Samba dos Lanceiros conquista destaque nacional

Do extremo-sul gaúcho ao Rio de Janeiro, grupo de compositores de Pelotas faz história no Carnaval         

 Por Matheus Goularte Mesquita  e Nikolas Vinhas de Sousa   

 

Daiane Molet é um dos integrantes que cantam e criam as composições musicais         Fotos: Divulgação

 

Nascido da reunião de amigos apaixonados pelo Carnaval, o grupo Samba dos Lanceiros representa a cultura sambista pelotense. O grupo leva há seis anos o nome de Pelotas para as quadras do Brasil inteiro e, em 2025, foi finalista do concurso de samba-enredo da Portela, no Rio de Janeiro. Entretanto, a sua história e as suas conquistas vão muito além da finalíssima carioca.

Fundado em 2019, mas ainda sem um nome para chamar de seu, o grupo começou a compor e sonhar com os primeiros projetos. Posteriormente, o Samba dos Lanceiros surge com um nome que representa mais que uma alcunha, mas também resistência política e cultural. Inspirado nos Lanceiros Negros, grupo de escravizados que lutaram por mais de dez anos como soldados na Revolução Farroupilha, os membros enxergam o samba como um instrumento de perseverança, uma bandeira que, a cada Carnaval, se levanta mais forte. Em cada verso há luta, motivação e, principalmente, coragem.

Os componentes do grupo são os compositores Daiane Molet, Anderson Xilico, Chico Professor, Fagner Presidente, Fred Feijó, Maninho Veiga e Marcéle Sàlles. O presidente e cofundador Fagner Feijó detalha o surgimento, ou melhor, a renovação de uma parceria antiga: “A gente já era amigo antes mesmo de pensar em criar o grupo e começar a compor juntos. Eu e o Chico fazíamos parte da diretoria da XavaBanda, então já existia esse vínculo carnavalesco… Acho que começamos a fazer samba juntos no festival da General Telles. A gente juntou a galera e resolveu participar. Ainda não existia o Samba dos Lanceiros, apenas nos unimos e fomos escrever o samba”.

 

Parceria defendendo o título em Porto Alegre na final de samba-enredo da Imperadores do Samba

 

Durante a pandemia, o grupo aproveitou para se lançar no cenário nacional. As escolas de samba do Rio de Janeiro fizeram festivais fechados, que facilitavam os custos. O, até então, grupo dos Lanceiros Gaúchos ingressou no Festival da Mangueira e avançou até as quartas de final, passando por três fases eliminatórias. “A gente já começou deixando para trás alguns compositores famosos, e pra nós isso foi o máximo. Imagina: nós, de Pelotas, chegar no festival e não ser eliminado de primeira! Já foi ótimo. Conseguimos avançar algumas etapas, então foi maravilhoso”, complementa Fagner.

Em 2025, o grupo alçou novos voos. Com o nome já consolidado no cenário do samba regional, os Lanceiros chegaram à final do concurso de samba-enredo da Portela. O feito colocou Pelotas no mapa do carnaval carioca e reafirmou a força da produção cultural da cidade.

 

Final de samba da Portela, resultado mais expressivo da história do grupo

 

Mais do que uma competição, a presença na final foi a celebração de uma trajetória marcada pela coletividade e pelo amor à arte. “Ser campeão ou não é relativo. Como diz o ditado: ‘Teu filho é sempre o mais bonito’. Por mais que outro samba vença, quando ‘tu compões’, vira pai daquela obra, então, para nós, não existe samba mais bonito que o nosso”, lembra o presidente. Entre batuques e versos, o Samba dos Lanceiros segue escrevendo capítulos na história do Carnaval gaúcho, que existe e resiste ao tempo.

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