As primeiras fábricas surgiram em Pelotas a partir da segunda metade do século XIX, e se intensificaram na primeira metade do século XX. As fábricas primeiramente eram ligadas a ramos da pecuária, já desenvolvida na região – devido as charqueadas, espaços de agroindústria que antecederam a industrialização no desenvolvimento socioeconômico pelotense -, e ao cultivo do arroz, que crescia fortemente naquela época. Essas fábricas se concentravam no espaço urbano localizado entre o Porto (1832), região já desenvolvida em função da produção saladeril, e a Estação Férrea (1884), pela facilidade de escoamento da produção.
Na década de 1950, Pelotas era considerada o segundo centro de maior produção industrial no Rio Grande do Sul, ficando atrás apenas da capital, Porto Alegre. Dessas indústrias, a maioria referia-se à produção de gêneros alimentícios, além das já citadas, as fábricas, muitas localizadas na zona rural, contribuíram para esta estatística, produzindo conservas de frutas e legumes, entre os anos de 1950 e 1970.
Nos anos de 1970, Pelotas apresentava grande crescimento industrial, no setor alimentício, porém a atividade industrial na zona urbana tornou-se incompatível, demandando novas plantas industriais e uma nova rede de transporte rodoviário, sendo necessária a criação do Distrito Industrial. Outro fator importante, que contribuiu para o projeto do novo distrito industrial, foi a crescente vinda da indústria nacional para a cidade, porém essas novas instalações acarretaram no declínio da indústria local, principalmente, daquelas localizadas na zona rural, que eram, muitas vezes, de administração familiar.
O local escolhido para o Distrito Industrial foi às margens das rodovias BR 116, BR 392 e BR 471, longe da zona central da cidade. Tal fato impactou diretamente na estrutura urbana, uma vez que, mesmo crescendo economicamente, a cidade sofreu um esvaziamento, caracterizado pela subutilização da infraestrutura urbana e pela obsolescência e ociosidade dos edifícios industriais localizados nesse espaço urbano. Caso que se agravou nos anos seguintes, quando na década de 1980, a industrialização na cidade entrou em declínio, e o fechamento de diversos espaços fabris foi notável, chegando, nos anos 2000, ao décimo município industrializado do estado.
Atualmente, dos prédios, que antes abrigavam espaços fabris, desde a época das charqueadas, muitos acabaram suprimidos da malha urbana, e os remanescentes, dos antigos lugares de trabalho representam os vestígios do Patrimônio Industrial do século XX da cidade de Pelotas, por possuírem grande expressividade econômica, cultural e paisagística. Desses é possível encontrar algumas antigas fábricas vazias, sofrendo ações do tempo. Logo, a atribuição de novos usos para esses antigos lugares de trabalho é uma forma de preservar a sua memória e a sua história.