O evento aconteceu de 15 a 20 de agosto e contou com conferências, mostras, oficinas e visitas guiadas em pontos históricos da cidade
Por Marianna Bertoldi e Victória Silva
Valorizar o patrimônio histórico e cultural e fomentar o turismo são os princípios que guiaram a programação da Semana do Patrimônio no município do Rio Grande, na zona sul do Estado. O evento, que teve início em 15 de agosto e estendeu-se até o dia 20, contou com palestras, exposições, oficinas e visitas guiadas em pontos representativos da história da cidade, como é o caso do prédio da antiga Alfândega e o do Mercado Público Municipal, localizados no coração do Centro Histórico.
São 286 anos de história, refletidos nos patrimônios materiais e imateriais do município. Neste ano, o evento adotou o tema “Rio Grande — Das Águas ao Cais de Pedra”, em referência à descoberta de um cais de pedra com mais de 150 anos em meio aos trabalhos de restauro da Rua Riachuelo, no Porto Histórico. O tema também se refere ao título de Capital Nacional das Águas, concedido a Rio Grande em junho deste ano.
Uma iniciativa da Prefeitura do Rio Grande, com o apoio da Receita Federal e o patrocínio da empresa pública Portos RS, a Semana do Patrimônio uniu conhecimento e lazer em uma experiência única de reconhecimento à herança cultural da cidade. O evento veio ao encontro das políticas existentes para locais históricos, as mesmas políticas que viabilizaram a realização da Noite do Centro Histórico em maio.
Artesanato local
A produção artesanal local também recebeu reconhecimento durante o período. Os expositores tiveram a oportunidade de exibir suas habilidades e criações artísticas na antiga Alfândega. É o caso da artesã Marta de Carli, que atua no ramo do trabalho manual há mais de 25 anos.
Marta relata que iniciou a produção de artigos de lembrança da cidade litorânea em resposta à procura dos turistas que veraneavam no Balneário Cassino. Ela retrata locais emblemáticos como a Catedral de São Pedro, os Molhes da Barra e a Estação Ecológica do Taim.
Para a artesã, a Semana do Patrimônio tem um papel essencial na promoção da cultura local, dando visibilidade ao legado histórico do município. “Eu acho importantíssima, porque é uma forma de pertencimento, de preservar a nossa história e o patrimônio humano dos nossos antepassados”.
Idealizadoras do Estúdio Tal, a ilustradora Katia Mello e sua filha Roberta, que é designer, realizaram um trabalho de ilustração com caneta de nanquim e pintura digital voltado aos pontos históricos do Rio Grande, incluindo um mapa do Centro Histórico.
Elas reconhecem que o povo rio-grandino está mais sensível para o tema da cultura. “Como estão surgindo essas propostas que a Prefeitura está promovendo, as pessoas estão aproveitando”, disse Katia.
Fábrica Rheingantz
A Fábrica Rheingantz, ou como é conhecida, a Antiga Rheingantz, foi um dos patrimônios centrais do evento.
Lá, os visitantes puderam conhecer o museu que expõe peças de roupas fabricadas na fábrica que tinha grande prestígio pela qualidade dos casacos, tapetes e outros artigos feitos em lã. Para entender ainda mais sobre a história, atrizes encenaram situações do cotidiano relatadas por antigas trabalhadoras da fábrica.
A Rheingantz foi uma fábrica têxtil, a primeira empresa do Rio Grande do Sul, estabelecida em Rio Grande no ano de 1873. Grande parte dos funcionários eram mulheres, que trabalhavam com o tear e teciam a lã para a confecção de roupas, tapetes e tecidos.
De acordo com o Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho (LEHMT), “em 1879, a empresa do imigrante alemão Carlos Guilherme Rheingantz já contava com 900 operárias(os) e 100 costureiras que trabalhavam em suas residências. Em 1907, estava entre as 100 maiores indústrias do Brasil com 1.008 trabalhadoras(es)”.
Depois de mais de 100 anos, as atividades da fábrica foram encerradas nos anos 1990 devido à má administração financeira. Hoje em dia, o prédio tombado é considerado patrimônio cultural da cidade. Na Semana do Patrimônio 2023, também foram realizadas visitas guiadas em que os visitantes puderam conhecer as instalações do prédio, os maquinários e suas repartições.
Resultados do evento
Sobre a edição deste ano, a primeira-dama e secretária de Desenvolvimento, Inovação e Turismo do Rio Grande, Lu Compiani, comentou que a missão do evento foi cumprida, fazendo com que a comunidade conheça mais sobre a história da cidade.
“A ideia foi trazer para a comunidade um evento aberto para que conhecessem um pouco mais sobre o patrimônio da cidade do Rio Grande. Então, todo o contexto do evento foi para que isso acontecesse”, compartilhou Lu Compiani.
A secretária ainda explicou que aconteceram eventos paralelos, com oficinas para as crianças das escolas municipais, em que elas puderam conhecer um pouco mais sobre arqueologia e o que significa “patrimônio”. Para ela, sem conhecer sua história, não há como construir um futuro. “Nós acreditamos que um povo que não conhece a sua história, o seu passado, não consegue construir o seu futuro”, ressalta.
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