Por Rafaela Rosa
Poeta pelotense tem sua história contada em curta-metragem
Francisco Lobo da Costa é o nome do cidadão e poeta pelotense que foi homenageado no curta-metragem chamado “A Pelotas Caridosa – Poemas lidos de Lobo da Costa”. A produção é resultado do edital FAC Digital RS, do Governo do Estado. O diretor Flávio Dornelles conta que a ideia do filme apareceu no meio da pandemia, impulsionada pelo auxílio do edital. Ele ressalta a vontade de produzir o curta e comenta que “a cultura foi a primeira a parar nesta pandemia e certamente será a última a retornar”.
Dornelles relembra que chegou em Pelotas em 1982 para cursar Edificações na então Escola Técnica Federal, hoje IFSul. Assim que iniciou as atividades do curso também começou com o teatro e nunca mais parou. Foi lá que o ator e diretor conheceu e se apaixonou por Lobo da Costa. “Pelos seus versos, pela vida marginal que ele acabou tendo”, destaca. Recorda que o pelotense só foi reconhecido após a sua morte.
Apesar da ideia ter surgido já durante a pandemia, ela causou as maiores dificuldades. Neste momento, “o maior desafio é não ter como escalar o elenco para fazer o trabalho”, diz. Por isso, foi necessário uma série de adaptações e quem era responsável pelo áudio e pelas câmeras também acabou virando ator. A cena da morte do poeta retratada na produção foi gravada ao ar livre, com a participação de apenas mais três artistas, para evitar qualquer tipo de aglomeração. “Foi um trabalho gravado em dois sábados e editado em menos de um mês”, revela, orgulhoso, contando sobre o esforço para cumprir os prazos do edital.
Mesmo desapontado com o cenário de pandemia, no qual os artistas estão sem produzir e sem fazer com que seus trabalhos circulem, o diretor classifica a experiência como magnânima. “Sempre desejei que essa história fosse contada nas telas, então, quando soube do edital foi a primeira coisa que pensei”, afirma. Para vencer esse desafio, Dornelles contou com o experiente apoio do Coletivo Fio da Navalha. O diretor do grupo, Luis Fabiano, conta que o aceite ocorreu logo ao receber o convite do realizador. “Li o roteiro do Flávio e procurei avaliar a melhor maneira de realizar a fotografia do filme. Com uma equipe enxuta, obedecendo aos protocolos de segurança, realizamos a gravação tranquilamente e sem riscos”, diz.
Além disso, Luis Fabiano relembra que Lobo da Costa foi um personagem carismático no seu tempo. “O artista e poeta boêmio encantava com sua verve, narrando seus poemas viscerais de uma Pelotas diferente mesmo naquela época”, completa. Sobre a falta de conhecimento sobre a vida do pelotense, Fabiano questiona: “O Francisco foi o invisibilizado e o Lobo da Costa virou nome de rua, eles são diferentes? Claro que não! Quantos artistas atualmente que as pessoas sequer sabem como vivem? Sobretudo neste momento pandêmico”. Além do mais, ele resgata que a história de Lobo da Costa foi festejada em teatros, casarões e saraus, mas a cidade esquece do homem Francisco que “atravessou uma quadra de extrema miséria”, vindo a morrer como indigente. “Foi um desafio para ficar na memória de todos os envolvidos”, finaliza.
Confira a produção disponível no Youtube:
COMENTÁRIOS:
Meu pai, que nasceu em 1903, tinha, copiadas por ele em letra gótica, alguns poemas de Francisco Lobo da Costa, tio dele. Tenho alguns comigo. Eu tenho 86 anos, nasci em 1936, em Teresópolis (RJ). Meu pai , Fausto Lobo da Costa, minha mãe Genina Rodrigues Lobo da Costa. Casei com Camila, tenho dois filhos, Paula, professora titular de Educação Física da UFSCar, Eduardo, que leciona em faculdades de São Paulo, capital, e Eduardo, produtor cinematográfico.
Fabio Rodrigues Lobo Da Costa
Olá Fábio Rodrigues, vc sabe dizer se ele era de alguma religião de Matriz Africana? Pois no busto dele tem um fio de conta de Oxalá… Aí me despertou essa curiosidade
Tom Golgenstein
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