Definição: De acordo à Carta de Nizhny Tagil (2003) adotada pelo The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage – TICCIH (Comissão Internacional para a Conservação do Patrimônio Industrial), patrimônio industrial são os vestígios da cultura industrial com valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Esses vestígios podem ser as edificações, maquinários, oficinas, fábricas, minas, locais de processamento e de refinamento, armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as infraestruturas e locais onde se desenvolvem atividades sociais relacionadas com a indústria (tanto habitacional quanto de culto ou educativas).
Esse documento foi complementado em 2018 pela Carta de Sevilha, na qual destacam-se entre outros aspectos: “El valor cultural de los testimonios materiales e inmateriales vinculados a las actividades productivas, […] la creciente conciencia ciudadana por el mantenimiento y conservación del Patrimonio Industrial como parte esencial de la memoria colectiva. […] La demanda expresada por colectivos ciudadanos para disponer de espacios donde poder expresar sus relaciones de memoria y sociabilidad”.
Histórico: A construção do conceito deu-se através da ressignificação e reapropriação dos vestígios da produção industrial a partir da segunda metade do século XX, deixando de ser vistos como “restos” pouco importantes da atividade econômica para ter valor patrimonial. Surgiu na Inglaterra junto aos estudos da arqueologia industrial e em resposta à destruição de muitas fábricas durante a Segunda Guerra Mundial. A essas reivindicações sociais, para evitar a demolição de importantes testemunhos industriais ingleses, uniram-se os movimentos da “Arqueologia Industrial” (instaurada como metodologia adequada para o estudo destes restos físicos e suas conseqüentes relações econômico-sociais), que expandiu-se rapidamente a outros países europeus e do mundo (sobretudo a partir da década de 1970). De esse modo o conceito foi se construindo gradativamente a partir do reconhecimento dos valores (tangíveis e intangíveis) que eram a eles atribuídos.
Um agrupamento dos patrimônios industriais é o que o Julián Sobrino (2011) estabeleceu:
- Arquiteturas (edifícios, construções, estilos, materiais de construção, etc)
- Objetos industriais (Máquinas, ferramentas, infraestrutura)
- Arquivos de Trabalho (documentos de gestão, balanços, comprovantes)
- Cultura Industrial (funções, conhecimentos, festividades, convivência, lazer, etc)
- Relatos de Vida (Memórias e entrevistas com trabalhadores e ex-trabalhadores).