Aberto para a comunidade, o Clube de Leitura Ler Mulheres visa promover a literatura feminina e retoma suas atividades no mês de março
Por Maria Eduarda Lopes

As reuniões ocorrem todos as quintas-feiras de cada mês e são espaços para leituras e discussões sobre livros Foto: Arquivo Pessoal
No mês de março, marcado pelo Dia Internacional das Mulheres e pela luta feminista, o Clube de Leitura Ler Mulheres retorna com suas atividades no dia 27, próxima quinta-feira, das 18h às 19h30, no Otroporto (Rua Benjamin Constant, 701, bairro Centro, em Pelotas). O Clube é um projeto de extensão desenvolvido pelo Centro de Letras e Comunicação (CLC) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que visa incentivar a leitura de obras literárias escritas por mulheres. Sendo uma atividade gratuita e aberta ao público, as reuniões ocorrem todos as quintas-feiras de cada mês e se tornam espaços para leituras e discussões sobre livros, além de fomentar a visibilidade acerca da relevância da escrita feminina.
O único custo de investimento para participar é a aquisição do livro e a locomoção até o local de reunião. O público-alvo do clube busca englobar o público geral, não havendo nenhum tipo de limitação de idade para a participação. A escolha dos livros, baseada no conceito de bibliodiversidade, inclui autoras de diferentes nacionalidades e épocas, e obras de diversas editoras.
O projeto surgiu há quase dois anos através da motivação de existir um clube de leitura dentro de uma universidade pública, conforme relatado pela coordenadora do Centro de Letras e Comunicação da UFPel, Vanessa Damasceno. “Surge de uma motivação pessoal minha, enquanto mulher, enquanto pessoa, enquanto professora, que sempre tive os livros como companheiros desde a minha adolescência, antes de me tornar professora e formadora de professores”, disse Vanessa.
Entre os principais objetivos do clube, a coordenadora lista o equilíbrio na representatividade das mulheres na sociedade, pois historicamente as mulheres tiveram menos oportunidades para se dedicar à literatura, foram menos publicadas, divulgadas e premiadas. Um dado que comprova essa realidade é que das 117 edições do Prêmio Nobel de Literatura, que existe desde 1901, apenas 18 mulheres foram laureadas, nenhuma delas sendo brasileira.
“É para escutarmos a visão das mulheres sobre temáticas que muitas vezes foram e ainda são escritas por homens, para saber o que pensa e como se exprime metade da população mundial. E se estamos em busca de mais mulheres em todos os espaços, na política, no institucional e nas profissões, para termos equilíbrio, é necessário que a gente leia mulheres”, completa a coordenadora.
Além da importância de trazer visibilidade para a equidade de gênero na literatura, o projeto também fomenta a cultura na comunidade local. A participante e chefe do núcleo administrativo do Centro de Letras e Comunicação da UFPel, Carla Machado, conta um pouco sobre a sua experiência: “Eu sempre gostei de ler literatura. No entanto, buscava uma orientação sobre o que ler que realmente me interessasse. E quando vi essa proposta de ler livros escritos por mulheres, logo pensei que deveria ser bom. Mas ao entrar para o clube, bem no início do projeto, no início de 2023, me surpreendi positivamente. Foi uma das melhores escolhas que fiz nos últimos tempos”, reflete Carla.
Uma das obras que marcou a participante foi o livro “Solitária”, da escritora e jornalista brasileira Eliana Alves Cruz. O livro conta a história de duas mulheres negras, Mabel e Eunice, mãe e filha, que moram em um condomínio de luxo no qual trabalham. Entretanto, Eunice acaba se tornando testemunha-chave de um crime chocante ocorrido na casa dos patrões.
Retornando em março, o Clube de Leitura Ler Mulheres é um importante projeto construído e desenvolvido dentro da universidade pública para impactar positivamente a comunidade pelotense, trazendo uma iniciativa importante para a sociedade atual ao valorizar e reconhecer não só a literatura feminina, mas também as mulheres que edificam o campo literário.
Para o ano de 2025, o clube vai contar com a seguinte curadoria de livros:
Março: “A maior mentira do mundo” de Luciana Gerbovic
Abril: “Essa coisa viva” de Maria Esther Maciel
Maio: “João Maria Matilde” de Marcela Dantés
Junho: “Controle” de Natalia Borges Polesso
Julho: “Cartas para a mãe” de Teresa Cárdenas
Agosto: “Virgínia mordida” de Jeovanna Vieira
Setembro: “Dias de se fazer silêncio” de Camila Maccari
Outubro: “O céu para os bastardos” de Lila Guerra
Novembro: “Um exu em Nova York” de Cidinha da Silva
Dezembro: “A analfabeta” de Ágota Kristof
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