Projeto de extensão Estudos em Performance e Práticas Musicais Coletivas visa diminuir a distância entre o erudito e o popular
Arthur dos Reis Rezer e Vitória Scheffer
A acessibilidade da música característica da cultura erudita – músicas de câmara, sinfonias, quartetos, concertos, etc. – é uma problemática que acompanha as nossas sociedades desde a época medieval. A elitização de certas manifestações artísticas e a marginalização de outras representa uma barreira extrema entre diferentes status sociais. Assim, a atitude de indivíduos e instituições pode propor maior acesso às artes “cultas”, diminuindo essa distância. Um exemplo disso são os projetos de extensão desenvolvidos pelo Curso de Música da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que visam aproximar a cultura musical erudita da comunidade local, fortalecendo o diálogo entre a universidade e a população.
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O projeto de extensão Estudos em Performance e Práticas Musicais Coletivas na UFPel foi fundado pelo professor Tiago Sabino Ribas, com o objetivo de promover a performance e a contemplação de músicas tocadas por instrumentos eruditos, de pouco acesso a grande parte da sociedade. Foram muito executadas músicas barrocas, como obras dos compositores Bach e Vivaldi, frequentemente tocados em formações de “Música de Câmara”. Este termo tem origem no italiano “musica da camera”, que significa “música de quarto”. Refere-se ao ambiente privado em que essas composições eram originalmente executadas, como salões ou aposentos de nobres e aristocratas, cuja regência, ou seja, um maestro, é dispensável e pouco comum. Hoje em dia, a música de câmara continua mais presente em apresentações de grupos menores de instrumentistas.
A partir da saída do professor Ribas da UFPel, o projeto estava sem um responsável e maestro para continuar com as atividades. No entanto, os alunos do curso continuaram demonstrando interesse na participação como músicos integrantes, e se propuseram a criação de um novo grupo. A Camerata UFPel, com aval da professora Luciana Elisa Lozada Tenório do curso de Música, e organização da aluna do curso Música Licenciatura, Bruna Silva Monteiro, é um grupo musical com 13 integrantes no momento. Está iniciando suas atividades musicais voltadas para a região de Pelotas.
A proposta visa justamente estudos, ensaios e exibições relacionados à música de câmara, por isso o nome Camerata. Com violinos, violas, violoncelos e um contrabaixo acústico, o grupo musical, embora recente, já está verdadeiramente pronto para apresentações no cenário cultural de Pelotas.
Com ensaios semanais no prédio do Centro de Artes da UFPel, a Camerata envolve desde músicas originais a artistas desconhecidos até os tradicionais da música de câmara. Com três publicações na sua página do YouTube, o projeto ainda busca alcançar novas barreiras e propagar a cultura musical em novos ambientes.
Com a proposta de expandir suas atividades, a Camerata UFPel projeta um futuro promissor, com iniciativas que integram outras artes e buscam parcerias dentro da própria Universidade. O desejo de unir grupos como o coral, o conjunto de choro e o grupo Iluminuro, do Bacharelado em Música, reflete a importância do trabalho colaborativo na formação musical e na ampliação do repertório cultural em Pelotas
Além de fomentar a música em conjunto, a experiência proporciona um ambiente de crescimento coletivo e superação, incentivando os músicos a enfrentarem o desafio de tocar em grupo e a compartilharem suas práticas com a comunidade. Em um cenário em que a acessibilidade à música erudita ainda enfrenta barreiras, projetos como a Camerata UFPel se destacam como um elo fundamental entre a universidade e a sociedade, garantindo que a cultura musical alcance novos públicos e inspire novas gerações de artistas e ouvintes.
Com o apoio contínuo de alunos, professores e colaboradores, a Camerata pretende não apenas crescer regionalmente, mas se consolidar como um espaço essencial para a prática e valorização da música de câmara.
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