Oficina de redeiras leva tradição à Prefeitura de Pelotas

Evento integrou exposição colaborativa sobre a comunidade pesqueira da Z3    

Por Martha Cristina Melo    

Entre os dias 4 e 14 de agosto, a Sala Frederico Trebbi, no saguão do Paço Municipal, é palco da exposição “Z3: Entre Redes e Memórias”, idealizada por alunos do curso de Museologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) enquanto atividade avaliativa. Orientada pelos professores Daniel Maurício de Souza e Diego Ribeiro, a mostra acontece de forma colaborativa com os próprios moradores da comunidade da Colônia São Pedro (Z3), à medida que valoriza tradições locais.

 

Descrição da exposição e equipe idealizadora e colaborativa       Fotos: Martha Cristina Melo.

 

A proposta da exposição é plural e sensível: o espaço conta com um barco instalado no centro da sala, em alusão à pesca de baixo impacto ambiental. Já o acervo que acontece em volta da embarcação é composto por materiais cedidos por moradores à exposição e reúne objetos cotidianos da vivência pesqueira na Z3.

Entre os colaboradores da mostra, Élio Sabino, pescador e diretor do Sindicato dos Pescadores da Z3 há 15 anos, destacou a importância de iniciativas que preservem a memória da comunidade. “Eu não tenho estudo, mas tenho experiência. Sempre procurei colaborar, seja com material, seja com conversa, porque acho que é nosso dever repassar o que sabemos”, afirmou.

 

Élio Sabino, mais à direita na foto, é natural de uma família de pescadores e um dos principais colaboradores da exposição

Oficina de Redeiras

Na última segunda-feira (11), o espaço foi laboratório para a oficina de redeiras ministrada por Flávia Silveira Pinto, moradora da Colônia São Pedro, e pesqueira e redeira experiente. Flávia guiou o público no delicado ofício do corte de fios – matéria-prima essencial para a confecção de malas, biojoias e acessórios feitos com redes de pesca reaproveitadas. A pescadora, que deu início ao seu trabalho enquanto redeira como forma de conquistar uma segunda fonte de renda, hoje é parte de um grupo que integra a marca registrada Costa Doce.

Claudete Guilherme da Rosa, curadora-aluna da mostra, apresentou com emoção o processo criativo por trás da exposição que, por sua vez, busca valorizar a riqueza cultural da comunidade. “Quando a gente começou a fazer os trabalhos de campo, vimos o quão rica é a comunidade e o quanto precisa ser mais divulgada. (…) Elas [as redeiras] já participaram de eventos em Recife, Minas e outros lugares, mas aqui, na própria cidade, muita gente nem sabe que elas existem”. Flávia, por sua vez, destacou o valor da presença do artesanato no centro da cidade: “Na colônia, já somos conhecidas, mas queremos que as pessoas de outros lugares também conheçam. Vejam como o material que antes era jogado na lagoa pode se transformar”.

 

Oficina recebeu excursões escolares para o ensino da técnica de corte de fios

Muito mais do que um exercício manual, a oficina foi uma aula de empoderamento e pertencimento. A comunidade de rendeiras da Colônia Santo Antônio simboliza mais do que uma atividade econômica: é um elo vivo entre o passado e o presente, uma trama de saberes femininos e um exemplo de criatividade sustentável.

Para conhecer o trabalho das redeiras e valorizar produções locais, clique aqui.

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