Minissérie “Adolescência” conquista público com temas difíceis de tratar

Tendo apenas quatro episódios, a produção acompanha a investigação de um crime no interior da Inglaterra, em que o principal suspeito é um jovem de apenas 13 anos        

Por Carolina Soares      

 

O primeiro capítulo estreou dia 13 de março no streaming                               Foto: Divulgação

 

A narrativa da minissérie “Adolescência” se desdobra a partir de diferentes perspectivas e é filmada em planos sequência, nos quais cada episódio foi realizado em uma única tomada contínua, sem cortes. Com apenas quatro capítulos, a história se passa no interior da Inglaterra, tendo como protagonista Jamie, um jovem de 13 anos, suspeito de um crime. A produção mescla em seu elenco veteranos e novatos, com Stephen Graham, Christina Tremarco e Owen Cooper interpretando a família principal. Como coajuvantes, estão Erin Dohery, Amelie Pease, Faye Marsey e Ashley Walters. A minissérie pode ser vista no serviço de streaming Netflix.

Sem entregar vilões ou heróis, o enredo destaca de forma intensa a complexidade do universo adolescente nos dias de hoje. Mostra como a falta de diálogo, o isolamento emocional e as pressões sociais podem levar a comportamentos extremos, principalmente associados com o excesso da internet.

Outro ponto importante retratado pela minissérie é o impacto das dinâmicas familiares silenciosas para os jovens. Com uma abordagem sensível e provocativa, “Adolescência” se apresenta como um convite à reflexão sobre o papel da família, da escola e da sociedade na formação dos adolescentes.

 

Owen Cooper, como Jamie Miller, vive as tensões provocadas pelas redes sociais                    Foto: Divulgação

 

Nessa trama, encontramos termos fortemente presentes em fóruns da internet e que, até então, eram desconhecidos para muitas pessoas, mas ganharam força ultimamente. O termo “Incel” trazido pela obra é uma abreviação de “involuntary celibate” ou “celibatário involuntário”. Na internet, os chamados “incels” costumam se reunir em fóruns on-line para compartilhar frustrações e experiências pessoais, expressando um sentimento de exclusão tanto sexual quanto social. Essa comunidade tem ganhado espaço, muitas vezes chamada de “machosfera”, caracterizando-se por crenças violentas e visões machistas.

Na série, o universo dos “incels” é explorado quando trata sobre a relação de Jamie (personagem principal) com a internet. Outro ponto abordado é a chamada “regra do 80/20”, uma crença popular entre esses grupos de que 80% das mulheres se sentem atraídas por apenas 20% dos homens, afirmando que os homens “incel” não têm mais nada a perder com as mulheres.

Em um mundo hiperconectado, o comportamento de uma geração que cresceu junto com a ascensão da internet está sujeito ao risco de impulsividade e comportamentos extremos em busca da aceitação social.

A série “Adolescência” provoca um impacto profundo ao expor questões delicadas presentes em muitas famílias, ao mesmo tempo em que leva a reflexões essenciais sobre os desafios enfrentados pelos jovens na atualidade. A obra convida a questionar: Estamos realmente atentos aos adolescentes ao nosso redor? Oferecemos o suporte necessário diante do bullying nas redes sociais? Até que ponto a educação na internet pode ser considerada uma forma saudável de sociabilidade? Sem dúvida, essas questões ganham destaque nas discussões que surgem após o sucesso da série.

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