes desfechos como a alta hospitalar, encaminhamento para serviços da rede de apoio em oncologia e óbito. Conclusão: Durante esse período em que se pôde acompanhar tanto a equipe, quanto os pacientes e seus familiares as residentes foram expostas a um cenário de atuação em que a abordagem multidisciplinar é valorizada. A exemplo disso destaca-se os rounds multidisciplinares que corroboram com a perspectiva paliativista favorecendo o processo de ensino-aprendizagem indispensável para a formação das residentes. Assim pode-se perceber que o paciente é visto como um todo, e não apenas reduzido ao seu diagnóstico clínico tendo também consideradas suas crenças, costumes e contexto em que está inserido. Em suma, mesmo em um período curto foi de grande relevância para o aperfeiçoamento profissional e pessoal, pois os saberes contribuíram para associar o conhecimento teórico com o prático.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Resolução CNRMS Nº 2, de 13 de abril de 2012. Comissão Nacional de

Residência Multiprofissional em Saúde. 2012. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=154 48-resol-cnrms-n2-13abril-2012&Itemid=30192 > [acesso em: 26 abr. 2017]

  1. Teixeira C. Texto de apoio elaborado para subsidiar o debate nas Conferências Municipal e Estadual de Saúde. Salvador: Bahia; 2011. Disponível em: <http://www.saude.ba.gov.br/pdf/OS_PRINCIPIOS_DO_SUS.pdf > [acesso em 26 abr. 2017]

  1. World Health Organization. National cancer control programmes: policies and managerial guidelines. 2ª edition, Geneve: OMS, 2002. Disponível em: <http://www.who.int/cancer/media/en/408.pdf> [acesso em 26 abr. 2017]

  1. Maciel MGS, Rodrigues LF, Naylor C, Betega R, Barbosa SM, Burlá C, Melo ITV. Critérios de Qualidade para os Cuidados Paliativos no Brasil/Documento elaborado pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro : Diagraphic, 2006.

      1. A ASSISTÊNCIA MULTIPROFISSIONAL A UMA PACIENTE COM CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM PROCESSO DE TERMINALIDADE SOB A ÓTICA DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM

Clarice De Medeiros Carniére, Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Luana Amaral Mortola, Norlai Alves Azevedo, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: No cuidado a pessoa com câncer e seus familiares, os profissionais de saúde podem deparar-se com a cura e a sobrevivência do paciente, mas também com a sua morte anunciada pela parca resposta da doença ao tratamento curativo e consequente agravamento da condição clínica do acometido1. O processo de terminalidade configura-se no esgotamento das possibilidades de resgate curativo e a possibilidade de morte próxima parece inevitável e previsível, apesar dos esforços despendidos2. A partir disso, mudanças devem ser empreendidas na assistência ao paciente configurando uma modalidade de cuidado não mais voltado para a cura, mas sim, à manutenção da qualidade de vida da pessoa em sua trajetória de terminalidade3. Assim, o cuidado paliativo consiste numa abordagem que objetiva melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares no enfrentamento de problemas associados à doença potencialmente fatal, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificando, avaliando e tratando problemas de ordem física, psicossocial e espiritual2. Nesse contexto, o trabalho da enfermagem com pacientes terminais exige capacitação e atualização contínua sobre o assunto, pois a afinidade com o tema torna os profissionais mais habilitados e confiantes durante a assistência prestada4. Recentemente foi instituída a equipe de consultoria em cuidados

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com
  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com
  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com
  1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: lumortola92@gmail.com
  1. Enfermeira. Doutora em Clínica Médica pela PUC – RS. Docente da Faculdade de Enfermagem da UFPEL. Coordenadora do Curso de Enfermagem no Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: norlai2011@hotmail.com

  1. Médica. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. E-mail: nessapfernandes@gmail.com

paliativos (CCP) no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel EBSERH), que consiste em uma equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social e orientador espiritual. Estão também inseridos residentes multiprofissionais na área da oncologia (enfermagem e terapia ocupacional), estudantes da graduação em medicina e serviço social. A equipe de consultoria é referência em cuidados paliativos para as equipes das diferentes especialidades contidas no hospital, auxiliando na elaboração de um plano de cuidados dirigido ao doente e sua família. Objetivo: Descrever o cuidado prestado a uma paciente com câncer do colo do útero em processo de terminalidade, acompanhada pela equipe CCP sob a ótica das residentes de enfermagem. Métodos: Estudo qualitativo, descritivo do tipo relato de experiência realizado em uma unidade de internação do HE UFPel EBSERH. Resultados: J.L.S., sexo feminino, 36 anos, 5 filhos, ensino fundamental incompleto, usuária prévia de crack, tabagista em abstinência, portadora de HIV. Recebeu diagnóstico de câncer do colo do útero metastático em novembro de 2016, e está internada desde janeiro de 2017, onde recebeu tratamentos de quimioterapia e radioterapia paliativas. O acompanhamento pela equipe de CCP teve início em fevereiro de 2017, apresentando como principais sintomas físicos a serem paliados dor intensa e distensão na região abdominal (entre os escores 9-10), vômitos, edema nos membros inferiores, ansiedade devido ao avanço da doença. Cabe ressaltar que a mesma também demonstrava alteração nas dimensões espiritual, psicológica e social, como a questão da guarda dos filhos menores de idade, o processo de terminalidade, ansiedade relacionada ao avanço da doença e autoimagem. Durante o acompanhamento diário pôde-se buscar as necessidades e intervir de forma gradual no controle da dor e nos ajustes de medicação usados para dor e acrescentar remédios para alivio dos sintomas associados a doença bem como dar apoio a família e orientar sobre o processo de terminalidade. Foi também trabalhado as mudanças com relação a autoimagem, como a alopecia, hiperpigmentação cutânea e edema, por meio de conversas diárias sobre as mudanças corporais esperadas devido ao avanço da doença e incentivo a auto aceitação. A paciente recebeu orientações a respeito de como proceder em relação a guarda dos filhos menores de idade em caso de óbito, bem como visitas programadas das crianças foram organizadas de maneira que o vínculo familiar fosse mantido apesar da hospitalização. Além disso, paciente e família receberam apoio espiritual valorizando suas crenças religiosas e seu desejo em conversar sobre a finitude da vida. Conclusão: A partir da vivência das residentes em enfermagem na CCP pode-se inferir que esse tipo de atendimento surge como uma modalidade para melhorar e aliviar os sintomas de pacientes em fase terminal, em que o paciente é visto como um todo e sua família recebe acompanhamento e apoio da equipe de forma integral, assim podemos intervir para aliviar o sofrimento. Durante o processo de cuidado voltado a paciente do estudo foi possível perceber as mudanças no contexto biológico como um todo, espiritual e social, evidenciando a necessidade de um cuidado holístico e ativo na atenção voltada a pessoa em cuidados paliativos. Nesse sentido, o residente configura-se como potencial colaborador nas práticas de saúde, pois sua interação com a CCP favorece seu aperfeiçoamento profissional e traz novas perspectivas e visões sobre a oncologia.

REFERÊNCIAS:

  1. FURTADO MEM, LEITE DMC. Cuidados paliativos sob a ótica de familiares de pacientes com neoplasia de pulmão. Interface Comnic Saúde Educ. 2016 nov: 1-12.
  1. SANTANA JCB, PAULA KF, CAMPOS ACV,REZENDE MAE, BARBOSA BDG, DUTRA BS, BALDESSARI CEF. Cuidados paliativos aos pacientes terminais: percepção da equipe de enfermagem. Bio&Thikos. 2009; 3 (1):77-86.

  1. PAIVA FCL, JÚNIOR JJA, DAMÁSIO AC. Ética em cuidados paliativos: concepções sobre o fim da vida. Rev. Bioét. 2014; 22 (3): 550-60.
  1. SANTANA JCB, SANTOS AV, SILVA BR, OLIVEIRA DCA, CAMINHA ME, PERES FS, ANDRADE CCD, VIANA MB. O. Docentes de enfermagem e terminalidade em condições dignas. Rev. Bioét. 2013; 21 (2): 298-307.

      1. SENTIMENTOS E VIVENCIAS DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM NO CUIDADO A PESSOA E A FAMÍLIA EM FASE ATIVA DE MORTE

Clarice De Medeiros Carniére, Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Luana Amaral Mortola, Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos, Norlai Alves Azevedo.

Introdução: Os Cuidados Paliativos (CP) modernos estão organizados em graus de complexidade que se somam em um cuidado integral e ativo1. Os CP gerais referem-se à abordagem do paciente a partir do diagnóstico de doença em progressão, atuando em todas as dimensões dos sintomas que vierem a se apresentar1. Os CP específicos são requeridos ao paciente nas últimas semanas ou nos últimos seis meses de vida, no momento em que torna-se claro que o paciente encontra-se em estado progressivo de declínio1. Todo o esforço é feito para que o mesmo permaneça autônomo, com preservação de seu autocuidado e próximo de seus entes queridos1. Os cuidados ao fim de vida referem-se, em geral, aos últimos dias ou últimas 72 horas de vida1. O reconhecimento desta fase pode ser difícil mas é extremamente necessário para o planejamento do cuidado e preparo do paciente e sua família para perdas e óbito1. Mesmo após o óbito do paciente, a equipe de cuidados paliativos deve dar atenção ao processo de morte: como ocorreu, qual o grau de conforto e que impactos trouxe aos familiares e à própria equipe interdisciplinar1. A assistência familiar pós-morte pode e deve ser iniciada com intervenções preventivas2. Os cuidados paliativos devem incluir as investigações necessárias para o melhor entendimento e manejo de complicações e sintomas estressantes tanto relacionados ao tratamento quanto à evolução da doença2. Apesar da

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com
  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com
  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com
  1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: lumortola92@gmail.com
  1. Enfermeira. Ambulatório de Oncologia Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: carenlais@hotmail.com
  1. Enfermeira. Doutora em Clínica Médica pela PUC – RS. Docente da Faculdade de Enfermagem da UFPEL. Coordenadora do Curso de Enfermagem no Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: norlai2011@hotmail.com

conotação negativa ou passiva do termo paliativo, a abordagem e o tratamento paliativo devem ser eminentemente ativos, principalmente em pacientes portadores de câncer em fase avançada, onde algumas modalidades de tratamento cirúrgico e radioterápico são essenciais para alcance do controle de sintomas2. Considerando a carga devastadora de sintomas físicos, emocionais e psicológicos que se avolumam no paciente com doença terminal, faz-se necessário um diagnóstico precoce e condutas terapêuticas antecipadas, dinâmicas e ativas, respeitando-se os limites do próprio paciente2. Objetivo: Relatar a vivência das residentes de enfermagem vinculadas ao Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica em relação a fase ativa de morte dos pacientes oncológicos internados em um hospital de ensino, bem como seus familiares. Metodologia: Relato de experiência das residentes de enfermagem na assistência prestada aos pacientes oncológicos e suas famílias durante a fase ativa de morte. O estudo foi realizado em unidades de internação de um hospital de ensino localizado no Sul do Brasil. Resultados: Durante a atuação das enfermeiras residentes nos cenários de internação hospitalar, comumente foi vivenciada a fase ativa de morte de pacientes oncológicos. Dentre as ações desenvolvidas destacam-se a oferta de um sistema de apoio e ajuda à família e ao paciente, de como lidar com sintomas angustiantes decorrentes do final de vida, bem como a aceitação da morte como um processo natural. Estar ao lado de uma pessoa que está sofrendo ou morrendo é um desafio para quem está exercendo o cuidado de saúde3, por isso, compreender os eventos biológicos de nascer, viver e morrer complexo e paradoxal4. O ser humano quer viver e viver bem, porém, precisa pensar e se preparar para a morte, pois a única certeza da vida é que ela acaba4. Para nós residentes de enfermagem a possibilidade de trabalhar nesse novo contexto, nos remete ao aprofundamento das premissas dos cuidados paliativos, algo pouco discutido durante a graduação. Ressalta-se a complexidade de trabalhar o processo de finitude, visto que em muitos momentos encontramos dificuldades quanto a comunicação entre a equipe e não aceitação da perda por parte dos familiares. Acredita-se que isso se dá devido aos significados atribuídos a morte em nossa sociedade, que tende a fugir de discussões sobre o tema, criando uma crença negativa sobre o término da vida. Conclusão: Na oncologia lidar com o processo ativo de morte nos remete a repensar nossos conceitos sobre como tornar esse momento menos angustiante, minimizando o sofrimento tanto do paciente como o da família. Deve-se primar pela humanização do cuidado, respeito a autonomia e manutenção da dignidade humana. Desse modo, favorecemos a desconstrução de um modelo de cuidados limitado que não percebe o paciente como um todo e protagonista de sua vida. Nesse sentido, consideramos que utilizar estratégias paliativas contribuem para um cuidado mais qualificado que diminui os possíveis sentimentos de impotência que o residente pode deparar-se em sua prática.

REFERÊNCIAS:

  1. BRASIL. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Cuidados

Paliativos. 2014 [acesso em 25 abr. 2017]. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/cancer/site/tratamento/cuidados_paliativos

  1. Rodrigues IG. Cuidados Paliativos: Análise de conceito [dissertação]. Ribeirão

Preto: Universidade de São Paulo: 2004 [acesso em 25 abr. 2017]. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-17082004-101459/pt-br.php

  1. VICENSI MC. Reflexão sobre a morte e o morrer na UTI: a perspectiva do profissional. Rev. Bioét. 2016; 24 (1): 64-72.
  1. COELHO MEM, FERREIRA AC. Cuidados paliativos: narrativas do sofrimento na escuta do outro. Rev. Bioét. 2015; 23 (2): 340-48.
      1. DOR COMO SINTOMA DEBILITANTE NO PACIENTE ONCOLÓGICO: AÇÕES PALIATIVAS NO DOMICÍLIO

Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Clarice De Medeiros Carniére, Luana Amaral Mortola, Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos, Norlai Alves Azevedo.

Introdução: A dor pode ser definida como uma experiência única e individual, alterada pelo conhecimento anterior de um dano que pode ser existente ou presumido, devendo, portanto, ser considerada de acordo com o expresso pelo paciente em sua descrição1. Para a pessoa com câncer, a dor simboliza o sintoma mais temido, constituindo um importante fator na determinação do sofrimento relacionado à doença mesmo quando comparado à expectativa da morte. Estima-se que a dor acomete 60 a 80% dos pacientes com câncer, estando presente em 25 a 30% no momento do diagnóstico é classificada como moderada grave por 70% a 90% dos pacientes com doença avançada2. Desse modo, torna-se imprescindível considerar a dor como um sintoma potencialmente debilitante no cuidado prestado a pessoa com câncer em cuidados paliativos incluindo os diferentes cenários de atenção. Nesse sentido, a internação domiciliar surge como uma modalidade de atenção diferenciada por desenvolver-se dentro do contexto familiar e social do indivíduo, configurando-se como uma proposta ainda pouco visualizada no contexto brasileiro o que torna pertinente conhecer as potencialidades e fragilidades do tratamento da dor no domicílio. Objetivo: Descrever a atenção voltada à dor de pacientes oncológicos em cuidados paliativos em internação domiciliar e identificar as estratégias de manejo no domicílio. Método: Estudo de abordagem qualitativa, descritivo do tipo relato de experiência, referente às vivências de quatro residentes vinculadas ao Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel/EBSERH). O período de coleta compreendeu o período de agosto de 2016 a janeiro de 2017 e utilizou-se como local de estudo o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI). Resultados: Considerando os sintomas apresentados pelos pacientes oncológicos em cuidados paliativos no domicílio, possivelmente um dos mais frequentes e angustiantes é a dor. O cuidado da dor no domicílio envolve a primazia de sua identificação, o que no serviço do estudo é realizada por meio da observação de expressões faciais, utilização de escala numérica aplicada diariamente como parte integrante dos sinais vitais e pela Escala de Edmonton que permite a avaliação conjunta da dor e de outros sintomas a serem paliados. A presença e gravidade da dor em muitas situações podem comprometer o bem estar global do paciente, podendo causar prejuízos na funcionalidade, interação social e aumento da ansiedade. A família, como importante componente do cuidado da equipe de atenção domiciliar, também tende a ter seu sofrimento potencializado ao conviver com a dor do seu ente, sendo essencial a orientação sobre a terapêutica utilizada e suporte emocional. Acredita-se que o sucesso relacionado ao controle da dor baseia-se em avaliações repetidas com vistas à escolha da terapêutica mais apropriada para cada paciente, alcançando-se um efeito favorável entre o alívio da dor e os efeitos adversos apresentados2. Nesse contexto, o PIDI apresenta-se como importante componente da rede de atenção oncológica na realização de visitas diárias, cinco dias por semana, reduzindo o índice de hospitalizações relacionadas a essa sintomatologia e favorecendo o acesso a opioides, identificado como um dos pontos deficitários dos cuidados paliativos em países como o Brasil3. Merece destaque que o uso da técnica de terapia subcutânea e hipodermóclise para analgesia contribuem para o conforto do paciente que tem minimizadas as múltiplas punções venosas, fruto de possíveis desconfortos. Somam-se ainda como ações da equipe a abordagem multidisciplinar da dor, que é manejada com a colaboração de diferentes profissionais e integração da família, o que promove o controle das causas e consequências físicas, emocionais e espirituais. Salienta-se que na equipe é demonstrado fortemente o papel do profissional como educador em saúde ao desmistificar possíveis equívocos relacionados às medicações, como o uso da morfina que ainda é comumente associada à última opção de escolha analgésica e como fármaco potencialmente fatal. Conclusão: Em cuidados paliativos o manejo da dor ainda apresenta-se como um desafio, devido às diferentes maneiras como um indivíduo pode experimentar tal sensação. Nesse sentido, a abordagem do profissional de saúde deve englobar a atuação multidisciplinar, a valorização das singularidades dos sujeitos e a avaliação impecável da dor, por isso, o uso de escalas de identificação, bem como a comunicação são de suma importância. Considera-se que o cuidado oferecido na modalidade de internação domiciliar pode favorecer a paliação desse sintoma, visto que o paciente não é deslocado de seu ambiente o que pode possibilitar maior conforto. Assim, conhecer a experiência da dor vivenciada pelo ser cuidado, valorizando suas crenças e cultura é um passo bastante significativo e já percebido no cenário do estudo.

REFERÊNCIAS:

  1. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos ANCP. São Paulo: ANCP; 2012.
  1. Rangel O, Telles C. Tratamento da Dor Oncológica em Cuidados Paliativos. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, v.11, n.2, p.32-37, 2012. Disponível em:http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=324. (01 mai. 2017).

  1. Lynch T, Connor S, Clark D. Mapping Levels of Palliative Care Development: A Global Updat. Journal of Pain and Symptom Management, v.45, n.6, p.1094-1106, 2013. Disponível em: http://www.jpsmjournal.com/article/S0885-3924(12)00334-X/fulltext. (01 mai. 2017).

      1. CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES: POTENCIALIDADES PARA A FORMAÇÃO DOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM ATENÇÃO A SAÚDE ONCOLÓGICA

Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Clarice De Medeiros Carniére, Luana Amaral Mortola, Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos, Norlai Alves Azevedo.

Introdução: As residências multiprofissionais em saúde são modalidades de pós-graduação latu-senso, nas quais a formação desenvolve-se por meio do ensino em serviço. Nesse cenário, o residente é exposto às realidades do serviço de saúde ao qual está vinculado, desenvolvendo suas atividades no regime de dedicação exclusiva perfazendo a carga horária de 60h semanais. No município de Pelotas tal possibilidade de aprimoramento profissional é oferecida para enfermeiros no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel/EBSERH) pela Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica. Nessa proposta os enfermeiros residentes são alocados em cenários que contemplam diferentes ações voltadas a atenção à pessoa com câncer, destacando-se assistência domiciliar ao paciente em cuidados paliativos como uma abordagem que destoa da graduação em enfermagem, na qual os temas cuidados paliativos e morte são ainda discutidos de maneira insípida. Tal percepção corrobora com os achados na literatura que evidenciam déficits na formação profissional a respeito dos cuidados paliativos e processo de morte e morrer culminando na má qualificação de recursos humanos para a atenção de pacientes oncológicos que necessitam dessa abordagem terapêutica1. Alguns autores discorrem que a atenção domiciliar configura-se como um braço assistencial imprescindível, ao permitir o acesso a uma assistência integral ao ser humano, em uma etapa que deve ser vivenciada com a melhor qualidade de vida possível2. Assim, torna-se pertinente discutir sobre a relevância do foco em cuidados paliativos para a formação dos futuros profissionais especialistas em oncologia no âmbito do Sistema Único de Saúde e as particularidades encontradas na prática assistencial no contexto domiciliar. Objetivos: Relatar a experiência do cuidado domiciliar destinado ao paciente oncológico em cuidados paliativos apontando suas contribuições para a formação do residente em oncologia. Método: Abordagem qualitativa na modalidade de relato de experiência. É relatada a vivência de quatro enfermeiras residentes vinculadas ao Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica do HE UFPel/EBSERH. O período de coleta de dados contemplou os meses de agosto de 2016 a janeiro de 2017 durante a inserção das residentes no cenário do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), concentrando-se na observação e atuação das residentes no referido local. Resultados: Na formação das enfermeiras residentes em Atenção à Saúde Oncológica dentre os cenários de atuação está o PIDI, que se configura como um serviço que fornece a experiência da internação domiciliar. O PIDI integra a rede de atenção à saúde oncológica do município de Pelotas, contando com duas equipes que possuem capacidade para a internação de até 10 pacientes. As equipes trabalham sob a perspectiva interdisciplinar contando com profissionais de diferentes áreas, sendo eles: enfermeiro, técnico de enfermagem, médico, psicólogo, assistente social, cirurgião, nutricionista e capelão. Os pacientes atendidos possuem diagnóstico de câncer e recebem da equipe cuidados paliativos direcionados a sua condição física, psicossocial e espiritual, sendo contempladas abordagens sobre o processo de final de vida, manejo de sintomas angustiantes e atenção à família. As residentes realizaram atividades em conjunto com a equipe em visitas diárias, desenvolvendo avaliação de sintomas por meio de anamnese e aplicação de escalas, administração de fármacos, estímulo ao autocuidado, orientações sobre medicamentos e dietas por sonda e esclarecimento de dúvidas ao paciente e família. Também integrou a prática das residentes a participação nos rounds multidisciplinares semanais, nos quais as discussões dos casos direcionavam a formulação e avaliações de projetos terapêuticos singulares (PTS). Considera-se que a participação das residentes nesse cenário possibilitou a imersão em um importante componente da rede de atenção oncológica, ainda pouco visto no contexto brasileiro e já bem consolidado no HE UFPel/EBSERH. Acrescenta-se ainda, que o atendimento realizado em domicílio favorece o entendimento do contexto familiar e social da pessoa com câncer em cuidados paliativos, muitas vezes difícil no ambiente hospitalar. Conclusão: Acredita-se que o componente de internação domiciliar na formação das residentes é fundamental para as futuras práticas das especialistas em oncologia. Isso se deve a compreensão integral dos diferentes serviços da rede de atenção oncológica e ao aperfeiçoamento em cuidados paliativos, ainda pouco concebidos no ambiente hospitalar. Soma-se ainda a discussão da morte como processo natural e a desinstitucionalização do processo de final de vida. Ressalta-se também como potencialidade do serviço o trabalho multidisciplinar na construção dos PTS, consonante as perspectivas da clínica ampliada e valorização dos saberes na construção do cuidado.

REFERÊNCIAS:

  1. Silva MM, Santanda NGM, Santos MC, Cirilo JD, Barrocas DLR, Moreira MC. Cuidados paliativos na assistência de alta complexidade em oncologia: percepção de enfermeiros. Esc Anna Nery 2015; 19(3):460-466.

  1. Souza JM, Alves ED. Cuidados paliativos de enfermagem na atenção domiciliar. Rev enferm UFPE online, v.9, n.2, p.669-76, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/10386/11138.

(29 abr. 2017).

      1. A INTERDISCIPLINARIDADE NO CUIDADO INTEGRAL DO PACIENTE EM CUIDADOS PALIATIVOS COMO CHAVE PARA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA: EXPERIÊNCIAS DE INTEGRANTES DE UMA LIGA ACADÊMICA INTERDISCIPLINAR

Sylvia Barum, Morgana Nunes.

Introdução: As ligas acadêmicas possuem como objetivos a formação extracurricular e aproximação da prática clínica (FILHO, 2011). O aprofundamento de temas específicos e o amadurecimento acadêmico são apontados como vantagens das mesmas (QUEIROZ et al., 2014). Nos Cuidados Paliativos, a interdisciplinaridade se apresenta como peça chave para cuidado integral do paciente visando a promoção de qualidade de vida. Nesse sentido, há 3 anos foi implementada uma Liga Acadêmica Interdisciplinar de Cuidados Paliativos na Universidade Federal de Pelotas, atualmente com 22 integrantes dos cursos de Medicina, Enfermagem, Psicologia, Terapia Ocupacional, Farmácia, Odontologia e Nutrição, visando promover experiências de interação com pacientes, contemplando a ideia de Pêgo-Fernandes & Mariani (2011) da importância de agregar diferentes cursos visto o caráter multidisciplinar do atendimento à saúde. Objetivo: Perceber o impacto da intervenção interdisciplinar com pacientes em cuidado paliativo no contexto hospitalar e na formação de acadêmicos da área da saúde. Método: Foi realizada uma pesquisa em base de dados (Scielo e PubMed) usando os descritores ligas acadêmicas, interdisciplinaridade e cuidados paliativos para mapear a influência de ligas na interdisciplinaridade e na formação acadêmica. Além disso, foi elaborado um questionário semi estruturado em uma plataforma online, contendo questões objetivas e dissertativas, respondido de forma anônima a respeito da atuação na liga e da importância da mesma. Resultados: As publicações encontradas sobre ligas acadêmicas pouco abordavam a interdisciplinaridade. Considerando a realidade de Pelotas/RS, as respostas do questionário mostraram o seguinte: 42,9% acreditam que a interdisciplinaridade auxiliou a tratar com os pacientes enquanto o restante, apesar de não se sentir preparado, considera que as discussões de caso no grupo contribui com seu processo

  1. Pedagoga. Acadêmica de Psicologia. Universidade Federal de Pelotas. sylvia.barum@gmail.com
  1. Acadêmica de Psicologia. Universidade Federal de Pelotas. mog.nunes@hotmail.com

de aprendizagem. O estado emocional do paciente mobiliza 58% dos entrevistados, que ressaltaram a importância da atuação de estudantes de Psicologia na liga para o trabalho com pacientes e cuidadores. Por fim, 93% das respostas consideram que o diferencial da liga é a interdisciplinaridade e que a troca com outros cursos ao acompanhar pacientes nos casos clínicos propicia o cuidado integral. Discussão: A abordagem interdisciplinar de extrema relevância, pois consiste na integração dos saberes, onde, conceitos e propostas específicas de cada área irão gerar novos conhecimentos (FURTADO, 2007). No contexto de cuidados paliativos, ela significa considerar que não existe uma área que detenha todo o saber no tratamento de um paciente, mas que o trabalho realizado coletivamente é garante que esse paciente receba cuidado integral (MCCOUGHLAN, 2006). Sendo assim, a possibilidade de criar essa cultura desde a graduação propicia a melhor formação dos profissionais e uma prática futura mais humanizada e mais completa. Considerações finais: A Liga Acadêmica apresentada existe há 3 anos, o que possibilita uma construção diária de interdisciplinaridade, principalmente na visita aos pacientes e discussão dos casos, projetando estratégias possíveis para a continuidade do tratamento dos mesmos. Muito ainda precisa ser pensado, como a integração demais áreas nesse trabalho, mas consideramos que a atuação da liga até o momento tem proporcionado uma experiência diferenciada a pacientes em cuidados paliativos e seus cuidadores no contexto hospitalar de Pelotas/RS.

REFERÊNCIAS:

  1. FILHO, P. T. H. Ligas Acadêmicas: Motivações e Críticas a Propósito de um Repensar Necessário. Revista Brasileira de Educação médica, v.35, n. 4, p. 535 – 543, 2011

  1. FURTADO, J. P. Equipes de referência: arranjo institucional para potencializar a colaboração entre disciplinas e profissões. Interface (Botucatu), Botucatu, v.11, n.22, p. 239-255, Ago. 2007.

  1. MCCOUGHLAN, M. A necessidade de cuidados paliativos. In: PESSINI, L.;BERTACHINI, L. (Org.) Humanização e Cuidados Paliativos. São Paulo: Edições Loyola, 2006. Cap. 11, p.167-179.

  1. PÊGO-FERNANDES, Paulo Manuel & MARIANI, Alessandro Wasum. O ensino médico além da graduação: ligas acadêmicas. Diagn Tratamento. 2011;16(2):50-1

  1. QUEIROZ; S. J. D.; AZEVEDO; R. L. D. O.; LIMA; K. P.; LIMA; M. M. D. D.; ANDRADE; M. A importância das ligas acadêmicas na formação profissional e promoção de saúde. Fragmentos de Cultura, Goiânia, v. 24, especial, p. 73-78, dez. 2014.

      1. AVALIAÇÃO DO PERFORMANCE STATUS EM IDOSOS: UM ESTUDO NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA EQUIPE DE ESF URBANA

Maria Elizabeth Urtiaga, Ari Lemos Junior, Isaac Lima, Anderson Silva, Julieta Fripp, Cristina Domingues.

Introdução: O processo de envelhecimento humano traz modificações na qualidade de vida dos idosos, principalmente na capacidade funcional entendida como a habilidade do indivíduo em desempenhar, de forma independente, as atividades ou tarefas cotidianas, identificadas como essenciais para a manutenção do seu bem-estar. A habilidade para realizar as tarefas cotidianas envolve responsabilidade a ser compartilhada entre idosos, cuidadores e profissionais, por meio de cuidados coordenados e contínuos que Objetivo: Avaliar a capacidade funcional da população idosa da área de abrangência de uma equipe de ESF em um bairro de periferia na cidade de Pelotas. Metodologia: Foram visitadas, pelas Agentes Comunitárias de Saúde, todas as casas da área de abrangência da Equipe II da UBS estudada, que possui 3 equipes de ESF. Nos moradores com 65 anos ou mais aplicou-se a Escala de Performance Status (PS) de Karnofsky a fim de identificar as famílias que possuíam maior potencial de necessitar visitas domiciliares e atenção cuidativa. Resultados: Os dados coletados evidenciaram que 259 pessoas entre os moradores da área possuíam 65 anos ou mais. Em dois pacientes não estava registrado o PS avaliado. Nos 257 moradores avaliados pela escala 71.5% se apresenta apto para atividades cotidianas e ao trabalho, onde nenhum cuidado especial é necessário. Em 23.34% o PS evidencia um idoso inapto ao trabalho, mas capaz de viver em casa e cuidar de muitas das suas necessidades, requerendo assistência e suporte muito variáveis. O restante 5.1% se caracteriza conforme Karnofsky como inapto para cuidar de si mesmo, necessitando cuidados hospitalares ou equivalentes, onde a doença está em progressão. Conclusão: A análise mostrou que a grande maioria dos idosos se mantém ativos, aptos e com capacidade de autocuidado, mesmo com o avanço da idade, entretanto, mais de 23% dos moradores encontra-se inapto ao trabalho e com necessidades de cuidado

  1. Médico.
  1. Acadêmica de Biotecnologia.

variáveis, evidenciando a necessidade de acompanhamento das Unidades de Saúde. Em 5.1% da população idosa estudada, a capacidade de autocuidado está muito comprometida, necessitando de acompanhamento domiciliar intensivo ou hospitalar, o que evidencia a atenção cuidativa, interdisciplinar e domiciliar como um conhecimento fundamental na formação dos profissionais em saúde.

      1. O PAPEL DO PSICÓLOGO EM CUIDADOS PALIATIVOS JUNTO A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

Geovana Leal Rossales, Isabel Cristina de Oliveira Arrieira, Débora Vasconcelos Bonilla.

Introdução: Os Cuidados Paliativos (CP) correspondem ao cuidado ativo e total do paciente cuja doença não responde mais ao tratamento curativo. O paliativismo preconiza a aceitação da condição humana frente à morte, tendo como objetivo o alivio dos sofrimentos físicos, sociais, emocionais e espirituais visando atingir uma melhor qualidade de vida para o doente e sua família; considerando que as consequências causadas pelo adoecimento acarretam intenso sofrimento que afetam todos em volta do paciente1. Objetivo: O Objetivo da presente pesquisa visa conhecer e explorar como se constitui a função do profissional de Psicologia inserido na equipe de Cuidados Paliativos junto ao paciente com diagnóstico de câncer, trazendo elementos que contribuam para a compreensão da prática e a importância do psicólogo neste contexto. Método: Foi realizado levantamento bibliográfico na base de dados Scielo e Google Acadêmico. Após a busca dos artigos, utilizando os descritores “Cuidados paliativos; Morte; Psicologia;” “Cuidado paliativo, Humanização, Equipe interdisciplinar”; “cuidados paliativos, intervenção psicológica, pacientes terminais” foram encontrados oito artigos referentes ao assunto, tendo que como resultado desta análise, observou-se uma escassez de trabalhos que tratem especificamente do papel do psicólogo, enquanto integrante dessa equipe, bem como suas intervenções junto ao paciente e familiares; e em que tais intervenções se diferenciam da prática dos demais profissionais2. Resultados: A promoção da saúde, do bem-estar, da qualidade de vida faz parte dos objetivos a que o exercício da psicologia se propõe3. O Psicólogo dentro na equipe de Cuidados paliativos tem como função principal dar apoio psicológico aos doentes e familiares, devendo ter a seu cargo também a formação da equipe4. A manutenção ou restabelecimento da autoestima do paciente e a procura de um novo sentido para a vida é outro dos objetivos da intervenção do psicólogo, que deverá criar uma relação de confiança de forma a clarificar ou facilitar a comunicação junto daqueles com quem interage no ambiente terapêutico, no sentido de lhes diminuir a ansiedade, a depressão e o sofrimento5. É o profissional privilegiado para explorar as dúvidas, as crenças, os mitos e medos do doente, assim como as suas necessidades específicas1. Conclusão: Por meio da discussão estabelecida relacionada aos Cuidados Paliativos, pode-se inferir a importância da inserção da Psicologia na equipe multidisciplinar que oferece tais cuidados, pois ao mesmo tempo em que busca aliviar o sofrimento emocional de todos os envolvidos no processo, trabalha com o paciente em prol de qualidade de vida e melhor aceitação de sua condição. Mostrando ao paciente que o momento vivido pode ser compartilhado, tendo sempre cuidado para não ocupar o lugar de mais um elemento invasivo no processo de tratamento, mas de um facilitador no processo de integração do paciente, da família e da equipe, mantendo sempre como foco o doente e não a doença. Nesse sentido, a psicologia mostra-se essencial na redução de agentes estressores que geram sofrimento e angústia aos pacientes e familiares que estão passando por tal situação.

REFERENCIAS

  1. Oliveira, M. F. Luginger S.; Bernado, A.; Brito M.(2004). Morte – intervenção psicológica junto da família do paciente terminal. Trabalho de Licenciatura. Acesso em 10 out. 2012:

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  1. RIBEIRO, J. A importância da qualidade de vida para a psicologia da saúde. In: J.P.Cruz, S.N. de Jesus, & C Nunes (Coords.). Bem-Estar e Qualidade de Vida (pp.31-49). Alcochete: Textiverso, 2009.

  1. REZENDE, L. GOMES, C. MACHADO, M. A finitude da vida e o papel do psicólogo: perspectivas em cuidados paliativos. Revista Psicologia e Saúde, v. 6, n. 1, jan. /jun. 2014.

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  1. HENNEZEL, M. “O Papel do Psicólogo” in Abiven, Maurice (ed.) Para Uma

Morte Mais Humana – Experiência de uma Unidade Hospitalar de Cuidados Paliativos (2ª edição). Loures: Lusociência, 133-154, 2001.

  1. MESQUITA, A.S.L. O psicólogo em cuidados paliativos: intervenção em fim de vida. Dissertação (Mestrado) – Curso de Cuidados Paliativos, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, 2012.

      1. NUTRIÇÃO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS PALIATIVOS – UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Paim, GP; Paim, MP; Gouvêa, AP.

Introdução: Sabe-se que as doenças crônicas constituem a principal causa de morte no mundo, e, para aqueles pacientes considerados terminais, a assistência dos profissionais de saúde deve sempre visar à melhoria da sua qualidade de visa, ou seja, a prevenção e o alívio de sintomas que causem sofrimento, para gerar bem estar e autonomia ao doente. Nesse sentido, ao se tratar de nutrição e hidratação nesse grupo de pacientes surgem dúvidas sobre como manejá-lo. Objetivo: O objetivo desse trabalho é discutir o manejo referente à nutrição e hidratação nos pacientes em cuidados paliativos. Método: Esse trabalho consiste em uma revisão bibliográfica realizada no portal Google Acadêmico com o uso do descritor “nutrição em pacientes paliativos”. Foram obtidos como resultado da busca 1700 artigos, dos quais foram selecionados cinco pela sua relevância no tema e por estarem relacionados especialmente com pacientes oncológicos paliativos. Resultados: Em casos paliativos, a nutrição poderá apresentar diversos papéis, um deles prevenir efeitos colaterais dos remédios e da radioterapia, como os enjoos, náuseas, constipação, xerostomia, entre outros sintomas comumente relatados nesse processo do tratamento. Além disso, ela retarda o aparecimento da síndrome de anorexia/ caquexia, que piora o estado emocional do paciente, uma vez que o corpo em estado esquelético se aproxima muito da morte. A nutrição nesse tipo de paciente também apresenta a função de ressignificar o alimento e as refeições, já que pode trazer prazer ao paciente e atuar como um meio de comunicação e interação familiar. Esse último item citado evidencia o papel social e emocional da alimentação, ou seja, a nutrição no paciente paliativo tem um papel muito além do fisiológico, devendo sempre priorizar o prazer pela ingesta alimentar e sua socialização com a família, ao minimizar, assim, o desconforto que a alimentação pode causar. Dessa forma, é imprescindível a comunicação entre os profissionais de saúde e o paciente e suas familiares para se avaliar a vontade e comodidade da alimentação, pois nem sempre essa prática promoverá o conforto e o bem estar dos pacientes, principalmente, naqueles que utilizam técnicas de nutrição artificial (enteral ou parenteral). Tanto a alimentação quanto a hidratação devem ser priorizadas por via oral em pacientes paliativos. Há também casos que o mais adequado é suspender a alimentação por falta de benefício para o paciente. Ainda, estudos randomizados não mostraram ganhos com uma nutrição vigorosa na resposta tumoral e na sobrevida do paciente. A hidratação é importante, e sua falta pode causar confusão mental e desconforto, no entanto, em paciente no final de sua vida é difícil determinar o volume necessário para se obter esse resultado. Um ensaio randomizado de 2013 incluiu 129 pacientes com câncer avançado que receberam cuidados paliativos, eles foram aleatoriamente designados para receber hidratação parenteral (1 L de solução salina normal durante quatro horas diárias) ou placebo (100 mL Por dia). Ao final, observou-se que não houve diferença entre os grupos de tratamento e controle nos escores de delírio ou sintomas de desidratação (pontuação composta de fadiga, mioclonia, sedação e alucinações) aos quatro ou sete dias, também não houve diferença estatisticamente significativa na sobrevida global e que pacientes em ambos os grupos observaram melhora nos sintomas de desidratação no quarto dia, sugerindo que esses benefícios podem estar mais relacionados com o aumento da frequência de visitas e avaliações com enfermeiros pesquisadores ou com um efeito placebo, em vez do fornecimento de fluidos. Conclusão: Portanto, deve-se encarar a dieta sempre como uma opção, não pressionando o paciente a se alimentar, e estimular a dieta e a hidratação por via oral sempre que possível. A nutrição deve ter como objetivo principal auxiliar na diminuição da ansiedade, trazer prazer, integração com o meio e bem estar ao paciente. É importante lembrar, porém, que a recusa alimentar pode ser um manifestação de sintomas depressivos, devendo sempre ser investigada. Famílias que consideram a nutrição e a hidratação como tendo um valor simbólico que ultrapassa os limites da assistência médica devem ter seu ponto de vista respeitado, desde que não entre em conflito com os desejos expressos anteriormente expressos pelo paciente.

REFERÊNCIAS:

  1. Silva PB, Lopes M, Trindade LCT, Yamanouchi CN. Controle dos sintomas e intervenção nutricional. Fatores que interferem na qualidade de vida de pacientes oncológicos em cuidados paliativos. Rev Dor. São Paulo, 2010 out-dez; 11(4): 282-288.

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  1. Corrêa PH, Shibuya E. Administração da Terapia Nutricional em Cuidados Paliativos. Rev Bras de Cancerologia 2007; 53(3): 317-323.
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  1. Reiriz A.B., et al. Cuidados paliativos – há benefícios na nutrição do paciente em fase terminal? Rev Soc Bra Clin Med 2008; 6(4): 150-155.
  1. Reis P.C. Suporte Nutricional em Cuidados Paliativos. REVISTA NUTRÍCIAS

15: 24-27, APN, 2012

      1. RELATO DE CASO: LESÃO MEDULAR ESPINAL EM ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL NO CUIDADO PALIATIVO

Fernanda Silveira da Silveira, Simone Rodrigues dos Santos.

Introdução: Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde, revista em 2002, Cuidado Paliativo é “uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento. Requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual”1. A equipe multiprofissional tem como norteador do seu trabalho, a atenção no cuidado físico, social, psicossocial e espiritual do indivíduo e seus familiares. “A lesão da medula espinal é um dos mais graves acometimentos que pode afetar o ser humano e com enorme repercussão física, psíquica e social”. 2 Objetivo: Relatar o cuidado desenvolvido junto a um paciente com lesão medular em cuidados paliativos. Método: O estudo de caso foi realizado por duas acadêmicas do sétimo semestre do curso de enfermagem da disciplina saúde do adulto e idoso II, que em aula prática em uma Unidade Básica de Saúde da cidade de Pelotas/RS, realizaram visitas domiciliar com a equipe, prestando cuidados paliativos ao paciente. Resultados: A pessoa acompanhada foi J.Q.V, 35 anos de idade, vítima de ferimento com arma de fogo, apresentava lesão medular traumática com consequente paraplegia, ausência de sensibilidade abaixo das cristas ilíacas, lesões crônicas com risco de infecção, deformações em membros inferiores, bexiga neurogênica, além de ser portador de hepatite C. A equipe multiprofissional, composta por acadêmicos de enfermagem e medicina, duas enfermeiras, uma fisioterapeuta e uma psicóloga, realizaram visita domiciliar, a fim de prestar cuidados paliativos ao paciente que se encontrava acamado, alimentando-se por via oral, necessitando de ajuda para autocuidado e apresentando dislalia. A equipe de enfermagem realizou curativo em escara sacral grau quatro com tecido esfacelar de liquefação, realizando debridamento neste tecido. O paciente também apresentava lesão por pressão em maléolo esquerdo e calcâneo direito. Foi orientado aos familiares a alternância de decúbito de duas em duas horas, realização de curativos em escara sacral quando necessário e hidratação da pele com Dersane. Nas visitas subsequentes, observou-se escara em região sacral com odor fétido e sinais de infecção, familiares relataram que paciente apresentava diariamente febre de 38 a 39ºc, como conduta a equipe encaminhou o paciente para fisioterapia dermato-funcional. Embora houvesse déficit de força em membros superiores e tronco, o paciente apresentava condições de realizar troca posturais sozinho e ser semi–dependente em suas atividades básicas de vida, se estimulado pela fisioterapia. O paciente foi encaminhado para o Programa Melhor em Casa. Conclusão: A experiência vivida pelas acadêmicas na Unidade Básica de Saúde junto à equipe multiprofissional possibilitou a discussão e reflexão do caso clínico do paciente. Houve gradativa evolução no quadro clínico do paciente, mesmo esse sendo considerado irreversível por apresentar lesão medular completa em nível T11 e T12. As visitas visavam promover alívio da dor, conforto emocional, orientação familiar e a parceria com programas especializados para que houvesse o melhor entendimento e atendimento ao caso clínico diagnosticado, havendo também a promoção à espiritualidade por meio de diálogos, a fim de, perceber e sanar as necessidades globais do paciente e de seus familiares.

REFERÊNCIAS

  1. BRASIL, Manual De Cuidados Paliativos/Academia Nacional de Cuidados Paliativos. – Rio De Janeiro: Diagraphic, 2009.
  1. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas e Departamento de Atenção Especializada – Brasilia: Ministério da Saúde, 2013.

      1. O CUIDADO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM CÂNCER EM CABEÇA E PESCOÇO EM RADIOTERAPIA PALIATIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Pâmela Barros de Leon, Jéssica Luíza Beck, Silvana Bastos Cogo, Cintia da Silva Marconato, Lílian Medianeira Coelho Stekel, Taís Falcão Gomes.

Introdução: No Brasil, no ano de 2016, estimou-se 11.140 casos novos de câncer em cavidadeoral homens e 4.350 em mulheres.1 Os cânceres em região de cabeça e pescoço são tumores malignos localizados na cavidade oral, lábios, língua, faringe, laringe, seios paranasais e glândulas salivares tendo como principais características o aparecimento de lesões não cicatrizantes, ulcerações superficiais e indolores e manchas esbranquiçadas ou avermelhadas.2,3 O tratamento pode ser realizado por meio de cirurgia, quimioterapia, radioterapia, ambos isolados ou em concomitância. Ainda, quando não existe possibilidade terapêutica opta-se pelo tratamento paliativo.4 Todas essas modalidades de tratamento podem provocar efeitos adversos temporários ou permanentes. Tendo em vista o tipo de tratamento, bem como seu potencial de toxicidade e as condições clínicas da pessoa é legitimo também oferecer a esta o direito ao adoecimento digno. O qual objetiva controlar sintomas e preservar a qualidade de vida. Nesse contexto, a radioterapia é um tratamento realizado por meio de radiações ionizantes para combater agentes neoplásicos com objetivo de destruir as células malignas, impedindo sua multiplicação por mitose e determinando a morte celular. Em tumores considerados inoperáveis é indicada para a remissão de sintomas como, para diminuir o sangramento, obstruções, aliviar a dor e a

  1. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção e Gestão Hospitalar no Sistema Público de Saúde. E-mail: pamdeleon@hotmail.com
  1. Farmacêutica. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção e Gestão Hospitalar no Sistema Público de Saúde. E-mail: jluizabeck@gmail.com
  1. Enfermeira. Doutora. Professora Adjunta do departamento de enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: silvanabastoscogo@gmail.com
  1. Enfermeira. Mestre. Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: cintiamarconato@gmail.com
  1. Enfermeira. Mestre. Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: lcstekel@yahoo.com.br
  1. Enfermeira. Mestre. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção e Gestão Hospitalar no Sistema Público de Saúde. E-mail: taissfg@gmail.com

compressão neurológica.4 Sendo assim, objetiva-se relatar a vivência de residentes multiprofissionais em relação aos cuidados de enfermagem a pessoas com câncer localizados em região de cabeça e pescoço em radioterapia paliativa. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência sobre os cuidados de enfermagem em radioterapia paliativa em pessoas com câncer localizado na região de cabeça e pescoço. Esse trabalho é proveniente da inserção de residentes de um Programa de Residência Multiprofissional em um serviço de radioterapia de um hospital universitário do interior do Rio Grande do Sul/ Brasil. Essa experiência ocorreu no período de março de 2016 a março de 2017. Resultados: No serviço de radioterapia são realizadas consultas de enfermagem durante todo o período que a pessoa se encontra em tratamento. A função da equipe de enfermagem engloba os cuidados diante da condição clínica, psicológica e social da pessoa em tratamento radioterápico, com garantia a prevenção das complicações e minimização da radiotoxicidade, que possui como principais efeitos colaterais: fadiga; ansiedade; depressão; anorexia; caquexia, reações de pele e especificamente em região de cabeça e pescoço: eritema; mucosite; esofagites, xerostomia e alterações no paladar.5 As ações e orientações que contribuíram para a diminuição dos sintomas/efeitos adversos foram: monitoramento das condições nutricionais, sendo avaliado a necessidade quanto ao uso de sonda nasoenteral, orientações em relação a estimulação da ingesta hídrica de 2 a 3 litro/dia, atenção quanto a deglutição, odinofagia, disfagia, desidratação; estimulação a higiene oral e escovação dos dentes após cada refeição adaptando as orientações ao contexto social da pessoa sendo assim a cavidade oral era semanalmente avaliada bem como, a necessidade de retirar próteses dentárias móveis, se existentes. Conforme a necessidade de cada pessoa foram realizados encaminhamentos com o médico assistente, radioterapeuta ou o oncologista sobre a necessidade de indicar o uso de analgésicos segundo o tipo e nível da dor referida. Outros aspectos observados durante as consultas de enfermagem foram as alterações no nível de consciência e alterações de comunicação. Além disso, muitas pessoas apresentavam ulcerações ou mutilações devido ao adoecimento sendo necessária a realização de curativos, nesses casos, era feito a avaliação da pele para tomada de decisão em relação as condutas que envolviam a assepsia (temperatura da solução fisiológica e utilização de outros tipos de soluções para limpeza de feridas) tipo de cobertura e fixação segura e confortável. Ainda, durante as consultas de enfermagem eram feitos os encaminhamentos e discussões necessárias a profissionais como: nutricionista, dentista, fonoaudiólogo, farmacêutico, assistente social e psicólogo formando um elo importante para a atuação da equipe multidisciplinar no cuidado paliativo de pessoas que tratam cânceres localizados em região de cabeça pescoço. Considerações Finais: A radioterapia paliativa é importante para a diminuição do sofrimento e melhora da qualidade de vida. Sendo assim, o profissional que atua com pessoas acometidas por câncer em tratamento radioterápico paliativo, necessita estar atento e sensível as reações adversas advindas da radioterapia e do desenvolvimento do percurso da doença. Desse modo, a humanização no cuidado, o trabalho na perspectiva multidisciplinar e atenção aos aspectos clínicos e psicológicos das pessoas são fundamentais para a radioterapia como cuidada paliativo.

REFERÊNCIAS

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  1. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Ações de enfermagem para o controle do

câncer: uma proposta de integração ensino-serviço 3. ed. rev. atual. ampl. – Rio de

Janeiro: iNCA, 2008.

      1. O CUIDADO FRENTE AOS EFEITOS COLATERAIS DECORRENTES DA QUIMIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Luana Amaral Mortola, Rosani Manfrin Muniz, Daniela Habekost Cardoso, Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Clarice de Medeiros Carniere.

Introdução: O câncer é a segunda maior causa de mortes no Brasil, sendo responsável por 15,6% dos óbitos, perdendo apenas para doenças cardiovasculares1. O tratamento oncológico curativo tem resultado na diminuição da mortalidade e da morbidade, no entanto, há a preocupação com conforto e alívio de sintomas do paciente no final de vida2. Em cuidados paliativos é importante amenizar o sofrimento que precede a morte. A quimioterapia paliativa tem grande importância na melhora da qualidade de vida com enfoque principalmente no tratamento de metástases3. Porém a modalidade terapêutica pode trazer inúmeros efeitos colaterais. Nesse sentido, destaca-se a importância do cuidado de enfermagem integral e individualizado, visando prevenir e minimizar estes efeitos4. Objetivo: Relatar a vivência de enfermeiras residentes no cuidado a pacientes com câncer durante o tratamento quimioterápico paliativo. Metodologia: Estudo de abordagem qualitativa na modalidade de relato de Experiência. Relata-se a vivência de quatro enfermeiras residentes do Programa de Residência Integrada Multiprofissional de um Hospital de ensino. O relato concentra-se na atuação de enfermeiras residentes na realização do cuidado paliativo no serviço de oncologia do hospital em questão. Os resultados aqui apresentados foram coletados entre o mês de janeiro a março de 2017, por

1 . Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail: lumortola92@gmail.com

  1. Enfermeira Doutora em Enfermagem Fundamental. Professora do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: romaniz@terra.com.br

  1. Enfermeira Mestre em Ciências. Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail:danielahabekost@yahoo.com
  1. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail:leticia_diazz@hotmail.com
  1. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail:sandyalvesvasconcellos@hotmail.com

  2. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail:claricecarniere39@hotmail.com

meio de atuação, observação e por relatos verbais da equipe acerca das contribuições, dificuldades e possibilidades durante o período de atuação. Resultados: O serviço de oncologia do Hospital Escola é localizado em uma cidade na região sul do Rio Grande do Sul, e atende pacientes oncológicos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para realização de quimioterapia e radioterapia. Neste espaço atuam profissionais de diversas áreas como enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, dentistas e assistente sociais. Por se tratar de uma instituição de ensino vinculada a uma universidade federal, existe a presença de acadêmicos e residentes da área da saúde. O atendimento é realizado de segunda a sábado das sete da manhã às sete da noite; em média 30 a 50 pacientes por dia, sendo que, de 20 a 30 realizam quimioterapia. Dependendo do protocolo quimioterápico, há pacientes que realizam o tratamento de uma a cinco vezes por semana. O tempo médio de permanência dos usuários para a administração do quimioterápico varia entre 30 minutos e seis horas. Atualmente há um crescente número de pacientes que realizam quimioterapia paliativa, sendo que o diagnóstico mais comuns é o câncer de mama, além das situações em que ocorrem metástases pulmonares e hepáticas. Os efeitos colaterais mais comuns são físicos, como náuseas, vômitos, constipação, alopecia e dor. Os cuidados de enfermagem são realizados em situações agudas e a longo prazo visando prevenir e minimizar os efeitos. Nos casos de efeitos concomitantes a aplicação da quimioterapia, como dor aguda, vômito e anafilaxia, tornam-se imprescindível a administração de medicamentos e cuidados com estes. Em outras situações de possibilidade de ocorrer alopecia, sintomas digestivos e dermatológicos, é de extrema importância a realização das orientações com o objetivo de prevenir tais sintomatologias. Neste caso, o momento da consulta de enfermagem é propício para explorar as possíveis dúvidas dos pacientes e, consequentemente, estimular a mudança de postura frente ao tratamento3. Conclusão: Sendo assim, fazem-se necessárias orientações e estímulo ao autocuidado, pois o tratamento oncológico causa diversas toxicidades, carecendo de intervenção não apenas medicamentosa, mas também de cuidados que podem ser tomados pelo próprio paciente. É errônea a suposição de que “não há mais nada a se fazer” pelo paciente sem possibilidades de cura, uma vez que enquanto houver vida, sempre existirá a necessidade do cuidado de enfermagem, que possam garantir melhor qualidade da vida e reduzir sofrimentos como propõe a filosofia paliativista.

REFERÊNCIAS:

  1. Ministério da Saúde (BR). Estimativa 2016: Incidência de câncer no Brasil/

Instituto Nacional do Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2014. http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2015/esti mativa_incidencia_cancer_2016

  1. Bonassa EMA, Gato MIR. Terapêutica oncológica para enfermeiros e farmacêuticos. ed. São Paulo ( SP): Atheneu; 2012.
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  1. Rodrigues AB. Estresse em pacientes submetidos a tratamento antineoplásico. Cuidado é Fundamental. 2016:8(2); 4487-4500.
      1. O CUIDADO DE ENFERMAGEM FRENTE À RADIODERMITE CONSEQUENTE DA RADIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Luana Amaral Mortola, Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Clarice de Medeiros Carniere, Jandira Amarilho Silveira, Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos.

Introdução: A radioterapia é uma das modalidades terapêuticas utilizadas no tratamento de neoplasias. Constitui-se como um tratamento localizado, que usa radiação ionizante produzida por aparelhos ou emitida por radioisótopos naturais1. A radioterapia paliativa atua no momento em que a doença se encontra em estágio avançado, tendo como propósito aliviar a sua sintomatologia (antálgica, anti-hemorrágica, no tratamento de compressões neurológicas, etc.)1. No entanto, apesar dos aspectos positivos, o tratamento radioterápico acarreta efeitos adversos como a radiodermite2.A radiodermite é um conjunto de lesões cutâneas provocadas por uma exposição excessiva à radiação ionizante. É considerada uma queimadura complexa levando à desidratação da pele e complicações secundárias como infecção local que pode promover a interrupção do tratamento radioterápico em muitos casos3. Estima-se que 60% dos pacientes com câncer serão submetidos à radioterapia e 95% destes devem desenvolver radiodermites4. Ressalta-se que a radiodermite é um efeito adverso que pode ser evitado. Destaca-se a importância do cuidado com intuito de promover o alívio do sofrimento que precede a morte incluindo efeitos adversos a terapêutica adotada. Nesse sentido os cuidados de enfermagem devem ser direcionados à realização de orientações com intuito de prevenir

1 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail: lumortola92@gmail.com

2 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com

3 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com

4 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com

5 Enfermeira. Ambulatório de Oncologia Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail:

jandiraamarilho@gmail.com

6 Enfermeira. Ambulatório de Oncologia Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail:

carenlais@hotmail.com

estes efeitos a proporcionar conforto e segurança para o paciente. Objetivo: Dissertar sobre a vivência do cuidado de enfermagem frente à radiodermite no paciente submetido radioterapia paliativa. Métodos: Estudo de abordagem qualitativa na modalidade de relato de Experiência. Relata-se a vivência de cinco enfermeiras residentes do Programa de Residência Integrada Multiprofissional do Hospital Escola da Universidade Federal Pelotas. O relato concentra-se na atuação das enfermeiras residentes na realização do cuidado paliativo em uma Unidade de Radioterapia de um Serviço de Oncologia no sul do Rio Grande do Sul. A atuação sucedeu-se nos meses de agosto a dezembro de 2016. Resultados: Na unidade de radioterapia o atendimento era realizado de segunda a sábado das sete da manhã às sete da noite. Em média eram atendidos de 20 a 30 pacientes por dia, destes, nove realizavam radioterapia paliativa. Ao iniciar o tratamento radioterápico o paciente era recebido pela equipe de enfermagem, onde o enfermeiro realizava a consulta de enfermagem, sendo preconizados os cuidados para prevenção de efeitos colaterais como a radiodermatite, tais cuidados como, incentivo a ingesta hídrica; evitar expor a área irradiada ao sol, calor e/ou frio; manter a pele do campo de tratamento seca e livre de irritações; não utilizar qualquer produto no local antes das seções de radioterapia; evitar coçar, arranhar ou esfregar o local de tratamento; lavar a pele do campo de tratamento com água em temperatura ambiente; utilizar produtos de higiene com pH neutro; entre outros. Nesse ambiente destacava-se a qualidade educativa do enfermeiro e a importância de acolher o paciente de maneira integral e individual, principalmente aquele que realiza a radioterapia paliativa, pois devido a não possibilidade de cura atrelada a ocorrência de efeitos colaterais pode indicar a não realização do tratamento. Mesmo sendo realizado o cuidado direcionado a prevenção da radiodermite, alguns pacientes que realizaram radioterapia paliativa apresentaram este efeito. Frente a isso os cuidados também tiveram o enfoque na minimização deste, sendo recomendadas diversas intervenções, tais como orientação de aplicação de compressas com chá de camomila ou água filtrada no local da lesão. Outros produtos como a aloe vera e a sulfadiazina de prata 1% também eram utilizados sob prescrição médica, porém com cautela devido à insuficiência de evidências científicas que as sustentassem. Os cuidados foram realizados de maneira educativa com intuito de serem reproduzidos no prisma domiciliar. O objetivo foi reduzir ou sanar a radiodermite removendo a possibilidade de interrupção do tratamento devido à possível evolução da lesão. Conclusão: A radiodermatite é um efeito adverso que pode ser prevenido, ou minimizado, por meio de orientações prévias ao tratamento radioterápico. Destaca-se a realização da consulta de enfermagem desde o início do tratamento até a sua conclusão, sendo a prevenção de complicações e a qualidade de vida os núcleos do cuidado na realização da radioterapia paliativa.

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      1. CUIDADO TERAPÊUTICO: UM OLHAR EM BUSCA DA HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NOS CUIDADOS PALIATIVOS

Gabriela Nasser Gervini, Maira Buss Thofehrn, Helen Nicoletti Fernandes, Franciele Budziareck das Neves.

Introdução: O aumento da longevidade da população trouxe um crescimento não somente da incidência e prevalência, como da mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), tais como doenças cardiovasculares e neoplasias.1 Assim, pessoas com DCNT passam a necessitar de cuidados que priorizem o controle de sintomas e objetivem melhor qualidade de vida. Os cuidados paliativos são tratamentos ativos e totais aos pacientes quando a doença não responde à abordagens curativas, assim, o controle de sintomas torna-se prioridade, objetivando melhor qualidade de vida diante de doenças que ameaçam a vida, por meio da prevenção e alivio do sofrimento. Por isso, requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e de outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual.2 O cuidado terapêutico baseia-se na visão singular, solidária e integradora entre o profissional de enfermagem e ser humano que necessita de cuidados, buscando a resolução de problemas e/ou necessidades pessoais.3 A atenção domiciliar têm como objetivo proporcionar ao paciente um cuidado contextualizado à sua cultura, rotina e dinâmica familiar, evitando hospitalizações desnecessárias e proporcionando uma assistência holística ao paciente em cuidado paliativo.4 Deste modo, o estudo visa conhecer o cuidado prestado por enfermeiros da equipe do Programa Melhor em Casa, do Governo Federal e do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) em um município do sul do Brasil. Ao total, os dois programas têm oito equipes multidisciplinares que assistem diária e concomitantemente cerca de 120 pacientes financiados totalmente por recursos do Sistema Único de Saúde.5 Objetivos: Conhecer o cuidado prestado pelos enfermeiros de dois programas de internação domiciliar na promoção e busca da humanização do cuidado. Método: Estudo qualitativo, descritivo e exploratório. Desenvolvido com oito enfermeiras das equipes dos programas Melhor em

1Especialista em Estratégia de Saúde da Família Enfermeira. UFPel. gabrielagerviny@hotmail.com Professora Doutora Enfermeira.mairabusst@hotmail.com Doutoranda Mestra Enfermeira.helyfern@hotmail.com

Mestra Enfermeira.fran.bnvs@gmail.com

Casa e PIDI, de um hospital de ensino do Rio Grande do Sul. As entrevistas ocorreram durante o mês de novembro de 2014, por meio de uma entrevista semiestruturada. Foram mantidos os preceitos éticos, baseados no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem de 20077, e também, de acordo com a Resolução nº 466 de 12 de Dezembro de 20128, que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos. Os dados foram analisados por meio da Proposta Operativa de Minayo.6 Resultados: Foi possível conhecer o trabalho prestado pelos enfermeiros na busca da humanização dos cuidados, baseado na relação entre a equipe multiprofissional e vínculo com o paciente e sua família. Evidenciado através de boas habilidades de comunicação, escuta, empatia e preocupação com o paciente e família, tendo como objetivo principal um cuidado integral, ético e humanizado. Nos relatos, os enfermeiros mostram-se comprometidos na promoção e recuperação da saúde ao realizar um cuidado terapêutico, integral, equânime e humano, importando-se também com a família, no cuidado, orientação e apoio. As entrevistadas relatam que o vínculo criado com o paciente e sua família torna-se muito forte devido a inserção no contexto do paciente e família, rotinas e a própria internação dos mesmos, que muitas vezes torna-se bastante extensa. Algumas dificuldades encontradas pelas enfermeiras na atuação em cuidados paliativos são embasadas na literatura: 9 O encaminhamento tardio do paciente; inúmeras tentativas de tratamento com aumento do sofrimento e estresse; relutância no encaminhamento pela falta de compreensão do papel dos cuidados paliativos; esperanças não realistas por parte do paciente e/ou família em relação à evolução da doença; não concordância entre família e paciente quanto ao tratamento; pobreza extrema; entre outros. Conclusão: Com este trabalho, foi possível reconhecer o cuidado terapêutico exercido por enfermeiras de dois programas de internação domiciliar. Espera-se que o estudo permita uma reflexão sobre o assunto enfatizando a necessidade da humanização dos cuidados e disseminação do conceito de cuidado terapêutico, ainda pouco utilizado, e das filosofias dos cuidados paliativos, implantando esse cuidado conjuntamente ao tratamento ativo da doença, buscando concretizar o que seria um cuidado terapêutico e humanizado. É necessário ampliar esse olhar para outros serviços, realizar maiores investimentos durante a formação de profissionais enfermeiros, assim como trabalhar fortemente a humanização com os acadêmicos. A mudança de comportamento dentro dos hospitais deve partir do princípio de uma redução da carga horária dos profissionais, demanda de trabalho e aumento das condições de trabalho para um cuidado de melhor qualidade. Por fim, conclui-se que são necessárias mais pesquisas que abordem o cuidado terapêutico dentro dos serviços de saúde.

REFERÊNCIAS

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      1. ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DE CUIDADORES DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Bruna Maffei288,,Isabel Cristina de Oliveira Arrieira289, Renata Alexandre Ferreira290, Daniela Habekost Cardoso291

Introdução: Cuidado paliativo é definido pela Organização Mundial da Saúde como uma

abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares, que enfrentam

doenças que ameacem a vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, identificação

precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais1.

Dessa forma, a atenção integral ao paciente oncológico engloba o entendimento de cuidados

paliativos e o cuidador igualmente precisa ser visto como um indivíduo vulnerável diante de

uma situação estressora, que é ter um familiar doente. Sabe-se que a sobrecarga física,

emocional, financeira e social são fatores que impactam significativamente na saúde do

cuidador2. Diante de eventos estressores, o cuidador pode recorrer a estratégias de

enfrentamento. Enfrentamento é definido como um conjunto de esforços cognitivos e

comportamentais utilizados pelas pessoas para administrar demandas externas e/ou internas

específicas que ultrapassam seus recursos pessoais3. A presença de uma equipe domiciliar no

processo de cuidado ao familiar doente se caracteriza como uma forma de lidar com a atual

situação e tende a favorecer a preservação da saúde integral do cuidador, que englobada a

assistência a dimensão biopsicossocial e espiritual4. Objetivo: Identificar as estratégias de

enfrentamento dos cuidadores de pacientes em cuidados paliativos no contexto domiciliar.

Método: Estudo qualitativo e descritivo, com cuidadores familiares de pacientes oncológicos e

em cuidados paliativos desenvolvido em um programa de internação domiciliar vinculado a

um Hospital Escola na região sul do Brasil de agosto a outubro de 2016. Para a coleta das

informações utilizou-se uma entrevista semiestruturada com questões sociodemográficas e um

roteiro com eixos norteadores. Os dados foram gravados, transcritos e submetidos a análise de

conteúdo de Bardin5. Para finalizar a pesquisa foram respeitados os critérios de saturação. A

pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (parecer nº 1.558.688) e foram respeitadas as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos, conforme Resolução nº 466/12 do Ministério da Saúde. Resultados: Foram entrevistados nove participantes, sendo oito do sexo feminino, com idades entre 49 e 72 anos, prevalecendo cuidadores casados, com ensino fundamental incompleto e com dedicação exclusiva ao paciente e as atividades da casa. O tempo de cuidado variou de 6 meses a 15 anos e no grau de parentesco do cuidador, cinco destacaram-se como cônjuges, e os demais como mãe, irmã, sobrinha e cunhada. Foram identificadas duas categorias referentes as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos cuidadores. São elas: 1) Suporte da equipe da atenção domiciliar: a segurança nos profissionais transmite credibilidade na atenção ao paciente e tem por consequência o compartilhamento do cuidado. A possibilidade de atendimento domiciliar de forma contínua estabelece uma relação de confiança que resulta em maior tranquilidade aos familiares6, onde eles se sentem amparados para dar continuidade ao seu papel7. Essa atenção especializada é motivo de gratidão e o convívio diário tende a estreitar os vínculos entre cuidador e equipe. 2) Domicílio como cenário de cuidado: o domicílio foi apontado como o melhor local para prestar cuidados. No entanto, percebe-se que para o cuidador o desejo de permanecer no domicílio e realizar as ações de cuidado ao familiar, está associado a continuidade do acompanhamento e suporte promovido pela equipe de cuidados paliativos. A permanência do cuidador no domicílio favorece a preservação do conforto, assim como maior autonomia, flexibilidade de horários para alimentação e higiene, liberdade, conforto e melhor local para organização das atividades diárias do cuidador7, sendo que em caso de hospitalização, o cuidador fica exposto a fatores como o barulho, a falta de privacidade, de conforto e as rotinas padronizadas6. Conclusões: Destaca-se a importância da equipe de cuidados paliativos no contexto domiciliar e o suporte por estes oferecido tende a auxiliar o enfrentamento do cuidador diante do momento vivenciado. É indispensável que os profissionais estejam atentos as necessidades desse familiar para fortalecer seus fatores protetivos e integrá-lo na assistência. À equipe cabe ainda oferecer um ambiente acolhedor para a expressão de sentimentos e identificação das demandas pessoais. Para tal, prioriza-se a atuação integral da equipe interdisciplinar. Ademais, orientações sobre saúde e autocuidado, repercutem em uma melhor qualidade de vida a essa população.

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      1. CUIDADOS PALIATIVOS NO PROGRAMA MELHOR EM CASA: O PERFIL DOS PACIENTES ASSISTIDOS

Sara Deise de Souza Lopes Ferreira292,, Isabel Cristina de Oliveira Arrieira293, Emeli Rodrigues dos Santos294, Simone Braga Martins295, Julieta Carriconde Fripp296, Renata Schmitz297

Introdução: Os cuidados paliativos são medidas terapêuticas que buscam atender de forma integral e humanizada as repercussões negativas da doença que ameace a vida, ou ainda, elimine o bem-estar do indivíduo. Corroborando, a atenção domiciliar é uma modalidade de atendimento na rede pública que visa a garantir a assistência adequada, de qualidade, integral e humanizada aos pacientes que mantêm quadro clínico estável, dispensando a infraestrutura hospitalar, mas que necessitam de assistência em saúde, acompanhamento regular e vigilância ativa. Objetivo: Este estudo tem como objetivo caracterizar o perfil dos usuários atendidos em cuidados paliativos de uma equipe do programa Melhor em Casa no sul do estado do Rio Grande do Sul; no período de janeiro a dezembro de 2015, a partir de informações contidas em prontuários. Trata-se de um estudo quantitativo descritivo em que foram analisadas as seguintes variáveis: diagnóstico clínico, idade, gênero, e sintoma principal no momento da inclusão no programa. Metodologia: O estudo foi realizado com a análise dos prontuários de pacientes internados no programa no período de 1° de janeiro de dois mil e quinze a 31 de dezembro de dois mil e quinze. Excluindo-se os prontuários de pacientes internados para assistência curativa e analisando somente os prontuários dos pacientes com indicação de cuidados paliativos, com ou sem comorbidades, estando ou não ainda em assistência pelo programa. A principal ferramenta analisada foi a Ficha de Solicitação de Internação que é componente obrigatório do prontuário, sendo buscadas informações adicionais no restante dos documentos somente quando necessário. Resultados: Do total de 127 pacientes atendidos pela referida equipe no ano em estudo, 23% eram para cuidados paliativos. Quanto ao diagnóstico clínico, 50% das internações foram por neoplasias, 25% por sequela de AVC, 14% por Doença de Alzheimer e 11% com outros diagnósticos, sendo esses, insuficiência renal, SIDA e Diabetes Mellitus. Os pacientes analisados tinham idade entre 49 e 90 anos, 62% mulheres e 38% homens. E ainda o principal sintoma referido era dor, com uma taxa de prevalência entre 44% do total dos pacientes; seguido por 28% com anorexia e outros 28% com lesões por pressão. Conclusão: Pode-se observar que a maior necessidade de cuidados paliativos provém de usuários com diagnóstico de neoplasias, sendo este responsável por metade das internações paliativas da equipe. O principal sintoma encontrado foi dor, demonstrando que esse sintoma ainda pouco tratado em nossa realidade, levando ao sofrimento dos usuários e suas famílias. Observou-se ainda que o outro grande diagnóstico encontrado, ou seja, a sequela de AVC, associado ao fator idade encontrado no estudo, que são na grande maioria idosos, justificam as outras duas sintomatologias prevalentes que são a inapetência e as lesões por pressão. O presente estudo é oportuno na literatura, pois conhecer o perfil dos pacientes que se assiste é fundamental para que se possa adequar e qualificar o cuidado. Quanto à sintomatologia, é essencial o conhecimento por parte dos profissionais para que se utilizem dos resultados como fonte de resolutividade, eficácia e qualidade no cuidado. É necessário então, que haja aporte por parte da gestão e ainda de equipe habilitada no manejo dos sintomas.

      1. VIVENCIANDO A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ONCOLÓGICO: UMA ABORDAGEM SOBRE A SAÚDE DA MULHER

Cristiane Oliveira dos Santos298, Pâmela Pereira Mourão299, Sidnei Morales300, Ana Paula Escobal301

Introdução: As mulheres representavam 59% da população brasileira em 2012, dessa forma considera-se relevante o conhecimento das políticas públicas direcionadas a essa população, bem como as patologias que acometem este universo.1 Dentre as patologias que acometem as mulheres destacamos no presente estudo o Câncer de Vulva e Reto associado a outras patologias; O câncer de vulva corresponde a menos de 1% das neoplasias malignas da mulher e responsável por 3% a 5% das neoplasias malignas do trato genital feminino, com incidência estimada de 1 a 2 casos por 100.000 mulheres/ano, e a partir destes dados, considera-se uma neoplasia rara.2 A vulva é o órgão reprodutor feminino que possibilita fácil visualização por ser mais externo, porém, o câncer de vulva diagnosticado tardiamente. A partir do primeiro sintoma até o diagnóstico, considera-se um tempo médio de 18 meses. Um dos motivos para o diagnóstico tardio é o pudor da paciente, que na maioria das vezes tem idade acima de 50 anos e quando surgem os primeiros sintomas não realiza exames ginecológicos, e faz uso de pomadas e outros recursos que não combatem ao diagnóstico real.3 A assistência em enfermagem ao paciente oncológico requer a construção de um saber aprimorado muito mais do que a realização de ações padronizadas e sistematizadas, ou seja, um cuidado integral e humanizado, considerando as singularidades e particularidades do paciente. A SAE organiza e realiza o cuidado ancorado nos princípios do método científico. É um instrumento privativo do processo de trabalho do enfermeiro que tem a função de desenvolver ações que modificam o estado do processo saúde-doença dos indivíduos, organizando o atendimento individualizado aos pacientes. Na perspectiva do cuidado envolve a atenção integral associada a comunicação, compreensão, solidariedade, presença e responsabilidade. O relacionamento do enfermeiro junto aos pacientes, familiares e ou acompanhantes é de extrema importância na incorporação da filosofia do cuidado humanizado de forma a contribuir positivamente no enfrentamento durante o tratamento da doença.4 Objetivo: Descrever o processo de Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente acometida por câncer de vulva. Metodologia: Trata-se de um estudo de caso clinico, que utiliza a investigação de elementos como instrumento de colaboração em diversas áreas de conhecimento5. A pesquisa foi realizada por acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, na unidade Rede de Urgência e Emergência I do Hospital Escola, na cidade de Pelotas – RS. A paciente selecionada para este estudo é R.R.A, 49 anos, casada, natural de Pelotas-RS, do lar, com diagnóstico de Câncer de Vulva. A coleta de dados foi realizada nos dias 16 e 19 de 2016, por meio da anamnese, exame físico cefálio-caudal e a realização de procedimentos para identificação de informações necessárias para a elaboração de plano de cuidados, incluindo diagnósticos de enfermagem, prescrição de cuidados. Pelo fato de realizar um estudo de caso que necessita envolver a privacidade e sigilo das informações da paciente, foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O sigilo e anonimato da paciente serão preservados. Resultados: após realização da anamnese e exame físico elencamos dois Diagnósticos reais de Enfermagem de acordo com o North American Nursing Diagnosis Association (NANDA)6 e posteriormente os cuidados de enfermagem7 relacionada à paciente R.R.A. Eliminação urinária prejudicada (00016) relacionada a múltiplas causas evidenciada por retenção urinária, os cuidados elencados para este diagnóstico foram: manter desobstruído o sistema de cateter urinário; higienizar externamente o cateter urinário na região do meato; além de observar as características da drenagem urinária. Disfunção sexual (00059) relacionada à estrutura corporal alterada (por processo de doença e cirurgia) evidenciada por limitações reais impostas pela doença. Os cuidados elencados foram: abranger a relação terapêutica, ancorada na confiança e no respeito; oferecer privacidade e confidencialidade; e ainda discutir as modificações necessárias na atividade sexual. Considerações Finais: Em virtude dos fatos mencionados, concluímos que o estudo de caso não é baseado apenas em teorias ou conteúdos científicos. A implementação da SAE nos possibilitou realizar a assistência de forma humanizada e integralizada. Sendo assim, nós enquanto acadêmicos precisamos aprimorar nossos conhecimentos para tornarmos profissionais capacitados e com autonomia na prestação dos cuidados, além de orientar, estimular e encorajar a equipe interdisciplinar de saúde.

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      1. CUIDADOS PALIATIVOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E CLÍNICA MÉDICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DR. MIGUEL RIÊT CORREA JR: UMA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Andressa Hübner Pereira302, Daniela Barsotti Santos303

Os cuidados paliativos consistem em abordagens que visam promover uma melhor qualidade

de vida de pacientes e familiares frente a doenças que ameaçam a vida. Eles requerem uma avaliação precoce, abordagem e tratamento de problemas de ordem física, psicológica, social e

espiritual. O foco dos cuidados paliativos não é a cura ou o controle das doenças, e sim o

paciente e suas necessidades. No Brasil, os cuidados paliativos ainda são pouco difundidos,

porém com a criação da Associação Brasileira de Cuidados Paliativos houve maior fomento

na formação dos profissionais de saúde voltados ao tema. Entende-se que o processo da

terminalidade no hospital, bem como a assistência oferecida pela equipe multiprofissional

necessita ser discutida e refletida1. Nesse sentido, observa-se a importância do diálogo com os

profissionais sobre questões como a morte, a ética, práticas e vivências, contribuindo para a

qualificação dos serviços já prestados e para os próprios profissionais, resultando em melhoria

no auxílio da comunicação entre equipe, paciente e familiar. É relevante também destacar o

processo do morrer atual, bem como grifar termos como a obstinação terapêutica, a “boa

morte” e a tomada de decisões, para melhor compreender o papel dos cuidados paliativos. As

ações voltadas para a saúde estão em constante desenvolvimento tecnológico, porém isto

conclama a venerar a vida física ansiando sua manutenção, esquecendo-se da sua qualidade2.

Os profissionais da área da saúde são formados para combater a morte, sendo esta considerada

como fracasso, podendo ocasionar a obstinação terapêutica. O conceito de “boa morte”, seria o

de uma morte indolor, com o paciente rodeado de pessoas queridas, e de preferência com um

bom relacionamento entre a equipe, o paciente e seus familiares3. Diante do exposto, cabe

grifar a bioética, que permeia os cuidados paliativos. É sabido que o termo bioética abarca

muitos sentidos, porém neste trabalho será tratada como “ética da vida”. Os cuidados

paliativos propõem, pois, a filosofia de cuidado de modo a humanizar a relação entre

paciente/equipe/instituição, visando à autonomia do sujeito. No Brasil a Resolução 1.995/2012 do Conselho Federal de Medicina dispôs sobre as diretivas antecipadas de vontade do paciente e, caso estas não tenham sido feitas e o paciente estiver incapacitado de responder por si, o processo de decisão dependerá da participação do representante legal4. Diante da realidade exposta, é visível que a morte, a ética e decisões acerca do tratamento dado ao indivíduo, são questões polêmicas. Este trabalho objetiva, portanto, conhecer como as equipes multidisciplinares da Unidade de Terapia Intensiva e da Unidade de Clínica Médica do Hospital Universitário Dr. Miguel Riêt Correa Jr./HU-FURG trabalham e lidam com os pacientes terminais, bem como averiguar como os mesmos lidam com as questões éticas e a terminalidade. Também busca indagar se o Hospital Universitário possui um viés de trabalho que utilize os cuidados paliativos. Por ser um trabalho que visa compreender a visão dos profissionais acerca dos cuidados paliativos e a sua aplicação no cotidiano dos pacientes, optou-se por realizá-lo de forma qualitativa e descritiva exploratória. A pesquisa será desenvolvida nos setores já mencionados, que embora não sejam unidades especializadas em cuidados paliativos, atendem pacientes em processo de terminalidade. Para a seleção dos sujeitos, será eleito um turno de trabalho nas unidades, de forma aleatória, visando preservar o anonimato dos participantes. Assim, um profissional de cada área de atuação (nutricionista, fisioterapeuta, médico, psicólogo, enfermeiro, assistente social e técnico em enfermagem) participarão do estudo, sendo convidados verbalmente a participar. Após o aceite será realizada uma entrevista com roteiro semiestruturado com os mesmos. A análise dos dados se dará por conteúdos temáticos, com a organização dos dados, a leitura dos mesmos, e a sua interpretação com embasamento teórico de autores já pesquisados. Na análise final dos dados, pretende-se que ocorra uma reflexão das pesquisadoras acerca do material teórico e empírico, buscando sua análise e melhor interpretação. O trabalho passará por uma análise do Comitê de Ética em Pesquisa na Área da Saúde – FURG, bem como aprovação da Gerência de Ensino e Pesquisa/ HU. Além disso, será entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos participantes. Espera-se que com este trabalho os temas com relação aos cuidados paliativos e questões de morte e de vida sejam levantados e fomentados, de forma a contribuir com sua maior compreensão e aprimoramento. Deseja-se que novas pesquisas e projetos surjam através das questões aqui erguidas, esperando-se contribuir para a ampliação do trabalho que já é realizado nos hospitais de Rio Grande e região.

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      1. ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E A TOMADA DE DECISÃO COMPARTILHADA EM CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES

Introdução: O cuidado paliativo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde1, é uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e suas famílias, enfrentando problemas associados à doença ameaçadora de vida, através da prevenção e alívio de sofrimento por identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais. Em pacientes fora de possibilidade terapêutica, a abordagem interdisciplinar em cuidados paliativos é de extrema relevância como garantia de integralidade da assistência prestada, sendo que a atenção domiciliar, por se inserir no cotidiano do paciente, possibilita ações que incrementam a qualidade de vida nesses casos. Objetivo: relatar um caso com abordagem em cuidados paliativos em atenção domiciliar de um hospital universitário, com a instrumentalização da tomada de decisão de um paciente a partir da utilização de estratégias de comunicação. Método: Relato de caso de paciente atendido em um hospital universitário da região central do RS, com indicação de cuidados paliativos, assistido por equipe interdisciplinar de um serviço de atenção domiciliar, como parte do projeto “Núcleo Interdisciplinar de apoio ao cuidado: projeto terapêutico singular como estratégia para redução de riscos à saúde no pós-alta hospitalar”, CAAE: 46952715.1.0000.5346. Resultado: Trata-se de um paciente do sexo masculino, 59 anos, que compareceu ao hospital universitário em julho de 2015, no ambulatório de Cabeça e Pescoço, com lesão de assoalho de boca há dois anos, refratária a tratamento inicial, tabagista ativo e etilista em abstinência há oito anos, submetido a biópsia que revelou carcinoma espinocelular de boca. Em agosto de 2015 foi realizada hemimandibulectomia anterior direita, com esvaziamento cervical bilateral, com reconstrução, utilização de traqueostomia plástica com balonete e endocânula, com necessidade de uso de aspirador, sendo encaminhado para abordagem multiprofissional ambulatorial, no pós-operatório, enquanto aguardava avaliação para radioterapia e quimioterapia. Em outubro de 2015, realizou gastrostomia endoscópica e foi encaminhado ao Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), devido dificuldade com aquisição e uso de aspirador. No SAD, o paciente iniciou abordagem da equipe interdisciplinar com indicação de cuidado paliativo complementar, que incluiu avaliação de habilidades comunicativas por fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, visando manutenção de comunicação de maneira independente, buscando garantir o exercício da autonomia para tomada de decisão compartilhada. Houve a indicação de incentivo para comunicação não verbal por escrita e verbal com som, durante períodos de possibilidade de oclusão da traqueostomia com balonete desinsuflado, com envolvimento de paciente, família e

equipe. Em dezembro 2015, houve a liberação de via oral de conforto, mediante avaliação conjunta da equipe (médico, enfermeiro, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e nutricionista). Foi mantido em gerenciamento telefônico no período de janeiro de 2016 a fevereiro de 2017, com acompanhamento nos ambulatórios do mesmo hospital, devido sua melhora no status funcional, eutrofia, progressão para traqueostomia metálica com oclusão, uso de via oral e comunicação verbal com som. Em março de 2017, apresentou recidiva da lesão, com indicação de internação hospitalar para quimioterapia paliativa. O paciente optou por não realizar a quimioterapia, após explanação sobre objetivos do tratamento e resultados esperados, devido entendimento de que o procedimento não apresentaria o benefício de proporcionar uma sobrevida com qualidade de vida, através do uso de comunicação não verbal por escrita. O paciente optou por serem retomadas as visitas domiciliares pelo SAD no pós-alta hospitalar, com organização de cuidado paliativo predominante, com otimização de medidas de conforto, de acordo com suas preferências. Em nova avaliação das habilidades comunicativas, observou-se disfunção ocupacional na área da comunicação, devido à expansão da lesão, com exteriorização exacerbada de língua, confirmando-se a impossibilidade de comunicação verbal com ou sem som. Optou-se por complementação da comunicação não verbal por escrita com o uso de Comunicação Suplementar Alternativa (CSA), por meio de frases cotidianas prontas. Esse recurso apresenta baixa tecnologia, com utilização de folhas de papel com frases dispostas de maneira vertical e prancha com símbolos gráficos para serem apontados com a mão. Dessa forma, houve uma facilitação do processo de comunicação. Conclusão: Observou-se que as estratégias utilizadas acompanharam a evolução do paciente, auxiliando a comunicação entre paciente, família e equipe, facilitando a abordagem de desejos e anseios, principalmente relacionados aos desconfortos físicos e despedidas. Dessa forma, a avaliação de habilidades comunicativas, o incentivo individualizado à utilização de comunicação verbal e não verbal e a utilização de dispositivos podem ser estratégias de comunicação utilizadas em cuidados paliativos, no intuito de garantir uma tomada de decisão compartilhada entre paciente, família e equipe envolvidos.

REFERÊNCIA

  1. World Health Organization Paliative Care 2002[cited 2017 apr 24]. Available from: http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/
      1. RESIDENTES DO RISO: UMA PROPOSTA DE (RE) CONSTRUÇÃO INTERDISCIPLINAR

Bianca Camargo304,, Marcia Gracioli305, Michele Zarantonelo306

O presente artigo se sustenta na discussão de práticas de humanização do atendimento tais como preconiza a atual Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS), onde se define que humanizar é construir relações que afirmem os valores que orientam nossa política pública de saúde¹. Visto que, o Sistema Único de Saúde tem como um dos princípios a integralidade do atendimento, atenta-se para a necessidade de intervenções e estratégias que modifiquem o modus operante do sistema voltado para o modelo biomédico. Entretanto, a quebra deste paradigma exige a formulação de práticas inovadoras, como a reinvenção do espaço hospitalar, tido como estritamente curativo, para um ambiente que perceba o sujeito como um ser biopsicossocial. Deste anseio por mudanças surge o projeto Residentes do Riso, que será desenvolvido no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), com o intuito de atuar para que os sujeitos que encontram-se em processo de adoecimento e em cuidados paliativos, bem como seus acompanhantes e a equipe que presta a assistência a estes, tenham um momento de interação e descontração propondo a construção de novos caminhos onde a doença deixa de ser o foco principal, abrindo assim, espaços para a expressão de novas formas de enfrentamento da realidade hospitalar. Dessa forma, destaca-se que para Funes² (2001) “o riso nos fornece uma libertação catártica, uma purificação de emoções e uma libertação da tensão emocional”. Para isso, acredita-se que a utilização de formas lúdicas de interação, como musicoterapia, contação de histórias, brincadeiras, jogos e demais atividades propiciam ao sujeito alívio do sofrimento e a ressignificação de suas angústias frente a doença e a proeminência da morte, uma vez que, conforme afirma Sisto³ (2001) contar histórias é sempre dialogar em várias direções: na da arte, na do outro, na nossa. Os objetivos podem mudar: recrear, informar, transformar, curar, apaziguar, integrar; mas nunca acabar com o prazer de escutar, participar e criar junto. Segundo a OMS4 (2002) os cuidados paliativos surgem neste contexto, como sendo uma alternativa de aprimoramento da qualidade de vida dos pacientes e familiares no enfrentamento dos diversos dilemas associados a terminalidade da vida, a partir de medidas de prevenção e alivio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e de outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual. Neste prisma, diante da perspectiva de finitude da vida emergem inúmeras situações ansiogênicas, tanto para a equipe quanto para o paciente e seus familiares, como o momento de “revelar o diagnóstico de uma doença grave, o envolvimento emocional com o paciente, o tipo de atenção disponibilizada ao doente com doença terminal e a necessidade de uma intervenção psicológica para o doente e a família” (SOUZA; BOEMER, 2005)5. A metodologia empregada será através de incursões mensais na Unidade Clínica Cirúrgica do HUSM nos períodos manhã e tarde, previamente comunicado a toda equipe assistencial. As atividades serão desenvolvidas por Residentes Multiprofissionais da linha de cuidado Crônico Degenerativo em Atenção e Gestão Hospitalar da Universidade Federal de Santa Maria. Salienta-se que a referida unidade engloba diversas especialidades, onde encontram-se também pacientes em cuidados paliativos. Com base no exposto o presente artigo contribui na disseminação de práticas voltadas para a humanização do atendimento, seja para pacientes crônicos e/ou em cuidados paliativos, e no entendimento que “o morrer não é apenas um fato biológico, mas um processo socialmente construído”6:24.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Ministério da saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização. Humaniza SUS. 1ª ed. 2ª reimpressão. Brasília – DF. 2015.
  1. Funes, Mariana. O Poder do Riso: um antídoto contra a doença. São Paulo: Ground, 2001.270p.
  1. Sisto, Celso. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. Chapecó:Argos, 2001.136p.
  1. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic; 2009.
  1. Sousa LGA, Boemer MR. O cuidar em situação de morte: algumas reflexões. Medicina 2005. 38(1):49-54.
  1. Menezes, Rachel Aisengart. Em Busca da Boa Morte: Antropologia dos cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004.

      1. VIVÊNCIA INTERDISCIPLINAR DA EQUIPE DE APOIO EM CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇÃO DOMICILIAR DO MUNICÍPIO DE PELOTAS-RS

Bárbara Pereira Terres307, Gabriela de Lemos Uliano308, Renato Lins Rodrigues309, Vicente Arenhart310

Introdução: Os cuidados paliativos foram definidos pela Organização Mundial de Saúde em 2002, como a abordagem que promove qualidade de vida aos pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, por meio de prevenção e alívio do sofrimento, incluindo problemas físicos, psicossociais e espirituais1. Por esta definição, a abordagem paliativista engloba doenças neoplásicas ou não, progressivas e incuráveis, que requerem atenção direcionada à individualidade e autonomia do paciente e de seus familiares2. A lei N°8.080/1990, que dispõe sobre os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, traz o conceito de integralidade de assistência como um conjunto articulado e contínuo de ações preventivas e curativas, individuais e coletivas, exigidas para cada caso em todos os níveis do sistema3. Cabe destacar que a integralidade é um tema desafiador na construção conceitual e prática. Para tanto, é necessário identificar-se menos com as tecnologias centradas em exames e medicamentos, como se elas fossem capazes de reestabelecer a saúde por si só, sem uma intervenção articulada e cuidadora, que foca ne mais com o processo de cuidado centrado nas pessoas4. A atenção domiciliar (AD) tem mostrado um caráter inovador por propor, na própria residência do paciente, a continuidade da assistência recebida em outras instituições, de forma integral e interdisciplinar2. A equipe de AD tem a missão de aproximar-se da família a fim de criar vínculo, visualizar o contexto do lar e convergir para uma clínica ampliada singular e integrada envolvendo não só paciente, mas também cuidadores e familiares5. Neste contexto, destacam-se dois programas de AD interdisciplinar no município de Pelotas: o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) voltado para pacientes oncológicos, e o Programa Melhor em Casa, ambos vinculados ao Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPEL), que representaram grande avanço no fortalecimento da AD no âmbito do SUS6,7. Objetivo: Relatar a experiência da interdisciplinaridade da equipe multiprofissional de apoio (EMAP) da AD do HE/UFPEL. Método: Trata-se de um relato de experiência, baseado na observação do cotidiano da equipe. O cenário que possibilitou este relato foi um hospital público em Pelotas, RS, Brasil, que possui uma equipe multiprofissional na AD, destacando-se na realidade nacional em Cuidados Paliativos. No contexto deste relato, realizaram atendimentos aos pacientes: dois fisioterapeutas, uma nutricionista e uma psicóloga. Os pacientes faziam parte dos programas Melhor em Casa e PIDI, e foram acompanhados desde 2016 pela mesma equipe. Estes pacientes eram encaminhados pelas equipes assistenciais e cada profissional da EMAP utilizou sua ficha individual de avaliação. Resultados: A EMAP da AD do HE/UFPEL, ao longo de sua prática cotidiana, vem construindo seu modelo de atuação interdisciplinar. Dentre as atividades coletivas desenvolvidas destacam-se acolhimento dos pacientes encaminhados e elaboração do trajeto das visitas domiciliares junto ao motorista, ora individuais ora em grupo, de acordo com as prioridades clínicas. Além disso, eram realizados periodicamente “rounds” clínicos com as equipes assistenciais onde foram discutidas as impressões de cada profissional e construídas as condutas interdisciplinares, tendo em vista a integralidade e autonomia do paciente e de sua família. A partir desses encontros e vivências foi possível compreender a influência da atuação profissional individual na conduta dos outros. Por exemplo, o quanto o estado nutricional limita a funcionalidade e o bem-estar do sujeito, o quanto a imobilidade influi no metabolismo nutricional, sobrecarga do cuidador e estados psíquicos do paciente, o quanto os transtornos mentais desencadeiam alterações nos comportamentos alimentares e são limitadores do autocuidado e funcionalidade. Nos pacientes em cuidados paliativos, percebemos isso de maneira ainda mais intensa. Ao envolver temas como a terminalidade, em que cada profissional precisa rever seus conceitos e se moldar a situação, a equipe não foca em reabilitação, mas sim em qualidade de vida, conforto e desejos do sujeito. A partir dessas influências recíprocas surgem novas percepções e atuações provenientes da intersubjetividade, tornando o cuidado integral. Conclusão: A atuação de diferentes profissionais em grupo possibilita, mas não garante, a busca pela complementaridade entre as ciências. A troca de informações entre a equipe demonstra que o intercâmbio existe de forma efetiva. Não há negação das especificidades ou crença em um saber genérico, mas sim a consciência de que, a despeito das diferenças entre os saberes, a construção coletiva de uma prática mais efetiva é possível. Este relato contribuiu para definições de condutas individuais, baseadas em avaliações clínicas compartilhadas, com vistas à integralidade do cuidado. Dessa forma, a atuação interdisciplinar coloca-se como potencializadora de uma compreensão ampliada, que em cuidados paliativos é indispensável, pois promove atendimento integral, humanizado, com qualidade de vida e conforto para os pacientes.

REFERÊNCIAS

  1. World Health Organization. National cancer control programmes: policies and

managerial guidelines. 2rd ed. Geneve: WHO; 2002.

  1. Yamaguchi AM, Taniguchi KTH, Andrade L, Bricola SAPC. Assistência domiciliar: uma proposta interdisciplinar. São Paulo: MANOLE; 2010.
  1. Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 20 de setembro de 1990. p. 18055.

  1. Rech N. et al. Diretrizes gerais para uma política nacional de inclusão das ações de diagnóstico no processo de atenção à saúde: a atenção em análises clínicas e toxicológicas como um dos eixos estruturantes. Arq. Ciênc. Saúde UNIPAR 2015; 19(3):229-34.

  1. Ministério da Saúde (BR). Caderno de Atenção Domiciliar. Brasília: MS; 2012.
  1. Fripp JC, Facchini LA, Silva SM. Caracterização de um programa de internação domiciliar e cuidados paliativos no Município de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil: uma contribuição à atenção integral aos usuários com câncer no Sistema Único de Saúde, SUS. Epidemiol Serv Saude 2012; 21(1): 69-78.

  1. Oliveira Neto AV, Dias MB. Atenção Domiciliar no Sistema Único de Saúde (SUS): o que representou o Programa Melhor em Casa?. Divulg saúde debate 2014; 51: 58-71.

      1. REDE DE APOIO SOCIAL DO CUIDADOR DE PACIENTES COM CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS

Maiara Simões Formentin311, Andriara Canêz Cardoso312, Mateus Menezes Ribeiro313, Jéssica Siqueira Perboni314, Franciele Roberta Cordeiro315, Stefanie Griebeler Oliveira316

Introdução: Os cuidados paliativos têm por objetivo o alívio do sofrimento dos pacientes e seus familiares que enfrentam doenças que ameaçam a vida, por meio da prevenção e alívio de sintomas psíquicos, sociais e/ou espirituais. Eles fornecem uma rede de apoio para que o paciente possa ter vida ativa até a morte e, também, dar apoio à família para que ela possa enfrentar o período da doença até o luto1. Realizar o cuidado no domicílio provoca mudanças no âmbito físico, psicológico e social do cuidador. Um dos aspectos mais afetados em decorrência dessa atividade é a rede de apoio social, devido à sobrecarga e falta de tempo para atividades no ambiente externo como lazer, relações sociais, trabalho, dentre outros2. As redes de apoio social podem ser caracterizadas por vizinhança, organizações religiosas, sistema de saúde e escola. Diante do exposto, evidencia-se a importância da rede de apoio social na vida do cuidador de pacientes com câncer em cuidados paliativos, já que ela contribui com a qualidade de vida do mesmo e das relações no processo de cuidar. Objetivo: Identificar a rede de apoio social de cuidadores de pacientes com câncer em cuidados paliativos. Método: trata-se de um relato de experiência sobre a rede de apoio de cuidadores identificada a partir do projeto de extensão Um olhar sobre o cuidador: quem cuida merece ser cuidado. Tal projeto foi realizado com 52 cuidadores que estavam vinculadas aos programas Melhor em Casa e Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), vinculados ao Hospital Escola / UFPel / EBSERH. O desenvolvimento das ações ocorreu entre junho de 2015 e dezembro de 2016. Como técnica de produção de dados utilizou-se os registros individuais realizados nas fichas cadastrais, ecomapas e relatos dos cuidadores armazenadas no banco de dados do projeto. Para esse relato foram incluídos 27 familiares que cuidavam de pessoas com diagnóstico de câncer e em cuidados paliativos. Os dados foram categorizados por aproximação temática. Resultados: A partir da análise dos dados emergiram cinco categorias de fontes de apoio destes cuidadores, agrupadas em ordem decrescente de vezes que foram citadas, são elas: familiares, religião, apoio social na comunidade, rede de apoio a saúde e lazer. A principal rede de apoio citada foi a família, entre as falas apareceram maridos, filhos, irmãos, sobrinhos, ex companheiros e o próprio paciente. Com o decorrer do tempo, observou-se a configuração de diferentes tipos de núcleos familiares. Esses núcleos são complexos, com múltiplas formas de apresentação e devem ser reconhecidos por sua pluralidade, apresentam um contínuo processo de transformação histórica, social e cultural4. Deve-se levar em consideração que a doença promove uma ruptura na estrutura familiar, que leva ao desequilíbrio, gerando conflitos, distanciamento e alteração na rotina da família. Quando esta recebe o apropriado suporte consegue dar prioridade e gerir os problemas do doente. A simples intervenção de reconhecimento e apoio reduz consideravelmente o stress do doente e família5. A religião foi o segundo grupo mais citado pelos cuidadores. A adesão a essa categoria pode estar relacionada com a finitude e os sentimentos que essa desperta no paciente e em sua família. Por, em alguns momentos, demonstrarem sensações de impotência e/ou culpa, alguns cuidadores buscam na religião consolo ou ajuda para enfrentar esse processo. Outra categoria enfatizada foi o apoio social na comunidade. Sobre esse aspecto foram citados os vizinhos, amigos e a própria comunidade. O cuidador da pessoa em cuidados paliativos tende a se afastar de compromissos sociais. Por isso, as relações com sua rede de apoio na comunidade mostram-se importantes, já que elas podem minimizar o isolamento e a sensação de abandono em que se encontram muitos dos familiares. Outra categoria que emergiu foi a rede de apoio a saúde, composta por: Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar, Unidade Básica de Saúde, Melhor em casa, hospital, Associação de Apoio a Pessoas com Câncer e profissionais de saúde. Essas redes de apoio a saúde são responsáveis pelos cuidados diretamente com o paciente em procedimentos técnicos, alívio da dor e relações entre paciente, além de favorecer o vínculo com os serviços de saúde. Também possuem um papel fundamental na capacitação do cuidador em relação ao cuidado com paciente. Finalmente, a categoria lazer foi caracterizado por: assistir televisão, ler, acessar as redes sociais e assistir filmes. Para os cuidadores, esses momentos são uma forma de fuga da realidade, nas quais eles podem se envolver em outras atividades que consideram prazerosas. Conclusão: Conclui-se que a identificação da rede de apoio social mostra-se relevante, pois possibilita o apoio e o suporte que auxiliam no alívio da sobrecarga daqueles que cuidam de pessoas com câncer em cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS

  1. Inocenti A, Rodrigues IG, Miasso AI. Vivências e sentimentos do cuidador familiar do paciente oncológico em cuidados paliativos. Rev Eletr Enfermagem, 2009; 11(4):858-65.

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45(4):884-9.

  1. Sancrez KOL, Ferreira NMLA, Dupas G, Costa DB. Apoio social à família do paciente com câncer: Apoio social à família do paciente com câncer: identificando caminhos e direções identificando caminhos e direções. Rev Bras Enfermagem 2010; 63(2):290-9.

  1. Conico SD, Arpini DM. A família em mudanças: desafios para a paternidade contemporânea. Pens Famílias 2013; 17(1):28-40.
  1. Gomes AMR. O cuidador e o doente em de fim de vida – família e/ou pessoa significativa. Enfer Global 2010; 18:1-9.

      1. MEDICINA PALIATIVA: A COMPREENSÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE ESPIRITUALIDADE NO CUIDADO INTEGRAL AOS PACIENTES ONCOLÓGICOS EM FINITUDE

Luiz Gustavo Teixeira Pinto317, Carolina Machado318, Julio Massuo Makimori319, Luana Carina Czapla320, Tamires Farina Menegat321, Luiza Soster Lizott322.

Introdução: No cuidado paliativo oncológico, os profissionais de saúde têm o desafio de encontrar significados e respostas aos questionamentos do processo de viver, adoecer, curar, morrer e de implementar medidas para promover a vida ou aliviar o sofrimento. O paciente oncológico convive com uma doença de repercussões múltiplas: físicas, psíquicas, sociais e espirituais. Em especial, nestes pacientes em finitude, o cuidado está voltado para a qualidade de vida, devendo-se voltar o cuidado para individualidade, singularidade, sentido da vida, crenças e valores culturais. Esse processo de finitude pode ser vivido de diversas maneiras de acordo com os significados atribuídos a este evento pelo paciente – que está inserido em uma sociedade, com seus próprios conceitos sobre a morte. Por isso não se deve conceber a morte como um fim, mas como um processo, pois considerando o paciente como um ser social e histórico, seu cuidado no fim de sua vida significa ouvi-lo, entender suas demandas e respeitá-las. Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde, cuidado paliativo é a abordagem que promove qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, através de prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento impecável da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. Dentro desta abordagem integral à finitude, a espiritualidade pode ser compreendida como aquilo que traz propósito à vida das pessoas. Uma propensão humana a buscar significado à existência por meios que transcendem o tangível, que pode ou não incluir uma participação religiosa. A percepção espiritual da realidade dá ao indivíduo uma dimensão mais ampla de significados para os eventos da vida diária e pode reorganizar subjetivamente suas experiências. Os pacientes têm suas próprias crenças e tradições que influenciam o modo como lidam com a doença, e quando hospitalizados em geral são isolados de suas comunidades espirituais/religiosas, sem o suporte e geralmente em situação desfavorável. Essa importante demanda deve ser reconhecida e de certa forma atendida pela equipe de saúde. A importância do reconhecimento da espiritualidade como estratégia de enfrentamento e identificação das necessidades espirituais do paciente faz com que o profissional de saúde possa planejar e fornecer uma assistência da forma mais integral possível. Tendo em vista a relevância do tema, esse trabalho teve a intenção de pesquisar a compreensão dos profissionais de saúde de um serviço oncológico hospitalar situado em Balneário Camboriú-SC sobre a espiritualidade e seu papel no cuidado integral aos pacientes oncológicos em finitude. Objetivo: Compreender a percepção dos profissionais de saúde sobre a espiritualidade no cuidado integral aos pacientes oncológicos em finitude, apresentar o modelo de cuidado em saúde e sua relação com espiritualidade. Método: O tipo de estudo realizado foi qualitativo, de natureza teórico-prática, exploratória com abordagem fenomenológica. O projeto foi submetido e aprovado no comitê de ética da UNIVALI. A coleta de dados se deu através de entrevista não-diretiva, buscando compreender o objeto da pesquisa: a compreensão da espiritualidade nas falas da equipe multiprofissional de um serviço de oncologia hospitalar. A população pesquisada foi composta por 9 profissionais da área de saúde composta por 3 médicos, 1 enfermeira, 1 psicóloga, 2 nutricionistas, 2 técnicos de enfermagem da equipe interdisciplinar do serviço de Oncologia de um hospital privado na cidade de Balneário Camboriú -SC. As perguntas realizadas no processo de entrevista foram as seguintes: “O que significa espiritualidade para Sr. (Sra.)?”; “Na sua percepção, a espiritualidade pode influenciar o processo saúde-doença nos pacientes oncológicos em finitude? Se sim, de que modo?”; “O Sr. (Sra.) tem como rotina abordar questões sobre a espiritualidade com os pacientes oncológicos em finitude? Se não, Por que não?” Resultados e conclusões: Os entrevistados acusaram que, o significado da espiritualidade no cuidado paliativo de pessoas com câncer relacionou-se ao sentido de vida de cada pessoa, seus significados e propósitos, além da percepção de uma energia motivadora transcendente. Quanto a influência da espiritualidade no processo saúde-doença, as falas foram mais concordantes, apesar de conceituarem diferentemente os princípios fundamentais de cuidado e espiritualidade. Os profissionais acreditaram com muita firmeza que a espiritualidade influencia o processo saúde-doença das pessoas em cuidados paliativos, especialmente quanto ao enfrentamento e resiliência. Portanto, por mais que haja dificuldades conceituais sobre o fenômeno da espiritualidade no processo de saúde-doença, não podemos negar que tal dimensão da pessoa precisa ser acessada e melhor compreendida para saber cuidar com maior humanidade.

      1. INTERVENÇÕES EM CUIDADOS PALIATIVOS: A INTERDISCIPLINARIEDADE NA PROMOÇÃO DE AUTONOMIA

Lenise Selbach323, Nathalie da Costa Nascimento324, Luisiana Fillipin Onófrio325, Patrícia da Silva Cecim326.

Introdução: O termo “cuidados paliativos” é utilizado para designar a ação de uma equipe multiprofissional a pacientes fora de possibilidades terapêuticas de curai. Para tal, requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. Quando se trata da atuação da psicologia percebe-se de modo geral que seu objetivo possibilitar que sujeito e família tenham um espaço de reflexão e elaboração das experiências de adoecimento, processo de morte e luto. A atuação do terapeuta ocupacional busca ampliar a autonomia e as possibilidades do fazer do paciente, proporcionando um cotidiano menos afetado, pois, a vida não pode perder seu sentido. As atividades utilizadas como recurso terapêutico são compreendidas como possibilitadoras de experiências de potência, ao permitir criar projetos e resgatar capacidades/habilidades remanescentes. Dessa forma, cuidar paliativamente exige sabedoria e sensibilidade e requer um tratamento abrangente e complexo com integração interdisciplinarii. Objetivo: contribuir para o desenvolvimento de práticas de saúde voltadas para o cuidado integral de cada sujeito fortalecendo a importância de propostas interdisciplinares. Método: Trata-se de um relato de experiência baseado nas primeiras atuações de uma psicóloga e uma terapeuta ocupacional do programa de residência multiprofissional desenvolvida em um hospital escola. O público-alvo das intervenções são pacientes oncológicos adultos sem possibilidade de tratamento curativo. Os pacientes são atendidos a partir de solicitação dos profissionais da equipe para avaliação de cada núcleo profissional, análise de prontuário e busca ativa. Por intermédio da escuta clínica, discussão do quadro clínico com membros da equipe e principalmente a partir da disponibilidade e do desejo do paciente de ser acompanhado é realizada uma avaliação do caso e propostas intervenções que são reavaliadas em todo o processo de atendimento. Resultados: O que se têm percebido nos casos atendidos até o presente momento é que os pacientes em cuidados paliativos apresentam limitações físicas no desenvolvimento de atividades; afastamento dos vínculos familiares pelo longo tempo de internação e limitações de visitas devido a infecções e intercorrências; perda funcional e desconhecimento acerca do prognóstico. Todas essas questões influenciam no estado emocional e enfrentamento da situação. A partir disso são desenvolvidas intervenções pela terapeuta ocupacional utilizando-se de recursos como: Comunicação Alternativa (CA), confecção de recordações para familiares, estimulação cognitiva, escuta das necessidades, manobras de posicionamento no leito, alternação de decúbito, orientações de conservação de energia e exercícios para Neuropatia Periférica Induzida por Quimioterapia (NPIQ), buscando com essas ações a independência e a autonomia nas atividades de vida diária (AVDs) do sujeito e prevenção de deformidades e disfunções. Na proposta terapêutica sempre é considerada a condição clínica do paciente, de modo que as atividades não sejam iatrogênicas. Já a psicologia oferece um espaço de escuta, acolhimento, acompanhamento em determinados procedimentos fortalecendo um espaço de segurança e confiança. Construção conjunta com familiares sobre o manejo do paciente e situação, abordagens de assuntos e desejos do paciente de forma empática e respeitando a vontade cada sujeito em olhar para a situação. O fato é que todas estas práticas acontecem interrelacionadas contribuindo para a autonomia do paciente. Ainda se percebem muitas dificuldades relacionadas a falta da compreensão do papel do psicólogo e do terapeuta ocupacional no contexto hospitalar e do respeito ao olhar de cada um frente ao paciente. No entanto, é possível perceber avanços ao longo das intervenções pois estas favorecem que cada profissional construa o seu espaço e esclareça seu papel além de ressaltar a importância do trabalho multi e interdisciplinar. O vínculo com o paciente também é reforçado à medida que este percebe um espaço de escuta e valorização de suas possibilidades. Conclusões: Em meio a esse contexto inicial de descoberta, exploração, intervenções e reflexões em Cuidados Paliativos é possível perceber que a atuação interdisciplinar é fundamental a fim de promover qualidade de vida mesmo frente a iminência de morte. Para isso, pressupõe-se a presença de uma equipe que paute seu trabalho fundamentalmente na empatia e no respeito ao outro. Cabe ressaltar que trabalhar em equipe não se trata de dizer o que o outro tem que fazer ou fazer o que ele faz, mas sim refletir sobre de que forma o saber do outro pode ajudar a aprimorar o que cada um está fazendo. Além disso, com estas experiências iniciais cada vez mais percebe-se a importância de avaliar se as práticas propostas fazem sentido para que sejam provedoras de benefícios para o sujeito.

      1. ASSISTÊNCIA PRESTADA A UM PACIENTE FORA DA POSSIBILIDADE DE CURA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Silvia Francine Sartor327, Bruna Gil Vicente328, Luiza Rodrigues329, Janaina Baptista Machado330, Bruna Knob Pinto331, Stefanie Griebeler Oliveira332.

Introdução: o câncer de estômago é uma das neoplasias malignas mais comuns e configura como a segunda causa de morte a nível mundial. Além de apresentar uma alta taxa de mortalidade1, acarreta alterações na vida do paciente e da família. Desse modo, a assistência não se basta apenas com a prática tecnicista e curativa, deve-se incluir todo o cuidado que esteja disponível. Diante deste panorama, a enfermagem possui um importante papel no desenvolvimento da assistência, permitindo a realização de um cuidado integral e humano para atender as singularidades do adoecimento quando no ambiente hospitalar. Objetivo: descrever a assistência de enfermagem ofertada a um paciente com neoplasia gástrica fora da possibilidade de cura em uma unidade de clínica médica. Metodologia: relato de experiência oriundo de um estudo de caso de base qualitativa e exploratória. A coleta de dados foi realizada nos dias 30 de setembro e 7 de outubro, enquanto a construção textual ocorreu desde o primeiro contato até o mês de novembro de 2015. O estudo foi construído a partir da situação de um paciente internado no município de Pelotas. O estudo foi elaborado por três acadêmicas de enfermagem do quinto semestre da Universidade Federal de Pelotas, durante as atividades em campo prático do componente curricular Unidade do Cuidado de Enfermagem V – Adulto e Família. Primeiramente, foi feita a escolha do paciente, lhe foi solicitada autorização para acompanhá-lo e, a partir disso, foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em duas vias. A coleta de dados envolveu entrevista e exame físico detalhado, conforme instrumento guia padrão, além de informações do prontuário do paciente. Com isso, se preservou o anonimato, respeitando a Resolução 466/122 do Conselho Nacional de Saúde. Dessa forma, para identificar o paciente, foi utilizado o pseudônimo “Benjamin”. Resultados: Benjamin, 66 anos, sexo masculino, branco, luterano. Natural de Pelotas, residindo em área urbana, aposentado, casado há 45 anos, três filhos e cinco netos. Ex-tabagista e hipertenso. Sua história inicia em 2013, quando descobriu uma neoplasia gástrica, para qual foi realizada uma gastrectomia total e uma jejunostomia. Realiza quimioterapia de 15 em 15 dias. Por ser um paciente em estadiamento IV, decidiu-se abordar a terminalidade. Benjamin e sua família têm sido acompanhados pelo Programa de Internação Domiciliar (PIDI), vinculado ao Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. Durante as conversas, Benjamin relatou estar incomodado com o barulho, e dizia sentir um cheiro forte e incomodativo, fétido. Além disso, relatou querer um leito sozinho, do que pode ser inferido um desejo por se isolar e ter um momento para si e para os seus. Em vários momentos se emocionou, principalmente quando o diálogo era focado em sua família. Ainda, considerando que o câncer traz consigo transformações físicas, psíquicas e sociais na vida dos indivíduos acometidos, se torna de suma importância compreender também sua repercussão na vida familiar. O câncer é uma doença que possui muitos estigmas e traz consigo uma gama de sentimentos negativos em todos os estágios, seja no diagnóstico ou tratamento. Conclusão: tendo por base o que vimos na unidade de internação, os cuidados de alguns profissionais centram-se nos gestos técnicos. Não parece haver espaço para um momento de escuta terapêutica. O paciente não sente apenas dor física, necessita também de cuidados psicológicos e espirituais, assim como seus familiares. Além disso, acreditamos que, por se tratar de um paciente fora da possibilidade de cura, e que não estava exigindo muitos cuidados práticos, outros aspectos subjetivos poderiam ter sido abordados. Por intermédio de uma escuta terapêutica, os profissionais de saúde poderiam ter observado e escutado seu relato e de sua companheira, frente ao desconforto com o ambiente. Cabe ressaltar que em seu período de internação, dois quartos de isolamento da unidade estavam vagos. Contudo, não houve receptividade ou ação por parte da equipe, tanto médica quanto de enfermagem, para o encaminhar para um dos leitos, o que propiciaria maior conforto tanto ao paciente quanto a família. Nessa perspectiva, acredita-se ser imprescindível que a equipe de saúde, dentro das suas possibilidades, busque alternativas e desenvolva a escuta terapêutica como forma de qualificar e humanizar a assistência em saúde, em especial aos pacientes que passam pelo intenso processo da terminalidade. Diante disso, tem-se que o cuidado medicamentoso é fundamental, entretanto, há de se atentar também às outras necessidades humanas, que transcendem o físico.

REFERENCIAS

  1. Santos AS, Burchianti LC, Netto NA, Mazon VA, Malheiros CA. Adenocarcinoma gástrico. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo 2015;60:156-9
  1. Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº. 466, de 14 de dezembro de 2012. Dispõe sobre pesquisas envolvendo seres humanos. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/ (24 abr 2017).

      1. PRÁTICAS DE CUIDADO DE SI POR MEIO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS NOS PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Francielly Zilli333, Stefanie Griebeler Oliveira334.

Introdução: O diagnóstico e tratamento de uma doença que ameaça a vida limita não só o desempenho ocupacional das atividades da vida diária (AVD), mas também o desempenho dos

papeis ocupacionais. As possibilidades de expressão de vida durante o enfrentamento da

doença ocorrem através das intervenções terapêuticas ocupacionais que se estabelecem pelo

processo de tríade construído entre terapeuta – atividade – paciente. Dessa forma, os recursos

terapêuticos (atividades) são utilizadas como mediadoras para expressões de vida e de

reconhecimento de si durante um processo de adoecimento onde há o risco eminente de

morte1. Assim, perceber a utilização dos recursos terapêuticos como facilitadores das práticas

de cuidado de si vistas por Foucault2 como ações de si para consigo, formas de atenção/olhar

para si, e principalmente como ações que nos modificam e nos transformam, permite avivar a

importância da utilização dos recursos terapêuticos como formas de intervenções com

pacientes oncológicos. Objetivo: Despertar o olhar para a utilização dos recursos terapêuticos

como formas de cuidado de si nos pacientes em cuidados paliativos. Método: Trata-se de um

estudo de quatro casos clínicos apresentados como Girassol, Gérbera, Lótus e Pessegueiro,

realizado no período de outubro de 2015 a janeiro de 2016, sendo fruto do trabalho de

conclusão de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica realizado em um

Hospital Escola vinculado a uma Universidade Federal do Sul do Rio Grande do Sul. A

pesquisa seguiu os princípios da Resolução nº466/12, sendo submetida ao Comitê de Ética e

Pesquisa e aprovado através do processo nº104561/2015. Resultados: Inicialmente,

apresentamos os novos modos de vida experienciados por Girassol, homem, 40 anos, com

diagnóstico de câncer de testículo somado a metástase pulmonar, o qual busca através do

artesanato com materiais reciclados ressignificar a vida, sendo essa atividade um forte

potencializador do resgate ocupacional durante o período de hospitalização. Girassol tornou-se

mais ativo no processo de cuidado, o qual referia a atividade terapêutica como parte do seu

tratamento comparando-a aos aportes nutricionais, remédios e a quimioterapia, com a

diferença de que enquanto estes eram estabelecidos pela doença, a terapia ocupacional se

estabelecia pela necessidade de reconhecer a si mesmo. Gérbera, mulher, 34 anos, diagnosticada com câncer de mama, semanalmente realizava atendimento terapêutico ocupacional com o intuito de converter o olhar para si e reencontrar a Gérbera aprisionada pelo câncer. Após expressar o quanto sentia-se um passarinho preso na gaiola, ela chega para atendimento e encontra na porta da sala uma cortina de papel crepon a qual representava simbolicamente a porta da gaiola que a aprisionava. A festa que Gérbera encontrou ao entrar marcava uma nova forma de refletir sobre si mesma. Foi no setting terapêutico que ela experienciou o resgate da permissibilidade de converter o olhar para si e ressignificar o eu doente. Lótus, mulher, 60 anos, enfrentando o diagnóstico de câncer de reto passa a usar duas bolsas de colostomia, apresentando dificuldades para compreender a modificação corporal: aos poucos, ela foi se afastando, passando a dormir na maior parte do tempo. Objetivando o cuidado de si, foi proposto a confecção de uma bolsa de tecido que possibilitasse a reflexão sobre a vida com a bolsa de colostomia. Esta proposta foi recusada, levando assim a terapeuta a confeccionar o “saquinho de sentimentos bons”, o qual oportunizou Lótus associar, através de um novo modo de encarar as coisas, a colostomia ao seu bem estar. Com isso, a paciente, na relação com o outro (o TO) e na representatividade simbólica, modificou-se por meio de reflexões, escutas, diálogos, explorando novas possibilidades de cuidado de si, bem como se reorganizando pela nova configuração do corpo. Por fim, Pessegueiro, homem, 37 anos, diagnosticado com leucemia mieloide Aguda tipo I, encontrava no setting terapêutico, espaço para planejar as partidas futuras da vida. Dessa forma, para ganhar na disputa do jogo, Pessegueiro precisava mudar suas estratégias a cada rodada, da mesma forma, para ganhar das limitações experienciadas pela doença, foi preciso ele mudar as estratégias de perceber a vida. Nessa relação, era possível, através do processo transferencial, identificar “o coringa que tem ajudado na partida da vida”, à ocupação terapêutica, a qual proporcionou através do jogo com cartas alterar as formas de olhar para si, proporcionando assumir e modificar novas práticas de cuidado e de enfrentar o adoecimento. Conclusões: Olhar os recursos terapêuticos como práticas de cuidado de si fortalece a assistência integral e reforça a potencialidade das intervenções terapêuticas ocupacionais com pacientes com doenças que ameaçam a vida.

REFERÊNCIAS

  1. Pedral, C; Bastos, P. Terapia Ocupacional: Metodologia e Prática. Rio de Janeiro: Rubio, 2013.
  1. Costa, A; Othero, MB; Candido, T. O papel da Terapia Ocupacional nos cuidados paliativos. In: Costa, A; Othero, M. Reabilitação em Cuidados Paliativos. Loures: Lusodidacta; 2014.

  1. Foucault, M. A hermenêutica do sujeito. 3º ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

      1. ENFRENTAMENTO DA MORTE INEVITÁVEL DE UM PREMATURO EXTREMO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Aline Nogario335, Edison Barlem336, Francielle Sena337, Jéssica Fagundes338, Kendra Castanha339.

Introdução: A unidade de terapia intensiva neonatal é destinada ao atendimento específico ao recém-nascido (RN) prematuro ou a termo que apresenta alguma comorbidade ao nascer e que necessita de cuidados especiais, como a monitorização contínua até o restabelecimento completo de sua saúde(1).Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prematuridade pode ser classificada de acordo com a idade gestacional, sendo ela moderada para os recém-nascidos entre 32 e 36 semanas de gestação; acentuada para os nascidos entre 38 e 31 semanas de gestação e prematuros extremos para aqueles bebês que nasceram com menos de 28 semanas de idade gestacional, os quais na grande maioria apresentam um maior risco de morte devido o contexto de suas condições fisiológicas(2). Diante disso, os cuidados paliativos podem ser utilizados para definir a ação da equipe de saúde multiprofissional e orientar as condutas dispensadas aos pacientes sem possibilidade de cura, em situação de morte iminente(3).Estes cuidados foram definidos em 1990 pela OMS e redefinidos em 2002, como uma abordagem necessária para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e familiares em situação de enfrentamento de doenças terminais, através da prevenção e alívio do sofrimento com a identificação, avaliação e tratamento adequado da dor e outros agravos, sejam eles físicos, espirituais ou psicossociais.(4) Objetivo: Refletir sobre o enfrentamento da morte inevitável de um prematuro extremo em uma unidade de tratamento intensivo neonatal. Método: Trata-se de um relato de experiência de uma enfermeira que atua como técnica em enfermagem em uma unidade de terapia intensiva neonatal de um Hospital Universitário no extremo sul do Brasil. No início do ano de 2017 recebemos a internação de gemelares de 22 semanas. O primeiro RN teve seu nascimento na rua devido à situação de vulnerabilidade de sua mãe, a qual era usuária pesada de crack e sob os efeitos da droga não conseguiu identificar o início do trabalho de parto e procurar um serviço de saúde. Esse RN pesou aproximadamente 670g e, ocasionado por sua condição extrema de prematuridade, não conseguia manter uma temperatura corporal acima de 32,2°C. Mesmo após inúmeras manobras, como a colocação de algodão ortopédico sob seu corpo e nas extremidades, troca de incubadora para uma com melhor sistema de aquecimento e colocação de plástico filme sobre o bebê, sua temperatura não excedeu 34,4°C ao fim do plantão. Infelizmente, mesmo com todo suporte prestado pela equipe, devido às condições inviáveis de manutenção de vida o recém-nascido foi a óbito. Essa perda gerou uma grande sensação de incapacidade e fracasso na profissional responsável pelo cuidado direto, gerando dúvidas quanto as reais necessidades de suas condutas ao auxiliar na coleta de sangue e punção para verificar glicemia, exemplos de procedimentos dolorosos e não eficazes na manutenção da vida, além do questionamento do que poderia ter sido feito para amenizar o sofrimento do bebê. Resultados: Atualmente, os recursos utilizados em unidades de terapia intensiva, principalmente nas neonatais, estão disponíveis como formas de intensificar o processo de cuidado, o que muitas vezes amplia o processo de morrer e consequentemente levam a um maior sofrimento para pacientes, familiares e profissionais diretamente responsáveis pelos cuidados. A escassa discussão a respeito da morte digna traz aos profissionais a sensação de que a morte é evitável e, consequentemente, a obrigação em prolongar a vida mesmo diante da inviabilidade, como forma de afirmar sua capacidade(5). Os profissionais da enfermagem, apesar de suas vivências cotidianas, não estão preparados para lidar com a morte, pois surgem sentimentos de culpa, fracasso e questionamentos quanto as suas condutas, o que representa claramente a dificuldade em compreender a transição entre a vida e morte(6-7). Todo esse processo poderia ocorrer de melhor forma se houvesse a implementação de uma linha de cuidados paliativos, com preparo da equipe e discussões no grande grupo multiprofissional quanto às condutas que são necessariamente adequadas a cada bebê individualmente. Conclusão: A partir da discussão e entendimento das condições de manutenção de vida de um RN prematuro extremo, percebe-se que existe uma grande necessidade de discussão entre os profissionais quanto às condutas da equipe no desenvolvimento do cuidado, pois trata-se de um tema pouco explorado desde a graduação, o que influi negativamente no enfrentamento destas situações. Grande parte dos profissionais passam por um processo doloroso de perda, pois atribuem a morte como consequência do seu fracasso profissional. Para tanto, conclui-se que é necessário abordar e discutir de forma mais ampla a magnitude dos cuidados paliativos, de forma que o cuidado se torne mais qualificado e seja voltado às necessidades dos bebês de forma a não os submeter as condutas terapêuticas dolorosas e desnecessárias em situação de morte iminente.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde [livro eletrônico]. 2a ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2012. [citado 2015 Nov 27].

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  1. Almeida FA, Moraes MS, Cunha MLR. Cuidando do neonato que está morrendo e sua família: vivências do enfermeiro de terapia intensiva neonatal. Rev Esc Enferm USP · 2016; 50(n.esp):122-129.

  1. Silva LC, Valença CN, Germano RM. Estudo fenomenológico sobre a vivência da morte em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Rev Bras Enferm [Internet].

2010 [citado 2015 Nov 27]; 63(5): 770-4. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0034- 71672010000500012

  1. Cardoso DH, Muniz RM, Schwartz E, Arrieira IC. Cuidados paliativos na assistência hospitalar: a vivência de uma equipe multiprofissional. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2013 [citado 2015 Nov 27]; 22(4): 1134-41. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/ S0104-07072013000400032

      1. PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR COMO DISPOSITIVO POTENCIAL NOS CUIDADOS PALIATIVOS

Lorrane Nogueira de Carvalho340, Cintia Camila Santos de Souza Costa341, Munique Pimentel Gomes342, Bárbara da Silva Gama343, Bianca Contreira de Jung344.

Introdução: Um dos princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS) é a integralidade da assistência, que significa atender as necessidades do usuário e da população através de serviços e cuidados específicos, devendo incluir, também, o cuidado paliativo (CP)1. Nesse sentindo, destaca-se que a abordagem do CP na Atenção Primária Saúde (APS) é imprescindível, visto que, é a equipe da APS a responsável pelo apoio ao usuário e à família, garantindo o controle de sintomas indesejados e promovendo a dignidade no processo de morte do usuário2. Acredita-se que o CP, quando é desenvolvido na Atenção Domiciliar (AD), pode superar o modelo técnico-assistencial em saúde e promover, com efetividade e eficácia, a integralidade da assistência. Destaca-se que a AD é um dispositivo que apresenta como um dos seus objetivos o fortalecimento da autonomia do usuário3. Outro instrumento capaz de garantir essa integralidade, é o Projeto Terapêutico Singular (PTS) que constitui-se como uma ferramenta essencial de cuidado, o qual também, é um dispositivo que promove a apropriação do usuário no seu processo de cuidado, tornando-o um agente ativo das suas necessidades em saúde4. O PTS ocorre em quatro etapas: 1a) O diagnóstico, que trata-se de uma avaliação biopsicosocioespiritual do usuário, captando a sua singularidade; 2a) A definição de metas, que são propostas terapêuticas do profissional de maior vínculo com o usuário; 3a) A divisão de responsabilidades das tarefas individuais e; 4a) É a reavaliação do PTS com o intuito de verificar a eficácia das metas propostas5. A partir do que foi exposto, este trabalho justifica-se pela necessidade em refletir sobre a importância do PTS no CP, desenvolvido na AD da APS, como um potencializador da assistência ao usuário. Objetivo: Refletir como o PTS pode potencializar a assistência ao usuário em CP desenvolvido na AD da APS. Metodologia: Trata-se de um levantamento bibliográfico desenvolvido a partir da questão norteadora: como o PTS pode constituir-se em um dispositivo que potencializa a integralidade da assistência à saúde do usuário em cuidados paliativos na AD da APS. Inicialmente realizou-se a busca de artigos científicos na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde: saúde pública Brasil, no mês Abril de 2017. Foram utilizados os descritores “cuidados paliativos” e “atenção primária à saúde” e, como critérios de inclusão, ser artigo, estar disponível em texto completo e no idioma português. Ao final da busca foram encontrados 14 artigos e, após a leitura criteriosa dos mesmos, percebeu-se que apenas um artigo abordava o tema em questão. Em consequência da pouca produção científica acerca da temática, este estudo foi construído com base na leitura crítica de manuais do Ministério da Saúde (MS) e do único artigo científico selecionado. Resultados: O PTS é um plano terapêutico desenvolvido para atender a singularidade do usuário e resulta da discussão coletiva de uma equipe multidisciplinar, visando atender todas as necessidades do mesmo6. Este plano geralmente é utilizado em situações mais complexas, havendo a necessidade de uma equipe integrada para valorizar aspectos que vão além do diagnóstico médico5. O profissional da saúde ao exercer o CP ao usuário na AD deve levar em consideração a sua cultura e suas crenças, informando o que o usuário deseja saber, atentando para o controle dos sintomas da doença, em especial a dor, e permitindo que o mesmo expresse seus sentimentos para o alivio do sofrimento e o planejamento de sua morte2. Quando este profissional atua conscientemente e desconsiderando os seus dilemas éticos, ele é capaz de desenvolver o PTS como um dispositivo técnico na produção da saúde, que promove o planejamento, a avaliação e o aprimoramento da assistência ao usuário6. Contudo, o artigo selecionado destacou que o PTS somente era utilizado nos casos mais complexos e de forma não padronizada pela equipe da Estratégia Saúde da Família durante a assistência no CP6. Destaca-se que o PTS pode ser um dispositivo potencializador da assistência na AD ao usuário em CP, através do cuidado direcionado às necessidades individuais do usuário, sem considerar, apenas, o seu diagnóstico médico. Conclusão: A partir deste trabalho foi possível refletir que o PTS pode potencializar a assistência ao usuário em CP na APS, através da equipe multidisciplinar como integradora do cuidado, com vistas a tratar o usuário em sua singularidade, diminuindo sintomas desconfortáveis e suas angústias no planejamento final da sua vida. Tendo em vista a importância do PTS, sugere-se que novos estudos sejam realizados acerca da temática focados aos cuidados paliativos na APS e que a sua utilização se torne padronizada.

REFERÊNCIAS

    1. Lei nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, 19 Set 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.html.

    2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação-Geral de Atenção Domiciliar. Caderno de Atenção Domiciliar. Vol.2 Brasília: Ministério da Saúde; 2012.

    3. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 963, de 27 de maio de 2013. Redefine a Atenção Domiciliar no Âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

    4. Merhy EE. Apostando em projetos terapêuticos cuidadores: desafios para a mudança da escola médica ou utilizando-se da produção dos projetos terapêuticos em saúde como dispositivo de transformação das práticas de ensino-aprendizagem que definem os perfis profissionais dos médicos. Campinas; 2013.

    5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Clínica ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico singular. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.

    6. Combinato DS, Martins STF. (Em defesa dos) Cuidados Paliativos na Atenção Primária à saúde. O Mundo da Saúde, São Paulo. 2012;36(3):433-441.

      1. A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA EM ENFERMGEM A PACIENTE MASTECTOMIZADA ACOMETIDA POR METÁSTASE ÓSSEA

Fabrício Diel345, Amanda Do Val346, Lavinia Alves347, Sabrina Farias348, Vitória Souza349, Ana Paula Escobal350.

Introdução: Mulheres acometidas por câncer de mama vivenciam momentos de dor física e psicológica durante a doença e isto influencia em todo o processo da doença, desde a aceitação até o final do tratamento longo e agressivo. Em alguns casos tendo que lidar não apenas com diferentes aspectos de sua vida social e afetiva, mas também com a aceitação de um corpo marcado e o convívio com esta nova imagem.¹ Frente a isso o processo de enfermagem é entendido como uma ferramenta metodológica que orienta o cuidado do profissional de enfermagem e a documentação prática.² Ainda a literatura aponta que 45% das pacientes que são diagnosticadas com a patologia, carregam evidencia de metástase óssea para regiões próximas ou distantes. Com dados mais precisos as áreas afastadas mais afetadas são ossos 71%, pulmões 69%, fígado 65%, pleura 51%, supra-renais 49%, pele 30% e cérebro 20%.³ Frente a isso a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem possibilita cuidados individualizados, ancorados nas particularidades dos pacientes oncológicos e também proporciona avanços na qualidade da assistência. Além dos benefícios para os pacientes, também são observados com a implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem, benefícios em relação a instituição e os profissionais da equipe multidisciplinar.4 Objetivo: Implementar a Sistematização de Assistência em Enfermagem a paciente acometida por câncer de mama com metástase óssea. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo estudo de caso. O estudo de caso visa à investigação de um evento contemporâneo em seu contexto no mundo real, mesmo quando o evento não está claramente relacionado ao contexto.5 O estudo foi realizado por acadêmicos de enfermagem na Universidade Federal de Pelotas, na unidade Rede de Urgência e Emergência I do Hospital Escola, situado na cidade de Pelotas-RS. A Paciente designada para a pesquisa é a V. L. P, 54 anos, casada, natural de Pinheiro Machado-RS, aposentada, com diagnóstico de câncer de mama com metástase óssea. A coleta dos dados foi realizada em outubro de 2016, por meio da anamnese, exame físico céfalo-caudal e utilização de métodos para identificação de informações importantes para desenvolver um plano de cuidado, incluído diagnóstico de enfermagem e prescrição de cuidados. A pesquisa envolve o sigilo e a privacidade das informações da paciente, sendo assim foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. De acordo com a resolução 466/20126, o sigilo e o anonimato da paciente serão preservados de acordo com os preceitos éticos. Resultados: Após a realização da anamnese e do exame físico foram elencados dois Diagnósticos Reais de Enfermagem de acordo com o North American Nursing Diagnosis Association (NANDA)7 e posteriormente os cuidados relacionados à paciente V. R. P. Deambulação prejudicada (00088) relacionado a dor evidenciado por capacidade prejudicada para percorrer as distancias necessárias. Os cuidados elencados foram: revisar prontuário em relação a ordem de atividades; usar mecânica corporal durante movimentos; usar cadeiras de rodas para auxiliar a paciente, pois a mesma esta impossibilitada de deambular, frente as lesões ósseas conseguem deambular. Dor crônica (00133) relacionado a infiltração de tumor evidenciado por alteração da capacidade de continuar atividades prévias, expressão facial de dor e mudanças no padrão de sono. Os cuidados elencados foram: monitorar o efeito terapêutico do medicamento; analisar o tipo e a fonte da dor ao selecionar uma estratégia para seu alívio; promover o repouso adequado para facilitar o alívio da dor. Considerações Finais: Esse estudo nos proporcionou contato e o estabelecimento de vínculo com a paciente, sua família e com a unidade Rede de Urgência e Emergência I, procurando sempre auxiliar a paciente conforme o nosso aprendizado e ao que estava ao nosso alcance e da nossa facilitadora. Durante as pesquisas realizadas sobre as patologias, conseguimos aprimorar o conhecimento, permitindo realizar o cuidado e ainda dentro desse desempenho nos integramos com a Unidade, visto que a maioria dos pacientes ali encontrados apresentam patologias específicas semelhantes. Interessante foi nos comprometer com um único paciente e estudar e analisar suas necessidades como um todo, buscando sua melhoria de qualidade de vida em todos os aspectos que estavam em nosso alcance.

REFERÊNCIAS

  1. Vieira CP, Lopes MHBM, Shimo AKK. Sentimentos e experiências na vida das mulheres com câncer de mama. Rev esc enferm USP. 2007; 41 (2): 311-316.
  1. Barros ALBL, Sanchez CG, Lopes JL, et al. Processo de enfermagem: guia para a

prática / Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. In: Lopes MHBM.

Prontuario eletrônico do paciente. São Paulo: COREN-SP; 2015. p. 110-113.

  1. Smeltzer SC, Bare BG. Cancer ósseo metatastico. In: Smeltzer SC, Bare BG. Brunner&Suddarth Tratado de enfermagem Médicocirurgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2015. p. 1626-1629.

  1. Trupper TC, Meier MJ, Calixto RC, et al. Sistematização da Assistência de Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. Rev bras enferm. 2009; 62 (2): 221-227.

  1. Yin RK. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman; 2015.
  1. Flick U. Introdução a pesquisa qualitativa. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2009.
  1. Nanda Internacional. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e

Classificação 2012-2014. Porto Alegre: Artmed; 2013.

      1. O PAPEL DA ODONTOLOGIA NO CUIDADO PALIATIVO

Indyara Cerutti351, José Ricardo Sousa Costa352, Kaio Heide Sampaio Nobrega353, Monique Zanella354, Raquel Soncini de Morais355.

Introdução: Cuidados Paliativos se propõem a melhora da qualidade de vida de pacientes

e familiares que estão enfrentando doenças com risco de vida. Dessa forma, uma equipe

multiprofissional é de fundamental importância para que, através do conhecimento

integrado obtenham meios de proporcionar alívio da dor total; sendo essa física,

psicológica, social e espiritual. Objetivo: o presente trabalho ilustra o papel do Cirurgião-

Dentista no diagnóstico, suporte e tratamento de alterações em cavidade bucal que podem

repercutir na qualidade de vida dos pacientes sob cuidado paliativo. Método: relatar, de

forma narrativa, o histórico de práticas sistematizadas, de profissionais, alunos de

graduação e pós-graduação do serviço de Odontologia Hospitalar do Hospital Escola

UFPel/EBSERH com ações em ambiente hospitalar e domiciliar no período de 2010 a

2017. Uma série de alterações bucais faz parte das rotinas odontológicas dentre as quais

cabe citar: higiene bucal deficiente, xerostomia, mucosite, candidíase, cárie dentária,

doenças periodontais e distúrbio do paladar. Bem como, variado universo de fatores de

gestão hospitalar e do núcleo familiar se fazem presentes para a adequação da atenção em

saúde bucal pelos atores da odontologia. Resultados: Ao longo do período foi possível

verificar sensível mudança nas condutas profissionais das demais áreas da saúde com a

inclusão da odontologia no espectro de referências para o atendimento dos pacientes.

Reduzindo sobremaneira os riscos de comorbidades bucais e de agravos de saúde deste

seleto grupo de pacientes. Conclusão: Reduzir ou eliminar alterações bucais no cuidado

paliativo proporciona ao paciente menor sofrimento com disponibilidade de tempo e

atenção no convívio com seus familiares e amigos, atitudes de relevância nesta etapa do

cuidado.

REFERÊNCIAS

  1. Wiseman M. The Treatment of oral problems in the Palliative Patient. Journal of Canadian dental association. 2006;72(5) pg453-57
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      1. IDENTIFICAÇÃO DE PRÁTICAS E ORIENTAÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE AO CUIDADOR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS

Francielly Zilli356, Claúdia Pires Munhos Morales357, Bruna Ferreira Ribeiro358, Adrize Rutz Porto359, Stefanie Griebeler de Oliveira360, Michele Rodrigues Fonseca361.

Introdução: Sabe-se que houve um aumento significativo da expectativa de vida da população, sem necessariamente representar a garantia de qualidade de vida1. Por isso, o serviço de Atenção Domiciliar veio com vistas a dar continuidade ou complementar o atendimento prestado no âmbito domiciliar2. Nesse contexto, o cuidador responsável por prestar o cuidado ao paciente oncológico, também precisa de atenção integral, buscando compreender se esse entende o que abrange seu papel e quais as orientações sobre o cuidar que recebeu, visto que o adoecimento do seu familiar traz um enorme conflito juntamente com medo do enfrentamento perante às doenças crônico-degenerativas3. Assim, o cuidador familiar além de se sentir despreparado tecnicamente, senti–se envolto por inúmeros sentimentos, desde tristeza, raiva, culpa, solidão, depressão e medo4. O papel do cuidador familiar se amplifica não somente no cuidado técnico, mas sim no envolvimento total das emoções, perdendo em muitos casos sua própria identidade em prol do paciente5. A necessidade de uma educação com abordagem multiprofissional e interdisciplinar englobando o paciente como um todo, faz-se necessária para que seja conduzido o desfecho saúde e doença sem que haja um sofrimento e sobrecarga maior para o paciente e cuidador familiar e a família em geral6. Objetivo: Identificar quais as orientações e preparo técnico recebido pelos cuidadores familiares para as ações de cuidar de pacientes em cuidados paliativos. Método: Este trabalho é parte da pesquisa qualitativa intitulada “Modos de ser cuidador familiar em atenção domiciliar: práticas que falam de si”, vinculada a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Os participantes foram 26 cuidadores familiares dos programas de atenção domiciliar à saúde, da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul/Brasil. O recorte tratou das práticas e orientações recebidas pelos cuidadores familiares por meio dos profissionais de saúde. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFPEL, sob o número: 866.884. Resultados: O cuidador quando se descobre em tal função, sente-se na maioria das vezes incapaz de desenvolver ações técnicas de cuidado, uma vez que essas são condicionadas apenas aos profissionais de saúde, contudo na atenção domiciliar faz-se necessário ao cuidador ter domínio de cuidados técnicos a fim de cuidar ao paciente. Dessa forma, os entrevistados relataram reação de choque, desespero, pavor, choro e de não gostar de desempenhar os cuidados técnicos. Procedeu-se o estudo com doze cuidadores selecionados e apenas um verbalizou ter se sentido tranquilo. Também nunca imaginaram que precisariam desenvolver tal papel, bem como não ter coragem e capacidade, uma vez que ser cuidador não foi uma escolha. Entretanto, referiram que com o tempo foram adquirindo segurança no cuidar. A origem da capacitação para os cuidados técnicos geralmente ocorre ainda durante a internação hospitalar, onde os cuidadores acabam aprendendo por observação da equipe ou mesmo por instrução direta da mesma. A equipe de atenção domiciliar também é citada como fonte de capacitação, geralmente relacionada à continuidade e aprendizagem no decorrer do cuidado. O preparo técnico como: administração de medicamentos e manejo da dor, realização e troca de curativos, higienização adequada do paciente, nutrição equilibrada de acordo com as necessidades corporais, mudança de decúbito proporcionando conforto ao paciente e atenção as eliminações fisiológicas. Este preparo dos cuidadores familiares é citado em doze entrevistas, como relacionado ao acolhimento prestado pela equipe domiciliar, a qual orienta sobre os cuidados que devem ser prestados aos pacientes oncológicos e tranquiliza os cuidadores, os quais também acabam sentindo-se descansados pela presença da equipe. Dessa forma, percebem-se capacitados e assegurados emocionalmente para desempenhar o cuidado. Ainda, foi verificado que mesmo após vencer o medo, alguns cuidadores demonstraram receio em desenvolver cuidados técnicos, justificando que esses também são doloridos para quem cuida, mas continuam com a atividade, pois se faz necessário. Em contrapartida, outros cuidadores referem segurança em desenvolver essas atividades. Conclusões: A demasiada preocupação com os aspectos técnicos do cuidador familiar ao assumir o cuidado pode subtrair a atenção às demais dimensões que permeiam cuidar do outro, como os aspectos emocionais, sentimentos de sobrecarga, disponibilidade de tempo, etc. Entende-se que identificar as práticas e orientações dos profissionais de saúde aos cuidadores de pacientes oncológicos é fundamental para que o cuidado seja realizado de forma apropriada e efetiva, garantindo a qualidade de vida ao cuidador e paciente.

REFERÊNCIAS

  1. Guimarães, CA. Lipp, ME. Um olhar sobre o cuidador de pacientes oncológicos

recebendo cuidados paliativos. 2011; Psic Ter Prática, 11(2): 50-62. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Atenção Domiciliar no Sistema Único de Saúde: Melhor em casa – A segurança do hospital no conforto do seu lar. 2013. 22.

  1. Mutro, MEG. Vivência do cuidador familiar de paciente com câncer [Dissertação]. Botucatu: Universidade Estadual Paulista – UNESP; 2012.
  1. Botucatu, 2012. 110 p. Dissertação (Dissertação apresentada à Universidade Estadual Paulista – UNESP para obtenção do título de mestre no programa de Pós Graduação Enfermagem Profissional).

  1. Rafacho M. Oliver CF. A atenção aos cuidadores informais/familiares e a estratégia de saúde da família: Contribuições de uma revisão bibliográfica. 2010; Rev Ter Ocup USP, 21(1): 41-50.

  1. Meneguin S. Ribeiro R. Dificuldades de cuidadores de pacientes em Cuidados Paliativos na estratégia de saúde da família. 2016; Text Cont Enfer, 25(1): 336-414.
  1. Ricaldoni CAC. Sena RR. Educação permanente: uma ferramenta para pensar e agir no trabalho de enfermagem. 2006; Rev Lat – am Enfer. 14 (6).

      1. CONSULTA DE ENFERMAGEM ONCOLÓGICA: QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA E ACOLHIMENTO AO PACIENTE

Daniela da Silva Corrêa da Silva de Farias362, Karine Mendonça Rodrigues363.

Introdução: A consulta de enfermagem (CE) é uma atividade específica do enfermeiro, conforme decreto de Lei n.º 94406 de junho de 1987¹, sendo utilizada para promover a saúde e qualidade de vida do indivíduo. Na consulta de enfermagem realizada na unidade oncológica, também é momento para acolher o paciente prepara-lo para o tratamento e criar vínculo com o mesmo. O enfermeiro, enquanto profissional com habilidades de comunicação e avaliação sistemática dos sinais e sintomas, é essencial no suporte a equipe e ao paciente/família/cuidador, fazendo o gerenciamento e coordenação das metas assistenciais propostas no acordo terapêutico². Através da relação de proximidade terapêutica e afetiva que estabelece com paciente e família/cuidador, as ações educativas tornam-se mais assertivas. Isso reforça a necessidade de uma consulta de enfermagem pensada para o paciente que, em cuidados paliativos, tem necessidades únicas, tendo em vista seu momento de fragilidade e diversos enfrentamentos. Objetivo: A partir dos relatos, percepção do paciente e escuta acolhedora durante a consulta de enfermagem, pretende-se relatar como a prática da consulta pode aprimorar o cuidado e melhor contemplar as necessidades do paciente em cuidados paliativos. Método: relato de experiência acerca da consulta de enfermagem realizada numa clínica oncológica num município do Vale do Paranhana, como meio de qualificar a assistência de enfermagem prestada. Resultados: Viu-se que é comum os pacientes chegarem para consulta de enfermagem sem saberem que estão em cuidados paliativos. Muitas vezes, eles mal sabem exatamente como será o tratamento, assim como a família/cuidadores. Isso torna-se evidente quando os sintomas começam a aparecer de maneira mais expressiva e paciente e familiares tentam incessantemente abordagens curativas, cobrando da equipe multiprofissional, soluções para sentimentos como angústia e demais ligados ao enlutamento³.Com a escuta qualificada e acolhimento durante consulta de enfermagem é possível promover a saúde e auxiliar na qualidade de vida do paciente oncológico. Essa prática ao ser realizada na clínica oncológica para pacientes em tratamento quimioterápico empodera o conhecimento e autonomia do enfermeiro como agente promotor de saúde, bem como promove a melhora saúde e qualidade de vida do paciente. Conclusões: A consulta de enfermagem prepara o paciente para o tratamento oncológico, diminuindo sintomas como ansiedade e medo e esclarece dúvidas do paciente e familiares/cuidadores, levando-os à uma melhor condição para promoção de saúde e qualidade de vida. O acolhimento e esclarecimento dessas questões desde o início deixariam paciente e família mais tranquilos e preparados quanto a realidade do cuidado paliativo. Além disso, dá ao enfermeiro a possibilidade de conhecer o indivíduo do qual irá cuidar, não somente pela sua doença, mas como alguém que precisa ser integralmente entendido e cuidado, humanizando cada vez mais a assistência prestada.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 26 jun. 1986. Seção 1, p.1. fls 9.273/9275 10. Brasil.

  1. Brasil. Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 09 jun. 1987. Seção 1, fls 8853/8855

  1. Firmino, Flávia. O papel do enfermeiro na equipe. Manual de Cuidados Paliativos – ANCP, 2009, páginas 335-336.
      1. ESPIRITUALIDADE E SAÚDE EM CUIDADOS PALIATIVOS: UMA EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA COM PACIENTES ONCOLÓGICOS

Karine Mendonça Rodrigues364

Introdução: Ao lidarmos com seres humanos, independente de suas condições de saúde, sabemos que é indispensável ter clara a noção de integralidade e complexidade do ser. Quando ficamos diante do ser humano fragilizado, necessitando de assistência de saúde, como pacientes em cuidados paliativos, muitas questões vêm à tona e nos exigem reflexões sobre bem-estar, entendimento de saúde e suas muitas dimensões, como espiritualidade. O profissional da saúde pode encontrar alguns desafios diante do cuidado com esses pacientes, afinal há constantemente enfrentamentos psíquicos, emocionais, sociais, físicos e espirituais que começam a compor a realidade desses indivíduos. Assim, precisa-se considerar que o tratamento e condução terapêutica pode ir além do que prevê o sistema biomédico, ou seja, os pacientes podem acrescentar técnicas ou condutas complementares para atingir a eficácia que acreditam (1). Cabe esclarecer que cuidados paliativos são definidos como cuidados voltados para indivíduos cujas doenças não respondem mais a tratamentos curativos e, por essa razão, tem-se por meta proporcionar melhora da qualidade de vida por meio do alívio da dor e de problemas biopsicossociais e espirituais(2). Durante a assistência de saúde em cuidados paliativos é comum que o paciente busque apoio para si e sua família vinculado à espiritualidade e religiosidade. São inúmeras as necessidades a serem atendidas no decorrer do tratamento, porém a espiritualidade é considerada a mais urgente para pacientes com doenças potencialmente fatais, devido à fragilidade que apresentam diante da proximidade da morte e do medo do desconhecido(3). Para muitos pacientes a eficácia do tratamento está para além do sucesso da terapêutica biomédica, pois questões como fé, resiliência e espiritualidade são muito relevantes para que sintam bem-estar e melhoria na qualidade de vida. Esses aspectos que influenciam a melhora do paciente estão vinculado ao conceito de antropológico de eficácia simbólica, onde todo resultado ou modificação no estado original de algo é considerado um resultado eficaz dado a subjetividade de alguns aspectos(4). Objetivo: Conhecer quais os aspectos relevantes para os pacientes em cuidados paliativos relacionados a eficácia simbólica quando estão recebendo atendimentos com técnicas relacionadas ao aspecto de espiritualidade e saúde. Compreender como os pacientes veem práticas espirituais quando aplicadas em paralelo com tratamento biomédico. Método: Um estudo exploratório-descritivo de caráter qualitativo realizado no período de fevereiro de 2014 a agosto de 2015 através do método de etnografia visando acompanhar a experiência de pacientes atendidos num centro espírita na cidade de Porto Alegre com uma técnica denominada apometria. Resultados: Há diversos elementos que compõem a eficácia simbólica do ponto de vista do paciente, que estão relacionadas com emoções e sensações: amor, empatia, disponibilidade, atenção, força de vontade e fé. Esses elementos estão presentes no discurso, nas ações, nos sentimentos e afetamentos provocados pela experiência de espiritualidade e saúde que eles têm ao serem atendidos com a técnica de apometria no centro espírita. Conclusões: Ao encontrarmos amor, empatia, disponibilidade, atenção, força de vontade e fé como elementos relevantes para eficácia simbólica para pacientes em cuidados paliativos que recebem atendimento complementar com a técnica de apometria é pertinente relacionar aos princípios moral e espiritual muito difundido em diversas religiões, bem como aspectos relacionados a princípio e sentido de vida. Quando temos a técnica de apometria, aplicada em pacientes oncológicos como uma forma de ajudar nos problemas físicos e espirituais, temos uma dimensão e entendimento de saúde e bem-estar que vai além da resolução biomédica para solucionar ou amenizar doenças.

Descritores: espiritualidade, cuidado paliativo, eficácia simbólica

REFERÊNCIAS

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  1. Rodrigues, KM. Apometria: do Centro Espírita ao Consultório, o Ritual e as Implicações quanto à Eficácia Simbólica. [dissertação]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2016.

      1. PRÁTICAS DE ALÍVIO DA SOBRECARGA UTILIZADAS PELOS CUIDADORES NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS

Taís Alves Farias365, Silvia Francine Sartor366, Claudia Maria Brazil Gervini367, Natalia Ferreira Maya368, Elisa Sedrez Morais369, Stefanie Griebeler Oliveira370.

Introdução: Cuidados paliativos é uma abordagem que melhora a qualidade de vida de

pacientes e seus familiares que estão enfrentando problemas associados a doenças

potencialmente fatais, com prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação

precoce, avaliação impecável, e tratamento para dor e outros sintomas1.Entre seus princípios,

estão o respeito à vida, considerando a morte como processo natural, sem a intenção de

apressá-la ou adiá-la, oferecendo um sistema de apoio para que os pacientes possam viver

bem, com minimização dos sofrimentos físico, social, emocional e espiritual, até a sua

morte2.A oferta dos cuidados paliativos pode ser em diversos espaços: hospital, hospício ou

domicílio. Pelo cuidado domiciliar envolver a família, torna-se necessária a extensão de

cuidados a ela, em especial ao cuidador familiar, o qual expõe situações que provocam

estresse, sobrecarga, fadiga tanto emocional quanto física, além da despersonificação causada

pelo empenho dedicado ao paciente, esquecendo de cuidar de si. O cuidador é cotidianamente

testado no que concerne à sua capacidade de discernimento, capacidade de adaptação e

enfrentamento das situações inerentes ao cuidado. Mesmo os mais resilientes estão sujeitos a

alguma sobrecarga, tornando-se potencialmente doentes3. Os cuidadores, como forma de

refúgio da situação de fadiga causada pelo cuidado continuo, acabam desenvolvendo práticas

de alivio para suas tensões, amenizando a sobrecarga sofrida diariamente. Esse trabalho tem

relevância por mostrar um lado não visualizado em meio aos cuidados paliativos de familiares,

que acabam desenvolvendo esse cuidado com seus entes queridos enfermos e suas sobrecargas emocionais, onde utilizam de práticas para aliviarem tensões de forma que cumpram da melhor maneira suas funções como cuidadores. Objetivo: Identificar as práticas de alivio da sobrecarga de cuidado utilizada pelo cuidador familiar no contexto dos cuidados paliativos. Método: O relato de experiência foi baseado em dados retirados do projeto “Um olhar sobre o cuidador familiar: quem cuida merece ser cuidado” da Universidade Federal de Pelotas, onde iniciou em junho de 2015. Até hoje, 52 cuidadores foram acompanhados, sendo realizadas quatro visitas domiciliares por acadêmicos de Enfermagem e Terapia Ocupacional, com vistas a estimular a reflexão sobre as possibilidades destes também pensarem no cuidado de si. Esses são cuidadores de familiares vinculados ao Programa Melhor em Casa e ao Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar, ligados ao Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. As visitas realizadas são registradas em fichas individuais, e nesse trabalho foram identificadas as que dizem respeito a cuidadores ligados ao contexto de cuidados paliativos, totalizando 36 cuidadores. Resultados: Durante as visitas realizadas, os cuidadores relataram algumas práticas que desempenham para aliviar a sobrecarga e se desligar do cuidado realizado todo dia, como identificação e cuidado de si. Algumas das práticas de mais frequência referem-se a um tempo consigo mesmo, que induzem reflexão, exame de consciência ou meditação, tais como: a prática da escrita, tanto online quanto a livre punho, como por exemplo metáforas e estórias sobre o passado (4), o uso do cigarro (4), tomar chimarrão (3); outras, remetem-se a mudança de contexto, a fim de se distrair do ambiente de cuidado em que vive: leitura de livros(3), trabalhar fora em pelo menos um dos turnos (2); práticas de relaxamento também foram citadas: passear (5), limpar a casa como meio de organização mental (3), prática de artesanato como tricô, crochê e costura, prática de dança (2), assistir televisão (2); e por fim, busca de sentido para a experiência: a participação em igrejas e conhecimento de doutrinas como a espírita(8). Os medicamentos para alívio de sobrecarga são utilizados, por quase todos os cuidadores entrevistados. Conclusão: Os cuidadores visitados pelo projeto mostram que as práticas de si atenuam a sobrecarga, as quais são importantes, pois com a modificação de seu cotidiano, somada a inserção de práticas desconhecidas de cuidados e a proximidade de um familiar de sua finitude, debilitam esse cuidador, podendo surgir agravos a ele, tornando-o um segundo paciente. O uso abusivo ou não de medicamentos, pode prejudicar a atenção que o cuidador necessita dispensar ao paciente, sendo o mais indicado, o estimulo das práticas de si. Visualizamos e enfatizamos com o projeto a necessidade de um olhar diferenciado aos cuidadores afim de diminuir suas pressões, onde possam ter opções de descanso de pessoas/familiares/profissionais que se encarreguem do cuidado enquanto esse cuidador realiza suas tarefas ou ter um momento para si, incentivando-os mais para o autocuidado, valorizando as práticas alternativas de alívio de sobrecarga, já que beneficiaram o cuidador, reduzindo assim, o uso de medicação.

REFERÊNCIAS:

  1. World Health Organization. WHO. Cancer. Definition of Palliative Care. 2017. Disponível em: http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/ (24 abr. 2017).

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 825, de 25 de abril de 2016. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e atualiza as equipes habilitadas. 2016.

  1. Carvalho DP, Toso BR, Viera CS. Ser cuidador e as implicações do cuidado na atenção domiciliar. Texto Contexto Enferm. 2015;24(2):450-8.

      1. FISIOTERAPIA NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS EM IDOSOS

Graciele Ferreira de Ferreira Mendes371, Marilene Rabuske372.

Introdução: O termo Cuidado Paliativo (CP) é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como sendo medidas que aumentam a qualidade de vida do paciente e seus familiares, quando acometido por uma doença em estágio progressivo, irreversível e prognóstico limitado. Tais cuidados buscam a prevenção e o alivio do sofrimento por meio da identificação precoce, da avaliação correta e do tratamento da dor e problemas físicos, psicológicos, sociais e espirituais1. A visão holística dos CP não leva em consideração apenas o diagnóstico e o prognóstico do paciente, nesse contexto é necessário que o profissional e o paciente revejam e estabeleçam suas próprias definições de vida e morte. A impossibilidade de cura não significa a deterioração da relação profissional-paciente, mas sim o estreitamento desta relação que certamente pode trazer benefícios para ambos os lados. Por vezes é necessário ver o paciente como ser ativo no seu tratamento podendo participar dos processos de decisão e dos cuidados voltados para si2. Considerando o envelhecimento populacional e a mudança no perfil epidemiológico3, surge a necessidade de preocupação com a saúde da população idosa, na qual há alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) responsáveis muitas vezes, pela perda da autonomia, independência e qualidade de vida nos anos adicionais dessas pessoas4. Pacientes idosos têm maior probabilidade de evoluir para o estado terminal da doença, tendo em vista que essa faixa etária tem maiores alterações estruturais e funcionais características do próprio processo de envelhecimento. Os idosos podem ser considerados os maiores beneficiários dos cuidados paliativos devido a suas fragilidades5. Diante do contexto, esses pacientes apresentam-se em estado debilitante, muitas vezes com presença de dor, fadiga, fraqueza muscular e dispneia, levando a níveis crescentes de perda funcional e dependência para as atividades de vida diária (AVDs) conforme a evolução do quadro clínico6. O fisioterapeuta tem importante contribuição para a melhoria da qualidade de vida do paciente e no controle dos sintomas7. O presente estudo tem como objetivo verificar por meio de uma revisão sistemática, a atuação do fisioterapeuta frente aos pacientes em cuidados paliativos. Metodologia: Foi realizada uma revisão sistemática de estudos sobre o papel da fisioterapia nos cuidados paliativos em pacientes idosos hospitalizados, nas bases de dados Pubmed e Scielo, publicados nos últimos 10 anos, considerando os descritores “physiotherapy” AND “palliative care”. A seleção dos estudos iniciou-se por meio da análise dos títulos dos artigos identificados por meio da estratégia de busca, seguido pela análise dos resumos e, por fim, a análise do texto na íntegra dos artigos selecionados nas etapas anteriores. Diante dessa sistemática, os dados extraídos foram: identificação da publicação, tipo de delineamento, faixa etária, tamanho da amostra, local da coleta dos dados, metodologia utilizada e seus resultados mais importantes. Após organização dos dados extraídos, as informações foram apresentadas de forma descritiva, por meio de tabelas. Resultados: Através da busca pode-se identificar 67 artigos, sendo excluídos do estudo 48 artigos após a análise do título e 13 excluídos pela análise do resumo. Em ambos os casos os estudos não contemplaram a temática abordada, a amostra e os objetivos não correspondiam aos critérios de inclusão desta revisão. Após a leitura na íntegra dos artigos, os seis foram incluídos na revisão. A literatura acerca da temática ainda é escassa há poucos estudos sobre avaliação dos benefícios da fisioterapia nos cuidados paliativos. No que diz respeito às características metodológicas a maioria dos estudos investigados foram revisões sistemáticas (n=4)6, 8, 9,10, apenas um consistiu em estudo transversal11 e um em estudo randomizado controlado12. Quanto a patologias específicas, dois estudos foram direcionados a pacientes oncológicos6, 12, um com enfoque em pacientes doentes crônicas com prognóstico curto8 e os demais sem definição de doença, mas realizados em pacientes internados em unidades de cuidados paliativos9, 10,11. Em relação aos benefícios da fisioterapia, pode-se constatar a melhora da qualidade de vida, prevenção de complicações secundárias as doenças, alívio da dor, diminuição do estresse, prevenção e manejo da fadiga, edema, lesões por pressão, dispneia, fraqueza muscular e preservação da independência funcional para as AVDs. Conclusão: Diante da importância da fisioterapia na prevenção, reabilitação e manutenção das condições físicas dos pacientes em cuidados paliativos, considera-se a necessidade de um enfoque maior para a temática. Através desta revisão pode-se concluir que o tratamento fisioterapêutico proporciona benefícios para a função física, psicológica, emotiva, melhorando a qualidade de vida e bem estar do paciente.

REFERÊNCIAS

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      1. RELATO DE CASO: PACIENTE TERMINAL EM UM SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA.

Jessica Bitencorte373

Introdução: As unidades de urgência e emergência não estão preparadas para atender pacientes portadores de doenças avançadas e ameaçadoras da vida. Há falta de humanização na assistência nessas unidades e também falta de conhecimento sobre alguns temas como: cuidados paliativos, processo da boa morte, e como prestar o cuidado nas últimas horas de vida desses pacientes. Objetivo: Sinalizar a importância de existir um centro de referência onde tenham profissionais capacitados e preparados para assistir os pacientes e as família no processo de morte. Método: O relato foi desenvolvido após observação e utilização como familiar no serviço de urgência e emergência de um hospital da cidade de Pelotas/RS nas últimas horas de vida de um paciente com câncer terminal. Resultados: Após longo período de espera para ser atendido e assistido, notou-se que os profissionais que ali estavam não tinham conhecimento sobre quais condutas deveriam ser tomadas e como executa-las, em nenhum momento houve por parte da equipe uma conversa com o paciente, que se encontrava lúcido e orientado, para explicar a situação em que este se encontrava e quais a medidas paliativas seriam tomadas para amenizar suas dores, seus sintomas e seus medos. Outra parte falha do sistema é logo após a morte do ente querido, onde a família é totalmente esquecida por parte da equipe sem nenhuma satisfação do que ocorreu com seu familiar. Conclusão: Conclui-se então que é de extrema importância a implementação na cidade de Pelotas/RS, uma unidade específica para o atendimento desses pacientes. Que possa servir de suporte e que seja estruturado para prestar uma assistência adequada para pacientes terminais nas suas últimas horas de vida, onde a prestação do cuidado possa ser de uma forma humanizada e paliativa, abordando não somente o paciente, como também a família.

      1. UMA CAIXA DE LEMBRANÇAS PARA A ETERNIDADE

Luisiana Fillipin Onófrio374, Suzel Lima da Silva375, Jodeli Pommerehn376.

Introdução: Seguindo a lógica dos cuidados paliativos e para que este seja efetivo é necessária especial atenção a alguns fatores como: alívio da dor, valorizar a vida e a morte como um processo natural, não acelerar ou adiar a morte, valorizar os aspectos psicológicos e espirituais do paciente, oferecer suporte para que o paciente leve uma vida “o mais normal possível” até a morte, oferecer suporte à família para melhor lidar com esses eventos1,2. A Terapia Ocupacional, na área dos cuidados paliativos, busca promover o alívio do sofrimento do sujeito, auxilia no desempenho de suas ocupações e oportuniza que o paciente mantenha sua autonomia e realize suas últimas escolhas e desejos3. Objetivo: Relatar o caso de um paciente em cuidados paliativos internado em um hospital universitário e a implicação que os atendimentos de terapia ocupacional tiveram diante dos desejos expressos por ele e após o óbito. Métodos: O estudo de caso foi desenvolvido em um hospital universitário de referência do interior do Rio Grande do Sul onde o paciente era assistido por duas terapeutas ocupacionais em uma Unidade Oncológica Adulto. O paciente, sexo masculino, 42 anos, casado, com dois filhos (com idades de 21anos e um ano e meio), residente em zona urbana do município de pesquisa; diagnosticado com neoplasia maligna de cabeça e pescoço. Com dificuldade de comunicação oral, expôs de forma escrita o desejo de deixar uma lembrança, revelando o amor que sentia pelos filhos. A partir da demanda do paciente, foi proposta a confecção de uma “caixa de memórias” na tentativa de proporcionar uma recordação aos familiares e um conforto emocional ao paciente. Foram utilizados 8 atendimentos, com duração média de 20 minutos, respeitando o limite de tolerância do sujeito. Obteve-se o cuidado de manter os encontros sob sigilo à filha mais velha, apenas empoderando os demais familiares, onde os mesmos acabaram tornando-se parceiros durante o processo. Resultados: Utilizou-se como recurso terapêutico duas Caixas de Lembranças (uma para cada filho), que teve como função o resgate das memórias emocionais/afetivas familiares e a facilitação do processo de despedida. Nessa caixa eram depositados, diariamente, exceto aos finais de semana ou quando sinalizado desconforto pelo paciente, bilhetes com recados aos filhos. Durante a atividade o paciente pôde expressar-se livremente sobre seus temores, sendo o protagonista de todo o processo do fazer da atividade. Todos os recados, apresentavam uma data para serem entregues e uma pessoa que seria a guardiã desse presente. No total forem confeccionados quatro recados para cada filho. Durante a atividade, observou-se a diminuição de ansiedade e medo da despedida e morte, havendo referência ao sofrimento das pessoas que permaneceriam sem a sua presença. Após cada atendimento, ficou acordado que as caixas ficariam sob a guarda das terapeutas, evitando que os destinatários recebam a mesma antes do momento programado pelo paciente. Após sua morte, foi respeitado o luto de duas semanas, sendo posteriormente entregue as caixas para as mães dos seus filhos. A entrega foi agendada e realizada no hospital onde o paciente realizou o tratamento, pois compreendeu-se ser um local que permitiria às terapeutas prestar suporte, caso ocorresse desconfortos, tais como, emoção demasiada pela lembrança. Após a entrega e explanação sobre as orientações do paciente sobre o uso das caixas, o processo de desvinculação foi finalizado, ficando a critério de cada guardiã cuidar do destino do presente. Conclusão: O estudo de caso favoreceu o processo de despedida do paciente com diminuição da ansiedade e medo sobre a finitude da vida. No que tangem aos cuidados paliativos, pôde-se vivenciar a importância de um olhar para a autonomia do sujeito, uma vez que, se percebe que a instituição hospitalar negligencia tais aspectos. Para a prática da terapia ocupacional, destaca-se a relevância desse profissional dentro das equipes técnicas do contexto da oncologia por verificar ser um espaço adoecedor, mas que permite um fazer cheio de representatividade no cotidiano dos pacientes. Após tal experiência, as terapeutas ocupacionais puderam aperfeiçoar suas técnicas de manejo, refletindo sobre o fazer durante o processo de terminalidade, onde, quando ainda se têm vida, ainda podemos qualificar o cotidiano dos sujeitos.

REFERÊNCIAS

  1. Camargo, B. De; Kuramashima, A. Y. Cuidados paliativos em oncologia pediátrica: o cuidar além de curar. São Paulo: Lemar, p. 416, 2007.
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  2. Garcia, NR; et al. Intervenção Terapêutica Ocupacional junto a Adolescentes com Câncer em Contexto Hospitalar. Revista Brasileira de Cancerologia 2011; 57(4): 519-524.
      1. DIFERENTES ABORDAGENS DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CUIDADO PALIATIVO – REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA

Antônia Nunes377, Érika Annayur Polanczyk Frois378, Leticia Fortes Tabarelli379, Josiane Bertoldo Piovesan380, Maria Eduarda Menezes da Silva381, Suzel Lima da Silva382.

Introdução: Muito se tem discutido atualmente sobre os Cuidados Paliativos (CP), porém observa-se pouca atuação de profissionais que desenvolvem habilidades humanitárias e emocionais frente ao paciente adoecido¹. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que “cerca de 40 milhões de pessoas no mundo necessitam de CP, visto que metade delas já está em final de vida, ao mesmo tempo em que a outra metade ainda está com a doença em curso. A partir desse contexto, o local onde desenvolve-se as práticas do estágio supervisionado em Terapia Ocupacional I e II, é um hospital referência para a região centro-oeste do estado do Rio Grande do Sul em que são recebidas inúmeras demandas de doenças sem probabilidade de cura, caracterizando-se também como um hospital escola. Durante o estágio supervisionado observa-se a atuação do terapeuta ocupacional (TO) no que tangem aos CP frente à realização de desejos, posicionamento adequado no leito e alívio da dor2,3. O TO, é um profissional que atua no intuito de amenizar os impactos decorrentes do diagnóstico, promovendo maior nível de independência e autonomia possível3,4, considerando as reais demandas do paciente, familiares e cuidadores, os quais, são os protagonistas deste contexto3,4,5,6. Seu objeto de estudo é o fazer humano incluindo atividades tais como o trabalho, autocuidado e participação social, como foco de interesse à construção de estratégias que venham a contribuir para que seres humanos desempenhem atividades significativas durante toda a sua vida, permitindo a ressignificação desse fazer que pode estar prejudicado3,4,5. O interesse pela pesquisa se dá pela possibilidade de levar essa discussão no meio acadêmico, permitindo ampliar o conhecimento sobre a atuação prática da TO, a fim de qualificar a atenção ao paciente oncológico durante a formação do discente. Objetivo: Apontar as possíveis intervenções da terapia ocupacional frente aos cuidados paliativos em discussão nos últimos quatro anos. Metodologia: Para elaboração do texto, fez-se criterioso levantamento bibliográfico na literatura científica, a partir da compilação de trabalhos publicados, em duas revistas nacionais, no período entre 2013 à 2017. Os mesmos foram filtrados a partir do descritor “cuidados paliativos e oncologia. Tal busca foi realizada pelas acadêmicas do 7º e 8ºsemestre do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria, a fim de aprimorar as técnicas para o manejo no paciente durante a vivência no estágio curricular. Resultados e discussão: após investigação científica podemos constatar os principais pontos relevantes: a) Questões sobre cuidado domiciliar, b) hospitalar, c) Contribuição nas políticas públicas em oncologia e nos cuidados paliativos. Conclusão: Percebe-se que a atuação do terapeuta ocupacional no contexto dos CP está pautada em abranger demandas físicas, cognitivas, psíquicas e espirituais, auxiliando paciente, familiar e cuidador, no enfrentamento das dificuldades cotidianas e a conciliação de todas as demandas mencionadas.

REFERÊNCIAS

  1. Fonseca A, Geovanini F. Cuidados paliativos na formação do profissional da área de saúde. Rev. bras. educ. med. [online]. vol.37, n.1, p.120-125. 2013.
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  1. Baltazar HMC, Pestana SCC, Santana MRR. Contributo da intervenção da terapia ocupacional nos Cuidados Paliativos. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 24, n. 2, p. 261-273, 2016.

      1. A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS NA ONCOLOGIA INFANTO-JUVENIL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES, CUIDADORES E PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Suzel Lima da Silva383, Amara Lúcia Holanda Tavares Battistel384.

Introdução: Este trabalho é um recorte de uma pesquisa baseada no estudo sobre o impacto da

comunicação da má notícia no cotidiano dos profissionais, pacientes e cuidadores de um

centro de tratamento da criança com câncer. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer

(INCA) a sobrevida do câncer pediátrico vem crescendo consideravelmente nos últimos anos,

mas a internação prolongada em alguns casos continua acometendo crianças e adolescentes,

modificando assim, o cotidiano desses jovens. No tratamento oncológico notícias difíceis são

constantemente transmitidas, uma vez que o próprio diagnóstico de câncer desencadeia uma

série de mitos, temores, além das mudanças na vida desse sujeito, sendo muitas vezes,

acompanhados por informações negativas que remetem ao paciente, restrições quanto à

qualidade e no tempo de vida que pode ter1. Estas questões repercutem na família/paciente e

também na equipe técnica que constantemente requisitada para esclarecimento de dúvidas

recorrentes durante uma internação. Aqui entra uma importante, delicada e muitas vezes

difícil atribuição da equipe de saúde, a habilidade de comunicação interpessoal, seja ela

verbal ou não verbal2. Pelas limitações de ordem pessoal e pela falta de reflexão e preparo do

profissional designado para a realização desta tarefa, além de aspectos relativos aquele que vai

receber a notícia, no caso da oncologia infanto-juvenil geralmente é o cuidador, um dos fatores

a ser considerado, diz respeito à qualidade da relação estabelecida entre paciente, família,

profissional e equipe de saúde, visto que uma boa relação possibilita benefícios como maior

confiança no profissional e redução do nível de ansiedade do paciente durante a consulta e

maior adesão e sucesso no tratamento3. A investigação foi norteada por três eixos: conduta de

transmissão de más notícias, peculiaridades da comunicação da má notícia e interferências no

cotidiano, sendo que neste artigo será apresentado os resultados obtidos no primeiro eixo que

trata de investigar a existência de um protocolo de transmissão de más notícias no serviço

pesquisado. Objetivo: analisar o impacto da comunicação da má notícia no cotidiano dos

pacientes, profissionais e cuidadores de crianças e adolescentes em tratamento hemato-oncológico. Método: Foi realizada uma investigação de abordagem qualitativa de cunho narrativo. Os dados foram coletados por meio de uma entrevista com base em uma matriz categorial, e uma ficha sócio demográfica, sendo analisada por meio da análise textual discursiva4. Fizeram parte deste estudo, dois cuidadores, dois pacientes, dois enfermeiros, dois médicos e uma terapeuta ocupacional. Os dados foram coletados em um centro de tratamento da criança com câncer. Todos os entrevistados participaram de forma voluntária, tendo como único critério de exclusão os pacientes menores de 12 anos. As entrevistas foram gravadas, realizadas no período de três meses e tiveram duração média de 30 minutos. Também foi construído um perfil sociodemográfico dos participantes da pesquisa. Resultados: Em relação às variáveis relacionadas ao perfil sociodemográfico dos cuidadores, obtivemos: quanto ao grau de parentesco encontramos uma díade, composta por mãe-filho e outra pai-filha; em relação à faixa etária, embora todos os progenitores estejam em idade laborativa, não estão exercendo função laboral devido às atividades de cuidadores, este dado é coerente com o observado na literatura quando discute a quebra da rotina doméstica e cotidiano interrompido. Quanto ao grau de escolaridade um dos sujeitos tem o ensino fundamental incompleto e o outro o ensino médio completo; ambos não residem na cidade onde fazem o tratamento dos filhos, não apresentando problemas de saúde. O tempo de cuidado varia entre cinco anos e sete meses. No que tangem aos aspectos referentes à um protocolo de comunicação de más notícias, os resultados demonstraram não existir um protocolo formalizado para a transmissão de tais condutas, porém não há reflexo negativo nas relações estabelecidas entre médico/paciente/cuidador. De modo geral os cuidadores/pacientes mostraram-se satisfeitos em relação às questões que remetem à comunicação, entretanto, há interesse em ampliar momentos de trocas de informações sobre procedimentos, reações e condutas adotadas durante o tratamento. Conclusão: A pesquisa trouxe a importância da existência de um protocolo de comunicação de más notícias para auxiliar os profissionais de saúde, havendo a necessidade do conhecimento prévio sobre o que o paciente/cuidador sabe. Como sugestão para futuras pesquisas, pode ser viável uma pesquisa-ação que ofereça por meio de encontros sistematizados a discussão e trocas de ideias entre profissionais, profissionais e pacientes/família, com criação de estratégias que possam contribuir para melhorar a comunicação entre os sujeitos envolvidos no tratamento hemato-oncológico, propiciando assim o fortalecimento das relações profissional-paciente/cuidador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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  1. Moraes, R e galiazzi, M. Análise textual discursiva. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2007.
      1. A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS ARTICULADA A REDE DE ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE

Pedro Márlon Martter Moura385, Adrize Rutz Porto386.

Introdução: A Atenção Básica deve ser a porta preferencial de entrada de todo usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) e, além disso, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) devem ser responsáveis pela continuidade do cuidado ao indivíduo e sua família após a alta hospitalar1. Nesse sentido, é importante ressaltar a importância do papel da UBS nos cuidados paliativos que são voltados não apenas para a saúde física, mas também fortalecendo a atenção às necessidades psicossociais e psicoespirituais de indivíduos que vivenciam doenças sem perspectivas de cura2. Ademais, dentre as características do processo de trabalho da atenção básica está a atenção à saúde no domicílio e, levando em conta que os indivíduos na finitude da vida retornam aos seus domicílios, a atenção básica consolida-se enquanto ponto importante de cuidados paliativos que, articulada com outros serviços de atenção domiciliar, garante uma forma de cuidado humanizada às pessoas na terminalidade da vida3. Desta forma, o objetivo deste estudo foi descrever o papel da atenção básica nos cuidados paliativo à população, bem como salientar como se dá a participação dos profissionais que nesta atuam, relatando os desafios encontrados para a implementação desta prática na rede básica de saúde. Método: Trata-se de uma revisão de literatura realizada por meio de buscas no Portal de Periódicos da CAPES, em julho de 2015, com os descritores “atenção básica” AND “cuidados paliativos”. Após ter sido realizada a leitura dos títulos e dos resumos dos documentos, os mesmos foram selecionados conforme os seguintes critérios de inclusão: ter sido publicado no período entre 2005 e 2015, estar disponível online na língua portuguesa e o texto completo na íntegra e gratuitamente. Resultados: O total de documentos encontrados foram 23. Foram selecionados cinco documentos, sendo três artigos e duas dissertações de mestrado, por condizerem com o objetivo da pesquisa. A longitudinalidade, principalmente em caráter domiciliar, aparece como a principal estratégia de atenção à saúde a ser desenvolvida pela atenção básica frente aos cuidados paliativos, ao passo que, o acompanhamento constante do indivíduo em terminalidade faz-se necessário, devido à complexidade que o envolve2-5. O atendimento domiciliar possibilita a reestruturação das práticas de saúde, rompendo com as barreiras que tornam o usuário passivo ao sistema, tornando-o participante ativo do seu cuidado e proprietário da sua autonomia5. Além disso, destaca-se a participação da atenção básica no que tange a necessidade desta em oferecer, no domicílio, dentro do possível, um controle efetivo dos sintomas mais estressores e uma morte digna ao usuário, em um ambiente agradável e ao mesmo tempo, procurando garantir que as preferências deste sejam priorizadas3. A criação do Projeto Terapêutico Singular é pautada no trabalho em conjunto com as redes de atenção à saúde e na individualidade de cada ser, também descrita na literatura como uma estratégia de cuidado paliativo que pode ser estabelecida pela atenção básica, enquanto meta e boa qualidade de morte ao indivíduo em fase terminal e sua família1. A necessidade da criação do vínculo entre o profissional de saúde e os indivíduos em fase terminal caracteriza-se como uma ferramenta de suma importância para a qualidade de vida dessa população e, neste sentido, a atenção básica compreende uma rede de atenção necessária para o fortalecimento das relações entre estes atores, capaz de garantir qualidade da assistência em saúde por meio do diálogo1. Facilitar o acesso do usuário em cuidados paliativos e sua família é responsabilizar-se pelo cuidado destes, embora pelas atuais características da atenção básica, como equipes incompletas, alta demanda para a atenção em saúde, acaba que não seja ofertada a atenção para estes que necessitam de qualidade de vida aos indivíduos em fase terminal no seu domicílio2. A cultura hospitalocêntrica e médico-centrada estão fortemente estabelecidas nas redes de atenção à saúde, principalmente na atenção básica e, desta forma torna-se desafiador reestruturar e reorganizar a atenção desta, para a cultura dos cuidados paliativos5. Outro desafio é a necessidade de preparar os profissionais da atenção básica para atender paliativamente, uma vez que, durante a formação acadêmica o enfoque é curativo1. Conclusão: A Atenção Básica como porta preferencial de entrada dos usuários do SUS deve estar relacionada com as demandas da comunidade. Nisto refere-se também a prestação de cuidados paliativos para os indivíduos na terminalidade da vida e suas famílias. O papel da Atenção Básica, então, está atrelado à humanização da assistência em saúde que, em sua maior parte, será prestada no ambiente domiciliar. Por fim, ressaltam-se a necessidades de reorientação dos modelos de ensino e assistências diante das fragilidades da formação acadêmica para o tema e, também, da forte influência do modelo assistencial centrado numa cultura curativista. REFERÊNCIAS

  1. Combinato DS, Martins, STF. (Em defesa dos) Cuidados Paliativos na Atenção Primária à Saúde. O Mundo da Saúde. 2012;36(3):433-441.
  1. Silva MLSR. O papel do profissional da Atenção Primária à Saúde em cuidados paliativos. Rev. Bras. Med. Fam. Com. 2014; 9(30):45-53.
  1. Floriani CA, Schramm FR. Desafios morais e operacionais da inclusão dos cuidados paliativos na rede de atenção básica. Cad. Saúde Pub. 2007;23(9):2072-2080.
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  1. Paz CRP. Cuidados paliativos na Atenção Primária à saúde: novos desafios. [tese]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2004.
      1. DESAFIOS PARA A PRÁTICA DOS CUIDADOS PALIATIVOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE: REVISÃO DA LITERATURA

Pedro Márlon Martter Moura387, Adrize Rutz Porto388.

Introdução: As constantes transformações nos fatores condicionantes e determinantes da saúde ao longo do tempo revelam as modificações ocorridas na saúde das pessoas no mundo todo. Atualmente, observa-se o crescente aumento das doenças crônico-degenerativas não transmissíveis em detrimento às doenças infectocontagiosas, como por exemplo o câncer. Diante disso, diferentes modos de cuidar têm sido propostos para atender às necessidades de saúde das pessoas, como é o caso dos Cuidados Paliativos (CP). Os CP são um conjunto de cuidados implementados quando se esgotam as propedêuticas curativas em saúde. Trata-se de um modo de cuidar mais humanizado que leva em considerações distintas abordagens, como por exemplo o conforto dos sofrimentos dos pacientes que vivenciam o processo de morte. No entanto, os CP ainda são uma novidade para os profissionais de saúde e um desafio para o sistema de saúde, principalmente o público. Objetivo: identificar na literatura quais são os principais desafios encontrados atualmente no sistema de saúde para a implementação dos CP. Método: foi realizada uma revisão da literatura na base de dados LILACS, no mês de abril de 2017. Utilizou-se as palavras-chave “Cuidados paliativos” AND “Desafios”. Foram excluídos os documentos que não configuravam artigos, os que haviam sido publicados há mais de cinco anos e aqueles os quais os resultados não respondiam ao objetivo desta pesquisa. Resultados: Foram encontrados 22 documentos, os quais foram lidos os respectivos resumos. Para análise final foram utilizados seis artigos. Após análise dos manuscritos, surgiram duas categorias para discussão: Repercussão dos cuidados paliativos na rotina dos profissionais e dos cuidadores; e Cuidados paliativos e Atenção Primária a Saúde. Na primeira, abordou-se a mudança de rotinas causada pela implementação dos CP na atenção à saúde, tanto para os profissionais quanto para os familiares, é uma das questões a serem consideradas. Para os profissionais de saúde, os CP representam uma ruptura das tradicionais práticas de cuidado em saúde – que estão voltadas para a cura/recuperação/tratamento/medicalização. Portanto, a execução desse novo modelo de cuidar perpassa algumas barreiras operacionais para esses profissionais pois eles precisam muita das vezes deixar de lado o seu saber técnico-científico e adotar atitudes mais “básicas” como a reflexão, a escuta e o olhar(1). Além disso, os CP necessitam da atuação multiprofissional em saúde, o que também configura uma dificuldade atualmente, tendo em vista que trabalho dos profissionais de saúde ainda ocorre de modo fragmentado, em que cada profissional realiza exclusivamente a sua parte(2). Outra questão que merece destaque é a necessidade de se atentar para os cuidadores das pessoas que vivenciam os CP. Ainda existem muitos estigmas acerca dos CP, e isso é um dos motivos pelos quais os familiares têm dificuldade de entender que esse modelo de cuidado é uma forma mais humanizada de tratamento. Por isso, é necessário envolver a comunidade e promover a reflexão nas pessoas acerca dessa temática(3). Um outro desafio que se tem diante dos CP é a necessidade de atenção à saúde dos cuidadores, bem como a estimulação do cuidado de si para estes(3-4). Já na segunda, ficou destacado que APS é a principal porta de entrada de todo usuário no serviço de saúde, além de ser o principal suporte de saúde do usuário no seu território(5). No entanto, no que tange os CP, esse espaço carece de fortalecimento e de formação e inclusão de pessoal capacitado para esse tipo de cuidado na rede(6). Todavia, é preciso atentar que a inclusão dos CP na APS aumenta a sobrecarga para os profissionais que nela atuam, pois esses precisam, além de atender as necessidades paliativas dos indivíduos, lidar cos dilemas éticos envolvendo os CP, como por exemplo a oportunização da morte no domicílio(6). Desta forma, ainda é necessária uma melhor definição do papel de cada serviço na rede saúde, principalmente da APS que é o serviço mais próximo do indivíduo e de sua família. Sobretudo, verifica-se ainda outros desafios, tais como: a construção de políticas voltadas para os CP(1); a inclusão da temática nos currículos de graduação dos cursos da saúde, a definição de lideranças na rede saúde que possam instruir e governar as ações, levantando as necessidades, provendo soluções e desenvolvendo pessoal com habilidades para prover os CP(5). Conclusão: Os CP precisam ter melhor atenção das políticas públicas de saúde para sua implementação. Considera-se que os desafios para a prática dos CP descritos neste estudo são o reflexo da atual realidade do sistema de saúde brasileiro, que enfrenta dificuldades econômicas e de estruturação, haja visto ser um sistema universal que atende em grande escala.

REFERÊNCIAS

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      1. CUIDADOS PALIATIVOS EM CRIANÇAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Jéssica Cardoso Vaz389, Jéssica Siqueira Perboni390, Stefanie Griebeler Oliveira391, Viviane Marten Milbrath392.

Introdução: Os cuidados paliativos (CP) são um direito humano constituem uma necessidade de saúde pública, pois produzem impacto na qualidade de vida dos doentes e suas famílias. São caracterizados como cuidados integrais, que visam o bem estar do paciente, com prestação de cuidados compreensivos, fornecendo qualidade de vida para os pacientes e suas famílias1. Ainda, buscam a prevenção e o alívio do sofrimento, assim como apoio para as tomadas de decisões e prestação de cuidados tecnicamente competentes2. Os CP para crianças propõem mudanças no formato de cuidar dos pacientes terminais, modificando o paradigma de cura para o cuidado. Possui uma abordagem de cuidado total e ativo, através da prevenção e alívio da dor e sofrimento, englobando problemas físicos, psicossociais, espirituais e emocionais. Oferecendo a família o controle dos sintomas angustiantes, e cuidado durante a morte e luto. A morte em pediatria é um evento não natural e normalmente não esperado e o modelo de CP existentes para adultos não correspondem às necessidades do público pediátrico, já que as crianças não são adultos em miniatura3. Nessa conjuntura, elaborou-se a seguinte questão norteadora: Quais são os cuidados paliativos para as crianças na área da enfermagem? Objetivo: Conhecer a produção científica sobre os cuidados paliativos para crianças na área de enfermagem. Método: Revisão de literatura com busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME), utilizando os descritores em saúde: Child; Palliative Care; Nursing. A busca foi realizada no dia 18 de Abril de 2017. Os critérios de inclusão empregados nos estudos foram: responderem a pergunta da pesquisa, estarem disponíveis on-line, nos idiomas português, inglês e espanhol, e publicados nos últimos cinco anos. Critérios de exclusão: artigos duplicados, textos incompletos e revisões bibliográficas. A realização deste estudo respeitou o tema a ser abordado e o conteúdo dos artigos a serem utilizados, não havendo distorção de conteúdos e/ou plágio. De acordo com os Direitos Autorais, Lei n° 9.610 de 1° Fevereiro, 19984. Resultados: Ao utilizar os descritores foram encontrados 124 artigos, contemplaram o objetivo da pesquisa 15 artigos onde 1 foi encontrado na Base de Dados de Enfermagem (BDENF); 7 são da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Observou-se que o ano com mais publicações foi o ano de 2014, com 5 publicações, seguido dos anos de 2015, 2016 e 2013, com quatro, e três publicações respectivamente. Em relação às metodologias utilizadas destaca-se o estudo qualitativo com 14 estudos e o estudo quantitativo com 1 publicação, pesquisa de campo com 3 estudos, descritiva exploratória com 5 estudos, análise de conteúdo com 1 estudo e com método fenomenológico 2 publicações. Em relação ao foco dos estudos, o destaque com 5 publicações abordaram crianças, 2 publicações referem-se à família; 6 estudos que abordam os profissionais da enfermagem; e por fim 2 publicações referem-se aos profissionais de saúde. No que se refere aos CP empregados para as crianças encontrou-se: brincar; comunicação; vivência da família frente os CP; CP no controle de sinais e sintomas; prolongar o tempo de vida; vida mais próxima da normalidade; alternativas para o controle da dor; estratégia para humanizar o cuidar em enfermagem e ter envolvimentos com os pacientes, com ênfase no alívio do sofrimento da criança; conforto à criança; cuidar da família; atender as necessidades da criança; proporcionar qualidade de vida à criança; dar apoio espiritual, emocional e religioso; estar mais próximo da criança, discussão da morte com os pais, pela equipe de saúde, orientar os pais a falarem com o filho sobre a morte, dar suporte aos irmãos, as barreiras que são percebidas pelos profissionais de saúde, dão-se em a família não aceitar o mau prognóstico infantil e a instituição continuar a promover tratamento avançado à criança por causa dos benefícios financeiros. Conclusões: Diante disso, é possível visualizar a importância do avanço em publicações ligadas ao (CP) em crianças, para que seja possível o aprimoramento do cuidado e da assistência ofertada, adequando-a com estratégias para enfrentamento do processo de adoecimento de acordo com as necessidades apresentadas.

REFERÊNCIAS

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      1. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO CUIDADO COM PACIENTES ONCOLÓGICOS.

Diva Juliana Aguiar da Silva393, Karine Mendonça Rodrigues394.

Introdução: As práticas integrativas e complementares (PICs), denominação adotada no Brasil pelo Ministério da Saúde contemplam sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos, esses que envolvem abordagens e buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde, através de tecnologias eficazes e seguras, priorizando a escuta acolhedora no desenvolvimento de um vínculo terapêutico e na integração desse humano com o meio ambiente e a sociedade¹. De uma forma gradativa a institucionalização das PICs possibilitaram a publicação da portaria 971, em 2006, definida Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS². Com isso foi possível ter abordagens como a Medicina Tradicional Chinesa, Medicina Ayurvédica, Homeopatia, meditação, fitoterapia, entre outras, o que tem atribuído em diversas unidades de saúde, especificamente na Atenção Básica. O que vem a estimular métodos naturais de prevenção diante de uma visão ampla nesse processo saúde-doença, salientando o autocuidado.³ Essas práticas integrativas e complementares são utilizadas de forma crescente em vários países, sendo incentivado e regulamentado pela Organização Mundial da Saúde.4 A prática da meditação traz resultados favoráveis na qualidade de vida, sintomas e sinais, reduzindo o uso de medicamentos e contribuindo para a adoção de hábitos saudáveis, como a da segurança quanto à ocorrência de reações adversas.5 Objetivo: Promover a melhoria da qualidade de vida e bem –estar dos pacientes atendidos em uma clínica oncológica no Vale do Paranhana em cuidados paliativos. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, sobre uma intervenção proposta por uma acadêmica de enfermagem em prática de estágio curricular supervisionado, visando aplicar práticas integrativas e complementares juntamente com questionário de satisfação aos pacientes oncológicos. Resultados: Espera-se conseguir atingir um maior grau de satisfação dos envolvidos nas práticas integrativas e complementares, tornando um ambiente acolhedor e proporcionando uma melhora na qualidade de vida desses pacientes em processo de tratamento quimioterápico. Conclusão: Como uma forma de interação com os que passam por momentos de aflição e buscam o bem estar desse paciente terminal, o enfermeiro visa realizar ações que trazem o conforto ao mesmo, além dos cuidados básicos e fisiopatológicos que o paciente necessita, realizando quando possível seus anseios, desejos e vontades. Esse profissional de enfermagem é fundamental para equipe de cuidados paliativos, pela essência de sua formação que se baseia na arte do cuidar. Como a prática da meditação possam a ser uma alternativa nesse momento tornando assim o atendimento mais humanizado.6

Descritores: Oncologia; Cuidados Paliativos, Enfermagem.

REFERÊNCIAS:

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      1. SENTIMENTOS DO CUIDADOR NO PROCESSO DE ADOECIMENTO DO PACIENTE COM CÂNCER: ENFOQUE NO CUIDADO PALIATIVO

Jéssica Siqueira Perboni395, Mateus Menezes Ribeiro396, Claudia Maria Brazil Gervini397, Elisa Sedrez Morais398, Taís Alves Farias399, Stefanie Griebeler Oliveira400.

Introdução: O cuidado paliativo objetiva assistir pessoas que possuem uma doença sem expectativa de cura. Esses cuidados caracterizam-se pelo controle de sinais e sintomas físicos e psicológicos próprios da fase final da doença. A terapêutica utilizada é específica, fazendo com que o paciente se beneficie do cuidado adequado para o momento que está sendo vivenciado, não estando baseado na cura, mas sim na qualidade, conforto e alívio do sofrimento durante a convivência com a doença1. Atualmente os cuidados paliativos vêm sendo realizados no domicílio, em decorrência das mudanças na sociedade, onde as famílias retomam a responsabilidades pelos cuidados ao indivíduo no seu processo de adoecimento2. Sendo assim, é possível evidenciar a sobrecarga provocada no cuidador, devido as rotinas, horários padronizados, não realização de atividades de lazer, falta tempo para descanso, enfim, limitações que são impostas frente a esse papel de cuidar, além da carga emocional que trazem consigo, em decorrência da doença do paciente3. Frente a isso, o cuidador vivencia diversos momentos complexos ao realizar esse cuidado diário ao familiar em fim de vida, fazendo com que surjam sentimentos múltiplos ligados a impotência diante do cenário em que se encontra, angustia devido aos sintomas do paciente, medo e receio da morte4. Diante desse contexto, torna-se importante voltarmos à atenção para os sentimentos reproduzidos no cuidador através do enfrentamento do processo de adoecimento do paciente com câncer em cuidados paliativos, valorizando esses sentimentos e visualizando sua influência na vida do cuidador. Objetivo: Identificar os sentimentos gerados no cuidador a partir do processo de adoecimento do paciente com câncer em cuidados paliativos. Método: Trata-se de um relato de experiência sobre os sentimentos gerados no cuidador identificados a partir do projeto de extensão “Um olhar sobre o cuidador: quem cuida merece ser cuidado”, o qual já acompanhou 52 cuidadores que estavam vinculados aos programas Melhor em Casa e Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), vinculados ao Hospital Escola UFPel/EBSERH. As ações foram elaboradas entre junho de 2015 e dezembro de 2016. Como técnica de produção de dados utilizou-se os registros individuais realizados nas fichas cadastrais e relatos dos cuidadores armazenadas no banco de dados do projeto. Na realização desse relato foram incluídos 27 familiares cuidadores de pessoas com diagnóstico de câncer em cuidados paliativos. A categorização dos dados foi realizada por aproximação temática. Resultados: A partir da análise das fichas dos cuidadores, as respostas obtidas foram categorizadas e organizadas em ordem decrescente de vezes que foram citadas, sendo estas: morte, angustia em relação ao processo de cuidar, aceitação do diagnóstico, superação e bom enfrentamento. Na categoria morte, a maioria dos cuidadores relataram que se sentem despreparados para enfrentar o processo de morte do familiar. No que tange à categoria de angustias em relação ao processo de cuidado, os cuidadores alegaram que se sentem tristes e angustiados, com isso alguns destes vivenciam sentimento de impotência e culpa perante a situação que se encontra seu familiar. Na categoria aceitação do diagnóstico foi constatado que a maioria dos cuidadores participantes não aceitam o diagnóstico terminal de seus familiares apresentando esperanças de cura. No que se refere a perspectiva de superação e bom enfrentamento foi evidenciado que os cuidadores não possuem perspectivas de superação e bom enfrentamento sobre a situação vivenciada. O resultado sugere que, o evento doença está envolto por vários fatores que decorrem das condições biopsicosocioespirituais do paciente e de seus entes. A estrutura familiar deve ser considerada na atenção em cuidados paliativos, pois o apoio da família é de extrema importância para vivenciar esse momento da melhor maneira possível5. Conclusão: Observou-se que os familiares sofrem com as manifestações da doença e estão sujeitos a sentimentos como: negação do câncer, impotência diante da situação do paciente e aceitação da doença, tendo a espiritualidade como forma de apoio. Desse modo, contemplar o cuidador familiar na abordagem de cuidados paliativos, pode ajudá-lo a enfrentar melhor o processo de cuidar, em especial no domicílio, qualificando ainda mais o cuidado que o mesmo oferta ao paciente.

REFERÊNCIAS

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      1. FATORES LIMITANTES DA ALTA HOSPITALAR EM UNIDADE DE CUIDADOS PALIATIVOS DE UM HOSPITAL FRANCÊS

Franciele Roberta Cordeiro401, Maria Henriqueta Luce Kruse402, Noelle Carlin403.

Introdução: Unidades de cuidados paliativos são ambientes especializados no controle de sinais e sintomas que se exacerbam em casos de doenças fora de possibilidades de cura e no final da vida. Na maioria dos países, essas unidades se localizam em hospitais de alta complexidade, apresentam quantitativo pequeno de leitos, visando o acompanhamento mais próximo e individual dos pacientes. A hospitalização nesse tipo de serviço tende a ser curta e o objetivo das equipes é promover conforto e alívio da dor, do sofrimento e de sintomas desagradáveis, com a perspectiva de retorno ao domicílio. Atualmente, a França conta com 143 unidades de cuidados paliativos, as quais encontram-se distribuídas pelos diferentes departamentos, garantindo cobertura a grande parte da população e compondo rede de cuidados paliativos existente no país1. Objetivo: descrever os fatores limitantes da alta hospitalar em unidade de cuidados paliativos de um hospital francês. Método: estudo etnográfico, realizado em unidades de cuidados paliativos de hospitais brasileiro e francês. Foram acompanhadas, entre outubro de 2014 e outubro de 2016, pessoas em cuidados paliativos, seus familiares e profissionais de saúde. Como técnica de produção dos dados foram utilizados diário de campo, observação participante e entrevista individual semiestruturada. Os achados da pesquisa foram organizados por meio de mapeamento discursivo e analisados sob a perspectiva cultural e foucaultiana. Em relação aos aspectos éticos, o projeto foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, sob CAAE: 43747015.5.0000.5327 e seguiu as normas da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Resultados: Na França, as principais dificuldades em relação à alta hospitalar em cuidados paliativos dizem respeito ao tempo das internações, à dinâmica familiar e ao custo dos estabelecimentos médico-sociais. Neste estudo, foi possível identificar um duplo que permeia o atendimento nas unidades. De um lado, percebe-se a necessidade do tempo para trabalhar com os cuidados e os conflitos que surgem no final da vida, o que exigiria maior período de hospitalização. De outro, os profissionais devem atender as políticas institucionais e do Estado para organizar o fluxo dos serviços que compõem o sistema de saúde. No caso da França, os serviços hospitalares de curta permanência, como as unidades de Cuidados Paliativos, são financiados por meio da tarificação por atividade e dias de internação2. Nestes setores, no caso de internações que duram menos de quatro ou mais de 13 dias, a instituição poderá ter descontos e não receber o valor integral por procedimento. Dessa forma, as equipes tentam realizar a alta dentro do prazo em que ocorre o financiamento integral das atividades executadas. Ainda que desde o início da internação seja estabelecido um “contrato” para que, após o manejo dos sintomas, a pessoa retorne ao domicílio, surgem resistências à alta. Primeiro, porque os doentes e suas famílias habituam-se com a presença de equipe disposta a atender e aliviar a dor e os demais sintomas. Segundo, porque as famílias acreditam que não conseguirão ofertar os cuidados dispensados no hospital, seja pela indisponibilidade de tempo para cuidar, seja pelo espaço físico restrito do domicílio. Na tentativa de viabilizar as altas hospitalares em cuidados paliativos, na área social, o Estado francês possui dispositivos financeiros que auxiliam as pessoas doentes e suas famílias a financiarem materiais e cuidadores que não são custeados pelo sistema público de saúde. Por vezes, esses benefícios demoram para ser liberados, indo de encontro a urgência de tempo em situações de final de vida. Dessa forma, se a família quiser contratar determinados serviços, como cuidadores ou custear a permanência em estabelecimentos médicos sociais, terá que pagar do próprio bolso, recebendo, posteriormente, o reembolso do Estado. Nesses casos, as famílias tendem a oferecer resistência em acompanhar as pessoas em final de vida no domicílio, tentando prolongar o tempo de internação hospitalar. Conclusão: a alta hospitalar em cuidados paliativos em hospitais franceses mostra-se complexa. Mesmo com a presença de dispositivos econômicos e recursos materiais para viabilizar o retorno ao domicílio, nem sempre isso é possível. Tal fato atribui-se às políticas econômicas e institucionais que limitam a abordagem integral e que preconizam pela constante liberação de leitos. Além disso, as famílias mostram-se indisponíveis para o cuidado, tanto pelo tempo dedicado ao trabalho como pelo restrito espaço físico dos domicílios. Os estabelecimentos médico-sociais, os quais são tidos como alternativas para a alta hospitalar, são onerosos e nem sempre possuem vagas disponíveis para viabilizar o acolhimento e os cuidados às pessoas em final de vida.

REFERÊNCIAS

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      1. CIRURGIA PALIATIVA NA NEOPLASIA DE PÂNCREAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Felipe Ferreira da Silva404, Renata Ferreira Fagundes405, Karen Milene da Rosa Piske406, Sharon Pereira Feijó407, Julliani Quevedo da Rosa408, Rosani Manfrin Muniz409.

Introdução: Cirurgia é a modalidade mais antiga de tratamento do câncer, avanços nas técnicas cirúrgicas tem tornado a cirurgia moderna mais segura e muitos pacientes pós cirúrgicos têm conseguido bons resultados após o tratamento. Em função de seu objetivo, as cirurgias podem ser empregadas com diferentes finalidades: Curativa, Redutora e Paliativa. A Cirurgia paliativa é usada no controle do câncer para que ele não se espalhe para outras partes do corpo ou para tratar complicações e/ou sintomas decorrentes de cânceres avançados, como por exemplo a neoplasia de pâncreas em estados terminais. A cirurgia paliativa procura fornecer benefício para o paciente na ausência de possibilidade de cura. A estimativa para o Brasil, Biênio 2016-2017, aponta a ocorrência de cerca de 600 mil casos novos de câncer1, e estima-se que 7.500 novos casos de câncer de pâncreas sejam diagnosticados a cada ano no Brasil2. Pelo fato de ser de difícil detecção, o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade, por conta do diagnóstico tardio e de seu comportamento agressivo. Assim, a conduta cirúrgica paliativa mais adequada é a anastomose biliodigestiva, associada a anastomose gastrojejunal para evitar a obstrução duodenal a longo prazo, que pode ocorrer devido ao aumento do tumor pancreático. Objetivo: Promover a cirurgia paliativa de anastomose biliodigestiva associada a anastomose gastrojejunal `a pessoa acometida por neoplasia de pâncreas em estágio III a fim de melhorar sua qualidade de vida. Método: Trata-se de um relato de experiência fundamentado em um estudo de caso realizado em uma unidade de internação de um hospital de médio porte do Rio Grande do Sul desenvolvido durante estágio curricular do 5° semestre da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas no mês de abril de 2016. Resultados: Sra. I.C.S., 66 anos, acometida por neoplasia de pâncreas em estágio III. Realizou uma cirurgia paliativa de derivação biliodigestiva, para aliviar a obstrução dos ductos do confluente bilio-pancreato-duodenal e o quadro de icterícia

obstrutiva a fim de minimizar os danos já causados pela doença, como a obstrução biliar prolongada, que resulta em má absorção e consequente desnutrição, prurido, colangites de repetição e disfunção hepática. Após 14 dias de pós-operatório a Sra. I.C.S recebeu alta hospitalar e foi encaminhada para o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar, referência na cidade em cuidados paliativos. O tratamento cirúrgico paliativo, por sua vez, é uma alternativa para promover uma melhor qualidade de vida da pessoa com câncer, já que reduz a população de células tumorais ou controla sintomas que põem em risco a vida do paciente ou comprometem a qualidade da sua sobrevivência3. Conclusão: Concluiu-se que a cirurgia paliativa de anastomose biliodigestiva, associada a anastomose gastrojejunal, tem como finalidade melhorar a qualidade de vida da pessoa acometida por neoplasia, no entanto não é uma cura para o câncer. Diante disso, esse estudo servirá para que acadêmicos e futuros profissionais da saúde zelem pela saúde e bem-estar dos pacientes a fim de promover o conforto, o alívio da dor e de outros sintomas que causam sofrimento, seja de ordem física, espiritual e psicossocial no fim da vida.

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Acesso em 15 abril de 2016.

      1. A FAMÍLIA COMO FATOR PROTETOR PARA DESENVOLVIMENTO DA RESILIÊNCIA NO PACIENTE EM CUIDADO PALIATIVO

Débora Eduarda Duarte do Amaral410, Rosani Manfrin Muniz411, Aline da Costa Viegas412, Daniela Habekost Cardoso413, Michele Cristiene Nachtigall Barboza414.

Introdução: O Cuidado Paliativo é definido, conforme conceito 1990 atualizado em 2002 pela Organização Mundial da Saúde, como uma “assistência promovida por uma equipe, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”. ¹ Ainda, esse tipo de cuidado está permeado por uma rede complexa de interações, que cerca diferentes formas de saberes, crenças, valores, significados e resiliência.² E o apoio da família é importante, pois auxilia tanto na manutenção do cuidado, mas também no enfrentamento do paciente.³ O apoio familiar é considerado um fator de proteção para resiliência, pois é visto como algo capaz de fortalecer e ajudar no processo de superação das adversidades.4 Conforme Michel Rutter “a resiliência é definida como uma variação individual em resposta ao risco, cujo termo refere-se ao fenômeno de superação de estresse e adversidades”.5 Objetivo: Averiguar as redes de apoio das pessoas com câncer avançado em Cuidados paliativos. Metodologia: O presente trabalho trata-se de estudo qualitativo com uma abordagem de Pesquisa Convergente Assistencial oriundo de dissertação de mestrado “Promoção da resiliência para pessoas com câncer avançado em cuidados paliativos domiciliar”, sendo um subprojeto da pesquisa “O significado da experiência das pessoas frente ao câncer: interfaces da atenção à saúde, cultura e resiliência”. O estudo foi realizado na cidade de Pelotas/RS no domicílio de cinco participantes com câncer em cuidados paliativos internados em um programa de internação domiciliar. O período de coleta foi de março a agosto de 2015, e os participantes foram identificados por nomes fictícios que atribuíram durante a coleta de dados com intuito de preservar o anonimato. Na construção do estudo os princípios éticos foram assegurados conforme a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) 311/2007. E considerou-se também a Resolução nº 466/122 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, que trata da pesquisa envolvendo seres humanos.6 O estudo obteve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFPel, sob parecer número 968.462 de 18 de fevereiro de 2015. Resultados: Os participantes do estudo apresentaram a família como uma fonte de apoio e fator de proteção para resiliência, pois a mesma contribuiu no cuidado, e também no reestabelecimento tanto físico e emocional de cada indivíduo. Nos depoimentos a seguir, fica evidente a presença da família como apoio e fator de proteção para os participantes: “Eu saia, ia no centro. Parou a vida, de repente mudou muito, isso me deprimiu, me atingiu, […], antes saia, saia para vender, comia de tudo, mas por outro lado é uma das melhores fases da minha vida, passo com ela dentro de casa (esposa) tenho toda a assistência dela (esposa) para mim. […] (JOÃO)”; “Para mim as facilidades (pausa) é a família né, família e a religião, pelo apoio do pessoal, gente que eu nem conhecia, que são de outra religião vem aqui e fazem oração, eu não me importo, mas muita gente assim que a gente não conhecia lá do trabalho, o pessoal vem me visitar, seguida ligam e é bom né, mas o mais importante é o apoio da família […].(PAULO)”; “Seria difícil sozinho, a minha esposa, ela está presente no tratamento […] a minha família está sempre presente né, os filhos de fora estão sempre se comunicando, dois filhos moram fora, um em Santa Catarina e outro em POA, consigo visitar de vez em quando, mas são estes que me ajudam a lidar com tudo (JOÃO ALFREDO)”. Os fatores de proteção minimizam ou até mesmo a eliminam a probabilidade das influências inerentes do risco, e a resiliência é o produto final do acumulo desses fatores. 7 Desta forma, o apoio da família e de outras pessoas, auxilia o indivíduo nas situações de adversidades e contribui para a formação da resiliência8. Conclusão: Com a realização do estudo foi possível observar a presença da família na vida do paciente em cuidado paliativo e a importância da mesma na manutenção e favorecimento da resiliência. Esse dado corrobora com que está descrito na literatura, que o apoio familiar, é considerado fator de proteção para a promoção da resiliência. Ainda, aponta-se a necessidade de realização de outros estudos com universo maior desta população, que possibilitem aprofundar e proporcionar conhecimento acerca da identificação do processo de resiliência, bem como seus fatores protetores ao paciente oncológico em cuidados paliativos.

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      1. TERAPIAS COMPLEMENTARES UTILIZADAS EM CUIDADOS PALIATIVOS: REVISÃO DE LITERATURA

Camila Timm Bonow415, Jéssica Cardoso Vaz416, Janaína do Couto Minuto417, Teila Ceolin418, Rita Maria Heck419.

Introdução: Cuidado Paliativo (CP) é uma abordagem ou terapêutica que estabelece conforto a pacientes e familiares frente às doenças crônicas que impedem a continuidade da vida. As terapias complementares são práticas que complementam tratamentos convencionais, e promovem assistência à saúde ao usuário, atentando para questões físicas, emocionais e espirituais, tendo o potencial de ser aplicadas nos CP, com objetivo de amenizar os sintomas e favorecer uma melhor qualidade de vida1. A Organização Mundial da Saúde (OMS) incentiva e intensifica a inserção, reconhecimento e regulamentação destas práticas2. Em 2006 no Brasil, o Ministério da Saúde elaborou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), em busca da integralidade3. A partir da PNPIC ocorreram outras publicações pelo Ministério da Saúde, visando à implementação dessa política no SUS. Objetivo: Realizar um levantamento em bases de dados online dos estudos científicos produzidos sobre as terapias complementares utilizadas em cuidados paliativos. Método: Revisão de literatura com busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) e a Public Medline or Publisher Medline (PubMed), utilizando os descritores em saúde: Palliative Care; Complementary Therapies; Nursing. A busca foi realizada no dia 20 de abril de 2017. Os critérios de inclusão empregados nos estudos foram: responderem a pergunta da pesquisa, estarem disponíveis online, nos idiomas português e inglês, publicados nos entre 2006 e 2016. Critérios de exclusão: artigos duplicados e textos incompletos. A realização deste estudo respeitou o tema a ser abordado e o conteúdo dos artigos a serem utilizados, não havendo distorção de conteúdos e/ou plágio. De acordo com dos Direitos Autorais, Lei n° 9.610 de 1° Fevereiro, 19984. Resultados: Ao utilizar os descritores foram encontrados 34 artigos, destes, 11 contemplaram o objetivo da pesquisa. Quatro foram encontrados na BIREME, sendo dois na MEDLINE e dois na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); os outros sete foram localizados na PubMed. Observou-se que os anos com mais publicações foram 2008 e 2014. Em relação à metodologia utilizada, nove eram estudos qualitativos5-13, um quantitativo14 e um qualitativo-quantitativo15. Entre as publicações, três7,11,13 abordaram a massagem para a diminuição dos sintomas, principalmente a dor; dois8,9 referiram-se a musicoterapia como influência na saúde física e mental; dois5,6 discutiram o cuidado domiciliar, o qual oferece conforto, carinho, alívio da dor e preparação para a morte, para o usuário e para sua família; um14 relatou a acupuntura, a massagem e a musicoterapia, aliadas ao tratamento convencional, como auxílio para aliviar a ansiedade, a depressão e a dor dos pacientes, promovendo o relaxamento e facilitando a relação e a interação entre profissional-paciente-família. Uma pesquisa10 mostrou a yoga com uma prática que propicia o aumento da flexibilidade e força, melhoria da motivação e capacidade de exercício, diminuindo insonias, melhorando a capacidade de lidar com ansiedade ou estresse. Um estudo15 mencionou a terapia espiritual, que tem o objetivo de conforto e proporcionar uma morte que respeite a vida do paciente que está morrendo. Uma12 investigação mostrou que a fitoterapia utilizada concomitantemente, por exemplo, com a quimioterapia apresentava interação medicamentosa como a toxidade, ocorrendo um aumento da quimiossensibilidade das células cancerosas, necessitando de uma redução na dose. As terapias complementares usufruem de meios terapêuticos com eficácia comprovada visto que complementam as terapias convencionais, respeitando a individualidade de cada um e empregando técnicas seguras, pautadas na responsabilidade profissional, de acordo com total conhecimento e consentimento do usuário16. A enfermagem busca o atendimento integral do usuário, e as terapias complementares vêm ao encontro deste discurso, remodelando a percepção que o profissional tem a respeito do indivíduo, assistindo-o com um ser total e não compartimentalizado. As terapias complementares visam o cuidado integral do indivíduo considerando o estilo de vida, o estado emocional, as relações sociais, a alimentação, ocorrendo um processo de interação o profissional e o usuário3. Conclusões: Em consequência da demanda dos usuários por práticas que atendam suas necessidades de saúde, como a diminuição dos sintomas pelos usuários em cuidados paliativos, foi possível observar através das publicações que vem sendo incentivada em alguns países a implantação das terapias complementares, principalmente por proporcionar uma melhor qualidade de vida e potencializar o efeito dos medicamentos no controle da dor.

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      1. INTERFACE ENTRE CUIDADO PALIATIVO PEDIÁTRICO, FAMÍLIA E EQUIPE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Maria Eduarda Menezes Da Silva420, Dani Laura Peruzzolo421.

Introdução: Entre os anos de 2004 e 2014, as mortes de crianças advindas de causas que, com intervenção imediata poderiam ser evitadas, apresentaram uma redução de, aproximadamente, 19 mil casos no Brasil, sendo que na região Sul esta queda aparece em mais de 2 mil casos¹. Esta significativa redução ocorre devido à grande disponibilidade de serviços especializados a nível nacional como o pré-natal5, programas como Seguimento de Prematuros, e a oferta de atendimentos especializados em intervenção precoce7. Isso fez com que aumentasse também o tratamento nos primeiros anos de vida do bebê com prognóstico de óbito neste período. Mesmo que nem sempre estes diagnósticos se confirmem, os pais e a equipe lidam com essa informação durante a vida e o tratamento da criança. Mesmo que nem sempre estes diagnósticos se confirmem, os pais e a equipe lidam com essa informação durante a vida e o tratamento da criança. A experiência clínica tem apontado para a importância do acompanhamento especializado tanto para o bebê quanto para os pais, que está pela ordem de um cuidado paliativo, porém, na busca de discussões teóricas e práticas sobre o tema, muito pouco material foi encontrado, principalmente no que tange aos cuidados cotidianos que ultrapasse a atenção à patologia e avancem na produção de experiências de produções familiares. Objetivo: Identificar as produções na área da saúde que apontam as possíveis intervenções das equipes frente aos cuidados paliativos pediátricos e as famílias desses paciente. Metodologia: Realizou-se pesquisas bibliográficas, por meio de artigos nacionais e internacionais publicados nas bases de dados LILACS e SciELO, durante o período de 2012 a 2016. Os mesmos foram filtrados a partir do cruzamento entre os descritores “cuidados paliativos”, “profissionais”, “criança”, “família” e “morte”. Foi analisado como critério de inclusão artigos de acesso livre, que discutiam a percepção dos profissionais frente ao cuidado paliativo pediátrico, e como critério de exclusão, quando se tratava de cuidados paliativos com pacientes adultos. Tal busca foi realizada pelas pesquisadoras, no decorrer do segundo semestre de 2016, e estudados através de análise de conteúdo que definiu categorias fundamentais. Resultados e discussão: Foram identificados 50 artigos, que analisados em seu conteúdo, produziram 4 categorias apresentadas a seguir e representadas pela indicação de 6 artigos por se tratar de um resumo. Categoria 1:a formação acadêmica das mais diversas profissões da área da saúde não prepara os profissionais para suportar sentimentos e percepções sobre a morte, menos ainda para que saibam confortar as famílias que estão vivenciando o processo de morte de uma criança, fazendo com que a angustia, a indecisão e o fracasso permeiem a atuação profissional4. Categoria 2: a morte precoce é vivenciada por todos com grande resistência tanto por familiares quanto por profissionais, pois é vista como uma ruptura da vida e de descobertas, sendo assim um momento em que a equipe costuma ser levada a um sentimento de impotência o qual não estão preparados para vivenciar4. Categoria 3: a equipe, mesmo sem preparo anterior, percebe que a família é uma parte importante do cuidado com a criança em cuidado paliativo, em virtude das mesmas estarem presentes de forma contínua junto a criança, o que muitas vezes pode gerar um desarranjo familiar, por todas as atenções estarem voltadas para a criança a qual não tem possibilidades de cura³. Categoria 4: em sua grande maioria as publicações trazem que o único recurso cabível de atendimento a estas famílias é a escuta, proporcionando um ambiente acolhedor e de confiança, amparando essas famílias no momento de lidar com o sofrimento(faltou um artigo). Conclusão: Tal revisão deu ênfase ao grande tabu e complexidade de se falar de algo tão doloroso e subjetivo, expresso na escassez de publicações que apontem estratégias de ação, ou indiquem referenciais teóricos à equipes dispostas a efetivarem uma formação mais especializada no tema. Percebe-se que a atuação das equipes com as famílias de crianças no contexto dos cuidados paliativos está pautada na escuta sensível, sendo esta ainda sem uma formação ou fundamentação teórica mais eficaz.

REFERÊNCIAS

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      1. ESPIRITUALIDADE COMO ESTRATÉGIA PARA O ENFRENTAMENTO DO CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS: PERSPECTIVA ECOSSISTÊMICA

Aurélia Danda Sampaio, Adriane Calvetti de Medeiro, Gustavo Baade Andrade, Mara Regina BergmannThurow, Vanessa Soares Mendes Pedroso, Hedi Crecencia Heckler Siqueira (orientadora)

Introdução: Dados do Instituto Nacional de Câncer revelam que são estimados 596 mil casos novos de câncer no Brasil em 20161. A Organização Mundial (OMS) preconiza que todas as questões do cuidado devem ser abordadas, incluindo as espirituais, psicossociais e familiares, como estratégias integrativas no cuidado aos usuários oncológicos em cuidados paliativos2. De acordo com a OMS, a estratégia de cuidados paliativos deve ser desenvolvida por uma equipe multiprofissional com atenção focada não na doença a ser curada/controlada, mas no usuário, com direito à informação e autonomia plena para decisões a respeito do percurso da doença e seu tratamento. Portanto, a atenção deve ser individualizada ao usuário e à sua família. A espiritualidade representa fonte de conforto, de esperança e de significados à vida, independente das crenças e condições em que o usuário e/ou familiar se encontra. Ao considerar a dimensão espiritual, a enfermagem cria possibilidades de fortalecer os mecanismos de enfrentamento dos usuários oncológicos, potencializando práticas de promoção a saúde e melhorara da qualidade de vida3-5. Assim a espiritualidade pode ser definida como característica individual do ser humano, inerente as questões sobre o significado e o propósito da vida, encontrando-se além da religião e da religiosidade6-7. Existem evidências de que a espiritualidade melhora os níveis de conforto dos usuários em situações vulneráveis de dor, sofrimento, angustias e morte.. Diante do exposto, o estudo justifica-se pela importância da temática no cenário atual, pelo crescente número de usuários acometidos de câncer que necessitam de cuidados com integrais. Existe, interesse dos pesquisadores em buscar maiores subsídios a respeito da espiritualidade no enfrentamento do câncer. Assim, tem-se como objetivo investigar como a espiritualidade pode auxiliar o usuário em cuidados paliativos no enfrentamento do câncer, sob a perspectiva ecossistêmica. Método: Estudo exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa, desenvolvido em um Hospital Escola da região sul do Rio Grande do Sul/Brasil que atende usuários em tratamento oncológico; internação em UTI adulto e internação domiciliar. Os participantes do estudo foram 10 enfermeiros assistenciais que participam, ativamente, nos cuidados de enfermagem aos usuários oncológicos. A análise dos dados seguiu os passos de Minayo, 2010. Foram observados os princípios éticos segundo a Resolução 466/12, Plataforma Brasil e Comitê de Ética da Faculdade Anhanguera, parecer nº 765.820/2014. Resultados: Os dados apontam que existe necessidade de atender o usuário na sua integralidade, incluindo no cuidado a dimensão espiritual. Neste sentido os participantes expressaram (…) a integralidade vai além do cuidado técnico (…) proporcionar apoio e conforto espiritual (P1). O cuidado integral é o que vai além desses cuidados tradicionais. As falas dos enfermeiros permitem distinguir alguns elementos que configuram o cuidado de enfermagem como : integralidade, apoio, ajuda, conforto. Outros aspectos, incorporados à prática assistencial, evidenciam o princípio ecossistêmico da inter-relação. Alguns dos participantes consideram que é preciso: (…) prestar o cuidado sensível, que se preocupa com a questão social, espiritual, com o ser humano de uma forma holística (P3). Respeitar as suas crenças, seus valores e sua construção de vida (P4. Questões de dimensão espiritual e psíquicas para enfrentar a doença e o tratamento (P7). Nesses relatos os enfermeiros identificam a necessidade de compreender as inter-relações entre as ações do cuidado nas questões emocionais, de sensibilidades de crenças, de valores, de enfrentamentos. Os resultados do estudo evidenciam que os enfermeiros compreendem a espiritualidade no cuidado a partir de uma visão multidimensional, que ultrapassa os aspectos inerentes do cuidado biológico, ao reconhecerem a importância de atender as necessidades dos usuários oncológicos de forma integral. Sob a perspectiva ecossistêmica a espiritualidade está inter-relacionada com as questões do viver humano em sua integralidade. Neste sentido, pesquisas17-19 apontam que a espiritualidade é capaz de preservar a qualidade de vida dos usuários ao promover conforto, mecanismos de enfretamento, aceitação ao prognóstico da doença, proteção contra a perda da esperança e da terminalidade de vida17. Pesquisa que analisou a compreensão do enfermeiro acerca do cuidado espiritual e a sua experiência na promoção desse cuidado aos usuários na prática clínica revela que a necessidade de cuidado espiritual esteve muito relacionada às situações de fragilidade dos usuários, as quais são vistas como propícias para a prestação de um cuidado direcionado às necessidades relativas à condição de existência humana, à busca de explicações sobre a natureza da vida, seu significado e terminalidade18. Nesta perspectiva, percebe-se a necessidade de mudança de paradigma de atenção, que abandona o modelo biologista, linear e mecanicista, centrado na doença, para desenvolver uma nova configuração de cuidado em saúde, que busca compreender o ser humano em sua totalidade, com seus valores e crenças pessoais e familiares. Portanto, o cuidado espiritual, aos usuários oncológicos, requer que o usuário seja considerado na totalidade integrativa envolvida no processo saúde-doença–cuidado. Conclui-se que a espiritualidade como estratégia para o enfrentamento do câncer em cuidados paliativos, sob a perspectiva ecossistêmica, é uma temática atual e emergente na enfermagem/saúde. Portanto, na promoção da saúde e na qualidade de vida, é relevante a condução de novas pesquisas que possam ancorar a dimensão espiritual nas ações do cuidado, capazes de criar e fortalecer os mecanismos de enfrentamento dos usuários oncológicos em cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS

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      1. TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Patricia Abrantes Duval422, Rosane Scussel Garcia423, Patricia Peres de Peres424, Enrique Daniel Garin Saldaña425, Tássia Ney Portantiolo426.

Introdução: A nutrição no paciente em cuidados paliativos (CP) vem apresentando na prática clínica alguns aspectos que podem ser vistos como negativos em relação ao conforto do paciente. Os estágios avançados do câncer tem a desnutrição como uma complicação comum, entre 20% e 50%1, e diante das possibilidades terapêuticas dessa fase há grande controvérsia no uso da terapia nutricional, além de questões familiares e protocolos de trabalho dos profissionais de saúde. A prescrição de restrição de nutrientes deve ser evitada, porém muito se questiona sobre o real benefício de se administrar nutrição artificial quando o objetivo principal do manejo do paciente torna-se paliativo1. As recomendações de administração de terapia nutricional em pacientes desnutridos com câncer incurável enquanto houver tratamento ativo, claramente aperfeiçoam os benefícios do tratamento anticâncer, por outro lado, suspender ou minimizar a dose de nutrição artificial para um paciente em CP pode ser interpretado como abandono do paciente e promover um dilema ético entre a família e a equipe de saúde2. A Sociedade Européia de Nutrição Parenteral e Enteral publicou diretrizes específicas para o uso de nutrição artificial no câncer terminal, porém na prática clínica muitos dilemas ainda levantam dúvidas sobre o assunto3,4,5. Vem sendo descrito como consensual que em pacientes inapetentes com expectativa de vida menor que dois meses não é aconselhável ou desejável iniciar a terapia nutricional, uma vez que esse seria o tempo de o paciente vir a falecer da doença e não da inanição6. As questões éticas e o papel da família no contexto da nutrição desse paciente parecem ser desafios a serem administrados na rotina das equipes de CP, evitando falsas interpretações de abandono e priorizando o conforto e a supressão das necessidades dos pacientes terminais, sem prolongamento do sofrimento com o uso de intervenções fúteis. Conhecer a população com a qual se trabalha, certamente melhora a capacidade de estabelecer condutas apropriadas. Objetivos: Descrever o perfil dos pacientes em cuidados paliativos internados no Hospital Escola da UFPel/EBSERH acompanhados pela Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) no período de janeiro de 2016 a março de 2017. Métodos: Estudo transversal descritivo realizado a partir de dados secundários obtidos dos registros da EMTN e da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do Hospital Escola/UFPel/EBSERH dos pacientes que receberam terapia nutricional enteral, por sonda nasoenteral (SNE), gastrostomia ou jejunostomia, ou terapia nutricional parenteral (NPT). Também foram avaliadas as variáveis: sexo, idade, diagnóstico principal, desfecho e tempo de internação, tempo compreendido entre a internação e a avaliação nutricional, bem como Indice de Massa Corporal (IMC) e Avaliação Subjetiva Global (ASG)7. A equipe de terapia nutricional, após ser solicitada, avalia o paciente e determina as necessidades dentro do diagnóstico atual e plano de tratamento. Resultados: Foram avaliados 51 pacientes neste período de 15 meses, 58% eram do sexo masculino, com média de idade de 62 anos e 82,3% com diagnóstico de neoplasia maligna à internação. O tempo médio de internação foi de 38 dias, sendo que a EMTN foi acionada em média até o quinto dia de internação. O desfecho da internação foi óbito em 52,9% e alta hospitalar em 43,1%. A via de acesso para nutrição enteral mais utilizada foi a SNE em 60,7%, seguido da gastrostomia 23,5%, jejunostomia 9,8% e 5,8% receberam NPT. Em relação ao estado nutricional, 68,6% dos pacientes apresentavam-se gravemente desnutridos (ASG-C), 27,4% em risco nutricional (ou suspeita) (ASG-B) e apenas 3,9% eram bem nutridos (ASG-A), sendo que pelo IMC a maioria deles (71,7%) tinha peso adequado e 19,5% estavam abaixo do peso. Conclusão: O grupo estudado foi predominantemente de pacientes oncológicos do sexo masculino, idosos, com diagnóstico de desnutrição grave, porém a maioria com IMC adequado, sendo avaliados e acompanhados pela EMTN com até cinco dias após a internação hospitalar. O paciente com câncer necessita de intervenção nutricional uma vez que a diminuição da ingestão alimentar e consequente perda ponderal são frequentes tanto pelo impacto da doença quanto pelos efeitos colaterais dos tratamentos anticancerígenos. Estudos bem desenhados são necessários para se chegar a um consenso sobre as melhores formas de nutrir o paciente com doenças em fase avançada, como o câncer, sempre lembrando que tais decisões devem ser individualizadas.

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      1. INTER-RELAÇÕES NO PROCESSO DE MORTE E MORRER EM AMBIENTE HOSPITALAR

Tania Cristina Schäfer Vasques, Valéria Lerch Lunardi, Rosemary Silva da Silveira, Liziani Iturriet Avila, Cáren Igure Noble, Karen Knopp de Carvalho.

Introdução: Ainda hoje, a morte é tratada como tabu, em que pouco se dialoga sobre ela e suas implicações na vida do indivíduo no seu processo de morte e morrer e do seu familiar/cuidador1-2. Enquanto o nascer é algo que, na maioria das vezes, é lindo e revitalizante para todos no entorno, o morrer ainda é percebido como algo a ser escondido, ocasionando tristeza e dor. Por isso, comumente, é ocultado, negado ou combatido a qualquer custo, excluído do processo de viver do indivíduo, mesmo a morte sendo um evento natural e esperado em algum momento da vida3. Nesse sentido, faz-se necessário desmistificar a ideia de que não existe “mais nada a ser feito” com o indivíduo em seu processo de morte e morrer, mas antes tornar a vida que lhe resta o mais confortável e digna possível, substituindo-se pela convicção de que o cuidado pode ser realizado até seu fim, por meio de cuidados paliativos, estendendo-se, a seus familiares/cuidadores e, também, no seu processo de luto, por meio de uma interação possível e focada nas necessidades dos indivíduos enfermos e seus familiares/cuidadores4. Tal cuidado visa trazer uma compreensão da morte como parte do processo de vida, a qual não apressa nem adia sua chegada. Busca atender ao indivíduo na sua totalidade/globalidade (física,

  1. Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES/FURG). E-mail:taniacristina9@yahoo.com.br
  1. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES /FURG). Email: vlunardi@terra.com.br

  1. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES/FURG). Email: anacarol@mikrus.com.br

  1. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES/ FURG). Email: l.iturriet@yahoo.com.br

  1. Graduanda em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. E-mail: carennoble@hotmail.com
  1. Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Rio Grande/RS-Brasil. E-mail: knoppcarvalho@hotmail.com

psicológica, social e espiritual), proporcionando-lhe melhor qualidade de vida e a seu familiar, bem como apoio e orientação na elaboração do luto5. Dessa forma, no processo de morte e morrer, a comunicação dialógica pode tornar-se elemento de interligação e compreensão dessa fase do ciclo da vida. Objetivo: compreender como ocorrem as inter-relações entre a tríade: trabalhadores da equipe de enfermagem, familiares/cuidadores e indivíduos no seu processo de morte e morrer em ambiente hospitalar. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, metodologicamente, inspirada no caminho proposto por Leininger. Como referencial teórico, optou-se pelo pensamento complexo de Edgar Morin. O processo de coleta dos dados ocorreu de março a junho de 2016, em uma Unidade de Clínica Médica de um Hospital Universitário, no sul do Brasil. Os informantes gerais da pesquisa totalizaram 47 trabalhadores da equipe de enfermagem e 24 familiares/cuidadores de indivíduos em processo de morte e morrer. Desses, 18 trabalhadores da equipe de enfermagem e 15 familiares/cuidadores constituíram-se em informantes-chave, os quais, foram entrevistados, além de participarem das fases de observação. Foram incluídos como informantes-chave aqueles que durante as observações demonstraram maior sensibilidade ou ausência de sensibilidade para tornar menos sofrido o processo de morte e morrer. O total de participantes foi determinado pela repetição/saturação dos dados(6). Realizaram-se quatro fases de observação (não participante; pouca participação, mais observação; mais participação e menos observação; e, observação reflexiva), uma fase de entrevista (realizadas individualmente e as questões foram geradas a partir das observações realizadas, resgatadas na entrevista. Estas foram gravadas e tiveram duração de 40-75 minutos) e quatro fases de análise simultânea. Resultados: Constituíram-se três categorias: A primeira, “Relação dialógica complexa no processo de morte e morrer em ambiente hospitalar”, enfocando-se nas inter-relações no ambiente hospitalar: o olhar sobre o processo de morte e morrer do outro e de si e as estratégias recursivas para um repensar relacionado ao processo de morte e morrer. A segunda, “Inter-relações no processo de morte e morrer no hospital: olhar do familiar/cuidador” abordou-se as fragilidades percebidas pelos familiares/cuidadores nas suas inter-relações com os trabalhadores da equipe de enfermagem e o indivíduo em seu processo de morte e morrer, bem como as potencialidades no processo inter-relacional do familiar/cuidador com o indivíduo enfermo e com trabalhadores da equipe de enfermagem. E, a terceira categoria, “(Re)pensando inter-relações complexas do cuidado no processo de morte e morrer: ótica da equipe de enfermagem”, discorreu-se sobre os obstáculos da equipe de enfermagem para a efetivação de inter-relações conectadas, com enfoque na sobrecarga de trabalho, descuidado dos pacientes, despreparo do trabalhador e falta de apoio institucional; e, também, a complexidade das relações no processo de morte e morrer em ambiente hospitalar, relacionada à competência sobre a participação da família no cuidado e à atenção as suas necessidades, como a importância do reconhecimento e valorização do trabalhador, dentre outras. Discussão: Por meio da análise, verificou-se na primeira categoria, que o processo de morte e morrer, mesmo fazendo parte do desenvolvimento humano, sempre desperta sentimentos de medo. Assim, podem ocorrer tentativas de encobrir esse processo, fragmentando-o, quando, na verdade, deveria ocorrer a ligação em toda essa dinâmica7. Dentre as dificuldades evidenciadas, a revelação, ou não, do diagnóstico de terminalidade ao indivíduo enfermo e seu familiar/cuidador, influencia a realidade complexa dos mesmos que vivenciam esse processo no espaço hospitalar. Podem ocorrer rupturas/solidões ou mesmo a ligação e interconexão, com a descoberta, ou não, do diagnóstico. Sabe-se que tal revelação sobre a finitude da vida é um momento impactante, tanto a esse indivíduo quanto a sua família e precisa ser cuidadosamente tratado pela equipe de cuidado. No que se refere as estratégias recursivas utilizadas pelos trabalhadores da equipe de enfermagem e familiares/cuidadores, no cuidado ao indivíduo enfermo em ambiente hospitalar, ressalta-se que podem ser contribuições para o alívio do sofrimento de quem vivencia o processo de morte e morrer, englobando a empatia, a espiritualidade e a compreensão de cada momento vivenciado pelo indivíduo. Por outro lado, observou-se no estudo, que ocorreram estratégias recursivas que dificultaram, por diversas vezes as inter-relações entre a tríade, como a forma de se afastar dos diálogos em direção a finitude da vida, passam a demonstrar reações distintas como negação, reserva, fechando-se ao diálogo. Assim, podem ocorrer rupturas e desentendimentos nas inter-relações com as equipes de cuidado, em especial os trabalhadores da equipe de enfermagem, pois estão mais próximos nos cuidados contínuos8. Em outros momentos, por meio da segunda categoria do estudo, constatou-se que esses indivíduos enfermos podem evitar, também, diálogos que abordem a causa do adoecimento, por vergonha, receio e aversão em pensar nessa temática, preferindo não relembrar situações vividas previamente relacionadas a sua situação, optando pelos isolamento social9-10. Nesse sentido, a partir de Morin uma possível resposta para todo esse sofrimento, é uma participação viva, com amor e solidariedade, extraindo do paradoxo vida-morte uma articulação profunda entre a reforma da vida como o eixo que nos remete a todo o arco complexo de outras reformas necessárias: da ética, da educação, da sociedade, concebidas em circuito recursivo11. Ainda, com a terceira categoria, do presente estudo, ratificou-se a questão dos próprios trabalhadores da equipe de enfermagem sentirem-se despreparados para cuidar no processo de morte e morrer. Assim, o preparo do trabalhador para interagir e cuidar do indivíduo no seu processo de finitude e de seu familiar/cuidador tem sido praticamente negligenciado desde a sua formação, levando-o a fazer essa aprendizagem no seu dia a dia; como nessa pesquisa, muitos parecem se (des)sensibilizar frente à necessidade de cuidado do indivíduo na finitude12. Dessa forma, enfatiza-se a busca pelo tratamento em prol da cura, não preparando esses trabalhadores para o cuidar na finitude, o que pode favorecer o afastamento do trabalhador, o que é percebido, frequentemente, como manifestação de negligência na assistência. Conclusão: considera-se que essas inter-relações, quando embasadas no diálogo, na formação de vínculos e na confiança, poderão contribuir para reduzir o distanciamento, a ruptura e o sofrimento de quem vivencia o processo de finitude, com a possibilidade de ressignificação dos sentimentos pela tríade. Tais discussões poderão gerar reflexões importantes tanto para os trabalhadores da equipe de enfermagem, quanto aos familiares/cuidadores, no que tange o cuidado e as inter-relações nessa fase do ciclo vital, propiciando uma melhor qualidade de vida a todos os envolvidos nesse processo.

Descritores: Morte. Paciente terminal. Enfermagem. Família. Inter-relação.

REFERÊNCIAS:

  1. Santos LMM, Simões IAR, Lima RS. Sentimentos dos acadêmicos de enfermagem frente à parada cardiorrespiratória Revista eletrônica gestão & saúde 2014; 5(4):2486-97.

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routine: students’ views. Interface-Comunicação, Saúde, Educação 2015; 19(55):1207-19.

  1. Trench B, Rosa TEC. Nós e o outro: envelhecimento, reflexões, práticas e pesquisa. São Paulo: Instituto de Saúde, 2011. 290p.
  1. Figueiredo MHJS, Martins MMFPS. Dos contextos da prática à (co)construção do modelo de cuidados de enfermagem de família. Rev. Escola enferm.USP 2009; 43(3):615-21.

  1. Silveira MH, Ciampone MHT, Gutierrez BAO. Percepção da equipe multiprofissional sobre cuidados paliativos. Revista Brasileira Geriatria e Gerontologia 2014; 17(1): 07-16.

  1. Leininger M. Culture Care Diversity and Universality: a Theory of Nursing. Nova

York: National League for Nursing Press,1991.

  1. Oliveira SG, Quintana AM, Denardin-Budó ML, Moraes NA, Lüdtke MF, Cassel PA. Internação domiciliar do paciente terminal: o olhar do cuidador familiar. Rev Gaúcha Enferm 2012; 33(3): 104-10.

  1. Oliveira SG, Quintana AM, Budó MLD, Morais NA, Garcia RP, Sartor SF, et al. Internação domiciliar na terminalidade: escolhas terapêuticas e medidas de conforto no olhar do cuidador. J Nurs Health. 2013;3(2):221-32

  1. Ribeiro JP, Cardoso LS, Pereira CMS, Silva BT, Bubolz BK, Castro CK. Nursing care in oncology hospitalized patients: diagnosis and interventions related to psychosocial and psychospiritual needs. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online 2016; 8(4): 5136-42.

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      1. ESCALA DE EDMONTON COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS ATENDIDOS NO DOMICÍLIO

Samanta Bastos Maagh, Aline da Costa Viegas, Vanessa Medeiros Almeida, Daniela Marques Herzer, Raquel Oliveira Pinto, Cintia Rodrigues Farias.

Introdução: os cuidados paliativos, segundo a Organização Mundial da Saúde consistem em cuidados com abordagem integral a pacientes cuja doença não é passível de tratamento curativo.1 Isso envolve controle de sintomas no âmbito biopsicossocial e espiritual que neste contexto, podem ser mensurados através de escalas visuais numéricas, analógicas, em cores ou questionários.2 Assim sendo, neste estudo será utilizada a escala de Edmonton Symptom Assessment System (ESAS), a qual auxilia no controle de sinais e sintomas físicos e psicológicos dos pacientes, permitindo conhecer a frequência e a intensidade destes, contribuindo para a tomada de decisão das equipes quanto a terapêutica do cuidado, possibilitando verificar a sua eficácia.3 A ESAS utilizada para análise dos dados possui dez itens, sendo estes: dor, cansaço, náuseas, depressão, ansiedade, sonolência, apetite, bem estar, dispneia e insônia; Tais sintomatologias são questionadas ao paciente, o qual pontuará de 0 (zero) a 10 (dez), sendo zero ausência do sintoma e 10 o sintoma mais intenso já sentido, uma vez que o paciente não consiga responder, o familiar ou cuidador poderá representá-lo ou o profissional que o acompanha.4 Objetivo: descrever os dois sintomas mais frequentes apresentados por pacientes oncológicos internados em um Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar. Método: trata-se de um estudo descritivo, o qual utilizou dados

1Mestre em Ciências. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: samantamaagh@yahoo.com.br

2Mestre em Ciências. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: alinecviegas@hotmail.com

3Especialista em Atenção Domiciliar. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: nessavma@hotmail.com

4Enfermeira. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail:

Daniela.Herzer@ebserh.gov.br

5Mestre em Saúde Coletiva. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: quel_enf@yahoo.com.br

6Especialista em Saúde Pública, Enfermagem Materno Infantil e Educação em Saúde. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: cicafarias@yahoo.com.br

secundários provenientes dos prontuários de 17 pacientes oncológicos internados pelas duas equipes do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) de um município do Sul do Rio Grande do Sul. Cada equipe pode atender concomitantemente 10 pacientes os quais recebem visitas diárias nos turnos da manhã e tarde. Estas equipes são compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, tendo apoio de psicólogos, odontólogas, nutricionista, assistente social e capelão, além de residentes multiprofissionais em oncologia. Os dados foram coletados no mês de maio de 2017 e tabulados, obtendo-se os dois sintomas mais frequentes nos pacientes durante aplicação da ESAS no momento de sua internação no PIDI. Resultados: a partir da avaliação das ESAS dos 17 pacientes participantes deste estudo se observou que os dois sintomas mais frequentes foram falta de apetite (inapetência) e ansiedade. A inapetência ou mesmo a recusa de alimentos ou água é um sintoma frequentemente encontrado nos pacientes em cuidados paliativos, muitas vezes, relacionado a outros sintomas como náuseas, vômitos, dor, obstipação, diarreia, entre outros. Nesse sentido, a nutrição em cuidados paliativos tem como objetivo auxiliar na redução da ansiedade, no aumento da autoestima e da independência, ofertar conforto emocional, prazer, produzir maior integridade e melhor comunicação com seus familiares. Dessa forma, garantir a autonomia a pessoa no que diz respeito a sua nutrição e sua aceitação ou não, é necessário, respeitando-se os princípios da bioética, evitando-se assim tratamentos fúteis e por consequência reduzindo o seu sofrimento.5 Como segundo sintoma mais frequente, encontrou-se a ansiedade, comumente presente em pacientes em cuidados paliativos, sendo definida como um estado de humor desconfortável, manifestando-se como a vivência de um sentimento difuso de medo e de apreensão. Nos pacientes em cuidados paliativos, a notícia do diagnóstico de uma doença grave, sem perspectivas de cura ou percebida como uma doença de evolução refratária pode desencadear este sintoma, que com frequência evolui para um estado patológico, sendo importante o seu reconhecimento precoce para início da terapia adequada.6 Conclusão: a partir da construção deste trabalho observou-se que embora estudos e a vivência profissional no contexto dos cuidados paliativos apontem a dor como um dos sintomas mais frequentes alterados, neste estudo a inapetência e a ansiedade foram os sintomas que mais se destacaram entre os pacientes em cuidados paliativos, reforçando a relevância de sua investigação e identificação precoce para manejo e terapêutica adequada, visto que podem produzir alterações significativas no estado de saúde e bem estar dos pacientes e de seus familiares, os quais precisam estar elucidados e conscientes da melhor conduta frente aos diferentes aspectos relacionados aos efeitos de uma doença sem perspectiva curativa. Também, salienta-se a importância da utilização de instrumentos para mensuração dos sintomas dos pacientes como a ESAS, como estratégia de qualificação da atenção à pessoa em cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS:

  1. Organização Mundial de Saúde [página da internet]. Definition of palliative care. Genebra (CH): OMS, 2002. Disponível em: www.who.int/cancer/palliative/definition (02 mai. 2017)

  1. Monteiro DR, Almeida MA, Kruse MHL. Tradução e adaptação transcultural do instrumento Edmonton Symptom Assessment System para uso em cuidados paliativos. Rev Gaúcha Enferm 2013; 34(2):163-71.

  1. Manfredine LL. Tradução e Validação da Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton (ESAS) em pacientes com câncer avançado. [dissertação] Barretos (SP): Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos; 2014.

  1. Costa MACM, Antunes MTC. Avaliação de sintomas em doentes sem perspectiva de cura. Rev. Enf. Ref [periódico online] 2012; 3(7):63-72. Disponível em http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-02832012000200007&lng=pt&nrm=iso (03 mai. 2017)

  1. Nascimento AG. Papel da nutricionista na equipe de Cuidados Paliativos. In: Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Diagraphic; 2009. p.144-147.

  1. Guimarães RCD. Ansiedade e depressão em Cuidados Paliativos: como tratar. In: Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2ª Edição. Porto Alegre: Sulina; 2012. p.191-201.

      1. A IMPORTÂNCIA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Thayzzy Fátima Araújo Santos, Letícia Zanetti Marchi Altafim, Jael Rúbia Figueiredo de Sá França.

Cuidados Paliativos (CP) é uma prática multiprofissional que trabalha com indivíduos diagnosticados com doenças crônicas que estão fora de possibilidade de cura, assim, compreende-se CP por um atendimento que integre todas as dimensões do indivíduo, visando atingir uma melhor qualidade de vida para o doente e sua família, levando em consideração que as consequências causadas pelo adoecimento acarretam intenso sofrimento que afetam todos em volta do paciente (CARVALHO e PARSONS, 2012), levando em consideração que o acompanhamento em CP deve ser feito após a morte do indivíduo, cuidando do luto dos familiares. O terapeuta ocupacional é um dos profissionais que compõe a equipe de CP, e tem como objetivo promover maior conforto, dignidade e qualidade de vida ao sujeito, contemplando as suas limitações funcionais e o desempenho ocupacional, correlacionando-as com as atividades cotidianas e as diversas formas de dor e sofrimento (físico, psíquico, social e espiritual) gerados pelo adoecimento (BIGATAO, MASTROPRIETO e DE CARLO, 2009.2). O presente estudo consiste em um relato de experiência, a partir da vivência de alguns atendimentos hospitalares com um paciente diagnosticado com câncer no pâncreas feito por uma residente terapeuta ocupacional. Foram realizados um total de dez atendimentos com duração média de 40 a 50 minutos cada, as atividades desenvolvidas foram de alongamento, estimulação sensorial, escuta qualificada, orientações e medidas de conforto ao cuidador, manutenção de atividades significativas, atividades expressivas, treino de Atividade de Vida Diária (AVD), movimentação ativa assistida, estimulação cognitiva e participação de intervenções de profissionais de Enfermagem e Técnicos de Enfermagem. Os resultados obtidos com os atendimentos foram melhora da autopercepção corporal (Ex.: movimentação ativa dos MMSS e MMII); adequação postural espontaneamente do indivíduo no leito; melhora da cognição (Ex.: reconhecimento de faces, recordação da sua rotina de trabalho e orientação de tempo e espaço); aceitação do cuidador quanto ao processo de tratamento em cuidados paliativos e morte. Mesmo com a eminência de término da vida devido a uma condição patológica, é importante investir nos cuidados paliativos, pois essa abordagem possibilita ao indivíduo e familiares um cuidado ampliado, fazendo com que a morte seja um momento de dignidade.

REFERÊNCIAS:

  1. CARVALHO R.C.T., PARSONS, H.A. Manual de Cuidados Paliativos ANCP, 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2012.
  1. BIGATAO, M. R.; MASTROPRIETO, A.P.; DE CARLO, M.M.R.P. Terapia Ocupacional em Oncologia: A Experiência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. In: OTHERO, M. B. (org.). Terapia Ocupacional – Práticas em Oncologia. São Paulo: Editora Roca, 2009.2.

      1. CUIDADORES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM AÇÃO EDUCATIVA NA ATENÇÃO À ALIMENTAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS

Adivanio Cardoso, Daniela Corrêa da Silva de Farias, Rejane Vernet Taborda de Barros Varriale.

Introdução: Para atender as necessidades dos pacientes terminais, assim como da sua família, é essencial que a equipe seja multidisciplinar, cujo objetivo seja prevenir e aliviar os sintomas, o sofrimento e a dor, associando o apoio espiritual e psicológico desde o diagnóstico até o final da vida¹. O enfermeiro, enquanto profissional com habilidades em comunicação e avaliação dos sinais e sintomas, é essencial no suporte em equipe do paciente, família e cuidador, fazendo o gerenciamento e coordenação das metas assistenciais propostas no acordo terapêutico. Através da relação de proximidade física e afetiva, este estabelece a articulação de ações educativas mais assertivas². Ao fonoaudiólogo, por sua vez, cabe avaliar a eficiência da comunicação e alimentação do paciente e auxiliar na definição dos melhores procedimentos a serem tomados, dentro dos princípios dos cuidados paliativos, na busca da melhora da qualidade de vida. Este profissional tem capacidade em auxiliar o paciente a alimentar-se de forma segura, através de manobras, adequação postural e orientação da consistência e quantidade de alimentos, sendo quando possível, a manutenção do prazer em comer. Da mesma forma, tem condições de indicar vias alternativas em casos de intensificação da disfagia, trazendo conforto e segurança ao paciente e família³. A alimentação é comumente associada a vitalidade, bem-estar e qualidade de vida, sendo um pilar importante nas interações sociais e familiares. Muitas vezes, este acaba sendo o interesse central na preocupação dos familiares e ou cuidadores, comparado a outras questões complexas do tratamento proposto. A equipe multiprofissional deve priorizar a ingesta de uma alimentação balanceada, dentro das necessidades nutricionais do paciente, focando na redução dos sintomas relacionados ao consumo de alimentos, assim como a busca em manter hábitos e preferências alimentares do indivíduo, garantindo assim sua satisfação. Na terminalidade, o alimentar-se é uma das atividades que está alterada, o que consequentemente é uma grande fonte de preocupação para a família. Ao aproximar-se da morte, se faz necessário que os profissionais intervenham de forma que os sintomas sejam controlados, proporcionando conforto ao paciente. Objetivo: Através da observação de uma consulta multidisciplinar, pretende-se fazer uma avaliação sobre a abordagem do aspecto alimentar entre equipe e paciente/cuidador. Método: relato de experiência acerca do atendimento multidisciplinar realizado em um serviço de dor e medicina paliativa num hospital da região metropolitana de Porto Alegre, como meio de qualificar o cuidado e tratamento prestado. Resultados: Viu-se que durante as consultas em equipe interdisciplinar, não havia a abordagem do tema alimentação de forma adequada, embora fosse evidente que a dificuldade em se alimentar é um fator desencadeante de ansiedade para família e paciente. Muitas vezes o paciente não era questionado sobre como estaria acontecendo a sua rotina alimentar, suas preferências e seus hábitos de higiene oral. Percebeu-se que os profissionais não entendem a alimentação como um pilar importante, nas interações sociais e no aspecto emocional do paciente e de sua família, dando atenção somente à questão nutricional, necessária para a qualidade de vida dentro dos cuidados paliativos. Com a abordagem e a escuta qualificada deste paciente, pela equipe multidisciplinar, é possível promover controle de sintomas e retomada do prazer em alimentar-se, quando possível. Conclusões: A consulta em equipe multidisciplinar, levando em consideração os princípios dos cuidados paliativos, prepara o paciente e sua família para o gerenciamento de sua rotina com autonomia, diminuindo sintomas como ansiedade e medo, além de esclarecer dúvidas do paciente e familiares/cuidadores, proporcionando assim, uma melhor condição de saúde e qualidade de vida. Como proposta a essa observação, pensou-se em desenvolver um questionário que avalie de forma qualitativa e quantitativa os vários aspectos da abordagem da alimentação durante as consultas em cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS

  1. BRAVO, Ángela Natalia Aguirre; PEDROZA, Rosa Sampallo. Fonoaudiologia em los cuidados paliativos. Ver. Fac. Med. 2015; 63(2):289-300. Spanish. Doi: http://dx.doi.org/10.15446/revfacmed.v63n2.48539

  1. FIRMINO, Flávia. O papel do enfermeiro na equipe. Manual de Cuidados Paliativos – ANCP, 2009, páginas 335-336.
  1. PINTO, Adriana Colombani. O papel do fonoaudiólogo na equipe. Manual de Cuidados Paliativos – ANCP, 2009, páginas 358-360.
  1. BENARROZ, Monica de Oliveira; FAILLACE, Giovanna Borges Damião; BARBOSA, Leandro Augusto. Bioética e nutrição em cuidados paliativos

oncológicos em adultos. Cadernos de Saúde Pública, Set 2009, Volume 25, nº 9,

páginas 1875-1882. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2009000900002&lang=pt

  1. ALVES, Patricia Vinheiras. Intervenção do enfermeiro que cuida da pessoa em fim de vida com alterações do comer e beber. Pensar Enfermagem, 2013, vol. 17, nº 1.

      1. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA EM CUIDADOS PALIATIVOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Felipe Ferreira da Silva, Renata Ferreira Fagundes, Luiz Guilherme Lindemann, Janaina Baptista Machado, Carina Rabêlo Moscoso, Rodrigo Verzeletti Ribeiro.

Introdução: o fígado é uma glândula que executa diversas funções importantes no organismo, e é extremamente vulnerável a uma variedade de insultos metabólicos, tóxicos, microbianos, circulatórios e cancerosos. Uma das complicações do fígado é a cirrose, que se caracteriza como a fase final da doença hepática crônica que danifica o fígado completamente. O tecido cicatricial lentamente substitui o tecido saudável, impedindo que o órgão funcione corretamente. A cirrose hepática tem diferentes causas, sendo uma delas o etilismo crônico, que faz com que inicie-se um processo de infiltração gordurosa, inflamação e fibrose permanente do fígado. A cirrose alcoólica se desenvolve em cerca de 15 a 20% dos etilistas crônicos. Isto significa que mais ou menos uma em cada cinco pessoas com consumo pesado de álcool irão desenvolver cirrose hepática. Objetivo: relatar os cuidados de enfermagem prestados a um paciente com cirrose hepática em cuidados paliativos. Métodos: trata-se de um relato de experiência fundamentado no cuidado prestado a um paciente com cirrose hepática alcoólica em cuidados paliativos em um hospital de ensino do Rio Grande do Sul no mês de março de 2016. Resultados: paciente R.F.S., sexo masculino, 59 anos, diagnosticado com cirrose hepática alcoólica e hepatite B há 3 anos, estava na fila para transplante de fígado desde o diagnóstico. Foi internado devido a hemorragia digestiva alta em decorrência de varizes esofagianas sangrantes, ascite e insuficiência hepática. Após avaliação da equipe multidisciplinar, optou-se por colocar esse paciente em cuidados paliativos por não haver mais recurso terapêutico que visasse a cura da doença, restando o investimento em medidas de conforto durante a fase de terminalidade. Nos quatro primeiros dias de internação, o paciente apresentava-se lúcido e orientado, comunicando-se com a família e equipe, fazendo uso de oxigenoterapia por máscara de Venturi, terapia endovenosa com opióides e inibidores da bomba de prótons, lactulose oral e enteroclisma. Não foi possível realizar a paracentese devido à plaquetopenia. Foi instalada sonda vesical de demora, sonda nasogástrica aberta em frasco para drenagem de conteúdo sanguinolento e acesso venoso central. Após esse período, iniciou-se um quadro irreversível de encefalopatia hepática que levou o paciente a períodos de agitação, irritabilidade e confusão mental. Nesse ponto, vale ressaltar que o paciente estava ciente da sua condição de saúde e optou por saber tudo o que iria acontecer com o organismo dele com a progressão da piora dos sinais e sintomas. Desde esse momento, uma equipe multidisciplinar formada por enfermeiro, médico, nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga e acadêmicos, atuou para sanar todo tipo de dúvidas e questionamentos do paciente e família, oferecendo suporte psicológico para o enfrentamento da doença, trabalhando na perspectiva da morte e da vivência do luto. Conclusão: a experiência proporcionou vivenciar a prática dos cuidados paliativos prestados desde a iminência da morte até os últimos dias de vida do paciente, ofertando medidas de conforto que proporcionassem qualidade e conforto durante a fase de terminalidade, abrangendo tanto o paciente quanto a família.

REFERÊNCIAS

1. FBG. Federação Brasileira de Gastroenterologia. Doença Hepática Alcoólica. São

Paulo; 2017. Disponível em: http://www.fbg.org.br/Conteudo/2231/0/Doen%C3%A7a-Hep%C3%A1tica-Alco%C3%B3lica (30 abr. 2017).

      1. CARACTERIZAÇÃO DE ATENDIMENTOS ONCOLÓGICOS DOMICILIARES A PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS, NO MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO – RELATO DE EXPERIÊNCIA

Camilla Luiza Stracke Viana, Helena Bianchi, Fernanda Pagliarini.

Introdução: A demanda por Cuidados Paliativos (CP) é um problema atual de saúde pública, evidenciando-se a importância da reorganização dos serviços de saúde com a finalidade de assegurar sua oferta. A assistência domiciliar, neste âmbito, faz-se necessária pelo elevado grau de humanização que pode propiciar, pois reduz complicações decorrentes das longas internações hospitalares, diminui custos do tratamento e envolve a família, tanto nos cuidados, como no amparo afetivo ao paciente.¹ Objetivo: Relatar a experiência de atendimentos fisioterapêuticos e psicológicos, de residentes do programa de residência em atenção ao câncer, integradas à equipe multiprofissional, em atendimentos realizados para pacientes oncológicos em cuidados paliativos da rede pública municipal de saúde. Metodologia: Estudo de caráter qualitativo, abordagem intervencionista multiprofissional, com amostragem intencional, na qual participaram pacientes oncológicos em cuidados paliativos, no município de Passo Fundo/RS, no período de março a agosto de 2016. Os critérios de inclusão para o estudo foram pacientes que estavam em cuidados paliativos neste período, sendo estes drenados através de um hospital geral do referido município e convidados verbalmente a participar dos atendimentos. Os atendimentos foram realizados semanalmente, com duração média de uma hora, sendo realizado atendimento fisioterapêutico, visando melhora da qualidade de vida e maior independência funcional dentro das limitações de cada paciente, sendo reavaliados a cada sessão. Os atendimentos psicológicos visaram auxiliar emocionalmente paciente e familiares frente ao adoecimento, proporcionando maior qualidade da saúde mental durante o tratamento. Cada paciente teve um Projeto Terapêutico Singular, que era reavaliado quinzenalmente pelas profissionais. Resultados: Observou-se nestes atendimentos, melhora gradual da funcionalidade e qualidade de vida das pacientes, bem como motivação para desempenhar atividades simples de vida diária. As pacientes apresentaram reações emocionais adequadas durante o período de atendimento, demonstrando enfrentamento adaptativo do tratamento. Cuidadores e familiares demonstraram aperfeiçoamento no cuidado e manejo com as pacientes. Conclusão: No campo da fisioterapia domiciliar, esta vem se ampliando por perceber a influência do contexto domiciliar para o cuidado integral dos pacientes. Nesse ambiente, o fisioterapeuta realiza uma avaliação e elabora um plano de cuidados continuados, proporcionando maior conforto e praticidade para o paciente, que pode estar restrito ao leito, ou com dificuldade de mobilidade. O atendimento psicológico domiciliar segue, também, a perspectiva do cuidado integral ao paciente, visa aliviar o sofrimento daqueles que necessitam do tratamento psicológico no processo de adoecimento, exercendo importantes funções terapêuticas e preventivas à pacientes e cuidadores.

REFERÊNCIAS

  1. Queiroz AHAB, Pontes RJS, Souza AMA, Rodrigues TB. Percepção de familiares e profissionais de saúde sobre os cuidados no final da vida no âmbito da atenção primária à saúde. Ciênc. Saúde Coletiva [Internet]. 2013; 9:2615-2623. Disponível

em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232013000900016&lng=en. (30 abr. 2017)

      1. ACOMPANHAMENTO MULTIDISCIPLINAR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Camilla Luiza Stracke Viana, Helena Bianchi, Fernanda Pagliarini.

Introdução: O atendimento multiprofissional a pacientes oncológicos hospitalizados promove integralidade na assistência, efetividade do tratamento, melhoria das condições de saúde e troca de informações entre os profissionais para melhoria do serviço prestado. Ao se tratar de pacientes oncológicos em cuidados paliativos, o cuidado ativo e total independem de o paciente estar ou não realizando tratamento oncológico, deseja-se a melhora da qualidade de vida através do controle da dor e de outros sintomas, além dos problemas psicológicos, sociais e espirituais. Objetivo: relatar a experiência do acompanhamento multidisciplinar a pacientes oncológicos em cuidados paliativos (CP) internados em um hospital geral da cidade de Passo Fundo. Método: O acompanhamento multidisciplinar foi realizado por residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção ao Câncer da Universidade de Passo Fundo. Os atendimentos tiveram como objetivo identificar as fragilidades dos pacientes durante o tratamento, analisar a aderência ao mesmo e realizar o cuidado necessário durante a internação na Unidade Hospitalar. Resultados: O acompanhamento permitiu realizar um atendimento integral e humanizado por meio da oferta do atendimento multiprofissional para manejo e cuidado, visando não somente a internação, mas as práticas de assistência após a alta do paciente, através da construção de elo entre cuidadores e equipe, propiciando melhor manejo dos sintomas por intermédio das orientações específicas a cada paciente. Conclusão: A realização do acompanhamento multidisciplinar durante a internação hospitalar promoveu maior qualidade ao serviço prestado ao paciente, possibilitando a inclusão de práticas integrativas através de um trabalho cooperativo de responsabilização entre os sujeitos e interação entre os pacientes e profissionais, fortalecendo a aceitação à terapêutica aos pacientes em cuidados paliativos.

      1. CUIDADOS PALIATIVOS A PACIENTES COM FERIDAS ONCOLÓGICAS NA ATENÇÃO DOMICILIAR

Daniela Marques Herzer, Fernanda Sant’Ana Tristão, Jefferson Sales da Silva, Maria Angélica Silveira Padilha.

Introdução: Feridas oncológicas são formadas pela infiltração de células malignas do tumor nas estruturas da pele, ocorrendo a quebra de integridade do tegumento, levando a formação de uma ferida evolutiva em decorrência da proliferação celular descontrolada que é provocada pelo processo de oncogênese. Em média 5% a 10% dos pacientes com câncer desenvolvem lesões oncológicas. Esse fato pode ocorrer durante os seis últimos meses de vida, em consequência do tumor primário ou metastático. Elas causam dor, prurido, sangramento, secreções, odor e fístulas. Estas lesões de pele apresentam mau prognóstico, geralmente não cicatrizam e exigem cuidados paliativos para aliviar os sintomas, diminuir complicações e melhorar a qualidade de vida através da prevenção e do alívio do sofrimento do paciente e sua família. Objetivo: Descrever a atuação do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL (HE–UFPEL) nas orientações das Equipes de Atenção Domiciliar no tratamento de pacientes em cuidado paliativo que apresentem lesões oncológicas. Método: trata-se de uma pesquisa descritiva, do tipo relato de experiência, desenvolvida no mês de abril e maio de 2017. O estudo foi construído a partir da vivência dos membros do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL. Resultado: Contextualização do Cenário. O Serviço de Atenção Domiciliar no HE – UFPEL contempla o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar para Pacientes Oncológicos, cujas internações são dirigidas a pessoas com diagnóstico de câncer, contemplando principalmente pacientes em fase de cuidados paliativos. O

1Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Enfermeira do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPel/EBSERH. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC). dmherzer16@gmail.com

2Enfermeira. Doutura em Ciências pela Universidade Federal de Pelotas. Docente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC). enfermeirafernanda1@gmail.com

3Enfermeiro. Técnico em Enfermagem do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL/EBSERH. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC) jeffe_salles@hotmail.com

4Enfermeira. Mestre em Ciências pela Universidade Federal de Pelotas. Coordenadora do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL/EBSERH. Vice-líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC) padilha.mangell@gmail.com

programa conta com duas equipes de médicos clínicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem e apoio complementar de assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, farmacêuticos voluntários e auxiliar administrativo. As visitas aos pacientes são feitas duas vezes ao dia, resultando em maior conforto e atenção humanizada. E contempla também o Melhor em Casa que atende pacientes que possuem problemas de saúde que necessitem de maior frequência e intensidade de cuidados e acompanhamento contínuo, dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde. O atendimento é feito por três Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD), formadas por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e assistentes sociais e uma Equipe Multiprofissional de Apoio (EMAP), formada por fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo. As EMAD’s são distribuídas em: EMAD SUL – Fragata, Barragem, Centro Sul e Porto/Várzea; EMAD NORTE – Três Vendas, Areal Norte e Centro Norte e EMAD LESTE – Areal, Fátima/Balsa e Laranjal. Atuação do Grupo de Pele do HE– UFPEL: os profissionais das equipes procuram o Grupo de Pele para solicitar orientações no manejo das lesões cutâneas. Diante da solicitação de acompanhamento a enfermeira do Grupo, responsável pela atenção domiciliar, acompanha a equipe e realiza a avaliação do paciente. Durante a visita domiciliar é feita uma minuciosa avaliação do paciente, e da lesão que inclui: identificação do tipo de lesão, tipo de tecido no leito, características do exsudato, características da pele perilesional, mensuração, registro fotográfico, e são fornecidos as primeiras orientações para a realização do tratamento para equipe de saúde, cuidador e familiares. Os cuidadores são informados de todas as condutas tomadas. As informações coletadas são levadas ao conhecimento do Grupo de Pele, sendo analisadas e discutidas e partir delas é formulado um plano de cuidado. O plano de cuidado é discutido com a Equipe de AD e são marcadas novas visitas domiciliares, para posteriores reavaliações das ações. Sempre é solicitado a enfermeira que realize o registro fotográfico e mensuração para manter o acompanhamento. As lesões oncológicas prevalentes estão relacionadas a câncer de mama e períneo. Dentre os principais sintomas destaca-se o odor, o exsudato, a dor, o sangramento e a necrose. Entre as questões psicossociais a mudança de imagem corporal, o isolamento social, constrangimento e vergonha estão associados com o viver e cuidar de uma ferida desta natureza. A compreensão das metas dos cuidados paliativos, como essencial no desenvolvimento de um plano de tratamento com foco sobre o controle de sintomas das lesões é uma das ações para manutenção da qualidade de vida dos usuários atendidos. Conclusão: Os cuidados paliativos em lesões oncológicas, são uma grande preocupação na assistência à saúde já que os efeitos da doença interferem diretamente na qualidade de vida. A progressão da doença, o aumento da lesão, as dificuldades no controle dos sintomas trazem um sentimento de impotência para o enfermeiro. A atuação do Grupo de Pele e as ações que desenvolve de avaliação e tratamento de lesões oncológicas tem um papel importante na minimização do desconforto e alterações psicossociais que podem ser gerados pelas lesões nos usuários.

      1. CUIDADOS PALIATIVOS EM ENFERMAGEM:VALORIZANDO O BEM ESTAR NO PROCESSO DE FINITUDE – REVISÃO INTEGRATIVA

Cáren Igure Noble, Tamara Rios de Avila, Daciclei Lopes da Fonseca, Ismael Moron de Souza Reinhardt, Isabel Cristina Rios de Avila, Susi Lauz.

10-11

Introdução: A humanização na saúde em cuidados paliativos surgiu com a necessidade de se resgatar e valorizar o outro por meio de uma sensibilidade há muito abandonada pelos profissionais de saúde1. Vale aprofundar a temática de forma integral e humanística, respeitando a individualidade do ser, valorizando suas crenças, atentando para a comunicação e estando presente na relação do cuidado, tornando-se imprescindível que a humanização seja despertada nos profissionais de saúde2. Em 2003 foi criada a Política Nacional de Humanização(PNH) pensada em evidenciar a interface entre o cuidado e a gestão nos serviços de saúde. A educação permanente emergiu recentemente como um método em saúde indispensável para as práticas de formação, atenção, transformação e interação dos saberes e práticas, no cenário real do público alvo estabelecendo integralidade no processo de cuidar3. Para a equipe de enfermagem, a humanização pode ser definida como ter respeito pelo ser humano e a empatia como um diferencial no processo de acolhimento de pacientes que estão submetidos aos cuidados paliativos. Surge, na fase final da vida, um dos possíveis caminhos para a intervenção da enfermagem e dos demais profissionais de saúde, pois, os mesmos participam de um processo de assistência e terapêutica que confluem no sentido de auxiliar e proporcionar uma melhoria na qualidade dos cuidados prestados, bem como no relacionamento que se estabelece com os seus familiares. Os Cuidados Paliativos (CP), segundo a World Health Organization (WHO) é uma terapêutica humanizada ao cuidado de pacientes cuja doença não responde ao tratamento curativo. Quando a doença se encontra em fase avançada e progressiva os cuidados visam o bem-estar do paciente, buscando fornecer uma melhor qualidade de vida para os pacientes e suas famílias4. Objetivo: Verificar os cuidados paliativos desenvolvidos pela enfermagem e averiguar quais são as estratégias utilizadas por para promover os cuidados paliativos. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, construída a partir das seguintes etapas: desenvolvimento da questão norteadora; a qual envolve a análise de artigos científicos relacionados com a temática; extração de dados dos estudos; análise e síntese dos resultados. Resultados: CP é uma abordagem terapêutica que envolve uma equipe multidisciplinar adequadamente capacitada. É considerado como uma filosofia do cuidar, cujo escopo é o de proporcionar aos pacientes sem possibilidades terapêuticas de cura e seus familiares uma melhor qualidade de vida5.O CP busca identificar e reduzir problemas nas esferas física, psicológica, espiritual e/ou social5-6. Percebe-se que no processo de terminalidade, o enfermeiro manifesta o cuidado paliativo quando o cuidado curativo deixa de ser o propósito principal, buscando que o exercício profissional amenize o sofrimento, confortando o paciente, expresso pela redução da dor/sofrimento com adoção de medidas que não só asmedicamentosas7. O cuidado incorpora a ideia de atendimento às necessidades humanas básicas, numa atitude acolhedora do profissional ao ser empático com esse paciente e promover a resolutividade dessas necessidades. No Brasil, algumas diretrizes foram subsidiando e estimulando a criação e implementação de serviços no processo de saúde-doença, que dispõem esse tipo de cuidados. Dentre elas, pode-se citar o Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos, dispondo na Portaria nº 19, de 03 de janeiro de 2002, que amplia a inserção de Cuidados Paliativos instituindo no âmbito da saúde. No art.1º, afirma que: “estimular a organização de serviços de saúde multidisciplinar para a assistência a pacientes com dor e que necessitam de Cuidados Paliativos, sensibilizar/treinar os profissionais de saúde para a adequada abordagem destes pacientes”3-6. Verifica-se um aumento da população idosa e, consequentemente, do aparecimento de doenças crônicas e terminais que inevitavelmente conduzem a pessoa a confrontar-se com o processo de morte/morrer. Deste modo, torna-se importante, os cuidados paliativos exercidos pela equipe de saúde, onde é sanado as necessidades do doente e dos familiares, a promoção e preservação da dignidade humana durante esse processo de transição9. Um doente em fase terminal possui além da dor física, a dor psicológica e o desgaste emocional. Desta forma, as principais necessidades do doente terminal e a sua família estão direcionadas para a gestão da dor e o sofrimento, existindo a necessidade de expressarem seus medos, angústias e sofrimentos, para que se sintam amparados, respeitados e compreendidos pelo enfermeiro e por todos os profissionais de saúde que lhe prestam cuidados13. Conclusões: Espera-se que este trabalho, conscientize acadêmicos e profissionais de enfermagem e da saúde, quanto à importância de reflexão sobre a temática, buscando sensibilizá-los, uma vez que irão cuidar de seres humanos, principalmente em seu processo de finitude.

Palavras Chaves: Cuidados Paliativos; Terminalidade; Humanização

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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  1. A Importância de uma unidade de cuidados paliativos nos hospitais privados. Disponível em: http://repositorio.ipvc.pt/handle/20.500.11960/1823. Acesso em: 03 de maio de 2017.

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      1. O PAPEL DA PSICOLOGIA EM ÁREAS CRÍTICAS E AS DIRETIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE: POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO

Paula Azambuja Gomes, Rita Gigliola Gomes Prieb, Simone Medianeira Scremin, Waleska Jerusa de Souza Mendonça.

Introdução: As diretivas antecipadas de vontade, a partir da Resolução CFM 1955/20121, preconizam que o desejo do paciente deve ser respeitado, sendo ele o principal norteador do seu tratamento e condutas. Em nossa experiência adquirida com a Residência Integrada Multiprofissional em Saúde, ênfase Adulto Crítico, em um Hospital Universitário de Porto Alegre, percebemos que mesmo tal temática tendo respaldo nesta resolução, ao trabalharmos sobre medidas de tratamento paliativos em diferentes cenários, nos deparamos com entraves que dificultam a comunicação entre as equipes e o respeito ao desejo do paciente. Desta forma, se faz necessário uma intermediação da psicologia a fim de resguardar a vontade expressa pelo paciente com relação aos procedimentos considerados pertinentes para alívio do sofrimento e aqueles aos quais não quer ser submetido em caso de final da vida. A equipe da psicologia que atua nos cenários Emergência e Centro de Terapia Intensiva (CTI) constantemente intervém com vistas a auxiliar a equipe a lidar com as suas limitações e expectativas frente ao desejo expresso pelo paciente. Culturalmente, estes dois cenários são ambientes que tem por objetivo o uso de tecnologias duras e leves-duras, com o intuito de salvar vidas. No entanto, o trabalho da psicologia tem se pautado na propagação da importância das tecnologias leves, como recursos terapêuticos de grande valia2,3. Objetivo: Compartilhar a atuação do psicólogo em unidades críticas, como profissional que favorece a comunicação entre paciente e equipe. Através de mediação nas discussões clinicas em round médico e multiprofissional, e por meio do registro da decisão em prontuários, respaldando o que está preconizado pelas diretrizes antecipadas de vontade do paciente. Metodologia: Será utilizado método de relato de experiência. Abrangendo período de março de 2016 a maio de 2017, nas unidades de CTI e Emergência do Hospital de Clinicas e Porto Alegre (HCPA)-Brasil/RS. Resultado: Um dos grandes problemas percebidos nessa experiência é a dificuldade de comunicação entre as equipes e a definição de qual equipe é responsável por determinar como será o desfecho dos atendimentos, priorizando o desejo expresso pelo paciente. Dentro disto, observou-se dificuldades internas dos profissionais envolvidos, tais como sentimentos de impotência e frustração profissional em não conseguir obter o desfecho esperado. Existem divergências entre a equipe assistente e equipe da unidade crítica, onde o paciente se encontra, pois, muitas vezes o paciente expressa seu desejo de não serem realizados procedimentos invasivos durante os atendimentos de rotina e essa informação não é repassada a equipe da unidade crítica. Neste momento, em função da dificuldade sobre qual área deve definir as condutas e respeitar a vontade do paciente no fim de vida, torna-se crucial o psicólogo como mediador da relação da equipe com o paciente e a família, minimizando possíveis falhas na comunicação entre os membros das equipes CTI/Emergência/Equipe Assistente e Paciente/Família. Auxiliar a equipe a tolerar a decisão do paciente e sua família em não prolongar a vida com tratamentos considerados fúteis e que podem não trazer benefícios terapêuticos ao paciente é um desafio a ser enfrentado na instituição pelos psicólogos que atuam em áreas críticas. Além disso, o amparo emocional ao paciente, família e equipe é essencial, haja vista que todos se beneficiam quando se propicia comunicação efetiva entre os envolvidos no processo de finitude2. Conclusão: Encorajar a reflexão sobre o processo natural de finitude, entendendo que o entrave entre a comunicação ocorre pela dificuldade dos membros da equipe em lidar com sentimentos de impotência e frustração profissional em não conseguir obter o desfecho esperado. Igualmente, auxiliar na dificuldade de comunicação entre as equipes e a definição de qual equipe é responsável por determinar como será o desfecho dos atendimentos é uma das principais missões do psicólogo atuante nas áreas críticas.

REFERÊNCIAS

  1. BRASIL. Resolução Nº 1.999/2012, de 19 de outubro de 2012. A falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento. Conselho Federal de Medicina. Brasília. 2017. Disponível em: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1999_2012.pdf

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Gomes MJB, Barros LHC. Temas em Psico-oncologia. 1a Edição. São Paulo: Summus Editorial; 2008.

  1. Simonett A. Manual de Psicologia Hospitalar – o mapa da doença. 5a Edição. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2009.
      1. DESPEDIDA SILENCIADA: A “CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO” COMO UM ENTRAVE NA COMUNICAÇÃO DE UM SERVIÇO DE CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL ESCOLA

Paula Azambuja Gomes, Amanda Bianchi, Dalvana Zago, Mônica Echerrevia de Oliveira, Suzelmara Mello Craidy.

Introdução: O paciente gravemente enfermo sabe inconscientemente sobre seu processo de adoecimento e finitude. Uma postura bastante recorrente e paternalista que ocorre é a evitação de uma conversa franca da equipe com o paciente e seus familiares sobre tal condição1. Entretanto esta mesma postura pode ocorrer quando apenas uma parte dos envolvidos têm o conhecimento real dos fatos. Esta condição pode criar uma situação conhecida como “conspiração do silêncio”, que acaba criando um isolamento emocional, ficando de um lado o paciente e de outro a família, todos com sentimentos, dúvidas e anseios semelhantes, mas não compartilhados1,2. Objetivos: Identificar como e de que forma ocorre a conspiração do silêncio no Núcleo de Cuidados Paliativos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) – Brasil/RS; Identificar em quais contextos e relações se processa a conspiração do silêncio; Quais as consequências dessa prática. Metodologia: O método utilizado neste trabalho é o relato da observação e atuação do profissional de psicologia dentro do Núcleo de Cuidados Paliativos na referida instituição no período de março de 2016 a maio de 2017. Resultados: Através da prática no Núcleo de Cuidados Paliativos foi possível perceber por vezes a existência da “conspiração do silêncio” como uma das formas de comunicação entre equipe- paciente-família. Em sua maioria, observamos que ocorre entre profissionais e familiares que buscam evitar falar em terminalidade e morte, com a ideia de poupar o paciente, por achar que poderão aumentar sua dor, causar sofrimento e deprimí-lo. Identifica-se esta forma de comunicação quando o paciente é isolado das conversas referentes ao diagnóstico/prognóstico, ao plano de tratamento, sendo assim impedido de participar das decisões em relação ao seu tratamento e futuro, influenciando nas suas escolhas referentes à qualidade do tempo em seu fim de vida. Frente a este entrave na comunicação, há dificuldade dos envolvidos em elaborar o luto antecipatório, o impedimento da finalização de assuntos importantes e despedida de entes queridos, dificulta a expressão de sentimentos, podendo gerar isolamento e sentimento de abandono. Percebe-se que o calar ocorre na tentativa não só de poupar o paciente, achando que seria esta a melhor forma de lidar com o que vem sendo vivenciado, mas também ocorre devido à dificuldade em lidar com a dor do outro, calar por não suportar perceber e trazer a certeza da iminência da morte para o presente. Essas características de dinâmica na comunicação são observadas pela equipe e o psicólogo irá se colocar nessa relação como um facilitador, respeitando o tempo e as defesas emocionais, proporcionando um espaço onde poderão ser expressos os conteúdos que deverão ser acolhidos e (re)significados1,3. Conclusão: Diante das inúmeras formas de expressão e comunicação existente nas relações humanas o silêncio enuncia o que vai além das palavras, um sofrimento que não é compartilhado. Frente ao entrave gerado pela “conspiração do silêncio”, o psicólogo intermédia a comunicação entre equipe-paciente-família, sendo essencial o amparo psíquico/emocional a todos os envolvidos, visto que todos se beneficiam quando ocorre comunicação efetiva entre os envolvidos no processo de finitude.

REFERÊNCIAS

  1. Maciel MGS. et al. Critérios de qualidade para os cuidados paliativos no Brasil / documento elaborado pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2006.

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      1. UM ANO DE EXPERIÊNCIA: PERFIL DE ATENDIMENTO DA EQUIPE DE CONSULTORIA DE CUIDADOS PALIATIVOS – HE/UFPEL/EBSERH

Ana Cristina Fraga da Fonseca, Julieta Carriconde Fripp, Marcia Inêz Xavier dos Santos, Simone da Fonseca Sanghi, Tais Manjourany Leivas, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: A transição demográfica proporcionou uma redução da taxa de natalidade e um

aumento da expectativa de vida. Dessa forma, temos aumento significativo das doenças

crônicos não transmissíveis como neoplasia, doenças cerebrovasculares e pulmonares1. Com

esse novo perfil de pacientes crônicos é necessário a instituição de Cuidados Paliativos o qual

tem como objetivo, segundo a Organização Mundial da Saúde, a melhoria da qualidade de vida

do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção

e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e

demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. A equipe de consultoria em

cuidados paliativos do Hospital Escola é constituída de médico, enfermeiro, psicólogo e

assistente social e presta atendimento aos pacientes e familiares por meio de solicitação da

equipe assistente, onde o atendimento é mantido a partir da primeira avaliação até a saída do

paciente. Dentre as atividades desenvolvidas por esta equipe, destaca-se: avaliação e manejo

das necessidades físicas, emocionais, sociais e espirituais, elaboração de plano de cuidados,

comunicação acerca

  1. Enfermeira da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica. Mestranda do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da UFPEL;
  1. Médica Paliativa – Medicina Intensiva AMB/AMIB; Docente Disciplina Cuidados Paliativos – FAMED/UFPel; Médica TAE do Hospital Escola – UFPEL; Especialista em Gestão Hospitalar – IEP/HSL; Líder do Grupo de Pesquisa LEP-RCP; Doutora em Ciências UFPEL; Coordenadora Programa Melhor em Casa Pelotas junto ao MS

  1. Assistente Social do Programa Melhor em Casa; Especialista em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional pela UFPEL;
  1. Assistente Social da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em Saúde Coletiva pela Escola de Saúde Pública do RS; Mestre em Serviço Social pela PUCRS e Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;

  1. Psicóloga da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH e Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;
  2. Médica Geriátrica da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH;

do adoecimento e terminalidade, planejamento e orientação para alta, encaminhamento ao serviço de atenção domiciliar quando necessário e ações educativas envolvendo equipe, paciente e familiar ou cuidador. Objetivo: Avaliar o primeiro ano de atendimento da equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. Métodos: Estudo prospectivo de pacientes atendidos pela equipe de consultoria em Cuidados Paliativos do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, no período de 01 de janeiro à 31 dezembro de 2016. Avaliado sexo, idade, diagnóstico, período entre internação e solicitação da consultoria pela equipe assistente, tempo de permanência em acompanhamento com a equipe consultora e desfecho clínico. Resultados: No período analisado foram atendidos um total de 107 pacientes, com predomínio de 57% do sexo feminino. Com relação a idade dos pacientes atendidos, houve maior prevalência de pacientes na faixa etária dos 51 aos 60 anos e dos 61 aos 70 anos, respectivamente com 30 e 29%. O diagnóstico principal dos pacientes encaminhados era neoplasia, 93% dos casos. E ao avaliarmos o sítio primário da neoplasia encontramos pulmão e intestino como de maior incidência, o primeiro com 22% e o segundo, 13%. Em relação ao tempo de seguimento até a saída do paciente, 78 pacientes foram acompanhados pela equipe por cerca 20 dias e 4 pacientes por um período maior de 2 meses, sendo que em média a permanência do acompanhamento foi de 16 dias. Em 12% dos atendimentos (13 pacientes) a equipe foi acionada nas últimas 48h de vida do paciente ou na fase ativa de morte, e no restante dos atendimentos, a equipe assistente levou em média 17 dias, após a internação do paciente, para chamar a equipe de consultoria. Quanto ao desfecho, 60% dos pacientes evoluíram para o óbito, e o restante tiveram sua saída do hospital através de alta ou transferência para outras unidades hospitalares. Conclusão: Esta análise inicial, nos permite concluir, que a quase totalidade dos atendimentos a pacientes oncológicos, se deve ao fato de que, a grande maioria dos profissionais ainda considera que o cuidado paliativo deve ser instituído principalmente a pacientes com câncer. E, que a demora em solicitar o atendimento a equipe de consultoria dificulta a implantação de cuidados que são necessários para aliviar o sofrimento ocasionado pela doença ameaçadora da vida. Com isso, destaca-se a relevância de instituir programas de ações educativas a equipe de saúde para o entendimento do cuidado paliativo como medida para melhorar a qualidade de vida e aliviar o sofrimento a pacientes que apresentam doenças que ameacem a continuidade da vida.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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  1. CARVALHO, R. T.; PARSONS, H. A. (Org.) Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2.ed. São Paulo: s. n., 2012.
      1. MOMENTOS FINAIS DA VIDA: O RELATO DE UMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS

Ana Cristina Fraga da Fonseca, Julieta Carriconde Fripp, Marcia Inêz Xavier dos Santos, Simone Fonseca Sanghi, Tais Manjourany Leivas, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: O modo de morrer é apresentado de diversas formas, dependendo do contexto histórico e cultural5. Um dos princípios dos cuidados paliativos é considerar a morte como um processo normal da vida, propondo uma aceitação social do processo de morrer: Morrer com dignidade! Para garantia da morte digna, faz-se necessário uma atenção dirigida ao controle de sintomas e do sofrimento e promoção do bem-estar e da qualidade de vida2. Assim, cabe a Equipe de Cuidados Paliativos perceber as fragilidades do paciente diante da terminalidade, contribuindo com o cuidado humanizado que permita uma partida serena e digna. O cuidado humanizado consiste na sensibilização da assistência integral dos pacientes e familiares, sendo que aquele abrange as diversas dimensões (física, psicológica, social e espiritual) do sofrimento humano para proporcionar uma sobrevida e um processo de morrer dignos1. Objetivo: Refletir as expectativas da equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos frente a experiência da morte. Métodos: Este estudo refere-se a uma abordagem descritiva com dados

  1. Enfermeira da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica. Mestranda do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da UFPEL;
  1. Médica Paliativa – Medicina Intensiva AMB/AMIB; Docente Disciplina Cuidados Paliativos – FAMED/UFPel; Médica TAE do Hospital Escola – UFPEL; Especialista em Gestão Hospitalar – IEP/HSL; Líder do Grupo de Pesquisa LEP-RCP; Doutora em Ciências UFPEL; Coordenadora Programa Melhor em Casa Pelotas junto ao MS

  1. Assistente Social do Programa Melhor em Casa; Especialista em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional pela UFPEL;
  1. Assistente Social da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em Saúde Coletiva pela Escola de Saúde Pública do RS; Mestre em Serviço Social pela PUCRS e Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;

  1. Psicóloga da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH e Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;
  2. Médica Geriátrica da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH;

qualitativos, realizado em um Hospital Universitário na cidade de Pelotas pela equipe de consultoria em Cuidados Paliativos, composta por um médico, enfermeiro, assistente social e psicólogo. A equipe, durante 20 dias, acompanhou um paciente de 43 anos com diagnostico de Obstrução Intestinal Maligna, sem possibilidade de tratamento cirúrgico o qual evoluiu para estratégia paliativa exclusiva. As visitas foram realizadas diariamente com no mínimo dois componentes da equipe, onde se utilizou a Escala de Edmonton para avaliação dos sintomas, avaliação psicossocial, observação e entrevista com familiares. Resultados e Conclusões: Nos momentos finais da vida o Cuidado Paliativo proporciona amparo e conforto. Desta forma, procura-se promover o controle dos sintomas, manutenção da qualidade de vida, apoio e segurança, pois sabemos que o abandono e a insegurança podem ser maiores que o medo da morte. Assim, a partir do acompanhamento realizado ao paciente citado, evidenciou-se que o mesmo expressava o desejo de abreviar o processo de morte e mostrava-se pouco comunicativo com a equipe e familiares, rejeitando as estratégias propostas de comunicação, aproximação da equipe, medidas de conforto, terapia ocupacional, musicoterapia e abordagem espiritual. Sendo assim, mesmo entendendo o comportamento do paciente como sendo integrante do processo de luto da morte, estas condições provocaram dificuldades na abordagem pela equipe gerando sentimento de rejeição, frustação e impotência, levando-nos a rever nossas expectativas e ressignificar a abordagem paliativa e o processo de morte. A partir da experiência vivida com o processo de morte, aprendemos que não existe modo/jeito certo de morrer, pois a morte pode ter significados diferentes e romper com protocolos definidos da chamada “boa morte”. Os momentos finais da vida, podem ser cercados de isolamento, tristeza e recolhimento por parte do paciente, não necessariamente sendo algo direcionado a equipe ou familiares. Estas percepções levaram a equipe a compreender que se deve respeitar o silencio e a introspecção profunda do paciente e que paliar também permitir o olhar, a presença, o toque e a comunicação não verbal. E, que estes sentimentos de frustação e desapontamento vivenciados pela equipe de cuidados paliativos vão além das habilidades técnicas e só serão amenizados com as experiências futuras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

  1. CARDOSO. Daniela Habekost; MUNIZ. Rosani Manfrin; SCHWARTZ. Eda; & ARRIEIRA. Isabel Cristina de Oliveira. (2013) Cuidados Paliativos na Assistência Hospitalar: a vivência de uma equipe multiprofissional, Texto Contexto Enferm., 22(4): 1134-1141.

  1. CARVALHO. Ricardo Tavares; PARSONS. Henrique Afonseca (org). Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2.ed. São Paulo: Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2012.

  1. SALTZ. Ernani; JUVER. Jeane (org). Cuidados Paliativos em Oncologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio de Janeiro, 2014.
  1. RODRIGUES. Inês Gimenes; ZAGO. Marcia Maria Fontão. (2012) A morte e o morrer: maior desafio de uma equipe de cuidados paliativos, Cienc Cuid Saude, 11(suplem.): 31-38.

  1. MENEZES. Rachel Aisengart. Em Busca da Boa Morte: antropologia dos

Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro: Garamond: FIOCRUZ, 2004.

      1. INICIATIVAS DA UTILIZAÇÃO DE HIPODERMÓCLISE E TERAPIA SUBCUTÂNEA PARA PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS NO AMBIENTE HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Sandy Alves Vasconcellos, Letícia Valente Dias, Clarice de Medeiros Carniére, Luana Amaral Mortolla, Ana Cristina Fraga da Fonseca, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: Hipodermóclise e terapia subcutânea tem por definição, a administração de fluidos isotônicos e/ou medicamentos pela via subcutânea, com a finalidade de reposição hidroeletrolítica e terapia medicamentosa1. O uso dessa técnica é segura e eficaz, devendo ser indicada sempre que houver impossibilidade da via oral ou a necessidade de hidratação por meio de grandes volumes de forma intermitente ou contínua2. A realização da punção e administração de medicamentos é feita pela equipe de enfermagem, desde que o profissional seja habilitado e capacitado para realizar o procedimento. O local da punção deve ser avaliado continuamente, ressaltando que os fluidos a serem administrados e o tempo de infusão precisam estar especificados em um protocolo institucional3. A padronização desses procedimentos tem o intuito de sistematizar a práxis dos profissionais na realização dos cuidados em pacientes em condições paliativas1. Em 2002, a OMS definiu cuidados paliativos (CP) como uma abordagem ou tratamento que melhora a qualidade de vida de pacientes e de seus familiares, que estão à frente de doenças que ameacem a vida e sua continuidade. Assim, se faz necessário avaliar e controlar todos os sintomas de natureza física, psíquica, social e espiritual4. Os pacientes terminais apresentam, com frequência, condições clínicas que prejudicam a via intravenosa, necessitando de vias alternativas para o suporte clínico, com isso, a

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com

2Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com
  1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: lumortola92@gmail.com
  1. Enfermeira. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: anacfragafonseca@gmail.com
  1. Médica. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. E-mail: nessapfernandes@gmail.com

hipodermóclise e terapia subcutânea pode ser implementada como esta via alternativa para reposição de fluidos, eletrólitos e medicamentos1. Objetivo: descrever as experiências vivenciadas por enfermeiras residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica durante a implementação do uso da hipodermóclise e terapia subcutânea no ambiente hospitalar de um Hospital Escola no Sul do Rio Grande do Sul. Pretende-se também realizar o levantamento sobre as facilidades e dificuldades encontradas pelas equipes. Metodologia: Estudo qualitativo, descritivo do tipo relato de experiência que descreve o uso da hipodermóclise e terapia subcutânea no meio intrahospitalar. O período compreende os meses de novembro de 2016 a fevereiro de 2017. Resultados: Primeiramente, por iniciativa das enfermeiras residentes, foi realizada uma apresentação sobre o tema hipodermóclise e terapia subcutânea em um round multidisciplinar que compreendia diferentes profissões da área da saúde como: medicina, odontologia, psicologia, nutrição, terapia ocupacional, fisioterapia e serviço social. A apresentação teve o intuito de discutir sobre o tema e propor o uso da técnica para os pacientes em cuidados paliativos que possuem impossibilidade da via oral e rede venosa prejudicada para fins de hidratação nos casos de desidratação leve ou moderada e administração medicamentosa. Após a apresentação inicial, foi possível constatar o desconhecimento por parte dos profissionais sobre a técnica adequada e fármacos utilizados por essa via. A partir dessa iniciativa, foram observadas na prática algumas tentativas de implementação da via para pacientes internados, contudo observou-se pouca adesão e resistência dos profissionais. A fim de colaborar para a disseminação da técnica no ambiente hospitalar, as residentes construíram o Procedimento Operacional Padrão (POP) sobre o assunto em conjunto com os profissionais da equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos (CCP), a partir de encontros semanais, de discussão e revisão da literatura atualizada. O POP em questão encontra-se em fase de avaliação para ser disseminado no hospital e é constituído pela demonstração da técnica de punção, indicações, contra-indicações e medicações a serem administradas por essa via. Pretende-se após sua aprovação realizar a capacitação das equipes através de um projeto de educação permanente sobre o tema, a fim impulsionar a prescrição e o uso prático da técnica. Conclusão: Com base no exposto, destaca-se que o uso da técnica no ambiente hospitalar apresentou diversas dificuldades relacionadas a falta de informação dos profissionais. Como potencialidade pode-se ressaltar a formação da parceria das residentes com a equipe CCP que fomentou a construção do POP e iniciativas educativas dentro do serviço de saúde. Desta forma, é possível concluir que a via de hipodermóclise e terapia subcutânea configura-se como um recurso de grande valia para o paciente em CP que não dispõe de outras vias para receber a terapêutica prescrita, porém, para que a mesma seja aceita e utilizada é necessária forte mobilização por parte das residentes e profissionais do serviço com vistas a capacitação dos profissionais envolvidos no cuidado.

REFERÊNCIAS:

  1. Brasil, Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer. Terapia Subcutânea no Câncer Avançado: Série Cuidados Paliativos, Rio de Janeiro, 2009, p.34.
  1. Bruno VG. Hipodermóclise: revisão de literatura para auxiliar a prática clínica.

Einstein.2013; p. 2-7. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/eins/2015nahead/pt_1679-4508-eins-167945082015RW2572.pdf [acesso em 28 abr, 2017]

  1. São Paulo. Conselho Regionalde Enfermagem (COREN), Parecer COREN-SP 031/2014 – CT. PRCI n° 102.681/2013. Ementa: Punção e administração de fluidos na

Hipodermóclise. 2014. [Internet]. Disponível em: http://portal.coren-

sp.gov.br/sites/default/files/parecer_coren_sp_2014_031.pdf [acesso em 28 abr. 2017]

  1. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos ANCP, 2012. p. 592.
      1. A INSERÇÃO DE RESIDENTES DE ENFERMAGEM NA EQUIPE DE CONSULTORIA EM CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL NO SUL DO BRASIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Sandy Alves Vasconcellos, Clarice de Medeiros Carniére, Letícia Valente Dias, Luana Amaral Mortolla, Norlai Alves Azevedo, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: Os Programas de Residência Multiprofissional em Saúde, reconhecidos como pós-graduação lato sensu, representam uma oportunidade significativa de aprendizagem teórico/prática e de integração entre ensino-serviço-comunidade. Estes programas tem o objetivo de propiciar a formação e a atuação de profissionais de diferentes áreas, buscando a mudança do modelo assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS) e também colaborar na qualificação dos diferentes níveis de atenção à saúde oferecidos à comunidade, de forma integral e interdisciplinar1. A nova constituição do conceito de saúde e de assistência à saúde baseadas nos princípios da universalidade, integralidade, equidade, intersetorialidade, humanização do atendimento e participação social propostas pelo SUS têm requerido a reformulação da atuação dos diversos atores que compõem o quadro da atenção à saúde2. Dentre estas reformulações encontra-se a proposta da atuação em equipe multiprofissional na assistência ao usuário, como a consultoria em cuidados paliativos, que consiste em uma equipe multiprofissional que elabora um projeto terapêutico dirigido não apenas ao doente mas também a sua família. Cuidados paliativos destinam-se a pessoas com doença progressiva e incurável, que ameaça a vida e necessitam de controle álgico e de outros possíveis sintomas associados

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com

2Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com
  1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: lumortola92@gmail.com
  1. Enfermeira. Doutora em Clínica Médica pela PUC – RS. Docente da Faculdade de Enfermagem da UFPEL. Coordenadora do Curso de Enfermagem no Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: norlai2011@hotmail.com

  1. Médica. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. E-mail: nessapfernandes@gmail.com

nas diferentes esferas do ser humano, incluindo o período de luto de sua família3. Nesse prisma, o enfoque terapêutico baseia-se no alívio dos sintomas que comprometem a qualidade de vida, integrando ações médicas, de enfermagem, psicológicas, nutricionais, sociais, espirituais e de reabilitação, podendo também influenciar no tipo de morte que o paciente terá4. Objetivo: Descrever as experiências vivenciadas pelas profissionais da área da enfermagem que integram o Programa de Residência Multiprofissional na área de Oncologia inseridas no cenário de consultoria de cuidados paliativos intra-hospitalar. Metodologia: Estudo qualitativo, descritivo do tipo relato de experiência fundamentado na vivência das residentes de enfermagem no atendimento ao paciente oncológico em fase terminal. O período de atuação compreendeu os meses de janeiro a abril de 2017, no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPEL EBSEH). Resultados: Durante a vivencia das residentes no acompanhamento da equipe de consultoria de cuidados paliativos houve a oportunidade de identificar as necessidades dos pacientes em fase terminal, bem como de sua família. O trabalho dessa equipe é fundamentado pelas premissas dos cuidados paliativos, sendo constituída por médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, capelão e nutrólogo. As visitas são realizadas diariamente, de segunda sexta-feira, no turno da manhã. Semanalmente são realizados rounds multidisciplinares para a discussão dos casos com a equipe e elaboração de um projeto terapêutico singular, no qual, busca-se a construção conjunta e valorização dos diferentes saberes profissionais. As residentes desenvolveram dentro da equipe ações relativas à: avaliações diárias com ações e educação em saúde com pacientes e familiares; aplicação de escalas de avaliação da dor e de performance funcional; fornecimento de orientações a equipe de enfermagem; organização dos prontuários; planejamento de alta; discussões a respeito de condutas terapêuticas de alívio de sintomas. Foi possível dispensar atenção a diferentes faixas-etárias, perfis-socioeconômicos e diagnósticos, observando-se diferentes desfechos como a alta hospitalar, encaminhamento para serviços da rede de apoio em oncologia e óbito. Conclusão: Durante esse período em que se pôde acompanhar tanto a equipe, quanto os pacientes e seus familiares as residentes foram expostas a um cenário de atuação em que a abordagem multidisciplinar é valorizada. A exemplo disso destaca-se os rounds multidisciplinares que corroboram com a perspectiva paliativista favorecendo o processo de ensino-aprendizagem indispensável para a formação das residentes. Assim pode-se perceber que o paciente é visto como um todo, e não apenas reduzido ao seu diagnóstico clínico tendo também consideradas suas crenças, costumes e contexto em que está inserido. Em suma, mesmo em um período curto foi de grande relevância para o aperfeiçoamento profissional e pessoal, pois os saberes contribuíram para associar o conhecimento teórico com o prático.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Resolução CNRMS Nº 2, de 13 de abril de 2012. Comissão Nacional de

Residência Multiprofissional em Saúde. 2012. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=154 48-resol-cnrms-n2-13abril-2012&Itemid=30192 > [acesso em: 26 abr. 2017]

  1. Teixeira C. Texto de apoio elaborado para subsidiar o debate nas Conferências Municipal e Estadual de Saúde. Salvador: Bahia; 2011. Disponível em: <http://www.saude.ba.gov.br/pdf/OS_PRINCIPIOS_DO_SUS.pdf > [acesso em 26 abr. 2017]

  1. World Health Organization. National cancer control programmes: policies and managerial guidelines. 2ª edition, Geneve: OMS, 2002. Disponível em: <http://www.who.int/cancer/media/en/408.pdf> [acesso em 26 abr. 2017]

  1. Maciel MGS, Rodrigues LF, Naylor C, Betega R, Barbosa SM, Burlá C, Melo ITV. Critérios de Qualidade para os Cuidados Paliativos no Brasil/Documento elaborado pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro : Diagraphic, 2006.

      1. A ASSISTÊNCIA MULTIPROFISSIONAL A UMA PACIENTE COM CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM PROCESSO DE TERMINALIDADE SOB A ÓTICA DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM

Clarice De Medeiros Carniére, Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Luana Amaral Mortola, Norlai Alves Azevedo, Vanessa Pellegrini Fernandes.

Introdução: No cuidado a pessoa com câncer e seus familiares, os profissionais de saúde podem deparar-se com a cura e a sobrevivência do paciente, mas também com a sua morte anunciada pela parca resposta da doença ao tratamento curativo e consequente agravamento da condição clínica do acometido1. O processo de terminalidade configura-se no esgotamento das possibilidades de resgate curativo e a possibilidade de morte próxima parece inevitável e previsível, apesar dos esforços despendidos2. A partir disso, mudanças devem ser empreendidas na assistência ao paciente configurando uma modalidade de cuidado não mais voltado para a cura, mas sim, à manutenção da qualidade de vida da pessoa em sua trajetória de terminalidade3. Assim, o cuidado paliativo consiste numa abordagem que objetiva melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares no enfrentamento de problemas associados à doença potencialmente fatal, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificando, avaliando e tratando problemas de ordem física, psicossocial e espiritual2. Nesse contexto, o trabalho da enfermagem com pacientes terminais exige capacitação e atualização contínua sobre o assunto, pois a afinidade com o tema torna os profissionais mais habilitados e confiantes durante a assistência prestada4. Recentemente foi instituída a equipe de consultoria em cuidados

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com
  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com
  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com
  1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: lumortola92@gmail.com
  1. Enfermeira. Doutora em Clínica Médica pela PUC – RS. Docente da Faculdade de Enfermagem da UFPEL. Coordenadora do Curso de Enfermagem no Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: norlai2011@hotmail.com

  1. Médica. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. E-mail: nessapfernandes@gmail.com

paliativos (CCP) no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel EBSERH), que consiste em uma equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social e orientador espiritual. Estão também inseridos residentes multiprofissionais na área da oncologia (enfermagem e terapia ocupacional), estudantes da graduação em medicina e serviço social. A equipe de consultoria é referência em cuidados paliativos para as equipes das diferentes especialidades contidas no hospital, auxiliando na elaboração de um plano de cuidados dirigido ao doente e sua família. Objetivo: Descrever o cuidado prestado a uma paciente com câncer do colo do útero em processo de terminalidade, acompanhada pela equipe CCP sob a ótica das residentes de enfermagem. Métodos: Estudo qualitativo, descritivo do tipo relato de experiência realizado em uma unidade de internação do HE UFPel EBSERH. Resultados: J.L.S., sexo feminino, 36 anos, 5 filhos, ensino fundamental incompleto, usuária prévia de crack, tabagista em abstinência, portadora de HIV. Recebeu diagnóstico de câncer do colo do útero metastático em novembro de 2016, e está internada desde janeiro de 2017, onde recebeu tratamentos de quimioterapia e radioterapia paliativas. O acompanhamento pela equipe de CCP teve início em fevereiro de 2017, apresentando como principais sintomas físicos a serem paliados dor intensa e distensão na região abdominal (entre os escores 9-10), vômitos, edema nos membros inferiores, ansiedade devido ao avanço da doença. Cabe ressaltar que a mesma também demonstrava alteração nas dimensões espiritual, psicológica e social, como a questão da guarda dos filhos menores de idade, o processo de terminalidade, ansiedade relacionada ao avanço da doença e autoimagem. Durante o acompanhamento diário pôde-se buscar as necessidades e intervir de forma gradual no controle da dor e nos ajustes de medicação usados para dor e acrescentar remédios para alivio dos sintomas associados a doença bem como dar apoio a família e orientar sobre o processo de terminalidade. Foi também trabalhado as mudanças com relação a autoimagem, como a alopecia, hiperpigmentação cutânea e edema, por meio de conversas diárias sobre as mudanças corporais esperadas devido ao avanço da doença e incentivo a auto aceitação. A paciente recebeu orientações a respeito de como proceder em relação a guarda dos filhos menores de idade em caso de óbito, bem como visitas programadas das crianças foram organizadas de maneira que o vínculo familiar fosse mantido apesar da hospitalização. Além disso, paciente e família receberam apoio espiritual valorizando suas crenças religiosas e seu desejo em conversar sobre a finitude da vida. Conclusão: A partir da vivência das residentes em enfermagem na CCP pode-se inferir que esse tipo de atendimento surge como uma modalidade para melhorar e aliviar os sintomas de pacientes em fase terminal, em que o paciente é visto como um todo e sua família recebe acompanhamento e apoio da equipe de forma integral, assim podemos intervir para aliviar o sofrimento. Durante o processo de cuidado voltado a paciente do estudo foi possível perceber as mudanças no contexto biológico como um todo, espiritual e social, evidenciando a necessidade de um cuidado holístico e ativo na atenção voltada a pessoa em cuidados paliativos. Nesse sentido, o residente configura-se como potencial colaborador nas práticas de saúde, pois sua interação com a CCP favorece seu aperfeiçoamento profissional e traz novas perspectivas e visões sobre a oncologia.

REFERÊNCIAS:

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  1. SANTANA JCB, PAULA KF, CAMPOS ACV,REZENDE MAE, BARBOSA BDG, DUTRA BS, BALDESSARI CEF. Cuidados paliativos aos pacientes terminais: percepção da equipe de enfermagem. Bio&Thikos. 2009; 3 (1):77-86.

  1. PAIVA FCL, JÚNIOR JJA, DAMÁSIO AC. Ética em cuidados paliativos: concepções sobre o fim da vida. Rev. Bioét. 2014; 22 (3): 550-60.
  1. SANTANA JCB, SANTOS AV, SILVA BR, OLIVEIRA DCA, CAMINHA ME, PERES FS, ANDRADE CCD, VIANA MB. O. Docentes de enfermagem e terminalidade em condições dignas. Rev. Bioét. 2013; 21 (2): 298-307.

      1. SENTIMENTOS E VIVENCIAS DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM NO CUIDADO A PESSOA E A FAMÍLIA EM FASE ATIVA DE MORTE

Clarice De Medeiros Carniére, Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Luana Amaral Mortola, Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos, Norlai Alves Azevedo.

Introdução: Os Cuidados Paliativos (CP) modernos estão organizados em graus de complexidade que se somam em um cuidado integral e ativo1. Os CP gerais referem-se à abordagem do paciente a partir do diagnóstico de doença em progressão, atuando em todas as dimensões dos sintomas que vierem a se apresentar1. Os CP específicos são requeridos ao paciente nas últimas semanas ou nos últimos seis meses de vida, no momento em que torna-se claro que o paciente encontra-se em estado progressivo de declínio1. Todo o esforço é feito para que o mesmo permaneça autônomo, com preservação de seu autocuidado e próximo de seus entes queridos1. Os cuidados ao fim de vida referem-se, em geral, aos últimos dias ou últimas 72 horas de vida1. O reconhecimento desta fase pode ser difícil mas é extremamente necessário para o planejamento do cuidado e preparo do paciente e sua família para perdas e óbito1. Mesmo após o óbito do paciente, a equipe de cuidados paliativos deve dar atenção ao processo de morte: como ocorreu, qual o grau de conforto e que impactos trouxe aos familiares e à própria equipe interdisciplinar1. A assistência familiar pós-morte pode e deve ser iniciada com intervenções preventivas2. Os cuidados paliativos devem incluir as investigações necessárias para o melhor entendimento e manejo de complicações e sintomas estressantes tanto relacionados ao tratamento quanto à evolução da doença2. Apesar da

  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com
  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com
  1. Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com
  1. Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: lumortola92@gmail.com
  1. Enfermeira. Ambulatório de Oncologia Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: carenlais@hotmail.com
  1. Enfermeira. Doutora em Clínica Médica pela PUC – RS. Docente da Faculdade de Enfermagem da UFPEL. Coordenadora do Curso de Enfermagem no Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: norlai2011@hotmail.com

conotação negativa ou passiva do termo paliativo, a abordagem e o tratamento paliativo devem ser eminentemente ativos, principalmente em pacientes portadores de câncer em fase avançada, onde algumas modalidades de tratamento cirúrgico e radioterápico são essenciais para alcance do controle de sintomas2. Considerando a carga devastadora de sintomas físicos, emocionais e psicológicos que se avolumam no paciente com doença terminal, faz-se necessário um diagnóstico precoce e condutas terapêuticas antecipadas, dinâmicas e ativas, respeitando-se os limites do próprio paciente2. Objetivo: Relatar a vivência das residentes de enfermagem vinculadas ao Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica em relação a fase ativa de morte dos pacientes oncológicos internados em um hospital de ensino, bem como seus familiares. Metodologia: Relato de experiência das residentes de enfermagem na assistência prestada aos pacientes oncológicos e suas famílias durante a fase ativa de morte. O estudo foi realizado em unidades de internação de um hospital de ensino localizado no Sul do Brasil. Resultados: Durante a atuação das enfermeiras residentes nos cenários de internação hospitalar, comumente foi vivenciada a fase ativa de morte de pacientes oncológicos. Dentre as ações desenvolvidas destacam-se a oferta de um sistema de apoio e ajuda à família e ao paciente, de como lidar com sintomas angustiantes decorrentes do final de vida, bem como a aceitação da morte como um processo natural. Estar ao lado de uma pessoa que está sofrendo ou morrendo é um desafio para quem está exercendo o cuidado de saúde3, por isso, compreender os eventos biológicos de nascer, viver e morrer complexo e paradoxal4. O ser humano quer viver e viver bem, porém, precisa pensar e se preparar para a morte, pois a única certeza da vida é que ela acaba4. Para nós residentes de enfermagem a possibilidade de trabalhar nesse novo contexto, nos remete ao aprofundamento das premissas dos cuidados paliativos, algo pouco discutido durante a graduação. Ressalta-se a complexidade de trabalhar o processo de finitude, visto que em muitos momentos encontramos dificuldades quanto a comunicação entre a equipe e não aceitação da perda por parte dos familiares. Acredita-se que isso se dá devido aos significados atribuídos a morte em nossa sociedade, que tende a fugir de discussões sobre o tema, criando uma crença negativa sobre o término da vida. Conclusão: Na oncologia lidar com o processo ativo de morte nos remete a repensar nossos conceitos sobre como tornar esse momento menos angustiante, minimizando o sofrimento tanto do paciente como o da família. Deve-se primar pela humanização do cuidado, respeito a autonomia e manutenção da dignidade humana. Desse modo, favorecemos a desconstrução de um modelo de cuidados limitado que não percebe o paciente como um todo e protagonista de sua vida. Nesse sentido, consideramos que utilizar estratégias paliativas contribuem para um cuidado mais qualificado que diminui os possíveis sentimentos de impotência que o residente pode deparar-se em sua prática.

REFERÊNCIAS:

  1. BRASIL. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Cuidados

Paliativos. 2014 [acesso em 25 abr. 2017]. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/cancer/site/tratamento/cuidados_paliativos

  1. Rodrigues IG. Cuidados Paliativos: Análise de conceito [dissertação]. Ribeirão

Preto: Universidade de São Paulo: 2004 [acesso em 25 abr. 2017]. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-17082004-101459/pt-br.php

  1. VICENSI MC. Reflexão sobre a morte e o morrer na UTI: a perspectiva do profissional. Rev. Bioét. 2016; 24 (1): 64-72.
  1. COELHO MEM, FERREIRA AC. Cuidados paliativos: narrativas do sofrimento na escuta do outro. Rev. Bioét. 2015; 23 (2): 340-48.
      1. DOR COMO SINTOMA DEBILITANTE NO PACIENTE ONCOLÓGICO: AÇÕES PALIATIVAS NO DOMICÍLIO

Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Clarice De Medeiros Carniére, Luana Amaral Mortola, Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos, Norlai Alves Azevedo.

Introdução: A dor pode ser definida como uma experiência única e individual, alterada pelo conhecimento anterior de um dano que pode ser existente ou presumido, devendo, portanto, ser considerada de acordo com o expresso pelo paciente em sua descrição1. Para a pessoa com câncer, a dor simboliza o sintoma mais temido, constituindo um importante fator na determinação do sofrimento relacionado à doença mesmo quando comparado à expectativa da morte. Estima-se que a dor acomete 60 a 80% dos pacientes com câncer, estando presente em 25 a 30% no momento do diagnóstico é classificada como moderada grave por 70% a 90% dos pacientes com doença avançada2. Desse modo, torna-se imprescindível considerar a dor como um sintoma potencialmente debilitante no cuidado prestado a pessoa com câncer em cuidados paliativos incluindo os diferentes cenários de atenção. Nesse sentido, a internação domiciliar surge como uma modalidade de atenção diferenciada por desenvolver-se dentro do contexto familiar e social do indivíduo, configurando-se como uma proposta ainda pouco visualizada no contexto brasileiro o que torna pertinente conhecer as potencialidades e fragilidades do tratamento da dor no domicílio. Objetivo: Descrever a atenção voltada à dor de pacientes oncológicos em cuidados paliativos em internação domiciliar e identificar as estratégias de manejo no domicílio. Método: Estudo de abordagem qualitativa, descritivo do tipo relato de experiência, referente às vivências de quatro residentes vinculadas ao Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel/EBSERH). O período de coleta compreendeu o período de agosto de 2016 a janeiro de 2017 e utilizou-se como local de estudo o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI). Resultados: Considerando os sintomas apresentados pelos pacientes oncológicos em cuidados paliativos no domicílio, possivelmente um dos mais frequentes e angustiantes é a dor. O cuidado da dor no domicílio envolve a primazia de sua identificação, o que no serviço do estudo é realizada por meio da observação de expressões faciais, utilização de escala numérica aplicada diariamente como parte integrante dos sinais vitais e pela Escala de Edmonton que permite a avaliação conjunta da dor e de outros sintomas a serem paliados. A presença e gravidade da dor em muitas situações podem comprometer o bem estar global do paciente, podendo causar prejuízos na funcionalidade, interação social e aumento da ansiedade. A família, como importante componente do cuidado da equipe de atenção domiciliar, também tende a ter seu sofrimento potencializado ao conviver com a dor do seu ente, sendo essencial a orientação sobre a terapêutica utilizada e suporte emocional. Acredita-se que o sucesso relacionado ao controle da dor baseia-se em avaliações repetidas com vistas à escolha da terapêutica mais apropriada para cada paciente, alcançando-se um efeito favorável entre o alívio da dor e os efeitos adversos apresentados2. Nesse contexto, o PIDI apresenta-se como importante componente da rede de atenção oncológica na realização de visitas diárias, cinco dias por semana, reduzindo o índice de hospitalizações relacionadas a essa sintomatologia e favorecendo o acesso a opioides, identificado como um dos pontos deficitários dos cuidados paliativos em países como o Brasil3. Merece destaque que o uso da técnica de terapia subcutânea e hipodermóclise para analgesia contribuem para o conforto do paciente que tem minimizadas as múltiplas punções venosas, fruto de possíveis desconfortos. Somam-se ainda como ações da equipe a abordagem multidisciplinar da dor, que é manejada com a colaboração de diferentes profissionais e integração da família, o que promove o controle das causas e consequências físicas, emocionais e espirituais. Salienta-se que na equipe é demonstrado fortemente o papel do profissional como educador em saúde ao desmistificar possíveis equívocos relacionados às medicações, como o uso da morfina que ainda é comumente associada à última opção de escolha analgésica e como fármaco potencialmente fatal. Conclusão: Em cuidados paliativos o manejo da dor ainda apresenta-se como um desafio, devido às diferentes maneiras como um indivíduo pode experimentar tal sensação. Nesse sentido, a abordagem do profissional de saúde deve englobar a atuação multidisciplinar, a valorização das singularidades dos sujeitos e a avaliação impecável da dor, por isso, o uso de escalas de identificação, bem como a comunicação são de suma importância. Considera-se que o cuidado oferecido na modalidade de internação domiciliar pode favorecer a paliação desse sintoma, visto que o paciente não é deslocado de seu ambiente o que pode possibilitar maior conforto. Assim, conhecer a experiência da dor vivenciada pelo ser cuidado, valorizando suas crenças e cultura é um passo bastante significativo e já percebido no cenário do estudo.

REFERÊNCIAS:

  1. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos ANCP. São Paulo: ANCP; 2012.
  1. Rangel O, Telles C. Tratamento da Dor Oncológica em Cuidados Paliativos. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, v.11, n.2, p.32-37, 2012. Disponível em:http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=324. (01 mai. 2017).

  1. Lynch T, Connor S, Clark D. Mapping Levels of Palliative Care Development: A Global Updat. Journal of Pain and Symptom Management, v.45, n.6, p.1094-1106, 2013. Disponível em: http://www.jpsmjournal.com/article/S0885-3924(12)00334-X/fulltext. (01 mai. 2017).

      1. CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES: POTENCIALIDADES PARA A FORMAÇÃO DOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM ATENÇÃO A SAÚDE ONCOLÓGICA

Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Clarice De Medeiros Carniére, Luana Amaral Mortola, Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos, Norlai Alves Azevedo.

Introdução: As residências multiprofissionais em saúde são modalidades de pós-graduação latu-senso, nas quais a formação desenvolve-se por meio do ensino em serviço. Nesse cenário, o residente é exposto às realidades do serviço de saúde ao qual está vinculado, desenvolvendo suas atividades no regime de dedicação exclusiva perfazendo a carga horária de 60h semanais. No município de Pelotas tal possibilidade de aprimoramento profissional é oferecida para enfermeiros no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel/EBSERH) pela Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica. Nessa proposta os enfermeiros residentes são alocados em cenários que contemplam diferentes ações voltadas a atenção à pessoa com câncer, destacando-se assistência domiciliar ao paciente em cuidados paliativos como uma abordagem que destoa da graduação em enfermagem, na qual os temas cuidados paliativos e morte são ainda discutidos de maneira insípida. Tal percepção corrobora com os achados na literatura que evidenciam déficits na formação profissional a respeito dos cuidados paliativos e processo de morte e morrer culminando na má qualificação de recursos humanos para a atenção de pacientes oncológicos que necessitam dessa abordagem terapêutica1. Alguns autores discorrem que a atenção domiciliar configura-se como um braço assistencial imprescindível, ao permitir o acesso a uma assistência integral ao ser humano, em uma etapa que deve ser vivenciada com a melhor qualidade de vida possível2. Assim, torna-se pertinente discutir sobre a relevância do foco em cuidados paliativos para a formação dos futuros profissionais especialistas em oncologia no âmbito do Sistema Único de Saúde e as particularidades encontradas na prática assistencial no contexto domiciliar. Objetivos: Relatar a experiência do cuidado domiciliar destinado ao paciente oncológico em cuidados paliativos apontando suas contribuições para a formação do residente em oncologia. Método: Abordagem qualitativa na modalidade de relato de experiência. É relatada a vivência de quatro enfermeiras residentes vinculadas ao Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica do HE UFPel/EBSERH. O período de coleta de dados contemplou os meses de agosto de 2016 a janeiro de 2017 durante a inserção das residentes no cenário do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), concentrando-se na observação e atuação das residentes no referido local. Resultados: Na formação das enfermeiras residentes em Atenção à Saúde Oncológica dentre os cenários de atuação está o PIDI, que se configura como um serviço que fornece a experiência da internação domiciliar. O PIDI integra a rede de atenção à saúde oncológica do município de Pelotas, contando com duas equipes que possuem capacidade para a internação de até 10 pacientes. As equipes trabalham sob a perspectiva interdisciplinar contando com profissionais de diferentes áreas, sendo eles: enfermeiro, técnico de enfermagem, médico, psicólogo, assistente social, cirurgião, nutricionista e capelão. Os pacientes atendidos possuem diagnóstico de câncer e recebem da equipe cuidados paliativos direcionados a sua condição física, psicossocial e espiritual, sendo contempladas abordagens sobre o processo de final de vida, manejo de sintomas angustiantes e atenção à família. As residentes realizaram atividades em conjunto com a equipe em visitas diárias, desenvolvendo avaliação de sintomas por meio de anamnese e aplicação de escalas, administração de fármacos, estímulo ao autocuidado, orientações sobre medicamentos e dietas por sonda e esclarecimento de dúvidas ao paciente e família. Também integrou a prática das residentes a participação nos rounds multidisciplinares semanais, nos quais as discussões dos casos direcionavam a formulação e avaliações de projetos terapêuticos singulares (PTS). Considera-se que a participação das residentes nesse cenário possibilitou a imersão em um importante componente da rede de atenção oncológica, ainda pouco visto no contexto brasileiro e já bem consolidado no HE UFPel/EBSERH. Acrescenta-se ainda, que o atendimento realizado em domicílio favorece o entendimento do contexto familiar e social da pessoa com câncer em cuidados paliativos, muitas vezes difícil no ambiente hospitalar. Conclusão: Acredita-se que o componente de internação domiciliar na formação das residentes é fundamental para as futuras práticas das especialistas em oncologia. Isso se deve a compreensão integral dos diferentes serviços da rede de atenção oncológica e ao aperfeiçoamento em cuidados paliativos, ainda pouco concebidos no ambiente hospitalar. Soma-se ainda a discussão da morte como processo natural e a desinstitucionalização do processo de final de vida. Ressalta-se também como potencialidade do serviço o trabalho multidisciplinar na construção dos PTS, consonante as perspectivas da clínica ampliada e valorização dos saberes na construção do cuidado.

REFERÊNCIAS:

  1. Silva MM, Santanda NGM, Santos MC, Cirilo JD, Barrocas DLR, Moreira MC. Cuidados paliativos na assistência de alta complexidade em oncologia: percepção de enfermeiros. Esc Anna Nery 2015; 19(3):460-466.

  1. Souza JM, Alves ED. Cuidados paliativos de enfermagem na atenção domiciliar. Rev enferm UFPE online, v.9, n.2, p.669-76, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/10386/11138.

(29 abr. 2017).

      1. A INTERDISCIPLINARIDADE NO CUIDADO INTEGRAL DO PACIENTE EM CUIDADOS PALIATIVOS COMO CHAVE PARA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA: EXPERIÊNCIAS DE INTEGRANTES DE UMA LIGA ACADÊMICA INTERDISCIPLINAR

Sylvia Barum, Morgana Nunes.

Introdução: As ligas acadêmicas possuem como objetivos a formação extracurricular e aproximação da prática clínica (FILHO, 2011). O aprofundamento de temas específicos e o amadurecimento acadêmico são apontados como vantagens das mesmas (QUEIROZ et al., 2014). Nos Cuidados Paliativos, a interdisciplinaridade se apresenta como peça chave para cuidado integral do paciente visando a promoção de qualidade de vida. Nesse sentido, há 3 anos foi implementada uma Liga Acadêmica Interdisciplinar de Cuidados Paliativos na Universidade Federal de Pelotas, atualmente com 22 integrantes dos cursos de Medicina, Enfermagem, Psicologia, Terapia Ocupacional, Farmácia, Odontologia e Nutrição, visando promover experiências de interação com pacientes, contemplando a ideia de Pêgo-Fernandes & Mariani (2011) da importância de agregar diferentes cursos visto o caráter multidisciplinar do atendimento à saúde. Objetivo: Perceber o impacto da intervenção interdisciplinar com pacientes em cuidado paliativo no contexto hospitalar e na formação de acadêmicos da área da saúde. Método: Foi realizada uma pesquisa em base de dados (Scielo e PubMed) usando os descritores ligas acadêmicas, interdisciplinaridade e cuidados paliativos para mapear a influência de ligas na interdisciplinaridade e na formação acadêmica. Além disso, foi elaborado um questionário semi estruturado em uma plataforma online, contendo questões objetivas e dissertativas, respondido de forma anônima a respeito da atuação na liga e da importância da mesma. Resultados: As publicações encontradas sobre ligas acadêmicas pouco abordavam a interdisciplinaridade. Considerando a realidade de Pelotas/RS, as respostas do questionário mostraram o seguinte: 42,9% acreditam que a interdisciplinaridade auxiliou a tratar com os pacientes enquanto o restante, apesar de não se sentir preparado, considera que as discussões de caso no grupo contribui com seu processo

  1. Pedagoga. Acadêmica de Psicologia. Universidade Federal de Pelotas. sylvia.barum@gmail.com
  1. Acadêmica de Psicologia. Universidade Federal de Pelotas. mog.nunes@hotmail.com

de aprendizagem. O estado emocional do paciente mobiliza 58% dos entrevistados, que ressaltaram a importância da atuação de estudantes de Psicologia na liga para o trabalho com pacientes e cuidadores. Por fim, 93% das respostas consideram que o diferencial da liga é a interdisciplinaridade e que a troca com outros cursos ao acompanhar pacientes nos casos clínicos propicia o cuidado integral. Discussão: A abordagem interdisciplinar de extrema relevância, pois consiste na integração dos saberes, onde, conceitos e propostas específicas de cada área irão gerar novos conhecimentos (FURTADO, 2007). No contexto de cuidados paliativos, ela significa considerar que não existe uma área que detenha todo o saber no tratamento de um paciente, mas que o trabalho realizado coletivamente é garante que esse paciente receba cuidado integral (MCCOUGHLAN, 2006). Sendo assim, a possibilidade de criar essa cultura desde a graduação propicia a melhor formação dos profissionais e uma prática futura mais humanizada e mais completa. Considerações finais: A Liga Acadêmica apresentada existe há 3 anos, o que possibilita uma construção diária de interdisciplinaridade, principalmente na visita aos pacientes e discussão dos casos, projetando estratégias possíveis para a continuidade do tratamento dos mesmos. Muito ainda precisa ser pensado, como a integração demais áreas nesse trabalho, mas consideramos que a atuação da liga até o momento tem proporcionado uma experiência diferenciada a pacientes em cuidados paliativos e seus cuidadores no contexto hospitalar de Pelotas/RS.

REFERÊNCIAS:

  1. FILHO, P. T. H. Ligas Acadêmicas: Motivações e Críticas a Propósito de um Repensar Necessário. Revista Brasileira de Educação médica, v.35, n. 4, p. 535 – 543, 2011

  1. FURTADO, J. P. Equipes de referência: arranjo institucional para potencializar a colaboração entre disciplinas e profissões. Interface (Botucatu), Botucatu, v.11, n.22, p. 239-255, Ago. 2007.

  1. MCCOUGHLAN, M. A necessidade de cuidados paliativos. In: PESSINI, L.;BERTACHINI, L. (Org.) Humanização e Cuidados Paliativos. São Paulo: Edições Loyola, 2006. Cap. 11, p.167-179.

  1. PÊGO-FERNANDES, Paulo Manuel & MARIANI, Alessandro Wasum. O ensino médico além da graduação: ligas acadêmicas. Diagn Tratamento. 2011;16(2):50-1

  1. QUEIROZ; S. J. D.; AZEVEDO; R. L. D. O.; LIMA; K. P.; LIMA; M. M. D. D.; ANDRADE; M. A importância das ligas acadêmicas na formação profissional e promoção de saúde. Fragmentos de Cultura, Goiânia, v. 24, especial, p. 73-78, dez. 2014.

      1. AVALIAÇÃO DO PERFORMANCE STATUS EM IDOSOS: UM ESTUDO NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA EQUIPE DE ESF URBANA

Maria Elizabeth Urtiaga, Ari Lemos Junior, Isaac Lima, Anderson Silva, Julieta Fripp, Cristina Domingues.

Introdução: O processo de envelhecimento humano traz modificações na qualidade de vida dos idosos, principalmente na capacidade funcional entendida como a habilidade do indivíduo em desempenhar, de forma independente, as atividades ou tarefas cotidianas, identificadas como essenciais para a manutenção do seu bem-estar. A habilidade para realizar as tarefas cotidianas envolve responsabilidade a ser compartilhada entre idosos, cuidadores e profissionais, por meio de cuidados coordenados e contínuos que Objetivo: Avaliar a capacidade funcional da população idosa da área de abrangência de uma equipe de ESF em um bairro de periferia na cidade de Pelotas. Metodologia: Foram visitadas, pelas Agentes Comunitárias de Saúde, todas as casas da área de abrangência da Equipe II da UBS estudada, que possui 3 equipes de ESF. Nos moradores com 65 anos ou mais aplicou-se a Escala de Performance Status (PS) de Karnofsky a fim de identificar as famílias que possuíam maior potencial de necessitar visitas domiciliares e atenção cuidativa. Resultados: Os dados coletados evidenciaram que 259 pessoas entre os moradores da área possuíam 65 anos ou mais. Em dois pacientes não estava registrado o PS avaliado. Nos 257 moradores avaliados pela escala 71.5% se apresenta apto para atividades cotidianas e ao trabalho, onde nenhum cuidado especial é necessário. Em 23.34% o PS evidencia um idoso inapto ao trabalho, mas capaz de viver em casa e cuidar de muitas das suas necessidades, requerendo assistência e suporte muito variáveis. O restante 5.1% se caracteriza conforme Karnofsky como inapto para cuidar de si mesmo, necessitando cuidados hospitalares ou equivalentes, onde a doença está em progressão. Conclusão: A análise mostrou que a grande maioria dos idosos se mantém ativos, aptos e com capacidade de autocuidado, mesmo com o avanço da idade, entretanto, mais de 23% dos moradores encontra-se inapto ao trabalho e com necessidades de cuidado

  1. Médico.
  1. Acadêmica de Biotecnologia.

variáveis, evidenciando a necessidade de acompanhamento das Unidades de Saúde. Em 5.1% da população idosa estudada, a capacidade de autocuidado está muito comprometida, necessitando de acompanhamento domiciliar intensivo ou hospitalar, o que evidencia a atenção cuidativa, interdisciplinar e domiciliar como um conhecimento fundamental na formação dos profissionais em saúde.

      1. O PAPEL DO PSICÓLOGO EM CUIDADOS PALIATIVOS JUNTO A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

Geovana Leal Rossales, Isabel Cristina de Oliveira Arrieira, Débora Vasconcelos Bonilla.

Introdução: Os Cuidados Paliativos (CP) correspondem ao cuidado ativo e total do paciente cuja doença não responde mais ao tratamento curativo. O paliativismo preconiza a aceitação da condição humana frente à morte, tendo como objetivo o alivio dos sofrimentos físicos, sociais, emocionais e espirituais visando atingir uma melhor qualidade de vida para o doente e sua família; considerando que as consequências causadas pelo adoecimento acarretam intenso sofrimento que afetam todos em volta do paciente1. Objetivo: O Objetivo da presente pesquisa visa conhecer e explorar como se constitui a função do profissional de Psicologia inserido na equipe de Cuidados Paliativos junto ao paciente com diagnóstico de câncer, trazendo elementos que contribuam para a compreensão da prática e a importância do psicólogo neste contexto. Método: Foi realizado levantamento bibliográfico na base de dados Scielo e Google Acadêmico. Após a busca dos artigos, utilizando os descritores “Cuidados paliativos; Morte; Psicologia;” “Cuidado paliativo, Humanização, Equipe interdisciplinar”; “cuidados paliativos, intervenção psicológica, pacientes terminais” foram encontrados oito artigos referentes ao assunto, tendo que como resultado desta análise, observou-se uma escassez de trabalhos que tratem especificamente do papel do psicólogo, enquanto integrante dessa equipe, bem como suas intervenções junto ao paciente e familiares; e em que tais intervenções se diferenciam da prática dos demais profissionais2. Resultados: A promoção da saúde, do bem-estar, da qualidade de vida faz parte dos objetivos a que o exercício da psicologia se propõe3. O Psicólogo dentro na equipe de Cuidados paliativos tem como função principal dar apoio psicológico aos doentes e familiares, devendo ter a seu cargo também a formação da equipe4. A manutenção ou restabelecimento da autoestima do paciente e a procura de um novo sentido para a vida é outro dos objetivos da intervenção do psicólogo, que deverá criar uma relação de confiança de forma a clarificar ou facilitar a comunicação junto daqueles com quem interage no ambiente terapêutico, no sentido de lhes diminuir a ansiedade, a depressão e o sofrimento5. É o profissional privilegiado para explorar as dúvidas, as crenças, os mitos e medos do doente, assim como as suas necessidades específicas1. Conclusão: Por meio da discussão estabelecida relacionada aos Cuidados Paliativos, pode-se inferir a importância da inserção da Psicologia na equipe multidisciplinar que oferece tais cuidados, pois ao mesmo tempo em que busca aliviar o sofrimento emocional de todos os envolvidos no processo, trabalha com o paciente em prol de qualidade de vida e melhor aceitação de sua condição. Mostrando ao paciente que o momento vivido pode ser compartilhado, tendo sempre cuidado para não ocupar o lugar de mais um elemento invasivo no processo de tratamento, mas de um facilitador no processo de integração do paciente, da família e da equipe, mantendo sempre como foco o doente e não a doença. Nesse sentido, a psicologia mostra-se essencial na redução de agentes estressores que geram sofrimento e angústia aos pacientes e familiares que estão passando por tal situação.

REFERENCIAS

  1. Oliveira, M. F. Luginger S.; Bernado, A.; Brito M.(2004). Morte – intervenção psicológica junto da família do paciente terminal. Trabalho de Licenciatura. Acesso em 10 out. 2012:

  1. FERREIRA, A.P., LOPES, L. Q., MELO, M, C. O papel do psicólogo na equipe de cuidados paliativos junto ao paciente com câncer. Rev. SBPH vol.14 no.2, Rio de Janeiro – Jul/Dez. – 2011.

  1. RIBEIRO, J. A importância da qualidade de vida para a psicologia da saúde. In: J.P.Cruz, S.N. de Jesus, & C Nunes (Coords.). Bem-Estar e Qualidade de Vida (pp.31-49). Alcochete: Textiverso, 2009.

  1. REZENDE, L. GOMES, C. MACHADO, M. A finitude da vida e o papel do psicólogo: perspectivas em cuidados paliativos. Revista Psicologia e Saúde, v. 6, n. 1, jan. /jun. 2014.

  1. Nunes, L. V. (2009). Papel do psicólogo na equipe de cuidados paliativos. In: ABCP- Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de cuidados paliativos (pp. 218220). Rio de Janeiro: Diagraphic.

  1. Junqueira MH, Kovacs MJ. Alunos de Psicologia e Educação para a morte. Revista Psicologia ciência e profissão 2008; 28(3):506-519.
  1. HENNEZEL, M. “O Papel do Psicólogo” in Abiven, Maurice (ed.) Para Uma

Morte Mais Humana – Experiência de uma Unidade Hospitalar de Cuidados Paliativos (2ª edição). Loures: Lusociência, 133-154, 2001.

  1. MESQUITA, A.S.L. O psicólogo em cuidados paliativos: intervenção em fim de vida. Dissertação (Mestrado) – Curso de Cuidados Paliativos, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, 2012.

      1. NUTRIÇÃO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS PALIATIVOS – UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Paim, GP; Paim, MP; Gouvêa, AP.

Introdução: Sabe-se que as doenças crônicas constituem a principal causa de morte no mundo, e, para aqueles pacientes considerados terminais, a assistência dos profissionais de saúde deve sempre visar à melhoria da sua qualidade de visa, ou seja, a prevenção e o alívio de sintomas que causem sofrimento, para gerar bem estar e autonomia ao doente. Nesse sentido, ao se tratar de nutrição e hidratação nesse grupo de pacientes surgem dúvidas sobre como manejá-lo. Objetivo: O objetivo desse trabalho é discutir o manejo referente à nutrição e hidratação nos pacientes em cuidados paliativos. Método: Esse trabalho consiste em uma revisão bibliográfica realizada no portal Google Acadêmico com o uso do descritor “nutrição em pacientes paliativos”. Foram obtidos como resultado da busca 1700 artigos, dos quais foram selecionados cinco pela sua relevância no tema e por estarem relacionados especialmente com pacientes oncológicos paliativos. Resultados: Em casos paliativos, a nutrição poderá apresentar diversos papéis, um deles prevenir efeitos colaterais dos remédios e da radioterapia, como os enjoos, náuseas, constipação, xerostomia, entre outros sintomas comumente relatados nesse processo do tratamento. Além disso, ela retarda o aparecimento da síndrome de anorexia/ caquexia, que piora o estado emocional do paciente, uma vez que o corpo em estado esquelético se aproxima muito da morte. A nutrição nesse tipo de paciente também apresenta a função de ressignificar o alimento e as refeições, já que pode trazer prazer ao paciente e atuar como um meio de comunicação e interação familiar. Esse último item citado evidencia o papel social e emocional da alimentação, ou seja, a nutrição no paciente paliativo tem um papel muito além do fisiológico, devendo sempre priorizar o prazer pela ingesta alimentar e sua socialização com a família, ao minimizar, assim, o desconforto que a alimentação pode causar. Dessa forma, é imprescindível a comunicação entre os profissionais de saúde e o paciente e suas familiares para se avaliar a vontade e comodidade da alimentação, pois nem sempre essa prática promoverá o conforto e o bem estar dos pacientes, principalmente, naqueles que utilizam técnicas de nutrição artificial (enteral ou parenteral). Tanto a alimentação quanto a hidratação devem ser priorizadas por via oral em pacientes paliativos. Há também casos que o mais adequado é suspender a alimentação por falta de benefício para o paciente. Ainda, estudos randomizados não mostraram ganhos com uma nutrição vigorosa na resposta tumoral e na sobrevida do paciente. A hidratação é importante, e sua falta pode causar confusão mental e desconforto, no entanto, em paciente no final de sua vida é difícil determinar o volume necessário para se obter esse resultado. Um ensaio randomizado de 2013 incluiu 129 pacientes com câncer avançado que receberam cuidados paliativos, eles foram aleatoriamente designados para receber hidratação parenteral (1 L de solução salina normal durante quatro horas diárias) ou placebo (100 mL Por dia). Ao final, observou-se que não houve diferença entre os grupos de tratamento e controle nos escores de delírio ou sintomas de desidratação (pontuação composta de fadiga, mioclonia, sedação e alucinações) aos quatro ou sete dias, também não houve diferença estatisticamente significativa na sobrevida global e que pacientes em ambos os grupos observaram melhora nos sintomas de desidratação no quarto dia, sugerindo que esses benefícios podem estar mais relacionados com o aumento da frequência de visitas e avaliações com enfermeiros pesquisadores ou com um efeito placebo, em vez do fornecimento de fluidos. Conclusão: Portanto, deve-se encarar a dieta sempre como uma opção, não pressionando o paciente a se alimentar, e estimular a dieta e a hidratação por via oral sempre que possível. A nutrição deve ter como objetivo principal auxiliar na diminuição da ansiedade, trazer prazer, integração com o meio e bem estar ao paciente. É importante lembrar, porém, que a recusa alimentar pode ser um manifestação de sintomas depressivos, devendo sempre ser investigada. Famílias que consideram a nutrição e a hidratação como tendo um valor simbólico que ultrapassa os limites da assistência médica devem ter seu ponto de vista respeitado, desde que não entre em conflito com os desejos expressos anteriormente expressos pelo paciente.

REFERÊNCIAS:

  1. Silva PB, Lopes M, Trindade LCT, Yamanouchi CN. Controle dos sintomas e intervenção nutricional. Fatores que interferem na qualidade de vida de pacientes oncológicos em cuidados paliativos. Rev Dor. São Paulo, 2010 out-dez; 11(4): 282-288.

  1. Benarroz MO, Faillace GBD, Barbosa LA. Bioética e nutrição em cuidados paliativos oncológicos em adultos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2009 set; 25 (9): 1875-1882

  1. Corrêa PH, Shibuya E. Administração da Terapia Nutricional em Cuidados Paliativos. Rev Bras de Cancerologia 2007; 53(3): 317-323.
  1. Bruera E, Hui D, Dalal S, et al. Parenteral hydration in patients with advanced

cancer: a multicenter, double-blind, placebo-controlled randomized trial. J Clin Oncol 2013; 31:111.

  1. Reiriz A.B., et al. Cuidados paliativos – há benefícios na nutrição do paciente em fase terminal? Rev Soc Bra Clin Med 2008; 6(4): 150-155.
  1. Reis P.C. Suporte Nutricional em Cuidados Paliativos. REVISTA NUTRÍCIAS

15: 24-27, APN, 2012

      1. RELATO DE CASO: LESÃO MEDULAR ESPINAL EM ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL NO CUIDADO PALIATIVO

Fernanda Silveira da Silveira, Simone Rodrigues dos Santos.

Introdução: Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde, revista em 2002, Cuidado Paliativo é “uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento. Requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual”1. A equipe multiprofissional tem como norteador do seu trabalho, a atenção no cuidado físico, social, psicossocial e espiritual do indivíduo e seus familiares. “A lesão da medula espinal é um dos mais graves acometimentos que pode afetar o ser humano e com enorme repercussão física, psíquica e social”. 2 Objetivo: Relatar o cuidado desenvolvido junto a um paciente com lesão medular em cuidados paliativos. Método: O estudo de caso foi realizado por duas acadêmicas do sétimo semestre do curso de enfermagem da disciplina saúde do adulto e idoso II, que em aula prática em uma Unidade Básica de Saúde da cidade de Pelotas/RS, realizaram visitas domiciliar com a equipe, prestando cuidados paliativos ao paciente. Resultados: A pessoa acompanhada foi J.Q.V, 35 anos de idade, vítima de ferimento com arma de fogo, apresentava lesão medular traumática com consequente paraplegia, ausência de sensibilidade abaixo das cristas ilíacas, lesões crônicas com risco de infecção, deformações em membros inferiores, bexiga neurogênica, além de ser portador de hepatite C. A equipe multiprofissional, composta por acadêmicos de enfermagem e medicina, duas enfermeiras, uma fisioterapeuta e uma psicóloga, realizaram visita domiciliar, a fim de prestar cuidados paliativos ao paciente que se encontrava acamado, alimentando-se por via oral, necessitando de ajuda para autocuidado e apresentando dislalia. A equipe de enfermagem realizou curativo em escara sacral grau quatro com tecido esfacelar de liquefação, realizando debridamento neste tecido. O paciente também apresentava lesão por pressão em maléolo esquerdo e calcâneo direito. Foi orientado aos familiares a alternância de decúbito de duas em duas horas, realização de curativos em escara sacral quando necessário e hidratação da pele com Dersane. Nas visitas subsequentes, observou-se escara em região sacral com odor fétido e sinais de infecção, familiares relataram que paciente apresentava diariamente febre de 38 a 39ºc, como conduta a equipe encaminhou o paciente para fisioterapia dermato-funcional. Embora houvesse déficit de força em membros superiores e tronco, o paciente apresentava condições de realizar troca posturais sozinho e ser semi–dependente em suas atividades básicas de vida, se estimulado pela fisioterapia. O paciente foi encaminhado para o Programa Melhor em Casa. Conclusão: A experiência vivida pelas acadêmicas na Unidade Básica de Saúde junto à equipe multiprofissional possibilitou a discussão e reflexão do caso clínico do paciente. Houve gradativa evolução no quadro clínico do paciente, mesmo esse sendo considerado irreversível por apresentar lesão medular completa em nível T11 e T12. As visitas visavam promover alívio da dor, conforto emocional, orientação familiar e a parceria com programas especializados para que houvesse o melhor entendimento e atendimento ao caso clínico diagnosticado, havendo também a promoção à espiritualidade por meio de diálogos, a fim de, perceber e sanar as necessidades globais do paciente e de seus familiares.

REFERÊNCIAS

  1. BRASIL, Manual De Cuidados Paliativos/Academia Nacional de Cuidados Paliativos. – Rio De Janeiro: Diagraphic, 2009.
  1. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas e Departamento de Atenção Especializada – Brasilia: Ministério da Saúde, 2013.

      1. O CUIDADO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM CÂNCER EM CABEÇA E PESCOÇO EM RADIOTERAPIA PALIATIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Pâmela Barros de Leon, Jéssica Luíza Beck, Silvana Bastos Cogo, Cintia da Silva Marconato, Lílian Medianeira Coelho Stekel, Taís Falcão Gomes.

Introdução: No Brasil, no ano de 2016, estimou-se 11.140 casos novos de câncer em cavidadeoral homens e 4.350 em mulheres.1 Os cânceres em região de cabeça e pescoço são tumores malignos localizados na cavidade oral, lábios, língua, faringe, laringe, seios paranasais e glândulas salivares tendo como principais características o aparecimento de lesões não cicatrizantes, ulcerações superficiais e indolores e manchas esbranquiçadas ou avermelhadas.2,3 O tratamento pode ser realizado por meio de cirurgia, quimioterapia, radioterapia, ambos isolados ou em concomitância. Ainda, quando não existe possibilidade terapêutica opta-se pelo tratamento paliativo.4 Todas essas modalidades de tratamento podem provocar efeitos adversos temporários ou permanentes. Tendo em vista o tipo de tratamento, bem como seu potencial de toxicidade e as condições clínicas da pessoa é legitimo também oferecer a esta o direito ao adoecimento digno. O qual objetiva controlar sintomas e preservar a qualidade de vida. Nesse contexto, a radioterapia é um tratamento realizado por meio de radiações ionizantes para combater agentes neoplásicos com objetivo de destruir as células malignas, impedindo sua multiplicação por mitose e determinando a morte celular. Em tumores considerados inoperáveis é indicada para a remissão de sintomas como, para diminuir o sangramento, obstruções, aliviar a dor e a

  1. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção e Gestão Hospitalar no Sistema Público de Saúde. E-mail: pamdeleon@hotmail.com
  1. Farmacêutica. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção e Gestão Hospitalar no Sistema Público de Saúde. E-mail: jluizabeck@gmail.com
  1. Enfermeira. Doutora. Professora Adjunta do departamento de enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: silvanabastoscogo@gmail.com
  1. Enfermeira. Mestre. Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: cintiamarconato@gmail.com
  1. Enfermeira. Mestre. Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: lcstekel@yahoo.com.br
  1. Enfermeira. Mestre. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção e Gestão Hospitalar no Sistema Público de Saúde. E-mail: taissfg@gmail.com

compressão neurológica.4 Sendo assim, objetiva-se relatar a vivência de residentes multiprofissionais em relação aos cuidados de enfermagem a pessoas com câncer localizados em região de cabeça e pescoço em radioterapia paliativa. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência sobre os cuidados de enfermagem em radioterapia paliativa em pessoas com câncer localizado na região de cabeça e pescoço. Esse trabalho é proveniente da inserção de residentes de um Programa de Residência Multiprofissional em um serviço de radioterapia de um hospital universitário do interior do Rio Grande do Sul/ Brasil. Essa experiência ocorreu no período de março de 2016 a março de 2017. Resultados: No serviço de radioterapia são realizadas consultas de enfermagem durante todo o período que a pessoa se encontra em tratamento. A função da equipe de enfermagem engloba os cuidados diante da condição clínica, psicológica e social da pessoa em tratamento radioterápico, com garantia a prevenção das complicações e minimização da radiotoxicidade, que possui como principais efeitos colaterais: fadiga; ansiedade; depressão; anorexia; caquexia, reações de pele e especificamente em região de cabeça e pescoço: eritema; mucosite; esofagites, xerostomia e alterações no paladar.5 As ações e orientações que contribuíram para a diminuição dos sintomas/efeitos adversos foram: monitoramento das condições nutricionais, sendo avaliado a necessidade quanto ao uso de sonda nasoenteral, orientações em relação a estimulação da ingesta hídrica de 2 a 3 litro/dia, atenção quanto a deglutição, odinofagia, disfagia, desidratação; estimulação a higiene oral e escovação dos dentes após cada refeição adaptando as orientações ao contexto social da pessoa sendo assim a cavidade oral era semanalmente avaliada bem como, a necessidade de retirar próteses dentárias móveis, se existentes. Conforme a necessidade de cada pessoa foram realizados encaminhamentos com o médico assistente, radioterapeuta ou o oncologista sobre a necessidade de indicar o uso de analgésicos segundo o tipo e nível da dor referida. Outros aspectos observados durante as consultas de enfermagem foram as alterações no nível de consciência e alterações de comunicação. Além disso, muitas pessoas apresentavam ulcerações ou mutilações devido ao adoecimento sendo necessária a realização de curativos, nesses casos, era feito a avaliação da pele para tomada de decisão em relação as condutas que envolviam a assepsia (temperatura da solução fisiológica e utilização de outros tipos de soluções para limpeza de feridas) tipo de cobertura e fixação segura e confortável. Ainda, durante as consultas de enfermagem eram feitos os encaminhamentos e discussões necessárias a profissionais como: nutricionista, dentista, fonoaudiólogo, farmacêutico, assistente social e psicólogo formando um elo importante para a atuação da equipe multidisciplinar no cuidado paliativo de pessoas que tratam cânceres localizados em região de cabeça pescoço. Considerações Finais: A radioterapia paliativa é importante para a diminuição do sofrimento e melhora da qualidade de vida. Sendo assim, o profissional que atua com pessoas acometidas por câncer em tratamento radioterápico paliativo, necessita estar atento e sensível as reações adversas advindas da radioterapia e do desenvolvimento do percurso da doença. Desse modo, a humanização no cuidado, o trabalho na perspectiva multidisciplinar e atenção aos aspectos clínicos e psicológicos das pessoas são fundamentais para a radioterapia como cuidada paliativo.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – Rio de Janeiro: INCA, 2015.

  1. Aquino RCA, Lima MLLT, Menezes CRCX, Rodrigues M. Alterações fonoaudiológicas e acesso ao fonoaudiólogo nos casos de óbito por câncer de lábio, cavidade oral e orofaringe: um estudo retrospectivo. Rev. CEFAC v.18, n.3, São Paulo 2016

  1. Jemal A, Siegel R, Ward E, Hao Y, Xu J, Thun MJ. Cancer statistics. 2009. CA Cancer J Clin. 2009;59(4):225-49.
  1. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Carcinoma Epidermóide da Cabeça e Pescoço. Revista Brasileira de Cancerologia, v.47, n.4, p. 361-76, 2001.
  1. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Ações de enfermagem para o controle do

câncer: uma proposta de integração ensino-serviço 3. ed. rev. atual. ampl. – Rio de

Janeiro: iNCA, 2008.

      1. O CUIDADO FRENTE AOS EFEITOS COLATERAIS DECORRENTES DA QUIMIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Luana Amaral Mortola, Rosani Manfrin Muniz, Daniela Habekost Cardoso, Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Clarice de Medeiros Carniere.

Introdução: O câncer é a segunda maior causa de mortes no Brasil, sendo responsável por 15,6% dos óbitos, perdendo apenas para doenças cardiovasculares1. O tratamento oncológico curativo tem resultado na diminuição da mortalidade e da morbidade, no entanto, há a preocupação com conforto e alívio de sintomas do paciente no final de vida2. Em cuidados paliativos é importante amenizar o sofrimento que precede a morte. A quimioterapia paliativa tem grande importância na melhora da qualidade de vida com enfoque principalmente no tratamento de metástases3. Porém a modalidade terapêutica pode trazer inúmeros efeitos colaterais. Nesse sentido, destaca-se a importância do cuidado de enfermagem integral e individualizado, visando prevenir e minimizar estes efeitos4. Objetivo: Relatar a vivência de enfermeiras residentes no cuidado a pacientes com câncer durante o tratamento quimioterápico paliativo. Metodologia: Estudo de abordagem qualitativa na modalidade de relato de Experiência. Relata-se a vivência de quatro enfermeiras residentes do Programa de Residência Integrada Multiprofissional de um Hospital de ensino. O relato concentra-se na atuação de enfermeiras residentes na realização do cuidado paliativo no serviço de oncologia do hospital em questão. Os resultados aqui apresentados foram coletados entre o mês de janeiro a março de 2017, por

1 . Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail: lumortola92@gmail.com

  1. Enfermeira Doutora em Enfermagem Fundamental. Professora do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: romaniz@terra.com.br

  1. Enfermeira Mestre em Ciências. Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail:danielahabekost@yahoo.com
  1. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail:leticia_diazz@hotmail.com
  1. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail:sandyalvesvasconcellos@hotmail.com

  2. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail:claricecarniere39@hotmail.com

meio de atuação, observação e por relatos verbais da equipe acerca das contribuições, dificuldades e possibilidades durante o período de atuação. Resultados: O serviço de oncologia do Hospital Escola é localizado em uma cidade na região sul do Rio Grande do Sul, e atende pacientes oncológicos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para realização de quimioterapia e radioterapia. Neste espaço atuam profissionais de diversas áreas como enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, dentistas e assistente sociais. Por se tratar de uma instituição de ensino vinculada a uma universidade federal, existe a presença de acadêmicos e residentes da área da saúde. O atendimento é realizado de segunda a sábado das sete da manhã às sete da noite; em média 30 a 50 pacientes por dia, sendo que, de 20 a 30 realizam quimioterapia. Dependendo do protocolo quimioterápico, há pacientes que realizam o tratamento de uma a cinco vezes por semana. O tempo médio de permanência dos usuários para a administração do quimioterápico varia entre 30 minutos e seis horas. Atualmente há um crescente número de pacientes que realizam quimioterapia paliativa, sendo que o diagnóstico mais comuns é o câncer de mama, além das situações em que ocorrem metástases pulmonares e hepáticas. Os efeitos colaterais mais comuns são físicos, como náuseas, vômitos, constipação, alopecia e dor. Os cuidados de enfermagem são realizados em situações agudas e a longo prazo visando prevenir e minimizar os efeitos. Nos casos de efeitos concomitantes a aplicação da quimioterapia, como dor aguda, vômito e anafilaxia, tornam-se imprescindível a administração de medicamentos e cuidados com estes. Em outras situações de possibilidade de ocorrer alopecia, sintomas digestivos e dermatológicos, é de extrema importância a realização das orientações com o objetivo de prevenir tais sintomatologias. Neste caso, o momento da consulta de enfermagem é propício para explorar as possíveis dúvidas dos pacientes e, consequentemente, estimular a mudança de postura frente ao tratamento3. Conclusão: Sendo assim, fazem-se necessárias orientações e estímulo ao autocuidado, pois o tratamento oncológico causa diversas toxicidades, carecendo de intervenção não apenas medicamentosa, mas também de cuidados que podem ser tomados pelo próprio paciente. É errônea a suposição de que “não há mais nada a se fazer” pelo paciente sem possibilidades de cura, uma vez que enquanto houver vida, sempre existirá a necessidade do cuidado de enfermagem, que possam garantir melhor qualidade da vida e reduzir sofrimentos como propõe a filosofia paliativista.

REFERÊNCIAS:

  1. Ministério da Saúde (BR). Estimativa 2016: Incidência de câncer no Brasil/

Instituto Nacional do Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2014. http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2015/esti mativa_incidencia_cancer_2016

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  1. Cirilo JD, Silva MM, Fuly Patríci SC, MoreiraMC. A gerência do cuidado de enfermagem à mulher com câncer de mama em quimioterapia paliativa.Texto contexto –

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  1. Rodrigues AB. Estresse em pacientes submetidos a tratamento antineoplásico. Cuidado é Fundamental. 2016:8(2); 4487-4500.
      1. O CUIDADO DE ENFERMAGEM FRENTE À RADIODERMITE CONSEQUENTE DA RADIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Luana Amaral Mortola, Letícia Valente Dias, Sandy Alves Vasconcellos, Clarice de Medeiros Carniere, Jandira Amarilho Silveira, Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos.

Introdução: A radioterapia é uma das modalidades terapêuticas utilizadas no tratamento de neoplasias. Constitui-se como um tratamento localizado, que usa radiação ionizante produzida por aparelhos ou emitida por radioisótopos naturais1. A radioterapia paliativa atua no momento em que a doença se encontra em estágio avançado, tendo como propósito aliviar a sua sintomatologia (antálgica, anti-hemorrágica, no tratamento de compressões neurológicas, etc.)1. No entanto, apesar dos aspectos positivos, o tratamento radioterápico acarreta efeitos adversos como a radiodermite2.A radiodermite é um conjunto de lesões cutâneas provocadas por uma exposição excessiva à radiação ionizante. É considerada uma queimadura complexa levando à desidratação da pele e complicações secundárias como infecção local que pode promover a interrupção do tratamento radioterápico em muitos casos3. Estima-se que 60% dos pacientes com câncer serão submetidos à radioterapia e 95% destes devem desenvolver radiodermites4. Ressalta-se que a radiodermite é um efeito adverso que pode ser evitado. Destaca-se a importância do cuidado com intuito de promover o alívio do sofrimento que precede a morte incluindo efeitos adversos a terapêutica adotada. Nesse sentido os cuidados de enfermagem devem ser direcionados à realização de orientações com intuito de prevenir

1 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail: lumortola92@gmail.com

2 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: leticia_diazz@hotmail.com

3 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: sandyalvesvasconcellos@hotmail.com

4 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: claricecarniere39@hotmail.com

5 Enfermeira. Ambulatório de Oncologia Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail:

jandiraamarilho@gmail.com

6 Enfermeira. Ambulatório de Oncologia Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail:

carenlais@hotmail.com

estes efeitos a proporcionar conforto e segurança para o paciente. Objetivo: Dissertar sobre a vivência do cuidado de enfermagem frente à radiodermite no paciente submetido radioterapia paliativa. Métodos: Estudo de abordagem qualitativa na modalidade de relato de Experiência. Relata-se a vivência de cinco enfermeiras residentes do Programa de Residência Integrada Multiprofissional do Hospital Escola da Universidade Federal Pelotas. O relato concentra-se na atuação das enfermeiras residentes na realização do cuidado paliativo em uma Unidade de Radioterapia de um Serviço de Oncologia no sul do Rio Grande do Sul. A atuação sucedeu-se nos meses de agosto a dezembro de 2016. Resultados: Na unidade de radioterapia o atendimento era realizado de segunda a sábado das sete da manhã às sete da noite. Em média eram atendidos de 20 a 30 pacientes por dia, destes, nove realizavam radioterapia paliativa. Ao iniciar o tratamento radioterápico o paciente era recebido pela equipe de enfermagem, onde o enfermeiro realizava a consulta de enfermagem, sendo preconizados os cuidados para prevenção de efeitos colaterais como a radiodermatite, tais cuidados como, incentivo a ingesta hídrica; evitar expor a área irradiada ao sol, calor e/ou frio; manter a pele do campo de tratamento seca e livre de irritações; não utilizar qualquer produto no local antes das seções de radioterapia; evitar coçar, arranhar ou esfregar o local de tratamento; lavar a pele do campo de tratamento com água em temperatura ambiente; utilizar produtos de higiene com pH neutro; entre outros. Nesse ambiente destacava-se a qualidade educativa do enfermeiro e a importância de acolher o paciente de maneira integral e individual, principalmente aquele que realiza a radioterapia paliativa, pois devido a não possibilidade de cura atrelada a ocorrência de efeitos colaterais pode indicar a não realização do tratamento. Mesmo sendo realizado o cuidado direcionado a prevenção da radiodermite, alguns pacientes que realizaram radioterapia paliativa apresentaram este efeito. Frente a isso os cuidados também tiveram o enfoque na minimização deste, sendo recomendadas diversas intervenções, tais como orientação de aplicação de compressas com chá de camomila ou água filtrada no local da lesão. Outros produtos como a aloe vera e a sulfadiazina de prata 1% também eram utilizados sob prescrição médica, porém com cautela devido à insuficiência de evidências científicas que as sustentassem. Os cuidados foram realizados de maneira educativa com intuito de serem reproduzidos no prisma domiciliar. O objetivo foi reduzir ou sanar a radiodermite removendo a possibilidade de interrupção do tratamento devido à possível evolução da lesão. Conclusão: A radiodermatite é um efeito adverso que pode ser prevenido, ou minimizado, por meio de orientações prévias ao tratamento radioterápico. Destaca-se a realização da consulta de enfermagem desde o início do tratamento até a sua conclusão, sendo a prevenção de complicações e a qualidade de vida os núcleos do cuidado na realização da radioterapia paliativa.

REFERÊNCIAS:

  1. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Ações de Enfermagem para o controle do câncer: Uma proposta de integração ensino-serviço. Rio de Janeiro: INCA; 2008.

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  1. Dealey C. Cuidando de feridas: um guia para as enfermeiras. 3ª ed. São Paulo: Atheneu; 2008.
      1. CUIDADO TERAPÊUTICO: UM OLHAR EM BUSCA DA HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NOS CUIDADOS PALIATIVOS

Gabriela Nasser Gervini, Maira Buss Thofehrn, Helen Nicoletti Fernandes, Franciele Budziareck das Neves.

Introdução: O aumento da longevidade da população trouxe um crescimento não somente da incidência e prevalência, como da mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), tais como doenças cardiovasculares e neoplasias.1 Assim, pessoas com DCNT passam a necessitar de cuidados que priorizem o controle de sintomas e objetivem melhor qualidade de vida. Os cuidados paliativos são tratamentos ativos e totais aos pacientes quando a doença não responde à abordagens curativas, assim, o controle de sintomas torna-se prioridade, objetivando melhor qualidade de vida diante de doenças que ameaçam a vida, por meio da prevenção e alivio do sofrimento. Por isso, requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e de outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual.2 O cuidado terapêutico baseia-se na visão singular, solidária e integradora entre o profissional de enfermagem e ser humano que necessita de cuidados, buscando a resolução de problemas e/ou necessidades pessoais.3 A atenção domiciliar têm como objetivo proporcionar ao paciente um cuidado contextualizado à sua cultura, rotina e dinâmica familiar, evitando hospitalizações desnecessárias e proporcionando uma assistência holística ao paciente em cuidado paliativo.4 Deste modo, o estudo visa conhecer o cuidado prestado por enfermeiros da equipe do Programa Melhor em Casa, do Governo Federal e do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) em um município do sul do Brasil. Ao total, os dois programas têm oito equipes multidisciplinares que assistem diária e concomitantemente cerca de 120 pacientes financiados totalmente por recursos do Sistema Único de Saúde.5 Objetivos: Conhecer o cuidado prestado pelos enfermeiros de dois programas de internação domiciliar na promoção e busca da humanização do cuidado. Método: Estudo qualitativo, descritivo e exploratório. Desenvolvido com oito enfermeiras das equipes dos programas Melhor em

1Especialista em Estratégia de Saúde da Família Enfermeira. UFPel. gabrielagerviny@hotmail.com Professora Doutora Enfermeira.mairabusst@hotmail.com Doutoranda Mestra Enfermeira.helyfern@hotmail.com

Mestra Enfermeira.fran.bnvs@gmail.com

Casa e PIDI, de um hospital de ensino do Rio Grande do Sul. As entrevistas ocorreram durante o mês de novembro de 2014, por meio de uma entrevista semiestruturada. Foram mantidos os preceitos éticos, baseados no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem de 20077, e também, de acordo com a Resolução nº 466 de 12 de Dezembro de 20128, que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos. Os dados foram analisados por meio da Proposta Operativa de Minayo.6 Resultados: Foi possível conhecer o trabalho prestado pelos enfermeiros na busca da humanização dos cuidados, baseado na relação entre a equipe multiprofissional e vínculo com o paciente e sua família. Evidenciado através de boas habilidades de comunicação, escuta, empatia e preocupação com o paciente e família, tendo como objetivo principal um cuidado integral, ético e humanizado. Nos relatos, os enfermeiros mostram-se comprometidos na promoção e recuperação da saúde ao realizar um cuidado terapêutico, integral, equânime e humano, importando-se também com a família, no cuidado, orientação e apoio. As entrevistadas relatam que o vínculo criado com o paciente e sua família torna-se muito forte devido a inserção no contexto do paciente e família, rotinas e a própria internação dos mesmos, que muitas vezes torna-se bastante extensa. Algumas dificuldades encontradas pelas enfermeiras na atuação em cuidados paliativos são embasadas na literatura: 9 O encaminhamento tardio do paciente; inúmeras tentativas de tratamento com aumento do sofrimento e estresse; relutância no encaminhamento pela falta de compreensão do papel dos cuidados paliativos; esperanças não realistas por parte do paciente e/ou família em relação à evolução da doença; não concordância entre família e paciente quanto ao tratamento; pobreza extrema; entre outros. Conclusão: Com este trabalho, foi possível reconhecer o cuidado terapêutico exercido por enfermeiras de dois programas de internação domiciliar. Espera-se que o estudo permita uma reflexão sobre o assunto enfatizando a necessidade da humanização dos cuidados e disseminação do conceito de cuidado terapêutico, ainda pouco utilizado, e das filosofias dos cuidados paliativos, implantando esse cuidado conjuntamente ao tratamento ativo da doença, buscando concretizar o que seria um cuidado terapêutico e humanizado. É necessário ampliar esse olhar para outros serviços, realizar maiores investimentos durante a formação de profissionais enfermeiros, assim como trabalhar fortemente a humanização com os acadêmicos. A mudança de comportamento dentro dos hospitais deve partir do princípio de uma redução da carga horária dos profissionais, demanda de trabalho e aumento das condições de trabalho para um cuidado de melhor qualidade. Por fim, conclui-se que são necessárias mais pesquisas que abordem o cuidado terapêutico dentro dos serviços de saúde.

REFERÊNCIAS

  1. Gottlieb MGV, Schwanke CHA, Gomes I, Cruz IBM. Envelhecimento e longevidade no Rio Grande do Sul: um perfil histórico, étnico e de morbi-mortalidade dos idosos. Rev. bras. geriatr. gerontol. 2011 Abr./Jun.,14(2): 365-380.

  1. Organização Mundial da Saúde. WHO Definition of Palliative Care [internet]. Acesso

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http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en.

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  1. Fripp JC, Facchini LA, Silva SM. Caracterização de um programa de internação domiciliar e cuidados paliativos no Município de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil: uma contribuição à atenção integral aos usuários com câncer no Sistema Único de Saúde, SUS. Epidemiol. Serv. Saúde. 2012 mar., 21(1): 69-78.

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.208, de 18 de junho de 2013. Dispõe sobre a integração do Programa Melhor em Casa (Atenção Domiciliar no âmbito do SUS) com o Programa SOS Emergências, ambos inseridos na Rede de Atenção às Urgências. Diário Oficial da União. nº 116, 2013 jun.19; seção 1 p.37.

  1. Minayo, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12 ed. São

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  1. Conselho Federal de Enfermagem Resolução. COFEN nº 311 de 18 de janeiro de

2007. Dispõe sobre o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Acesso em: [2014 mai 10]. Disponível em: http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-3112007_4345.html.

  1. Brasil. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre projetos de pesquisa envolvendo seres humanos. Acesso em: [2014 mai 13]. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf>.

  1. Guimarães, RM. Filosofia dos cuidados paliativos. In: Saltz, E. Juver, J. Cuidados

paliativos em oncologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Senac; 2013. p. 13-23.

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7 Psicóloga. Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: brunamaffei15@hotmail.com;

8 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: isa.arrieira@hotmail.com

9 Psicóloga. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: psi_re@hotmail.com

10 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: danielahabekost@yahoo.com.br

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14 Psicóloga. Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: brunamaffei15@hotmail.com;

15 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: isa.arrieira@hotmail.com

16 Psicóloga. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: psi_re@hotmail.com

17 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: danielahabekost@yahoo.com.br

  1. 18 Graduada em enfermagem pela universidade Federal de Pelotas. HE-UFPEL Melhor em Casa. E-mail: sara-deise@hotmail.com.
  1. 19 Enfermeira coordenadora técnica da atenção domiciliar, Mestre e Doutora em ciências pela UFPel. HE-UFPEL Melhor em Casa E-mail: isa_arrieira@hotmail.com.
  1. 20 Graduada em enfermagem pela universidade Anhanguera Pelotas. HE-UFPEL Melhor em Casa. E-mail: emelirsantos@gmail.com.
  1. 21 Técnica em enfermagem e acadêmica de enfermagem da universidade Federal de Pelotas. HE-UFPEL PIDI. Email:Simone.mu@hotmail.com.
  1. 22 Médica intensivista e paliativista, Docente FAMED UFPel, Doutora em ciências, especialista em Gestão hospitalar IEP-HSL, Mestre em saúde pública, responsável pela atenção domiciliar junto ao MS. E-mail: julietafripp@gmail.com.

  1. 23 Médica especialista em medicina de família e comunidade. HE-UFPEL Melhor em Casa E-mail: renataschmitz@ymail.com .

24Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – E-mail:

cristianeoliveirarg@hotmail.com;

26Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – sidneimorales@hotmail.com;

27Enfermeira, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Enfermagem UFPEL napaulaescobal@hotmail.com.

28Graduanda em Psicologia, Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Universidade Federal do Rio Grande – ICHI/FURG. E-mail: dessa.hubner@hotmail.com;

29Psicóloga, Doutora em Enfermagem. Docente do curso de Psicologia, Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Universidade Federal do Rio Grande – ICHI/FURG. E-mail: daniela.santos@furg.br.

30 Assistente social Residente Multiprofissional – Hospital Universitário de Santa Maria- Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: biah.camargo@hotmail.com;

31 Fisioterapeuta Residente Multiprofissional- Hospital Universitário de Santa Maria- Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: marciapgracioli@gmail.com

32 Psicóloga Residente Multiprofissional – Hospital Universitário de Santa Maria- Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: michelezarantonelo@gmail.com.

33Mestre em Saúde e Comportamento. Psicóloga hospitalar do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). barbaraterres@hotmail.com

  1. 34Mestre em Nutrição e Alimentos. Nutricionista do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). gabriela.uliano@ebserh.gov.br
  1. 35Mestrando em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas. Fisioterapeuta da Atenção Domiciliar do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). renato.lins@ebserh.gov.br
  1. 36Especializando em fisioterapia em oncologia pela Fisiowork. Fisioterapeuta da Atenção Domiciliar do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). vicente.arenhart@ebserh.gov.br

37Acadêmica do curso de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. maiaraformentinn@gmail.com;

38Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. Email:

andriaraccardoso@gmail.com;

  1. 39Acadêmico de Terapia Ocupacional. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. Email: mts2529@gmail.com;
  1. 40Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Email: jehperboni@yahoo.com.br;
  1. 41Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Email: francielefrc@gmail.com;
  1. 42Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Email: stefaniegriebeleroliveira@gmail.com.

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49 Autora do trabalho. Psicóloga. Residência Multiprofissional Integrada em Gestão e Atenção Hospitalar no Sistema Público de Saúde, ênfase em Hemato-oncologia pela Universidade Federal de Santa Maria – RS. E-mail: lenise.selbach.psi@gmail.com.

50 Autora e relatora do trabalho. Terapeuta Ocupacional. Residência Multiprofissional Integrada em Gestão e Atenção Hospitalar no Sistema Público de Saúde, ênfase em Hemato-oncologia pela Universidade Federal de Santa Maria – RS. Email:costtanathalie@gmail.com

51 Coautora do trabalho. Terapeuta Ocupacional. Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: lui_onofrio@hotmail.com;

  1. 52Coautora do trabalho. Psicóloga. Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: pcecim@gmail.com.

53Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: sii.sartor@hotmail.com;

54Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: brunagilv@hotmail.com;

  1. 55Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: luiza-vargas@hotmail.com;
  1. 56Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: janainabmachado@hotmail.com;
  1. 57Enfermeira. MsC em Ciências. Doutoranda do PPGEnf/UFPEL. E-mail: brunaknob@hotmail.com;

58Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: stefaniegriebeleroliveira@gmail.com.

  1. 59Terapeuta Ocupacional. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Universidade Federal de Pelotas. franciellyzilli.to@gmail.com
  1. 60Enfermeira Doutora. Decente na Universidade Federal de Pelotas. stefaniegriebeleroliveira@gmail.com

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66Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET/Enfermagem. E-mail: lorranencarvalho13@gmail.com.

67Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET/Enfermagem. E-mail: cintiacamilacosta@gmail.com.

68Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET/Enfermagem. E-mail: munique-p@live.com.

69Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PROBIC/FAPERGS. E-mail:

barbaragama06@hotmail.com.

  1. 70Enfermeira. Mestre em enfermagem. Doutoranda em Enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. E-mail: biancajung@furg.br.
  1. 71Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – fabriciodiel@live.com

72Acadêmica de Enfermagem da universidade Federal de Pelotas – A

amanda_araujo.d@hotmail.com

73Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – laviniarockembach@gmail.com

74Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – sabrinarfarias@gmail.com

75Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – vitsouza37@gmail.com

76Enfermeira Doutoranda do Programa de Pós-Graduação na Enfermagem na Universidade Federal de Pelotas – anapaulaescobal@hotmail.com

77Acadêmica de Odontologia da UFPel; indy_cerutti@hotmail.com

78Cirurgião-Dentista, Doutor em Odontologia, Servidor da Faculdade de Odontologia da UFPel; costajrs@hotmail.com

79Acadêmico de Odontologia da UFPel; kaio.heide@gmail.com

80Acadêmica de Odontologia da UFPel; nique.zanella@hotmail.com

81Acadêmica de Odontologia da UFPel; raquel.soncini@hotmail.com

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  1. 88 Enfermeira Especialista em Oncologia pelo Hospital Moinhos de Ventos – Porto Alegre

89 Mestre em Antropologia Social –Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT.

90Mestre em Antropologia Social –Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT.

91 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: tais_alves15@hotmail.com;

92 Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

sii.sartor@hotmail.com;

93Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: brazilclau@gmail.com;

94Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. E-mail:nataliafmaya@hotmail.com;

95Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016.Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

elisamoraisph@gmail.com;

96Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

stefaniegriebeleroliveira@gmail.com.

  1. 97Fisioterapeuta Residente em Saúde do Idoso – UCPel/HUSFP, Mestranda em Educação Física –UFPel – graciele.mendes@ucpel.edu.br;
  1. 98Mestre em Saúde Pública, Professora do curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Pelotas – marilener@gmail.com.

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  1. 100Terapeuta Ocupacional. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) –Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Email: lui_onofrio@hotmail.com

101Terapeuta Ocupacional. Universidade Federal de Santa Maria. Email: suzellima2@gmail.com

102Terapeuta Ocupacional. Universidade Federal de Santa Maria. Email: jodelipo@gmail.com

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109 Especialização em Gestão e Atenção Hospitalar no Sistema Único de Saúde- Ênfase em Hemato-oncologia/ UFSM. Docente do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria-UFSM, RS, Brasil. E-mail: suzellima2@gmail.com

110 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria. Docente do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria. – UFSM, RS, Brasil. E-mail: amarahb@gmail.com

  1. 111 Enfermeiro. Mestrando em Ciências – Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. marlon_martter@hotmail.com
  1. 112 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Universidade Federal de Pelotas. adrizeporto@gmail.com
  1. 113 Enfermeiro. Mestrando em Ciências – Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. marlon_martter@hotmail.com
  1. 114 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Universidade Federal de Pelotas. adrizeporto@gmail.com
  1. 115 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. jessica.cardosovaz@gmail.com
  1. 116 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. jehperboni@yahoo.com.br
  1. 117 Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. stefaniegriebeleroliveira@gmail.com
  1. 118 Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. vivianemarten@hotmail.com
  1. 119Acadêmica de Enfermagem do nono semestre das Faculdades Integradas de Taquara –FACCAT.
  1. 120Mestre em Antropologia Social – Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT
  1. 121 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas jehperboni@yahoo.com.br;
  1. 122 Acadêmico do curso de Terapia Ocupacional. Bolsista PROERXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. mts2529@gmail.com;
  1. 123 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. brazilclau@gmail.com;
  1. 124 Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. elisamoraisph@gmail.com;
  1. 125Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. tais_alves15@hotmail.com;
  1. 126Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. stefaniegriebeleroliveira@gmail.com.
  1. 127 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail: franciele.cordeiro@ufpel.edu.br
  1. 128 Enfermeira. Doutora em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: kruse@uol.br
  1. 129 Enfermeira. Doutora em Filosofia da Prática. Centre National des Soins Palliatifs et de la Fin de Vie (CNSPFV-França). E-mail: Ncarlin@chu-grenoble.fr

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  1. 141 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. camilatbonow@gmail.com
  1. 142 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. jessica.cardosovaz@gmail.com

143 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. janainaminuto@hotmail.com

  1. 144 Doutora em Ciências. Professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas. E-mail: teila.ceolin@gmail.com
  1. 145 Professora Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. rmheckpillon@yahoo.com.br

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  1. 148 Nutricionista Hospital Escola/UFPel/ EBSERH.

149 Mestre em Nutrição e Alimentos UFPel. Nutricionista do Hospital Escola/UFPel/EBSERH. rosescuga@gmail.com;

150 Médica Nutróloga da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Escola / UFPel / EBSERH. patricia.patip@gmail.com;

151 Médico Nutrólogo da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Escola / UFPel / EBSERH. enriques@terra.com.br;

152 Especialista em Nutrição Oncológica, Nutricionista da Equipe de Terapia Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Escola/UFPel/ EBSERH. tassianp@hotmail.com.

  1. 153 Graduada em enfermagem pela universidade Federal de Pelotas. HE-UFPEL Melhor em Casa. E-mail: sara-deise@hotmail.com.
  1. 154 Enfermeira coordenadora técnica da atenção domiciliar, Mestre e Doutora em ciências pela UFPel. HE-UFPEL Melhor em Casa E-mail: isa_arrieira@hotmail.com.
  1. 155 Graduada em enfermagem pela universidade Anhanguera Pelotas. HE-UFPEL Melhor em Casa. E-mail: emelirsantos@gmail.com.
  1. 156 Técnica em enfermagem e acadêmica de enfermagem da universidade Federal de Pelotas. HE-UFPEL PIDI. Email:Simone.mu@hotmail.com.
  1. 157 Médica intensivista e paliativista, Docente FAMED UFPel, Doutora em ciências, especialista em Gestão hospitalar IEP-HSL, Mestre em saúde pública, responsável pela atenção domiciliar junto ao MS. E-mail: julietafripp@gmail.com.

  1. 158 Médica especialista em medicina de família e comunidade. HE-UFPEL Melhor em Casa E-mail: renataschmitz@ymail.com .

159Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – E-mail:

cristianeoliveirarg@hotmail.com;

161Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – sidneimorales@hotmail.com;

162Enfermeira, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Enfermagem UFPEL napaulaescobal@hotmail.com.

163Graduanda em Psicologia, Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Universidade Federal do Rio Grande – ICHI/FURG. E-mail: dessa.hubner@hotmail.com;

164Psicóloga, Doutora em Enfermagem. Docente do curso de Psicologia, Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Universidade Federal do Rio Grande – ICHI/FURG. E-mail: daniela.santos@furg.br.

165 Assistente social Residente Multiprofissional – Hospital Universitário de Santa Maria- Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: biah.camargo@hotmail.com;

166 Fisioterapeuta Residente Multiprofissional- Hospital Universitário de Santa Maria- Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: marciapgracioli@gmail.com

167 Psicóloga Residente Multiprofissional – Hospital Universitário de Santa Maria- Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: michelezarantonelo@gmail.com.

168Mestre em Saúde e Comportamento. Psicóloga hospitalar do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). barbaraterres@hotmail.com

  1. 169Mestre em Nutrição e Alimentos. Nutricionista do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). gabriela.uliano@ebserh.gov.br
  1. 170Mestrando em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas. Fisioterapeuta da Atenção Domiciliar do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). renato.lins@ebserh.gov.br
  1. 171Especializando em fisioterapia em oncologia pela Fisiowork. Fisioterapeuta da Atenção Domiciliar do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). vicente.arenhart@ebserh.gov.br

172Acadêmica do curso de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. maiaraformentinn@gmail.com;

173Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. Email:

andriaraccardoso@gmail.com;

  1. 174Acadêmico de Terapia Ocupacional. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. Email: mts2529@gmail.com;
  1. 175Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Email: jehperboni@yahoo.com.br;
  1. 176Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Email: francielefrc@gmail.com;
  1. 177Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Email: stefaniegriebeleroliveira@gmail.com.

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184 Autora do trabalho. Psicóloga. Residência Multiprofissional Integrada em Gestão e Atenção Hospitalar no Sistema Público de Saúde, ênfase em Hemato-oncologia pela Universidade Federal de Santa Maria – RS. E-mail: lenise.selbach.psi@gmail.com.

185 Autora e relatora do trabalho. Terapeuta Ocupacional. Residência Multiprofissional Integrada em Gestão e Atenção Hospitalar no Sistema Público de Saúde, ênfase em Hemato-oncologia pela Universidade Federal de Santa Maria – RS. Email:costtanathalie@gmail.com

186 Coautora do trabalho. Terapeuta Ocupacional. Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: lui_onofrio@hotmail.com;

  1. 187Coautora do trabalho. Psicóloga. Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: pcecim@gmail.com.

188Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: sii.sartor@hotmail.com;

189Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: brunagilv@hotmail.com;

  1. 190Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: luiza-vargas@hotmail.com;
  1. 191Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: janainabmachado@hotmail.com;
  1. 192Enfermeira. MsC em Ciências. Doutoranda do PPGEnf/UFPEL. E-mail: brunaknob@hotmail.com;

193Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: stefaniegriebeleroliveira@gmail.com.

  1. 194Terapeuta Ocupacional. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Universidade Federal de Pelotas. franciellyzilli.to@gmail.com
  1. 195Enfermeira Doutora. Decente na Universidade Federal de Pelotas. stefaniegriebeleroliveira@gmail.com

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201Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET/Enfermagem. E-mail: lorranencarvalho13@gmail.com.

202Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET/Enfermagem. E-mail: cintiacamilacosta@gmail.com.

203Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET/Enfermagem. E-mail: munique-p@live.com.

204Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PROBIC/FAPERGS. E-mail:

barbaragama06@hotmail.com.

  1. 205Enfermeira. Mestre em enfermagem. Doutoranda em Enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. E-mail: biancajung@furg.br.
  1. 206Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – fabriciodiel@live.com

207Acadêmica de Enfermagem da universidade Federal de Pelotas – A

amanda_araujo.d@hotmail.com

208Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – laviniarockembach@gmail.com

209Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – sabrinarfarias@gmail.com

210Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – vitsouza37@gmail.com

211Enfermeira Doutoranda do Programa de Pós-Graduação na Enfermagem na Universidade Federal de Pelotas – anapaulaescobal@hotmail.com

212Acadêmica de Odontologia da UFPel; indy_cerutti@hotmail.com

213Cirurgião-Dentista, Doutor em Odontologia, Servidor da Faculdade de Odontologia da UFPel; costajrs@hotmail.com

214Acadêmico de Odontologia da UFPel; kaio.heide@gmail.com

215Acadêmica de Odontologia da UFPel; nique.zanella@hotmail.com

216Acadêmica de Odontologia da UFPel; raquel.soncini@hotmail.com

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  1. 223 Enfermeira Especialista em Oncologia pelo Hospital Moinhos de Ventos – Porto Alegre

224 Mestre em Antropologia Social –Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT.

225Mestre em Antropologia Social –Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT.

226 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: tais_alves15@hotmail.com;

227 Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

sii.sartor@hotmail.com;

228Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: brazilclau@gmail.com;

229Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. E-mail:nataliafmaya@hotmail.com;

230Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016.Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

elisamoraisph@gmail.com;

231Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

stefaniegriebeleroliveira@gmail.com.

  1. 232Fisioterapeuta Residente em Saúde do Idoso – UCPel/HUSFP, Mestranda em Educação Física –UFPel – graciele.mendes@ucpel.edu.br;
  1. 233Mestre em Saúde Pública, Professora do curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Pelotas – marilener@gmail.com.

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  1. 235Terapeuta Ocupacional. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) –Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Email: lui_onofrio@hotmail.com

236Terapeuta Ocupacional. Universidade Federal de Santa Maria. Email: suzellima2@gmail.com

237Terapeuta Ocupacional. Universidade Federal de Santa Maria. Email: jodelipo@gmail.com

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244 Especialização em Gestão e Atenção Hospitalar no Sistema Único de Saúde- Ênfase em Hemato-oncologia/ UFSM. Docente do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria-UFSM, RS, Brasil. E-mail: suzellima2@gmail.com

245 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria. Docente do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria. – UFSM, RS, Brasil. E-mail: amarahb@gmail.com

  1. 246 Enfermeiro. Mestrando em Ciências – Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. marlon_martter@hotmail.com
  1. 247 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Universidade Federal de Pelotas. adrizeporto@gmail.com
  1. 248 Enfermeiro. Mestrando em Ciências – Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. marlon_martter@hotmail.com
  1. 249 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Universidade Federal de Pelotas. adrizeporto@gmail.com
  1. 250 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. jessica.cardosovaz@gmail.com
  1. 251 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. jehperboni@yahoo.com.br
  1. 252 Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. stefaniegriebeleroliveira@gmail.com
  1. 253 Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. vivianemarten@hotmail.com
  1. 254Acadêmica de Enfermagem do nono semestre das Faculdades Integradas de Taquara –FACCAT.
  1. 255Mestre em Antropologia Social – Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT
  1. 256 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas jehperboni@yahoo.com.br;
  1. 257 Acadêmico do curso de Terapia Ocupacional. Bolsista PROERXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. mts2529@gmail.com;
  1. 258 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. brazilclau@gmail.com;
  1. 259 Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. elisamoraisph@gmail.com;
  1. 260Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. tais_alves15@hotmail.com;
  1. 261Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. stefaniegriebeleroliveira@gmail.com.
  1. 262 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail: franciele.cordeiro@ufpel.edu.br
  1. 263 Enfermeira. Doutora em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: kruse@uol.br
  1. 264 Enfermeira. Doutora em Filosofia da Prática. Centre National des Soins Palliatifs et de la Fin de Vie (CNSPFV-França). E-mail: Ncarlin@chu-grenoble.fr

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  1. 276 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. camilatbonow@gmail.com
  1. 277 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. jessica.cardosovaz@gmail.com

278 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. janainaminuto@hotmail.com

  1. 279 Doutora em Ciências. Professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas. E-mail: teila.ceolin@gmail.com
  1. 280 Professora Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. rmheckpillon@yahoo.com.br

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  1. 283 Nutricionista Hospital Escola/UFPel/ EBSERH.

284 Mestre em Nutrição e Alimentos UFPel. Nutricionista do Hospital Escola/UFPel/EBSERH. rosescuga@gmail.com;

285 Médica Nutróloga da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Escola / UFPel / EBSERH. patricia.patip@gmail.com;

286 Médico Nutrólogo da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Escola / UFPel / EBSERH. enriques@terra.com.br;

287 Especialista em Nutrição Oncológica, Nutricionista da Equipe de Terapia Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Escola/UFPel/ EBSERH. tassianp@hotmail.com.

288 Psicóloga. Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: brunamaffei15@hotmail.com;

289 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: isa.arrieira@hotmail.com

290 Psicóloga. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: psi_re@hotmail.com

291 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: danielahabekost@yahoo.com.br

  1. 292 Graduada em enfermagem pela universidade Federal de Pelotas. HE-UFPEL Melhor em Casa. E-mail: sara-deise@hotmail.com.
  1. 293 Enfermeira coordenadora técnica da atenção domiciliar, Mestre e Doutora em ciências pela UFPel. HE-UFPEL Melhor em Casa E-mail: isa_arrieira@hotmail.com.
  1. 294 Graduada em enfermagem pela universidade Anhanguera Pelotas. HE-UFPEL Melhor em Casa. E-mail: emelirsantos@gmail.com.
  1. 295 Técnica em enfermagem e acadêmica de enfermagem da universidade Federal de Pelotas. HE-UFPEL PIDI. Email:Simone.mu@hotmail.com.
  1. 296 Médica intensivista e paliativista, Docente FAMED UFPel, Doutora em ciências, especialista em Gestão hospitalar IEP-HSL, Mestre em saúde pública, responsável pela atenção domiciliar junto ao MS. E-mail: julietafripp@gmail.com.

  1. 297 Médica especialista em medicina de família e comunidade. HE-UFPEL Melhor em Casa E-mail: renataschmitz@ymail.com .

298Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – E-mail:

cristianeoliveirarg@hotmail.com;

300Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – sidneimorales@hotmail.com;

301Enfermeira, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Enfermagem UFPEL napaulaescobal@hotmail.com.

302Graduanda em Psicologia, Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Universidade Federal do Rio Grande – ICHI/FURG. E-mail: dessa.hubner@hotmail.com;

303Psicóloga, Doutora em Enfermagem. Docente do curso de Psicologia, Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Universidade Federal do Rio Grande – ICHI/FURG. E-mail: daniela.santos@furg.br.

304 Assistente social Residente Multiprofissional – Hospital Universitário de Santa Maria- Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: biah.camargo@hotmail.com;

305 Fisioterapeuta Residente Multiprofissional- Hospital Universitário de Santa Maria- Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: marciapgracioli@gmail.com

306 Psicóloga Residente Multiprofissional – Hospital Universitário de Santa Maria- Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: michelezarantonelo@gmail.com.

307Mestre em Saúde e Comportamento. Psicóloga hospitalar do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). barbaraterres@hotmail.com

  1. 308Mestre em Nutrição e Alimentos. Nutricionista do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). gabriela.uliano@ebserh.gov.br
  1. 309Mestrando em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas. Fisioterapeuta da Atenção Domiciliar do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). renato.lins@ebserh.gov.br
  1. 310Especializando em fisioterapia em oncologia pela Fisiowork. Fisioterapeuta da Atenção Domiciliar do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). vicente.arenhart@ebserh.gov.br

311Acadêmica do curso de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. maiaraformentinn@gmail.com;

312Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. Email:

andriaraccardoso@gmail.com;

  1. 313Acadêmico de Terapia Ocupacional. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. Email: mts2529@gmail.com;
  1. 314Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Email: jehperboni@yahoo.com.br;
  1. 315Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Email: francielefrc@gmail.com;
  1. 316Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Email: stefaniegriebeleroliveira@gmail.com.

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323 Autora do trabalho. Psicóloga. Residência Multiprofissional Integrada em Gestão e Atenção Hospitalar no Sistema Público de Saúde, ênfase em Hemato-oncologia pela Universidade Federal de Santa Maria – RS. E-mail: lenise.selbach.psi@gmail.com.

324 Autora e relatora do trabalho. Terapeuta Ocupacional. Residência Multiprofissional Integrada em Gestão e Atenção Hospitalar no Sistema Público de Saúde, ênfase em Hemato-oncologia pela Universidade Federal de Santa Maria – RS. Email:costtanathalie@gmail.com

325 Coautora do trabalho. Terapeuta Ocupacional. Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: lui_onofrio@hotmail.com;

  1. 326Coautora do trabalho. Psicóloga. Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: pcecim@gmail.com.

327Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: sii.sartor@hotmail.com;

328Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: brunagilv@hotmail.com;

  1. 329Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: luiza-vargas@hotmail.com;
  1. 330Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: janainabmachado@hotmail.com;
  1. 331Enfermeira. MsC em Ciências. Doutoranda do PPGEnf/UFPEL. E-mail: brunaknob@hotmail.com;

332Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: stefaniegriebeleroliveira@gmail.com.

  1. 333Terapeuta Ocupacional. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Universidade Federal de Pelotas. franciellyzilli.to@gmail.com
  1. 334Enfermeira Doutora. Decente na Universidade Federal de Pelotas. stefaniegriebeleroliveira@gmail.com

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340Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET/Enfermagem. E-mail: lorranencarvalho13@gmail.com.

341Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET/Enfermagem. E-mail: cintiacamilacosta@gmail.com.

342Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET/Enfermagem. E-mail: munique-p@live.com.

343Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PROBIC/FAPERGS. E-mail:

barbaragama06@hotmail.com.

  1. 344Enfermeira. Mestre em enfermagem. Doutoranda em Enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. E-mail: biancajung@furg.br.
  1. 345Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – fabriciodiel@live.com

346Acadêmica de Enfermagem da universidade Federal de Pelotas – A

amanda_araujo.d@hotmail.com

347Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – laviniarockembach@gmail.com

348Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – sabrinarfarias@gmail.com

349Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – vitsouza37@gmail.com

350Enfermeira Doutoranda do Programa de Pós-Graduação na Enfermagem na Universidade Federal de Pelotas – anapaulaescobal@hotmail.com

351Acadêmica de Odontologia da UFPel; indy_cerutti@hotmail.com

352Cirurgião-Dentista, Doutor em Odontologia, Servidor da Faculdade de Odontologia da UFPel; costajrs@hotmail.com

353Acadêmico de Odontologia da UFPel; kaio.heide@gmail.com

354Acadêmica de Odontologia da UFPel; nique.zanella@hotmail.com

355Acadêmica de Odontologia da UFPel; raquel.soncini@hotmail.com

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  1. 362 Enfermeira Especialista em Oncologia pelo Hospital Moinhos de Ventos – Porto Alegre

363 Mestre em Antropologia Social –Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT.

364Mestre em Antropologia Social –Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT.

365 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: tais_alves15@hotmail.com;

366 Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

sii.sartor@hotmail.com;

367Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: brazilclau@gmail.com;

368Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. E-mail:nataliafmaya@hotmail.com;

369Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016.Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

elisamoraisph@gmail.com;

370Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

stefaniegriebeleroliveira@gmail.com.

  1. 371Fisioterapeuta Residente em Saúde do Idoso – UCPel/HUSFP, Mestranda em Educação Física –UFPel – graciele.mendes@ucpel.edu.br;
  1. 372Mestre em Saúde Pública, Professora do curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Pelotas – marilener@gmail.com.

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  1. 374Terapeuta Ocupacional. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) –Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Email: lui_onofrio@hotmail.com

375Terapeuta Ocupacional. Universidade Federal de Santa Maria. Email: suzellima2@gmail.com

376Terapeuta Ocupacional. Universidade Federal de Santa Maria. Email: jodelipo@gmail.com

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383 Especialização em Gestão e Atenção Hospitalar no Sistema Único de Saúde- Ênfase em Hemato-oncologia/ UFSM. Docente do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria-UFSM, RS, Brasil. E-mail: suzellima2@gmail.com

384 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria. Docente do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria. – UFSM, RS, Brasil. E-mail: amarahb@gmail.com

  1. 385 Enfermeiro. Mestrando em Ciências – Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. marlon_martter@hotmail.com
  1. 386 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Universidade Federal de Pelotas. adrizeporto@gmail.com
  1. 387 Enfermeiro. Mestrando em Ciências – Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. marlon_martter@hotmail.com
  1. 388 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Universidade Federal de Pelotas. adrizeporto@gmail.com
  1. 389 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. jessica.cardosovaz@gmail.com
  1. 390 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. jehperboni@yahoo.com.br
  1. 391 Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. stefaniegriebeleroliveira@gmail.com
  1. 392 Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. vivianemarten@hotmail.com
  1. 393Acadêmica de Enfermagem do nono semestre das Faculdades Integradas de Taquara –FACCAT.
  1. 394Mestre em Antropologia Social – Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT
  1. 395 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas jehperboni@yahoo.com.br;
  1. 396 Acadêmico do curso de Terapia Ocupacional. Bolsista PROERXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. mts2529@gmail.com;
  1. 397 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. brazilclau@gmail.com;
  1. 398 Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. elisamoraisph@gmail.com;
  1. 399Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. tais_alves15@hotmail.com;
  1. 400Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. stefaniegriebeleroliveira@gmail.com.
  1. 401 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail: franciele.cordeiro@ufpel.edu.br
  1. 402 Enfermeira. Doutora em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: kruse@uol.br
  1. 403 Enfermeira. Doutora em Filosofia da Prática. Centre National des Soins Palliatifs et de la Fin de Vie (CNSPFV-França). E-mail: Ncarlin@chu-grenoble.fr

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  1. 415 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. camilatbonow@gmail.com
  1. 416 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. jessica.cardosovaz@gmail.com

417 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. janainaminuto@hotmail.com

  1. 418 Doutora em Ciências. Professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas. E-mail: teila.ceolin@gmail.com
  1. 419 Professora Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. rmheckpillon@yahoo.com.br

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  1. 422 Nutricionista Hospital Escola/UFPel/ EBSERH.

423 Mestre em Nutrição e Alimentos UFPel. Nutricionista do Hospital Escola/UFPel/EBSERH. rosescuga@gmail.com;

424 Médica Nutróloga da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Escola / UFPel / EBSERH. patricia.patip@gmail.com;

425 Médico Nutrólogo da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Escola / UFPel / EBSERH. enriques@terra.com.br;

426 Especialista em Nutrição Oncológica, Nutricionista da Equipe de Terapia Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Escola/UFPel/ EBSERH. tassianp@hotmail.com.