O filme realizado no Balneário Cassino participou da Mostra Gaúcha de Curtas e recebeu o destaque de Melhor Direção de Fotografia
Por Fernanda Farinha
O curta-metragem “Cassino” conta a história de Daniel, Tando e Soninho, três ladrões que circulam durante a noite pelas ruas do Balneário Cassino, observando as casas e tentando invadi-las, a fim de roubar alguma coisa. Segundo o diretor e roteirista do filme, Gianluca Cozza, a ideia desse projeto surgiu a partir de uma imagem fantasiosa de uma pessoa andando em cima dos telhados das residências do Cassino à noite. O filme fez sua estreia no 52º Festival de Cinema de Gramado e ganhou, no dia 11 de agosto, o Prêmio Assembleia Legislativa, na categoria “Melhor Direção de Fotografia”, na Mostra Gaúcha de Curtas.
“Era uma vontade minha fazer um filme que se passasse inteiramente no bairro onde eu cresci, o bairro Querência, que fica no Balneário Cassino. E eu queria muito arranjar uma desculpa para gravar a paisagem desse bairro, que eu gosto bastante. É um lugar particular”, diz Gianluca Cozza.
O diretor destaca também a importância da praia na sua vida, “Eu me criei no Cassino, então todas as memórias de infância e adolescência que eu me lembro se passam lá. Acho que isso me traz uma memória afetiva muito grande”, recorda. “Eu morava nessa casa que ficava a poucos metros da praia, então, passava muito tempo lá. Acho que a gente que mora em Rio Grande tem uma ligação com a praia o Cassino muito forte, principalmente no verão”, ressalta.
A intenção de Cozza, no entanto, era trazer um outro ponto de vista sobre a praia, quando o frio chega e as casas utilizadas apenas para o veraneio ficam vazias, deixando o bairro com uma aparência “fantasmagórica”. O período de férias escolares no verão é o mais movimentado do Balneário, mas o filme se passa no inverno.
Gianluca é natural da cidade de Rio Grande e formado em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Atualmente mora em Porto Alegre e abriu uma produtora chamada Saturno Filmes, tendo dois de seus colegas de faculdade como sócios.
Os projetos da produtora são desenvolvidos para serem gravados no interior do Rio Grande do Sul, investindo na produção de filmes na região Sul do Estado, que carece de financiamento público e estrutura, “A gente não consegue viver de cinema no interior gaúcho. Por isso, viemos para Porto Alegre, justamente, para conseguir trabalhar com cinema, e, de certa forma, fazer os nossos filmes nessas regiões, [fora da capital gaúcha,] trabalhando com pessoas das localidades envolvidas e movimentando o mercado do interior,” conta o cineasta.
Importância das instituições públicas
Gianluca evidencia a importância das universidades e institutos federais na luta por recursos, em especial, a iniciativa do IFRS Campus Rio Grande com o Núcleo de Produção Audiovisual OFCINE (NPA), que foi parceiro na realização no curta-metragem “Cassino”, ajudando com toda a parte de estrutura de equipamentos utilizados.
“Quando eu era estudante do ensino médio, eu entrei nesse projeto de extensão com a professora Raquel Ferreira, que se chamava OFCINE, e depois que criei a produtora e vim para Porto Alegre, teve essa iniciativa da criação de um Núcleo de Produção Audiovisual,” relata.
A professora do IFRS e coordenadora do projeto, Raquel Ferreira, explica que o Núcleo surgiu através de uma atividade de extensão criada em 2016, mas apenas em 2020 foi possível implementar o NPA, por meio da Política Pública dos Núcleos de Produção Digital (NPDs), para atender a região do Extremo Sul do Estado. “Acreditamos que uma nova juventude vem surgindo cheia de ideias e com bastante criatividade. Dentro do Instituto Federal, imaginamos o cinema como uma possibilidade a mais dentre o que o campus tem oferecido em cursos técnicos. Isso também dialoga com a importância do Núcleo para a região Sul. O nosso objetivo vem sendo fortalecer a cadeia produtiva do audiovisual na região nesses últimos anos,” frisa Raquel.
Na cerimônia de encerramento da Mostra Gaúcha de Curtas, a diretora fotográfica Eloisa Soares recebeu o prêmio que destacou a elaboração visual da produção. Gianluca Cozza enfatiza a honra da participação no Festival. “Foi uma notícia muito boa, a gente gosta bastante do festival. Achamos que é uma ótima oportunidade de exibir o filme para um público que é mais engajado com o cinema nacional e, principalmente, com o cinema gaúcho, então a gente ficou muito feliz de ter essa oportunidade, exibir o filme no Palácio dos Festivais”.
A premiação comprova que o investimento no cinema do Rio Grande do Sul, em especial na região Sul do Estado, tem resultados positivos e pode colocar cada vez mais os gaúchos no cenário do cinema nacional e até internacional.
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