cropped-capa-01_Arte-no-Sul.png  

ARTE NO SUL

  • INÍCIO
  • COMUNIDADE
    • NOTÍCIAS
    • ARTESANATO
    • GASTRONOMIA
  • OPINIÃO
  • ARTES VISUAIS
  • MÚSICA
  • CINEMA
  • LITERATURA
  • TEATRO
  • DANÇA
  • QUEM SOMOS

“Frankenstein” de Guillermo del Toro perde a sutileza da versão original

“O Figurante”, por Mateus Solano

  • Arquivado sob OPINIÃO, TEATRO
  • 4 de dezembro de 2025

Em turnê nacional, artista apresentou seu monólogo cômico-dramático no Theatro Guarany em Pelotas        

Por Maikelly Silva e Rafaela Silveira   

   

          Com excelente expressividade corporal, Mateus Solano interpreta a vida rotineira de um personagem também ator                 Fotos: Dalton Valério/Divulgação 

 

A peça teatral “O Figurante” conta a história de Augusto, um ator cheio de expectativas, que só consegue papéis de figurante nos trabalhos propostos, e que assiste à vida dos outros (e a própria) de camarote. Durante a peça, o público acompanha a frustração e as repetições na vida do ator, até um momento de delírio, em que se imagina e grita pedindo por reconhecimento e valor. Essa história ganha ainda mais potência ao sabermos que é o primeiro monólogo interpretado por Mateus Solano, e que nasce de improvisações reais. Poderia ser uma narrativa triste, mas é apresentada de uma forma envolvente, engraçada e extremamente humana. O texto foi escrito em conjunto por Isabel Teixeira, Solano e Miguel Thiré, este último também responsável pela direção. O público pelotense pôde conferir a montagem no dia 13 de novembro, no Theatro Guarany.

O ponto principal do espetáculo, além do talento notável do ator no palco, é a vulnerabilidade exposta. Acompanhamos momentos engraçados, tristes e constrangedores, que aproximam e mostram um lado íntimo, que todo mundo tem. A montagem simples, sem cenários, evidencia essa sensação intimista, em que tudo gira em torno do corpo e da voz do personagem. Pode ser que o desconforto e a tristeza tenham um certo poder para o desenvolvimento pessoal, então, entre as risadas, é possível que haja algum tipo de identificação com o personagem.

Mateus Solano

O que mais impressiona é o domínio técnico e emocional de Solano no palco. Formado em Artes Cênicas e com uma trajetória sólida, inclusive na televisão, ele mostra no palco um trabalho vocal e corporal impecável. Somos transportados para a vida solitária e miserável do personagem com as simples mudanças de postura, os tons de voz e o ritmo da respiração para criar ambientes completos. Além disso, chama a atenção como Solano domina cada canto do palco, mesmo quando os movimentos são mínimos. Ele transforma pequenos gestos em grandes acontecimentos, e isso só pode ser possível quando se tem uma consciência plena sobre o próprio corpo e o efeito que se pode causar no público.

Essa encenação “do mínimo” é um lembrete poderoso da essência do teatro. Solano reforça que basta um ator talentoso e um texto forte para mover pensamentos. Para quem adora a forma como o teatro funciona, é incrível ver o artista usar a arma mais poderosa para se conectar com o público: a vulnerabilidade. Além disso, é intrigante a inteligência do minimalismo, pois, assim, os olhares se prendem apenas no ator, em cada microexpressão que transforma a narrativa.

O personagem Augusto traduz sentimentos que todos já tivemos: a sensação de não ser notado, o medo de assumir a liderança e a tendência a se contentar com o papel passivo. É por isso que “O Figurante” é uma peça tão envolvente, principalmente considerando que vivemos em tempos de autocobrança e comparação constante.

Mateus Solano é impecável. Sua atuação transforma o mínimo em algo extraordinário, e ele convida a sair do teatro com a certeza de que, sim, talvez seja a hora de parar de figurar e, finalmente, assumir o papel principal da própria vida.

 

Com uma estética que dá valor aos mínimos detalhes ator faz com que cada um dos seus gestos ocupe todo o palco

 

No fim, a peça deixa uma sensação que ecoa. Solano transforma a vida de um homem “invisível” em um espelho, provocando uma reflexão sobre o lugar que ocupamos e o espaço que tememos, mas precisamos assumir. É o tipo de peça que acompanha o espectador por um bom tempo, não pela grandiosidade de cenários ou por um conteúdo didático totalmente explicado, mas pela simplicidade tocante e identificável.

“O Figurante” acerta em cheio ao tocar na nossa personalidade: a sensação de sermos figurantes de nós mesmos, sempre deixando o papel principal para depois. É uma peça que, mesmo com a simplicidade, obriga cada um a pensar sobre o controle da sua própria narrativa.

Que privilégio poder desenvolver um vasto repertório cultural com obras brasileiras, de atores que valorizam e apreciam o teatro. Um espetáculo envolvente, engraçado, íntimo e que gera uma reflexão profunda sobre o nosso protagonismo.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Voltar

Sua mensagem foi enviada

Aviso
Aviso
Aviso

Atenção.

Compartilhe isso:

  • Tweet

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Comments

comments

Práticas Laboratoriais

Este site é uma produção da disciplina de Práticas Laboratoriais, do curso de Bacharelado em Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), sob coordenação do professor Gilmar Hermes.

A proposta é reunir informações e reportagens sobre as atividades artísticas e culturais da região Sul do Estado.

Contatos pelo e-mail ghermes@yahoo.com

 

NOTÍCIAS RECENTES

  • “O Figurante”, por Mateus Solano 4 de dezembro de 2025
  • “Frankenstein” de Guillermo del Toro perde a sutileza da versão original 3 de dezembro de 2025
  • A obra oriental que se conectou ao ocidente 2 de dezembro de 2025
  •  “It’s Not That Deep”: um retorno musical que une significado com leveza 1 de dezembro de 2025
  • Wong Kar-Wai marca a história do cinema com “In the Mood for Love” 28 de novembro de 2025
  • Filme retrata o Massacre dos Porongos com locações em Bagé e Minas do Camaquã 25 de novembro de 2025
  • Pouco terror e maior apelo às emoções em “Invocação do mal 4: O Último Ritual” 24 de novembro de 2025
  • “Agente Secreto” desponta como o filme do ano 19 de novembro de 2025
  • “Caramelo” mostra o motivo de os brasileiros amarem os cães 17 de novembro de 2025
  • Quarto Afora vai de encontro ao público com repertório selecionado 14 de novembro de 2025

Tags

animação arte artes visuais Balneário Cassino Canguçu Cassino cinema cinema brasileiro Cine Ufpel comédia curta-metragem dança documentário Exposição Fenadoce filme fotografia Hip Hop história Jornalismo Julya Bartz Boemeke Schmechel literatura livro Museu do Doce Música Netflix opinião patrimônio histórico Pelotas poesia rap Rio Grande rock samba streaming Stéfane Costa São Lourenço do Sul série teatro televisão terror Theatro Guarany UFPel Vanessa Oliveira Vitor Valente

Tempo em Pelotas/RS

Segunda
24
16
Terça
26
16
Quarta
25
16
Fonte: CPPMet / UFPel

Ouça a Rádio Federal FM

Abrir em uma nova janela
Navegador não possui suporte para este fluxo de áudio.
Acesse o site da Rádio

ASSINE O ARTE NO SUL

Digite seu endereço de e-mail para receber notificações de novas publicações.

© 2025 ARTE NO SUL.

Criado com WordPress. Tema Graphene.

%d