Os vídeos editados contribuem para fãs e público que curtem telenovelas, séries e filmes conhecerem produções relevantes
Por Daniela Alves
Um fenômeno recorrente nas redes sociais – para não dizer característico delas -, é a criação dos chamados edits. Nada mais são do que vídeos com uma duração média de 18 a 30 segundos, que trazem recortes elaborados de cenas de filmes, séries, entrevistas de pessoas famosas e vídeos publicados por elas. É algo quase exclusivamente feito de fãs para fãs, mas, que se torna uma poderosa ferramenta de engajamento, principalmente, no mundo conectado em que vivemos.
Trata-se de uma ferramenta prática para o entretenimento de qualquer fã assíduo de algo. Afinal, é possível criar as artes através de aplicativos que podem ser baixados com apenas um click através do celular. Essa forma de produção digital é também um forte componente da dita cultura da participação. Nesse tipo de criação, os membros de uma comunidade, grupo ou sociedade estão ativamente envolvidos na produção e compartilhamento de conteúdo, ideias e experiências.
Essa cultura muito comum às plataformas virtuais, valoriza a colaboração, a interação e a contribuição coletiva, promovendo a participação ativa e o envolvimento de todos. Além de utilizarem a criação dos vídeos para entretenimento próprio, os fãs aproveitam também para popularizarem os conteúdos de que gostam. A partir de vários recortes, é possível contar uma nova história sob outra perspectiva (vide as fanfics), possibilitando que mais pessoas tenham conhecimento das produções, e, assim, impactem positivamente na forma com que é incentivado pelas grandes marcas e patrocinadores.
Como um exemplo de quem está ligado nos edits, está a jovem Ana Paula Montez, de 22 anos. Ela é fã da popular série britânica “Fleabag”, que segue a vida tumultuada e as experiências emocionais de uma mulher londrina sem nome, conhecida apenas como Fleabag, e que se apaixona por um padre. O X (ex Twitter) mostrava associado à série uma cena de uma minissérie brasileira, e ela decidiu procurar mais informações para assistir. Assim, ela se tornou fã de “Hilda Furacão”, que descobriu em uma sequência de tweets feitos por norte-americanos. “Quando eu terminei de ver ‘Hilda Furacão’, fiquei abismada, é uma minissérie incrível, e que faz o uso da análise política dentro da história de uma prostituta e um frei, tudo isso em vésperas de golpe militar. É muito bom!,” diz Ana.
Divulgador do cinema brasileiro
Administrador de uma das páginas que reproduz o conteúdo, desta vez, na plataforma do Instagram, Lu é um animador e tem, com a página, até mesmo o reconhecimento de atores globais, como a própria Fernanda Torres. Com o trabalho feito na página @scifimoon, o jovem busca alcançar um público maior para contemplar o cinema brasileiro e as obras que vem sendo produzidas, que em nada perdem para as que são feitas no estrangeiro.
“Eu vejo que não só o nosso cinema, mas a nossa teledramaturgia também tem muito potencial e isso não vem de agora. Quem não tem uma novela preferida que tenha assistido na infância? Tem algo que nos marca e a gente sabe reconhecer isso, a questão é que vivemos em um tempo que não basta uma ou duas pessoas assistirem algo para conversar entre si, não. Está na hora de todo mundo saber que nós fazemos arte, que não ficamos para trás,” destacou o administrador.
Tendo sido um recente fenômeno nas redes sociais, “Hilda Furacão” se tornou um viral no TikTok e no X. Teve direito a exigências de uma versão legendada da minissérie. E, é claro, contou com a ação de nobres voluntários e chegou a ter, sim, alguns episódios traduzidos por fãs brasileiros para que os gringos pudessem ter uma prova da dramaturgia brasileira de Glória Perez.
Os edits tomaram conta das plataformas, e alguns podem ser conferidos a partir da #hildafuracão.
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