Reportagem de Vitória Trescastro –
Festival abre espaço para mulheres exporem seus trabalhos –
“Hoje eu não quero falar de beleza
Ouvir você me chamar de princesa
Eu sou um monstro” (Karina Burh)
É com os versos da baiana radicada em Pernambuco que começa o programa Lua Sangrenta, toda sexta-feira, às 10h30, na RadioCom (104.5 FM). Produzido e apresentado por mulheres, o programa surgiu em 2015 com a Lili Rubim, Adriana Yamamoto e Carole. Hoje, as duas últimas cederam espaço para Sarasvatii Leão e Helena Oliveira. No próximo sábado e domingo, as organizadoras promovem o Festival Lua Sangrenta, na Praça da Alfândega e na Oca, no bairro Porto.
Voltado especialmente a informações do interesse feminino, o programa abre espaço para a espiritualidade, troca de conhecimentos, denúncias de assédios, e muita música de mulheres e sobre mulheres. Feminista convicta, Helena falou da importância do protagonismo feminino e de espaços serem ocupados por mulheres. “Temos que aproveitar o espaço que está disponível, e se esse não houver, precisamos criar espaços”, disse.
O Lua Sangrenta é feito da forma mais interativa possível: com suas páginas do Facebook abertas, as apresentadoras captam material fresquinho da rede, direto para as ondas livres da RadioCom. Além disso, recebem informações e denúncias na página, na qual qualquer um pode contatar a produção do programa. “Tentamos incentivar nossas ‘ouvintas’ a participarem cada vez mais do programa, pela internet, ligando, indo no estúdio, porque queremos uma diversidade de vivências e opiniões, para desmistificar assuntos com diversas visões e vozes”, disse Helena.
Festival Lua Sangrenta
A ideia do Festival, que acontece nos dias 11 e 12 de março, surgiu durante uma entrevista num especial de Riot Girrrl com Ariane Behling e Giana Cognato, da banda BadHoneys. O movimento Riot Girrrl surgiu nos anos 90 como resposta ao machismo do punk rock, e tinha como base uma irmandade de troca de aprendizados e materiais entre mulheres (como fanzines, partituras, letras e fitas cassete). Essa é a inspiração do Festival Lua Sangrenta. “A ideia do festival é unir diversas mulheres de diversas áreas para que elas troquem ideias, se conheçam e se reconheçam, suas semelhanças e diferenças, que ensinem o que saibam, que aprendam uma com a outra”, conta Helena.
Além do saudosismo do movimento dos anos 90, a falta de visibilidade do trabalho das mulheres de Pelotas e da região foi outro gatilho que impulsionou o evento. “Tem muita mina incrível, muita produção independente, mas pouca organização e visibilidade”, reflete Helena. O Festival serve, nesse momento, como trampolim para que mulheres talentosas possam mostrar seus trabalhos e ensinar outras (e outros, já que o evento é aberto para homens também) sobre coisas não muito convencionais.
O evento é auto organizado e teve inscrições abertas para participação até o dia 1º de março. Para que tudo dê certo nos dias do festival, aconteceram reuniões semanais com a produção do programa e as 41 inscritas, em locais públicos, tudo organizado de forma horizontal. Além disso, o evento também é aberto para quem quiser levar seus produtos para venda, ou propor atividades na hora, “tudo que for possível fazer, vai acontecer”, disse Helena.
Entre as atividades já programadas, tem cine debate do filme “Desaborto,” com as meninas do projeto Subjetivas, e muitas atividades lúdicas e artísticas. “Vão ter mulheres maravilhosas cantando e tocando (de Pelotas, Santa Maria, e Rio Grande), sarau feminista, rodas de conversa sobre feminismo latino-americano, agroecologia e mulher, cosméticos veganos, genecologia natural, live painting de graffite, tarot, comidinhas vegetarianas e veganas e sucos naturais”.
O Festival da Lua Sangrenta acontece nos dias 11 e 12 de março, na Praça Domingos Rodrigues, conhecida como Praça da Alfândega, e na OCA, no Porto. A entrada é gratuita, e o evento é a partir das 14h. Mais informações no evento do Facebook.
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