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O MUSEU DO SILÊNCIO – Yoko Ogawa

Os museus têm como pressuposto guardar objetos de valor histórico ou científico para fins de exibição pública, de modo a registrar à posteridade a importância que eles tiveram para a humanidade num período determinado. Mas como seria no caso de um museu que tivesse como objetivo preservar lembranças de pessoas que morreram? Essa é a essência da trama proposta pela japonesa Yoko Ogawa neste O Museu do Silêncio, primeira amostra da produção da autora que a Estação Liberdade traz ao público brasileiro. O sonho de dar cabo ao Museu do Silêncio é de uma velha que vive com a jovem filha e um casal de empregados. Um museólogo – narrador da história – é contratado por ela para tirar o projeto do papel. De personalidade hostil e sem o menor traquejo social, a velha tem lá suas idiossincrasias, sobretudo em relação ao tipo de conteúdo que planeja para o museu: as lembranças dos mortos precisam ser representativas do que eles foram em vida. Uma peça de roupa, uma fotografia sorridente – nada disso. Não se trata de preservar lembranças afetivas. Cada objeto do museu precisa ser a metáfora perfeita da existência do finado. O Museu do Silêncio é uma obra de suspense, bastante simbólica da produção de Yoko Ogawa, escritora japonesa contemporânea muito saudada no Ocidente. Sua literatura é excêntrica, preterindo tons e temas ternos e etéreos por aqueles mais duros e polêmicos, não raro flertando com o grotesco. Neste livro, ela também opta por ambientar a trama em tempo e local não identificados, o que contribui para diluir os eventuais estranhamentos culturais intrínsecos às suas origens nipônicas, e assim consolidar sua voz de alcance universal.

Livro indicado por Ubirajara Buddin Cruz.

Publicado por em 24/04/2017, na categoria Dicas de Leitura.