Aberta à visitação no Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter, mostra apresenta ilustrações científicas que retratam espécies nativas da região
Por Murilo Schurt Alves

Abertura da exposição “Ilustre Pampa” aconteceu no dia 17 de fevereiro Fotos: Murilo Schurt Alves
Constituído por uma imensa diversidade de espécies e paisagens, o bioma Pampa encanta, mas também desperta constante preocupação. Com a crescente degradação ambiental, é importante pensar em práticas visando a divulgação e a valorização desse conjunto de ecossistemas que ocupa grande parte da região sul do território gaúcho. Nesse contexto, surge a exposição “Ilustre Pampa”, em cartaz no Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter (MCNCR) até 17 de abril.
A mostra reúne ilustrações do concurso homônimo, realizado no segundo semestre do ano passado pelo Núcleo de Ilustração Científica do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A iniciativa faz parte do projeto Pampa Singular, um programa multidisciplinar da universidade que busca envolver a comunidade e estudantes na construção coletiva de conhecimentos e práticas sobre ecoturismo e conservação da biodiversidade desse bioma.
A abertura da exposição, que aconteceu em 17 de fevereiro, contou com a presença do professor João Iganci, coordenador do Núcleo de Ilustração Científica. Segundo ele, o concurso fez parte de um conjunto de três ações realizadas na 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. “A primeira atividade era um circuito de ações de extensão, visitamos escolas do ensino básico no interior do Rio Grande do Sul, levando atividades de botânica. A segunda foi um workshop de ilustração científica e, a terceira, é essa exposição. São formas de falar sobre a biodiversidade do bioma Pampa que é tão rica e, ao mesmo tempo, tão ameaçada”, explica.

Professor de Ilustração Científica João Iganci (ao centro) fala sobre ações do projeto Pampa Singular na abertura da exposição
Artistas de Pelotas, Novo Hamburgo, Porto Alegre e Osório compõem a exposição. Entre eles, a ilustradora Júlia de Moraes Brandalise retratou as espécies Phyllomedusa iheringii (conhecida popularmente como perereca-macaca), Erythrina crista-galli (corticeira-do-banhado) e Bipinnula montana (orquídea-terrestre). Ao falar sobre os seus desenhos, produzidos com lápis de cor, Júlia conta sobre a sua proximidade com as espécies retratadas: “Eu particularmente busco desenhar espécies nativas que eu já tenha visto em campo e que, de alguma forma, me impactaram e marcaram. É uma maneira de eternizar esse sentimento com espécies tão importantes e impressionantes. A ideia é que os desenhos tenham o mesmo impacto a qualquer um que os veja, assim como aconteceu quando eu as vi em campo”.
A ilustradora Eduarda Acosta Oyarzabal, por sua vez, retratou a espécie Fuchsia regia (brinco-de-princesa), feita inteiramente em grafite. Ela relembra que começou a aprender os fundamentos do desenho aos 13 anos, mas aprimorou suas técnicas por meio da disciplina optativa de Ilustração Científica, ministrada pelo professor João Iganci. Ao refletir sobre a relevância dessa área, Eduarda enxerga três aspectos complementares: “Há o lado científico, como participar da documentação de diversas espécies de plantas e animais, [essas ilustrações são muito utilizadas em artigos científicos, revistas do meio, etc.]. Também há o lado para fins educacionais [desde ilustrações de livros didáticos para o ensino básico de crianças até desenhos mais detalhados para o nível de graduação, por exemplo]. E, ainda, o lado artístico, porque a arte no geral chama a atenção do público, e a ilustração científica consegue tornar diversos assuntos técnicos mais acessíveis às pessoas, fazendo com que elas se conscientizem sobre diversos temas, como, por exemplo, a importância da preservação das espécies do bioma Pampa”, destaca.

Ilustrações foram produzidas por artistas de Pelotas e outras cidades do Rio Grande do Sul
O concurso contou com prêmios aquisição, garantindo que as ilustrações vencedoras, escolhidas por uma comissão técnica, passassem a fazer parte do acervo do Núcleo de Ilustração Científica da UFPel. Entre as vencedoras está Gabrieli Silveira, que desenhou as espécies Coprophanaeus milon (besouro) e Eumops bonariensis (morcego-de-orelhas-largas). Segundo ela, esse tipo de incentivo gera impacto e incentiva a continuidade da sua produção. Para seu trabalho, Gabrieli utilizou lápis de cor aquarelável sobre papel pólen em suas ilustrações e explica que “o papel poroso ajuda a absorver o pigmento, e esse tipo de lápis contém bastante pigmento, tornando as cores do desenho bem vivas. Para o meu tipo de desenho, considero mais fácil controlar os tons dessa forma, quando são mais vibrantes”.
Para ver as obras de Júlia, Eduarda, Gabrieli e de tantos outros talentosos artistas, a exposição “Ilustre Pampa” está em cartaz no Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter (MCNCR), localizado na Praça Coronel Pedro Osório, 01, no Centro de Pelotas. O Museu funciona de segunda a sábado, das 13h às 18h30, com entrada gratuita.

O Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter está localizado na Praça Coronel Pedro Osório, 01
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