Com toques do jazz, soul e boom bap, músico combina rimas, referências filosóficas e histórias da cultura negra e das periferias
Por João Miguel Rico Donini

Autenticidade e sofisticação combinam muito bem na música de Zudizilla Fotos: Divulgação
Nos últimos anos, o rap brasileiro tem se expandido e diversificado, trazendo novos nomes que desafiam padrões e exploram sonoridades únicas. Entre esses artistas, o pelotense Zudizilla se destaca como uma das vozes mais autênticas e sofisticadas da cena. Com influências do jazz, soul e boom bap, o rapper combina rimas afiadas, referências filosóficas e narrativas que exaltam a cultura negra e as experiências periféricas. No final de semana passado, ele se apresentou no festival internacional de música alternativa Lollapalooza, em São Paulo.
Zulu: Quarta Parede, Vol.3
Natural de Pelotas, Zudizilla deu seus primeiros passos na música através do hip-hop, vendo nele um canal para expressar ideias e resistir. Zudi, ou Zulu, iniciou sua jornada no Banca CNR, grupo de rap local. Sob a tutela de Guido CNR, ele começou a se sobressair, projetando seu nome no cenário independente, graças ao talento com as palavras e à forma única de criar histórias densas e tocantes. Com o passar do tempo, firmou um estilo único, bebendo da fonte de ícones do rap do Brasil e do mundo, sem deixar de lado o jazz e o blues.

Guido CNR foi parceiro de Zudizilla no grupo de rap Banca CNR
A musicalidade de Zudizilla é marcada por batidas sofisticadas e uma abordagem poética única. Seu álbum “Zulu Vol. 1: De Onde Eu Possa Alcançar o Céu Sem Deixar o Chão” é um dos mais elogiados da sua carreira, trazendo reflexões sobre identidade, ancestralidade e superação. Suas letras abordam temas como a valorização da cultura negra, racismo estrutural e a luta diária da população periférica.

Zudizilla faz um rap diferenciado com elementos do jazz e do soul Foto: Caio Henrique/Divulgação
Suas canções, carregadas de sensibilidade, ora abordam questões sociais, ora revelam seus sentimentos, gerando grande identificação. Ademais, a influência do jazz e do soul em seu som singulariza sua obra no rap, inspirando aqueles que almejam trilhar caminhos distintos do mainstream.

Zudizilla em um dos seus shows na cidade de Pelotas
Mais do que um rapper, Zudizilla se destaca como um intelectual de nossos tempos, que emprega sua arte como um meio de suscitar debates e amplificar as preocupações cruciais da nossa comunidade. Sua influência na cena musical personifica o poder da cultura hip-hop como um motor de mudança social e um ato de oposição. Um dos pontos altos de sua trajetória foi a sua recente atuação no Lollapalooza de 2025, com apresentação no sábado, dia 29 de março. Ao se apresentar em um dos maiores eventos globais de música alternativa, Zudizilla reiterou a relevância do rap feito no Brasil e das histórias das comunidades marginalizadas no contexto dominante. Sua performance vigorosa e repleta de mensagens impactantes solidificou ainda mais sua importância artística, comprovando que sua música rompe fronteiras e ressoa com uma variedade de pessoas. O evento significou não só uma validação de seu talento, mas também um avanço crucial para o reforço do rap brasileiro em grandes festivais de nível internacional.

Zudizilla se apresentou no festival Lollapalooza no dia 29 de março, em São Paulo
Sempre trilhando um caminho de inovação, Zudizilla não para de criar e descobrir caminhos inéditos no universo do rap. Seus próximos trabalhos devem manter o nível elevado, com a mesma intensidade e autenticidade que definem sua jornada. Se depender do dom e do esforço do rapper, os fãs podem aguardar letras marcantes e melodias cativantes no futuro.
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