A arte de ser artista em Canguçu

A Ciena (Ciranda Estudantil Nativista) é um dos projetos culturais da cidade      Foto: Divulgação

Por Liziane Stoelben Rodrigues

Canguçu é uma cidade gaúcha localizada no sul do estado do Rio Grande do Sul. Continua sendo um município pequeno, mas tem muito a dizer sobre suas peculiaridades, além das suas belezas naturais. A cidade leva hoje o título de Capital Nacional da Agricultura Familiar e não deixa a cultura nem a arte no passado, já tendo diversos projetos culturais em andamento. No entanto, ainda há novas fronteiras a serem ultrapassadas para o desenvolvimento das artes nesta localidade.

Entre seus ginásios, cine teatro, pista de skate e complexos esportivos, o município possui projetos de incentivo aos talentos locais como a Ciena (Ciranda Estudantil Nativista), que é um concurso que visa reconhecer e divulgar a arte e cultura gaúcha através de apresentações de danças, declamações, causos gauchescos de galpão e cantos temáticos produzidos pelos alunos devidamente pilchados a caráter. A próxima edição ocorre nesta semana, a partir de quinta-feira, entre os dias 17 a 19 de outubro. “A Ciena incentiva os alunos a conhecerem a cultura gaúcha, também é uma forma de praticarem atividades de cunho educativo fora da escola”, comenta a professora Luriana Silveira de Souza.

Mesmo que existam projetos como esse, a comunidade ainda sente falta de iniciativas que motivem a arte independente, o que dificulta que artistas da cidade se concretizem num contexto nacional ou internacional. O investimento para a difusão para projetos independentes vem sendo repensado atualmente.

O Departamento de Cultura da Prefeitura criou algumas ações como a disponibilidade de um espaço para o Quiosque da Onça, a fim de incentivar novas atividades culturais e além de manter esse ambiente de forma segura para a comunidade. Há uma agenda de atividades culturais que são feitas em espaços como esse. São organizados ambientes de valorização da leitura como o “Leitura na Praça”, que disponibiliza livros em todas as praças do município para as pessoas utilizarem enquanto estão por esses ambientes.

Já existe desde 2006 um fundo de incentivo à cultura e esporte, que foi reorganizado pelos 10 membros do conselho que administra esse fundo. Suas verbas provêm de aluguéis de espaços públicos. Os artistas independentes podem solicitar através de projetos que são encaminhados para serem votados pelo conselho que aprova e dá suporte a eles, mas, posteriormente, precisam prestar contas de como os recursos foram utilizados. O Departamento de Cultura financiou diversos projetos, totalizando aproximadamente 57 mil reais.

No entanto, para combater a falta de recursos em algumas áreas, a participação das escolas se torna crucial para que cada vez mais alunos se juntem com ideias e projetos para dar início às mudanças que querem ver na cidade. Este é o caso da cantora Vitória Lima, que nunca desistiu de seus sonhos: “Desde meus seis anos eu canto na Igreja e aos 10 anos ganhei meu primeiro violão, aprendi a tocar sozinha, mas só aos 17 comecei a ganhar dinheiro com a música. Meu maior desafio é ganhar espaço nesse meio, ter mais chances e oportunidades. A música também é a arte em que me encontro. Para todos os momentos, a música sempre tem algo a dizer e me sinto feliz quando as pessoas se emocionam e gostam de me ouvir”, conta.

Para o coordenador de Cultura, Rudnei Domingues, há a possibilidade de criação de novos projetos. “Temos uma mentalidade muito estreita da cultura no município, precisamos abrir mais a mente”, diz. Ele considera que há projetos como o CTG que já estão consolidados. “Mas existem outras culturas que precisam diferentes espaços para os jovens tenham um novo olhar para as demais culturas. E esse é o papel do nosso Departamento”, observa.

Uma casa de cultura no município seria um importante espaço para concretização de carreiras, sejam elas, por exemplo, musicais ou teatrais. Elas estão impedidas de desenvolvimento pela falta de investimento no espaço público. A esperança vem de um aproveitamento maior dos espaços públicos, bem como de shows sem fins lucrativos que podem reunir pessoas de todas as idades. O objetivo é dar visibilidade aos artistas que nasceram ou vivem na cidade, a fim de que possam se destacar num futuro próximo, sem precisar procurar outras cidades.

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