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  • XVI Encontro Estadual de História da ANPUH/RS – História Agora: Ensinar, Pesquisar, Protagonizar- Programação ainda disponível

    XVI Encontro Estadual de História da ANPUH/RS – História Agora: Ensinar, Pesquisar, Protagonizar

     (Todas as atividades serão on line)

    Mesa 03 – História pública e atuação profissional do/a historiador/a 

    (23/07/22, Sábado, 9:30-12:00)

    João Manuel C. Malaia Santos (UFSM)

    Sandra Cristina Donner (FACCAT/IFRS)

    Coordenador José Edimar de Souza (UCS)

    Link de Transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=LJFq3kAfEVI

    Mesa 04 – Ensino de História no ensino básico: experiências do ProfHistória 

    (26/07/22, Terça, 19:00-21:30)

    José Iran Ribeiro (UFSM)

    Paula Tatiane de Azevedo (SEDUC/RS-PUC/RS)

    Coordenadora Júlia Silveira Matos (FURG)

    Link de Transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=sRlPkei17_U

    Mesa 05 – Negacionismo e autoritarismo: temas sensíveis em tempos difíceis 

    (27/07/22, Quarta, 19:00-21:30)

    Alessandra Gasparotto (UFPEL)

    Luciano Aronne de Abreu (PUC-RS)

    Coordenadora Marluza Marques Harres (UNISINOS)

    Link de Transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=LfWtYKQSlP0

    Mesa 06 – Diversidade e interseccionalidade na pesquisa e no ensino de História 

    (28/07/22, Quinta, 19:00-21:30)

    Fernanda Oliveira da Silva (UFRGS)

    Liane Susan Muller (SEDUC/RS-Gravataí)

    Coordenadora Alba Cristina Salatino (IFRS)

    Link de Transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=0caAJRr1V5U

    Simpósios Temáticos Aprovados – Programação Completa

    Confira nesse link: https://www.eeh2022.anpuh-rs.org.br/conteudo/view?ID_CONTEUDO=501

  • CLHD: processo seletivo simplificado, para a função temporária de PROFESSOR FORMADOR – áreas de História Moderna e Contemporânea RETIFICADO

    CLHD: processo seletivo simplificado, para a função temporária de PROFESSOR FORMADOR – áreas de História Moderna e Contemporânea RETIFICADO

     

    EDITAL 01/2022, de 23 de junho de 2022 – RETIFICADO

     

    Edital nº 01/2022, de 23 de junho de 2022, da Universidade Federal de Pelotas – UFPEL, referente ao processo seletivo simplificado, para a função temporária de PROFESSOR FORMADOR – áreas de História Moderna e Contemporânea – para atuar no Curso de Licenciatura em História na modalidade a distância, dentro do Programa da Universidade Aberta do Brasil, atendendo à necessidade temporária de excepcional interesse público e de acordo com a RESOLUÇÃO CD/FNDE Nº 26, de 5 de junho de 2009 e suas alterações, com a Resolução Nº 8, DE 30 DE ABRIL DE 2010 e pelo Ofício 20/2011 da DED/CAPES, e com as Portarias CAPES nº 183 de 21/10/2016, n°15 de 23/01/2017, nº 249 de 08/12/2018.

    Confira o Edital:

    edital_formador moderna 2022

    Quadro II – Critérios para avaliação do currículo (para uso dos candidatos):

    quadro pontos candidatos

     

     

  • CLHD:processo seletivo simplificado para a função temporária de PROFESSOR FORMADOR – áreas de História da Idade Média e de Fundamentos Socio- Históricos e Filosóficos da Educação RETIFICADO

    CLHD:processo seletivo simplificado para a função temporária de PROFESSOR FORMADOR – áreas de História da Idade Média e de Fundamentos Socio- Históricos e Filosóficos da Educação- RETIFICADO

     

    EDITAL 02/2022, de 23 de junho de 2022 – RETIFICADO

    Edital nº 02/2022, de 23 de junho de 2022, da Universidade Federal de Pelotas – UFPEL, referente ao processo seletivo simplificado, para a função temporária de PROFESSOR FORMADOR – áreas de História da Idade Média e de Fundamentos Socio-Históricos e Filosóficos da Educação – para atuar no Curso de Licenciatura em História na modalidade a distância, dentro do Programa da Universidade Aberta do Brasil, atendendo à necessidade temporária de excepcional interesse público e de acordo com a RESOLUÇÃO CD/FNDE Nº 26, de 5 de junho de 2009 e suas alterações, com a Resolução Nº 8, DE 30 DE ABRIL DE 2010 e pelo Ofício 20/2011 da DED/CAPES, e com as Portarias CAPES nº 183 de 21/10/2016, n°15 de 23/01/2017, nº 249 de 08/12/2018.

    Confira o Edital:

    Edital História da Idade Média

    Quadro II – Critérios para avaliação do currículo (para uso dos candidatos):

    quadro pontos candidatos

  • IV Seminário Internacional de História, Educação e Turismo da Região das Missões Tema: MISSÕES JESUÍTICO-INDÍGENAS: ENTRE LUZES E SOMBRAS; FUTURO/PASSADO EVENTO HÍBRIDO – presencial e online

     

    IV Seminário Internacional de História, Educação e Turismo da Região das Missões
    Tema: MISSÕES JESUÍTICO-INDÍGENAS: ENTRE LUZES E SOMBRAS; FUTURO/PASSADO
    EVENTO HÍBRIDO – presencial e online
    Data: 15 de julho de 2022
    Lugar: Caibaté – RS
    Local: Associação dos Funcionários da CERMISSÕES (AFUCER)
    Metodologia: Evento híbrido com momentos presenciais e por videoconferência

    PÚBLICO ALVO:
    – Professores de Programas de Pós-graduação;
    – Profissionais de História e áreas afins;
    – Alunos de pós-graduação;
    – Alunos de graduação;
    – Professores da Rede da Educação Básica;- Alunos da Educação Básica (8º ano do fundamental ao 3º ano do Ens. Médio).

    PROGRAMAÇÃO

    Turno da manhã:
    07h30min – 8h30min: Credenciamento
    Abertura da exposição de artesanato

    8h31min – 9h00min: Abertura oficial do IV Seminário Internacional de História, Educação e Turismo da Região das Missões com autoridades e convidadas/os.

    9h01min – 9h20min: Apresentação  com  Bibiana,  apresentação da Escola Moranguinho

    9h21min – 10h00min: Conferência de abertura – “As Missões Jesuíticas na Argentina: Luzes e sombras no futuro de um passado esquecido”, Prof. Dr. Carlos Daniel da Paz (UNICEN – Argentina – Via VideoConferência)

    10h01min – 10h35min:Palestra – “La declinación de las Misiones después de la expulsión de los jesuítas”, Prof. Dr Alfredo Poenitz (UGD e CONEAU – Posadas/Argentina – Via Videoconferência)

    10h36min – 11h30min – Mesa 01 – Projetos de futuro e desenvolvimento sustentável da Região das Missões
    Lic. Mónica Carolina Núñez – “Turismo Religioso em Misiones” (Ministerio de Turismo/Provincia de Misiones/Argentina)
    Engenheiro Alvaro Theisen – “Ações voltadas à valorização do turismo na Região das Missões RS” (Coordenador do Grupo Grande Projeto Missões (GGPM/Brasil))
    Engenheiro José Roberto de Oliveira – “Alternativas de Sustentabilidade e Desenvolvimento para o Futuro das Missões” (GGPM/Brasil)

    11h30min – 13h30min: Intervalo de almoço

    Turno da tarde:

    13h30min – 14h00min: Apresentação  de Renan e Rafael e Escola São Carlos

    14h01min – 15h30min: Mesa 02 – O Turismo na Região das Missões
    Prof. Dr. Artur Henrique Barcelos – “Patrimônio Missioneiro e Turismo: uma análise arqueohistórica” (FURG – Brasil)
    MCsdo Cleber Magalhães Tobias – “O papel da Trilha dos Santos Mártires no turismo da Região das Missões-RS” (ATSM – Brasil)
    Prof. Dr. Marcelo Ribeiro – “Planejamento e ordenação do turismo missioneiro” (UFSM – Brasil)

    15h31min – 16h00min: Intervalo com lançamento de livros

    16h01min – 17h45: Mesa 03 – História da Região das Missões
    Prof. Dr. André Luís Freitas Silva – “Os indígenas e as fases de formação das Missões na Banda Oriental do Rio Uruguai” (UFGD-MS/Brasil – Via videoconferência)
    Prof. MCs Jefferson Nunes – “A canonização dos Santos Mártires” (UNISINOS-SL/Brasil)
    Padre Danilo Hertz – “O turismo religioso no Santuário do Caaró” (SC/Brasil)
    Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin – “Cacique e Pajé Nheçu do Caaró” (UPF-Brasil)

    17h46min – 19h00: Mesa 04 – As Missões depois das Missões: História, Educação e Educação Patrimonial
    Prof. Drdo Mauro Marx Wesz – “Colonização e apropriação territorial nas proximidades de São Luiz Gonzaga: possibilidades da história agrária para Santa Lúcia” (UFSM/Brasil)
    Profª MCs Nadir Damiani – “O que se ensina sobre a História das Missões na Região das Missões?” (URI – Santo Ângelo/Brasil)
    Prof. Dr. André Luis Ramos Soares – “Educação Patrimonial na Região das Missões” (UFSM/Brasil)

    19h01min – 19h30min:  Intervalo

    19h30min – 20h10min – Apresentação artística da Invernada Artística Herança Farroupilha do CTG Sentinelas do Caaró (Caibaté) e do FÊNIX Grupo Folclórico, Coreógrafa Beverly Bassani (São Luiz Gonzaga/Brasil);

    20h11min – 22h00min: Mesa 05 – Patrimônio e Cultura Missioneira

    Prof. Dr. Luís Andrés Villanueva – “Las Misiones del Paraguay” (UCSPP/Paragauay)

    Historiador Sergio Venturini – “Encontro de dois sonhos nas Missões Jesuítico-Indígenas: utopia e terra sem mal” (ATSM/Brasil)

    Prof. Dr. Júlio Quevedo – “O imaginário modernista missioneiro da década de 1940 nas artes rio-grandenses” (UFSM/Brasil)

    22h01min: Mesa de Encerramento

    https://www.portaldasmissoes.com.br/site/view/id/2043/iv-seminario-internacional-de-historia,-educacao-e.html

  • Disciplinas CLHD- 2022/02

    Disciplinas CLHD- 2022/02

     

    BLOCO ATIVIDADE CURRICULAR PROFESSOR TURMA

    REPERCURSO

    08 – 30/08/22

    Pré-História Profa. Natália Pinto T1 – Repercurso

    REPERCURSO

    08 – 30/08/22

    Fundamentos para o estudo da História I Prof. Edgar Gandra T1 – Repercurso
    1 Educação Brasileira: Org. Políticas Públicas Profa. Jésica Henck T1 – 4 semestre
    1 História Indígena(optativa) Profa. Natália Pinto T1 – 4 semestre
    2 Oficina Temática de Ensino de História II Profa.  Lidiane Friderichs P1 – 4 semestre
    2 História de Pelotas(optativa) Profa. Viviane Saballa T1 – 4 semestre
    2 História da Idade Moderna   T1 – 4 semestre
    2 Teorias da História II   T1 – 4 semestre
    1 Fundamentos para o Estudo da História I Prof. Edgar Gandra T3 – 1 semestre
    1 Pré-História Profa. Natália Pinto T3 – 1 semestre
    1 Fundamentos da Educação a Distância -FEAD Prof. Thiago Amorim T3 – 1 semestre
    2 História da Antiguidade Oriental Prof. Fábio Vergara T3 – 1 semestre

    Prazos:

    Repercurso: 08 – 30/08/22

    1 Bloco:  08 de agosto/12 de outubro

    2 Bloco:13 de outubro/17 de dezembro

    Disciplinas CLHD 2022.2

  • CALENDÁRIO ACADÊMICO CLHD 2022/2

    JULHO / 2022

    09 Sábado Último dia letivo de 2022/1

    11 Segunda INÍCIO: Período de exames 2022/1

    16 Sábado FIM: Período de exames 2022/1

    23 Sábado INÍCIO: Período de solicitação de matrícula on-line 2022/2

    25 Segunda FIM: Período de solicitação de matrícula on-line 2022/2

    27 Quarta INÍCIO: período de solicitação de correção de matrícula 2022/2 através Cobalto

    Início do período para os alunos consultarem o processo de matrícula on-line 2022/2

     

    AGOSTO / 2022

    01 Segunda FIM: período de solicitação de correção de matrícula 2022/2 através Cobalto

    08 Segunda Recepção dos discentes ingressantes em 2021/1 pelos colegiados de curso

    09 Terça INÍCIO: Período de matrícula especial 2022/2

    10 Quarta FIM: Período de matrícula especial 2022/2ício do semestre letivo 2022/2

     

    SETEMBRO / 2022

    07 Quarta Feriado – Independência

    20 Terça Feriado – Revolução Farroupilha

     

    OUTUBRO / 2022

    12 Quarta Feriado – Nossa Senhora Aparecida

    28 Sexta Ponto Facultativo – Dia do Servidor Púbico

     

    NOVEMBRO / 2022

    02 Quarta Feriado – Finados

    03 Quinta INÍCIO: solicitação de Aproveitamento de Componentes Curriculares (Disciplinas) 2022/2 nos Colegiados.

    12 Sábado FIM: solicitação de Aproveitamento de Componentes Curriculares (Disciplinas) 2022/2 nos Colegiados.

    14 Segunda Ponto Facultativo

    15 Terça Feriado – Proclamação da República

     

    DEZEMBRO / 2022

    10 Sábado Último dia letivo de 2022/2

    12 Segunda INÍCIO: Período de exames 2022/2

    17 Sábado FIM: Período de exames 2022/2

    24 Sábado Ponto Facultativo

    25 Domingo Feriado – Natal

    31 Sábado Ponto Facultativo

     

     

    Nesse link você encontra o Calendário Acadêmico EAD/UFPEL 2022:

    https://wp.ufpel.edu.br/cra/calendario-academico-2022-ead/

  • PROCESSO SELETIVO – VESTIBULAR UAB 2022/2

     

    🚨 ATENÇÃO INFORMAÇÕES DO VESTIBULAR 👇

    Link acesso ao local da Prova 👇
    https://wp.ufpel.edu.br/cra/files/2022/06/ENSALAMENTO-UAB.pdf

    Link Edital N°10/2022 👇
    https://wp.ufpel.edu.br/cra/files/2021/05/SEI_UFPel-1680790-Edital.pdf

    Link de acesso da Retificação do Edital N°10/2022 👇
    https://wp.ufpel.edu.br/cra/files/2021/05/Retificacao-Edital-CRA-10-2022-Vestibular-UAB.pdf

     

    O candidato deverá, obrigatoriamente, apresentar, no momento da realização das provas, o documento de identidade oficial original (com foto) e em perfeito estado de conservação, que ficará à disposição da fiscalização de provas, em local visível, durante toda a execução da prova. O candidato que não apresentar documento de identidade original ao entrar na sala, não poderá fazer a prova e será automaticamente eliminado do processo seletivo.

     

     

     

  • Artigo: “Rebelar-se contra as injustiças, a lição de João Cândido” por Ricardo Corrêa

    Rebelar-se contra as injustiças, a lição de João Cândido

    O acesso a história de homens e mulheres negros que lutaram contra o sistema sempre foi um desafio, pois o racismo procura não dar visibilidade aos revolucionários para que não provoquem inspiração e sirva de exemplo aos movimentos negros. No entanto, como somos incansáveis e não nos rendemos ao conhecimento cedido pela branquitude, seguimos descobrindo através de pesquisas e difundindo as experiências dos que nos antecederam.

    João Cândido Felisberto, o “Almirante Negro”, é um exemplo desses revolucionários ausentes na educação institucional (escolas e universidades).  Nasceu no município de Encruzilhada do Sul (RS), no dia 24 de junho de 1880. Ainda adolescente, iniciou na carreira militar onde passou pelo Arsenal de Guerra do Exército, Escola de Aprendizes de Marinheiro e 16ª Companhia da Marinha; no geral, foram quinze anos de altos e baixos na carreira. Naquela época, inúmeros negros eram marujos, e por conta da recente abolição da escravidão, a mentalidade escravagista estava presente. Exemplo disso eram os tratamentos dispensados aos negros: alimentação precária, múltiplos castigos, incluindo as chibatadas, entre outras coisas. A violência institucionalizada dava o tom das relações, entre superiores e subalternos.

    O Almirante Negro, mesmo com todas as dificuldades, construiu um repertório invejável de conhecimentos a partir das navegações pelos litorais e continentes, adquirindo admiração e respeito por muitos dos seus pares. O escritor Álvaro Pereira do Nascimento escreveu “João Cândido estava pronto para atuar em navios movidos à vela, a vapor e mistos. Tinha experiência em batalhas, na logística de municiamento e deslocamento de tropas. Era especializado em artilharia e faltava-lhe a formação de timoneiro”.

    No entanto, as constantes violências fomentaram o sentimento de revolta nos marinheiros. O estopim ocorreu no dia 16 de novembro de 1910, depois que o marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes foi condenado a 250 chibatadas. Sob a liderança de João Cândido, dois mil e trezentos marinheiros organizaram um motim no dia 22 de novembro. Destemidos e estratégicos, assumiram quatro navios de guerra e apontaram os canhões para a capital do Brasil, na época o Rio de Janeiro. A exigência era de que a Marinha não aplicasse as chibatadas como punição, exigiam o aumento dos soldos e implantação de um plano de carreira, mas caso não fossem atendidos bombardeariam a capital. Abaixo, um trecho da carta dos marinheiros endereçada ao presidente  Hermes da Fonseca (1855-1923):

    Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira, a falta de proteção que a Pátria nos dá; e até então não nos chegou; rompemos o negro véu, que nos cobria aos olhos do patriótico e enganado povo. Achando-se todos os navios em nosso poder, tendo a seu bordo prisioneiros todos os oficiais, os quais, tem sido os causadores da Marinha Brasileira não ser grandiosa, porque durante vinte anos de República ainda não foi bastante para tratar-nos como cidadãos fardados em defesa da Pátria, mandamos esta honrada mensagem para que V. Excia. Faça aos Marinheiros Brasileiros possuirmos os direitos sagrados que as leis da República nos facilita, acabando com a desordem e nos dando outros gozos que venham engrandecer a Marinha Brasileira (…)¹

    Temeroso pelo que poderia ocorrer naquele momento, o governo cedeu às exigências em 27 de novembro. Entretanto, exceto a abolição da chibata, o presidente descumpriu o acordo e assinou um decreto que permitia à exclusão da Armada caso a presença de qualquer indivíduo fosse vista como inconveniente. Isso resultou em retaliação aos marinheiros: expulsões, prisões, trabalho escravo etc. Para se ter uma ideia, ocorreu 1216 expulsões da Marinha, quase a metade dos que se insurgiram. Esse episódio ficou conhecido como Revolta da Chibata. Depois disso, João Cândido ficou preso em condições degradantes no Batalhão Naval, na Ilha das Cobras, em seguida o consideraram louco. Foi internado no Hospital Nacional dos Alienados, e, posteriormente, o mandaram novamente para a prisão. No dia 30 de novembro de 2012, conquistou a liberdade, mas também a expulsão dos quadros da Marinha. Outras dificuldades, econômicas e sociais, impuseram-se no restante de sua vida. Em 06 de novembro de 1969, internado no Hospital Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, um câncer no intestino o conduziu à morte.

    De todo o seu legado, compreendemos que injustiças devem ser enfrentadas coletivamente, com estratégia e organização. Nesse sentido, não faltam motivos para nos rebelarmos, uma vez que o racismo continua impondo a violência contra a população negra, aumentando o número de injustiças sociais e empilhando corpos negros nas prisões e cemitérios. Lembremos das palavras de Malcolm X “não estamos em menor número, estamos desorganizados”. Agora, só depende de nós.


    ¹ As negociações e o desfecho da Revolta. Disponível em: <http://200.144.6.120/exposicao_chibata/as_negociacoes_e_o_desfecho_da_revolta.php#:~:text=N%C3%B3s%2C%20marinheiros%2C%20cidad%C3%A3os%20brasileiros%20e,do%20patri%C3%B3tico%20e%20enganado%20povo.>. Acesso em: 21 jun. 22


    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    MOREL, Marco. João Cândido e a luta pelos direitos humanos. Livro fotobiográfico. Brasília: Fundação Banco do Brasil, 2008. v. 1.

    NASCIMENTO, Álvaro Pereira do. João Cândido, o mestre sala dos mares. Rio de Janeiro. 2020.

    ** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE.

    Artigo disponível em: https://www.geledes.org.br/rebelar-se-contra-as-injusticas-a-licao-de-joao-candido/

  • Artigo: “Lavadeiras e Normalistas nos clubes negros em uma região de fronteira”- Dra. Fernanda Oliveira

    Lavadeiras e Normalistas nos clubes negros em uma região de fronteira

    O último dia do ano costuma ser nostálgico e envolto em algumas organizações festivas. O 31 de dezembro de 1956 não foi muito diferente, especialmente para a mocidade ficaiana, ou seja, as muito bem-quistas associadas do clube cultural Fica Aí Pra Ir Dizendo, da cidade de Pelotas. A referência às jovens estampou uma folha inteira do jornal A Alvorada – representante da imprensa negra gaúcha – no referido dia, em honra de suas formaturas no curso normal, que as habilitava a serem professoras dos anos iniciais do hoje ensino fundamental.

    “As novas professorandas da Escola Normal Assis Brasil”. Era esse o título da matéria que trazia ainda a fotografia das jovens e seus nomes: Glaci, Irene Alves Pires, Celestina, Izabel da Silva Pinto, Nizah de Freitas Machado, Eunice Modesto da Silva e Loeci Farias Machado. Eunice não se formou na escola Assis Brasil, que era pública, e sim no Colégio São José, tradicional escola particular da cidade. Isso nos ajuda a compreender que não se trata de um simples anúncio da escola, mas de uma ação de valorização da formação dessas jovens mulheres, todas negras e associadas do clube Fica Aí. O que nos permite adentrar em aspectos bem importantes dessa história, como as profissões das associadas dos clubes negros no pós-abolição.

    Mas antes disso faz-se fundamental compreender os espaços que valorizavam tanto as profissões de suas associadas. Afinal, felizmente já sabemos um pouco mais sobre clubes negros em outros estados como Minas Gerais e Santa Catarina, mas o que associações como essas nos permitem compreender acerca da história de uma região de fronteira, mais especificamente sobre o sul do Brasil?

    Clubes negros em uma região de fronteira: o que isso tem a ver com história?

    Tudo! A conexão é tamanha que é difícil definir como começar a contar essa história. Então é sempre melhor recorrer ao começo. Os clubes negros são associações criadas por e para pessoas negras a partir da década de 1870, mantidos por sócios e sócias em uma sede, podendo ser própria ou não, na qual desenvolviam/desenvolvem atividades com diferentes fins, principalmente social, cultural, beneficente, bailante, recreativo e carnavalesco. No entanto, não necessariamente todos os espaços que apresentaram/apresentam essas características se denominaram/denominam “clube”, podendo chamar-se centro, associação, sociedade e variações na língua de origem como é o caso do Uruguai.

    No Brasil, o clube negro mais antigo de que se tem conhecimento foi criado em 1872, também em um 31 de dezembro e no sul do Brasil, mas na cidade de Porto Alegre, a Sociedade Floresta Aurora. Naquele mesmo ano, só que em 25 de agosto na cidade de Montevidéu, capital do Uruguai, um grupo de homens negros criou o ClubIgualdad. Estes dois clubes explicitam não apenas o contexto e espaço de surgimento desses clubes, como as diferenças no seu formato. O Floresta Aurora é um clube social, criado aos moldes de uma sociedade beneficente e cultural, ou seja, tinha por objetivo auxiliar seus associados e associadas em caso de necessidade, bem como promover atividades culturais. O Igualdad tinha caráter explicitamente político institucional, com objetivo de indicar um candidato ao parlamento nacional. O Floresta está em atividade até hoje, em vias de completar 150 anos. O Igualdad deixou de existir ainda nos anos 1870.

    Para além dessas diferenças, eles aproximam-se em dois pontos muito comuns à maior parte dos clubes negros, pelo menos até meados dos anos 1950: 1) foram criados pois seus membros estavam impedidos de adentrar nos clubes existentes por força do preconceito de cor existente. Ainda que no Uruguai a escravidão não existisse mais, o jornal La Conservaión, porta voz do La Igualdad trazia esse conteúdo. No Brasil, mesmo depois de extinta a escravidão, em tempos de pós-abolição o racismo se manteve e se intensificou, fazendo com que os clubes fossem ainda mais necessários para a população negra, como não apenas as páginas do jornal A Alvorada, que começou a circular em 1907, denuncia, mas tantos outros jornais da imprensa negra gaúcha; 2) os cargos diretivos estavam restritos aos homens. A questão que nos mobiliza aqui é: isso era capaz de afastar as mulheres desses espaços ou mesmo de mantê-las como meras frequentadoras? É tempo de nos voltarmos para a fronteira entre a década de 1920 e 1950. Mais especificamente para Pelotas, no lado brasileiro, e fazer alguns apontamentos sobre Melo, no lado uruguaio.

    Pelotas já tinha dois clubes negros, Depois da Chuva Chove Não Molha, quando os jovens Osvaldo Guimarães da Silva, Renato Monteiro de Souza e João Francisco Ferreira resolveram criar o cordão carnavalesco Fica Aí Pra Ir Dizendo em 27 de janeiro de 1921. A ideia logo alcançou novos adeptos, cresceu e na década seguinte já era referida nas páginas dos jornais locais como “clube”, principalmente porque desenvolviam atividades durante o ano inteiro e não apenas no carnaval.

    Na década seguinte o Fica, como era – e é – carinhosamente referido na cidade, junto dos demais clubes negros apadrinhou a Frente Negra Pelotense, criada em 1933, e filiada a Frente Negra Brasileira. Ali estavam as gentis senhorinhas ficaianas a engrandecer o projeto da coletividade negra pelotense em prol da educação – traço distintivo daquela associação na cidade. E não parava por aí: as senhoras, uma referência ao estado civil de casadas, formavam blocos carnavalescos femininos e compunham a comissão de controle do comportamento das jovens solteiras, as senhorinhas, nas dependências do clube na década de 30. Quando da instituição da campanha financeira pró sede própria, em 1939, de pronto somaram-se ao projeto, mantendo suas atividades de arrecadação financeira que, até aquele momento, eram destinadas para o pagamento do aluguel. O objetivo de ver a tão sonhada sede própria pronta se concretizou em 1954 e é ela que segue abrigando o clube em seus 101 anos de existência.

    Então, de volta à pergunta, os clubes têm tudo a ver com história. Basta olhar para eles, suas gentes, suas fontes orais e escritas, ler os jornais e se deparar com experiências cotidianas de vivências a despeito do racismo reinante em terras de fronteira. Lugares em que muita organização se deu e se dá! E onde as mulheres tiveram que construir seu espaço, pois o racismo os unia, mas o gênero ainda separava.

    Os mundos do trabalho dentro dos clubes: das lavadeiras às normalistas

    Ainda que em um primeiro momento possa se imaginar que essas associadas fossem na sua maior parte mulheres de muitas posses, essa informação é equivocada. As sedes foram efetivamente construídas pelos associados, em seus momentos de folga. As mulheres contribuíram financeiramente pois trabalhavam de forma remunerada, principalmente nas lides domésticas.

    Nos anos 20, 30 e 40 no Fica Aí temos uma experiência marcada pelo trabalho de lavadeira e empregadas domésticas. Essas profissões não deixam de existir, mas há um investimento na geração de suas filhas, para que elas venham a ser as “professorandas” nos anos 50. E é isso que nos ajuda a entender a saudação feita às jovens ficaianas no jornal A Alvorada no último dia do ano de 1956, referida ao início desse texto.

         “As novas professorandas da Escola Normal Assis Brasil”. A Alvorada, 31 de dezembro de 1956, p. 9. Fonte: Biblioteca Pública Pelotense.

    Elementos muito semelhantes aparecem nos relatos de antigas associadas e associados do clube Fica , cujas mães ou avós foram lavadeiras. Destaco a contribuição fundamental do livro As filhas das lavadeiras, organizado por Maria Helena Vargas da Silveira, no qual a pedagoga compila entrevistas com 21 mulheres negras do sul e do sudeste do Brasil, evidenciando que a experiência de lavadeira foi algo compartilhado por mulheres negras no pós-abolição, especialmente no fim do século XIX e nas três primeiras décadas do século XX. A própria vivência da autora que frequentou os salões do clube Fica Aí, fora marcada por esse elemento. Sua avó materna, Joaninha Vieira Vargas, era lavadeira, quituteira e passadeira, casada com Armando Vargas, tipógrafo do A Alvorada e associado do clube.

    No Centro Uruguay, criado em Melo no ano de 1923, foi central a presença de lavadeiras e empregadas domésticas, as quais se mantinham ligadas ao clube mesmo quando se deslocavam de Melo para trabalhar em outros lugares, fosse na campaña (no meio rural) ou em Montevidéu. O Comité de Damas Melense Pro Benefício ao Centro Uruguay, criado em fins de 1934, é um exemplo da presença feminina e do vínculo mantido mesmo quando não estavam morando em Melo. Neste comitê estavam mulheres que se deslocaram a Montevidéu para trabalhar em tarefas domésticas.

    No Fica Aí a instrução proporcionava uma profissão às mulheres negras aliada a uma noção de feminilidade respeitável. Estava também relacionada com as transformações sociais, sobretudo o aumento das cidades, dado que as trajetórias de mulheres que acessei eram do meio urbano e desfrutavam de algumas de suas melhorias, como as escolas.

    As formas como as mulheres negras se colocaram e foram colocadas não permitem observá-las como à margem no próprio clube ou mesmo na sociedade de uma forma geral. Os condicionamentos existiam, afinal, é nítido que elas criaram suas sub-organizações, como o vocábulo já adverte, em decorrência de não poderem fazer-se presentes nos órgãos deliberativos dos clubes. Ora, em não podendo lá estar nada mais plausível que compor os seus próprios órgãos e por meio deles dialogar com aqueles que elas consideravam seus iguais. O que estava em questão neste projeto político eram formas de combater a discriminação com base na raça e no gênero, fazer-se representar politicamente e assegurar autonomia e participação.

    Assista ao vídeo da historiadora Fernanda Oliveira no Acervo Cultne sobre este artigo: 

    https://www.youtube.com/watch?v=AWqNfpx1u4U

     

    Confira o artigo no site: https://www.geledes.org.br/lavadeiras-e-normalistas-nos-clubes-negros-em-uma-regiao-de-fronteira/