Estão abertas inscrições para evento que homenageia legado cultural afro-gaúcho e ocorre também em Caçapava do Sul e Porto Alegre
Às vésperas do feriado da Consciência Negra, dia 20 de novembro, começa a segunda edição da Vivência do Sopapo – Memórias da Ancestralidade promove uma jornada cultural que explora e valoriza a importância do tambor de Sopapo na construção da identidade afro-gaúcha. O evento acontece nos dias 16 de novembro em Pelotas, 23, em Caçapava do Sul, e 30 de novembro, em Porto Alegre. São três cidades com fortes laços com a ancestralidade gaúcha e com a tradição do Sopapo. Cada localidade sediará atividades culturais que reforçam o valor do sopapo para a comunidade afro-sul-riograndense, com performances artísticas, convidados especiais, palestras e rodas de conversa.
Financiado pelo Ministério da Cultura e Governo do Rio Grande do Sul, através da Lei Paulo Gustavo, com apoio da Sedac/RS, Casa de Cultura Mário Quintana e Lunar do Sopapo (POA), Clube Harmonia (Caçapava do Sul), ONG Cuidando de Nós e Núcleo de Teatro UFPEL (Pelotas), o projeto apresenta uma diversidade de apresentações artísticas, como teatro, música e poesia, focadas nas vivências de cada um com o Sopapo como símbolo de resistência e conexão com a ancestralidade.
Como participar
As atividades são gratuitas e abertas ao público, mas é necessário realizar uma inscrição prévia. O formulário de inscrição está disponível online e também pode ser acessado pelo Instagram. É importante que os interessados se inscrevam na cidade em que desejam participar. Aos que desejarem colaborar, o evento estará arrecadando uma doação voluntária de um quilo de alimento não perecível. As contribuições serão destinadas aos asilos municipais das cidades participantes, com o objetivo de apoiar as instituições que acolhem idosos.
O legado do Sopapo
Originário das charqueadas Pelotenses no século XIX, o sopapo nunca foi apenas um instrumento musical, mas um elo que conectava os escravizados à sua ancestralidade, religiosidade e sua pátria mãe, a África, aliviando, por meio de suas batidas, o horror da escravidão.
Durante o século XX, o sopapo sofreu um processo de “carioquização” que quase o levou à extinção. Seu resgate se deu a partir de 1999 com o projeto CaBoBu, liderado pelo Mestre Giba Giba (in memorian), Mestre Baptista (in memorian) e Mestre José Batista, em Pelotas. Em 2021, o sopapo foi reconhecido como Patrimônio Imaterial da Cultura Pelotense pela Lei Ordinária 2.822/2021.
Homenagem aos guardiões da tradição
Esta edição do evento presta homenagem aos ancestrais que preservaram a tradição do Sopapo, incluindo figuras históricas como Mestre Giba Giba (in memorian), Mestre Baptista (in memorian), Mestra Sirley Amaro (in memorian) e Dona Maria Baptista, esposa do Mestre Baptista e mãe de José Batista, que além de proponente do projeto, também será o palestrante. Mestre José Batista, também autor do livro “O Sopapo Contemporâneo – Um elo com a ancestralidade”, foi o responsável por desenvolver o modelo cônico do instrumento, perpetuando sua relevância cultural para as futuras gerações.
Programação em Pelotas
Eliana Cardoso Barcellos, anfitriã do projeto em Pelotas, compartilhou a expectativa pelo evento: “Estamos extremamente honradas e orgulhosas em sediar tal evento. Fazer ressoar as batidas do grande tambor nesse território sagrado que é o Passo dos Negros, através do Centro de Educação, Esporte, Cultura e Lazer Cuidando de Nós, fortalece toda uma caminhada ancestral que pulsa em cada rua, cada viela, em cada morador de nossa comunidade. O evento dará grande visibilidade, vez e voz a toda uma comunidade que anseia por reconhecimento de sua grandeza geográfica, histórica e atemporal”, antecipa.
Data: 16 de novembro de 2024
Local: ONG Cuidando de Nós (Av. Cidade de Rio Grande, 1904 – Comunidade Passo dos Negros)
13h30: Abertura do espaço ao público
14h00: Abertura com o toque do Sopapo
14h10: Apresentação musical com Jay Djin e Maíra
14h20: Performance do texto “Arcano sem nome” com Duma
14h40: Mesa com convidados especiais (Fernanda Tomiello, Josiane Dias, Francisca Jesus e Andréa Terra)
15h45: Palestra com Mestre José Batista
16h45: Coffee break
17h00: Esquete teatral “Memórias de um Quilombola” com Cid Branco
17h15: Roda de conversa
17h45: Toque de Sopapo
18h00: Encerramento
Programação em Caçapava do Sul
Cátia Cilene, representante de Caçapava do Sul, também destaca a importância de receber o evento. “Nós temos as melhores expectativas, porque conhecemos o trabalho do mestre José Batista e o impacto social do sopapo é fortalecer os elos. O sopapo, além de ser o nosso grande tambor, tem um sagrado que nos fortalece, que unifica, que agrega e inspira. Precisamos que as pessoas reconheçam o tambor de sopapo em cada canto da cidade, que tenham plena consciência do que ele significa não só para a comunidade negra, mas para toda a sociedade. O impacto é positivo, é bonito, é lindo. Ele nos remete a uma ancestralidade única”, diz.
Data: 23 de novembro de 2024
Local: Clube Harmonia (R. Barão de Caçapava, 925)
13h30: Abertura do espaço ao público
14h00: Abertura com o toque de Sopapo
14h10: Apresentação musical com Jay Djin e Maíra
14h20: Performance do texto “Arcano sem nome” com Duma
14h40: Mesa com convidados especiais (Cátia Cilene e Mestre Tio Cida)
15h45: Palestra com Mestre José Batista
16h45: Coffee break
17h00: Esquete teatral “Memórias de um Quilombola” com Cid Branco
17h15: Roda de conversa
17h45: Toque de Sopapo
18h00: Encerramento
Programação em Porto Alegre
A diretora do Instituto Estadual da Música de Porto Alegre, Adriana Sperandir, expressa sua alegria em sediar o evento. “Para a Casa de Cultura Mário Quintana, é uma felicidade imensa receber um dos encontros do ‘Vivência do Sopapo’. O Instituto Estadual da Música (IEMRS) vem buscando encontros que valorizem e fomentem nossa ancestralidade, diversidade cultural e nosso patrimônio histórico. O Vivência do Sopapo faz esse resgate de forma poética, através de trocas de saberes que ficam na nossa memória. Estamos muito felizes em recebê-los”, afirma.
Data: 30 de novembro de 2024
Local: Casa de Cultura Mário Quintana – Sala Luis Cosme – 4º Andar (R. dos Andradas, 736 – Centro Histórico)
13h30: Abertura do espaço ao público
14h00: Abertura com toque de Sopapo
14h10: Apresentação musical com Jay Djin e Maíra
14h20: Performance de “Arcano sem nome” com Duma
14h40: Mesa com convidados especiais (Edu do Nascimento, Lucas Kinoshita e Gustavo Türk)
15h45: Palestra com Mestre José Batista
16h45: Coffee break
17h00: Esquete teatral “Memórias de um Quilombola” com Cid Branco
17h15: Roda de conversa
17h45: Toque de Sopapo
18h00: Encerramento
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