Por Sabrina Lacerda Borges
A música é, sem dúvida, uma das expressões artísticas mais influentes. Todo o mundo mantém relações com ela, e é impossível alguém não gostar de ouvir alguma melodia. Gabriel Dias é um cantor camaquense e, aos 19 anos de idade, já fez shows em vários locais da região. O músico contou um pouco sobre a sua trajetória no decorrer desta reportagem, dos shows na noite à música gospel, suas dificuldades e sonhos.
A história do camaquense com a música começou na infância, aos nove anos ele ganhou seu primeiro violão. Mas, antes disso, já criava sons com as panelas e baldes da mãe. Seu pai também é músico e teve grande influência nesta paixão. O cantor contou que cresceu rodeado por instrumentos, assistindo DVDs de shows e acompanhando sua família se aperfeiçoando cada dia mais nessa arte.
O músico lembrou que os primeiros acordes foram ensinados pelo pai. O irmão mais velho também colaborou para o crescimento do artista, dando dicas e repassando tudo que já havia aprendido. Ele assistia vídeo aulas on-line para aprender mais sobre o assunto. Depois da sua primeira apresentação aos dez anos na igreja que frequentavam, o cantor continuou se aperfeiçoando.
O jovem logo começou a trabalhar em uma loja de artigos musicais. O ambiente do trabalho aumentava seu interesse pela música e o favorecia na captação de conhecimento. Foi neste ambiente, que ele formou a sua rede de contatos. Vários músicos da região frequentavam a loja, e sua trajetória pelos bares, pubs e restaurante locais iniciou através de um convite de um deles.
Gabriel lembrou que, na primeira vez que se apresentou “na noite”, foi muito mais tranquilo, do que quando iniciou se apresentando na igreja. Ele confessou que, mesmo sabendo do seu potencial, sempre rola um friozinho na barriga no início da performance. O que começou por uma curiosidade aguçou o interesse do guitarrista ao perceber que poderia ser um meio de renda extra.
Várias cidades já foram o palco do cantor, entre elas, Porto Alegre e Pelotas. Além disso, o guitarrista já abriu shows de cantores famosos como Lucas Lucco. Ele fala que o público sertanejo, pra quem cantava, sempre ficava mais animado com suas apresentações, e suas recepções sempre foram positivas.
O lado negativo de cantar na noite, de acordo com o cantor, é a hora do pagamento. Ele lembrou de episódios onde os contratantes queriam pagar um valor menor, e se muniam de argumentos, comparando o trabalho do artista com o de demais cantores que cobravam um valor menor. Mesmo assim, Gabriel sempre se manteve firme e, no final de cada show, seu desempenho é cercado de elogios.
O guitarrista revelou que a música é sua válvula de escape e ajuda a enfrentar os problemas que possam aparecer. Quando tem um dia ruim, cansativo e se sente mau, é na música que encontra conforto. “A música sempre foi tudo pra mim”, relatou.
Para as pessoas que sonham em viver totalmente pela música, mantendo-se financeiramente, o jovem afirma que basta se dedicar, ter paciência e manter o foco nos objetivos. Ele comentou que é necessário encarar a música como um trabalho real, e exclusivo, porque ter outra ocupação pode atrapalhar no desenvolvimento e desempenho das apresentações.
Ele contou a própria experiência para ilustrar a dificuldade de manter dois trabalhos ao mesmo tempo. De acordo com seu relato, a rotina da noite e do trabalho formal acabaram esgotando-o e foi necessário escolher apenas uma das atividades. O músico optou pelo trabalho formal, onde o retorno financeiro é fixo e não necessita fazer muitas viagens.
Além dos trabalhos em bares nas noites, dos dias trabalhando no comércio local, Gabriel também se dedicava paralelamente à banda gospel “Cais”, todas essas atividades colaboram para seu esgotamento e decisão de parar as apresentações noturnas. Ele fala que, na música gospel, o trabalho artístico é movido pelos sentimentos, então é mais complicado de haver uma retribuição financeira pelas apresentações, mas não é algo impossível, precisa de um pouco mais de dedicação.
Hoje em dia, Gabriel se dedica à banda Cais, além de trabalhar em uma barbearia, e sonha em viver da música gospel ao lado de seus companheiros de banda. Ele compartilha o sonho de muitos músicos, gravar discos, e ser referência neste gênero. Gabriel garantiu estar buscando seus sonhos e continuar seu relacionamento íntimo com essa arte.
Atualmente a música gospel se tornou um fenômeno cultural no Brasil e no mundo. É algo tão grande, que rompe as barreiras religiosas e se mistura às músicas seculares. E é inegável a sensação de bem-estar que essa categoria da música causa em seus ouvintes.
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