Filme “A História Verdadeira” fala sobre dilemas dos jornalistas

História aborda de questões éticas e pontos psicológicos que afetam os profissionais da imprensa      

Por Antonio Berndt     

 

 

O filme “A História Verdadeira” (“True Story”) aborda temas instigantes. A procura pela veracidade, a ética na profissão jornalística e a maneira como indivíduos carismáticos conseguem distorcer histórias são assuntos significativos e pertinentes. O filme traz reflexões sobre os temas complexos da manipulação, a busca pela verdade, a ética jornalística e a natureza ambígua do comportamento humano. Inspirada em acontecimentos reais, a história utiliza a tensa relação entre o jornalista Michael Finkel (Jonah Hill) e o criminoso Christian Longo (James Franco) para explorar as questões que repercutem nos dilemas morais e psicológicos.

Coincidindo com o título do filme, a busca é pela verdade e questionar essa “verdade” em um mundo, muitas vezes, distorcido por interesses pessoais. Michael Finkel, um jornalista desgraçado por manipular informações em suas reportagens, encontra uma chance de redenção profissional com a história de Christian Longo, um criminoso acusado de assassinar sua família. Neste caso, a verdade é menos um ideal do que uma ferramenta de sobrevivência – seja para reconstruir uma carreira ou escapar à penalidade criminal.

 

 Há constante tensão na conversa entre o jornalista Michael Finkel (Jonah Hill) e o criminoso Christian Longo (James Franco)        Fotos: Divulgação

 

O filme enfatiza que a verdade não é uma entidade objetiva, mas uma construção frágil, moldada pelas pessoas que a contam. Christian Longo manipula Finkel, fornecendo trechos de sua história para manter o controle da narrativa, enquanto Finkel busca um novo começo e ignora sinais óbvios de engano. Esta relação constitui um espelho para o mundo contemporâneo, em que as narrativas dominam a percepção pública, muitas vezes em detrimento dos fatos.  A questão central está na simplicidade com que a verdade pode ser distorcida em função de interesses pessoais. Isso não apenas evidencia uma fraqueza do ser humano, mas também ressalta os riscos inerentes às dinâmicas de poder, em especial na imprensa, em que as narrativas são tratadas como produtos à venda.

Outro ponto que é abordado de forma clara é a ética jornalística. Finkel, que anteriormente sacrificou a integridade em prol de uma boa história, encontra-se agora numa posição delicada. Ele escolheu trabalhar com Longo mais pela chance de obter um furo de reportagem do que por um compromisso real com a verdade. Esta relação levanta questões preocupantes sobre o papel dos jornalistas: até que ponto a busca pela relevância compromete a ética?

E é nisso que entra a questão, que é muito destacada, que é o impacto social da mídia sensacionalista, que muitas vezes prefere o espetáculo à verdade. Longo percebe isso e manipula não só Finkel, mas também quem assiste ao filme, transformando-se em uma figura complexa que oscila entre vítima e vilão.

A dinâmica entre Finkel e Longo é o cerne do filme, quase como um duelo psicológico. Embora Michael acredite que contar a “história verdadeira” de Longo possa ser a sua oportunidade de redenção pública, ele vê-se cada vez mais manipulado por um assassino que explora a vulnerabilidade do jornalista em seu próprio benefício. O desejo de Michael de reconstruir a sua imagem cega-o para a verdadeira natureza de Longo, revelando como a busca pela redenção pode ser explorada e distorcida. A redenção em “True Story” é questionada em vários níveis.

 

O acusado de assassinato Longo tenta convencer o jornalista e os espectadores do filme quanto à sua versão dos fatos

 

É uma obra que provoca o público a ponderar sobre dilemas éticos e morais, especialmente no que tange ao poder das narrativas e à vulnerabilidade da verdade. A interação simbiótica entre Michael Finkel e Christian Longo serve como uma metáfora perturbadora para um mundo em que a manipulação e a busca por espetáculo frequentemente eclipsam a essência das coisas, sua forma de abordar os temas é rica e provocativa.

Veja o trailer oficial: 

Ficha técnica

Gênero: Drama/Suspense

Direção: Rupert Goold

Roteiro: David Kajganich, Rupert Goold

Elenco: Jonah Hill, James Franco, Felicity Jones, Maria Dizzia, Ethan Suplee, Gretchen Mol, Betty Gilpin, Seth Barrish, Robert Stanton, Michael Countryman

Produção: Dede Gardner, Anthony Katagas e Jeremy Kleiner

Fotografia: Masanobu Takayanagi

Trilha Sonora: Marco Beltrami

Duração: 110 min.

Ano: 2015

País: Estados Unidos

Classificação: 16 anos

Onde assistir: Pela assinatura das plataformas de streaming Disney e Prime VIdeo

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