Mapa da cidade em 3D, exposto no Museu Carlos Ritter, propõe e estimula debates sobre a cidade
Stéfane Costa
Parte do coração do Centro Histórico de Pelotas, o Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter mostra muito mais do que se propõe. Apesar de visar as ciências como um todo, o espaço é de grande importância sociocultural.
Exemplo disto é a exposição “Impressão (3D) do relevo de Pelotas: um espaço para reflexão sobre a enchente”. Misturando tecnologia, informação e visual, a mostra traz uma representação da cidade, para estimular pensamentos e ideias sobre a triste realidade climática enfrentada recentemente.
Antes de ganhar destaque em uma das salas do museu, o modelo foi utilizado na Sala de Situação montada para trabalhar as atualizações sobre a enchente e que funcionava no 9º Batalhão de Infantaria Motorizada, onde eram tomadas as decisões quanto às inundações no município.
A longo prazo, o mapa fornece uma rica experiência sensorial para quem o visita no museu. Para Adriane Borda, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, é justamente seu formato que se destaca. “Nós trabalhamos principalmente para auxiliar pessoas com deficiência visual, de compreender as formas dessa arquitetura, como uma interface para dialogar sobre todo o interesse cultural dessa arquitetura, e, com isso, nós nos desafiamos para representação do relevo da cidade, que é algo complexo também”, explica.
O modelo também responde questionamentos de senso comum ouvidos durante as enchentes, como o fato de Pelotas ser uma cidade totalmente sujeita à invasão da água. “Foi fundamental para pessoas leigas porque, muitas vezes, várias pessoas tinham dificuldade de compreender as representações como estavam sendo feitas por meios digitais ”, diz.
Reforçando o conceito da acessibilidade e educação lúdica, o projeto foi feito em partes, ou seja, é possível destacar “partes da cidade” para mergulhar em um recipiente com água. Essa é mais uma forma sensorial de demonstrar como as pessoas podem entender a cidade e o local onde vivem.
Carolina Silveira, assistente administrativa do museu, acredita que a exposição também seja um importante objeto de reflexão já que se propõe a mostrar os “vários fatores que estão mudando o nosso clima e aos quais temos que se adaptar”. Se não cuidarmos “do nosso meio ambiente, a gente vai ter que se adaptar de um jeito ou de outro, mas tem que se pensar num futuro, não pensar só no hoje. Pensar num futuro e continuar, não só na hora do desespero e parar para ver o que fazer quando já está acontecendo. Tem que pensar com antecedência, tem que seguir refletindo, né?”, reforça.
Segundo Carolina, essa exposição é apenas um exemplo de como o museu “é um espaço para a gente divulgar a ciência, a cultura, e diversas áreas do conhecimento que podem interagir. É muito importante para a comunidade, para o nosso público”, completa.
O Museu Carlos Ritter fica na Praça Cel. Pedro Osório, 1, no Centro Histórico de Pelotas. Os horários de visitação são de segunda a sábado, das 13h às 18h30.
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