O papel da comunidade negra e indígena em Pelotas

Escrito por Larissa Bruno / Arte de Juliana Cavalheiro

A comunidade negra, indígena e quilombola sempre esteve presente na cidade de Pelotas. Desde antes da criação do município, tribos indígenas já viviam na região. E mais tarde, durante o século XVIII, os negros somavam mais da metade da população, composta pela mão de obra escrava, utilizada principalmente nas charqueadas durante o desenvolvimento econômico da cidade.

Atualmente, as comunidades participam ativamente da economia do município, através da agricultura e do artesanato, buscando a preservação de suas culturas através do tempo. No dia 31 de maio, ocorreu a primeira Feira Agroecológica Akotirene de Pelotas, com comercialização de produtos livres de agrotóxicos. Participaram cerca de 17 famílias dos quilombos do Algodão, Vó Elvira, Monjolo SLS e Canguçu. A feira ocorrerá todos os sábados das 8h às 14h, na rua Conde de Piratiny – ao lado da Bibliotheca Pública Pelotense (BPP), no centro.

Assim, aos poucos e com muita luta, ocorre o reconhecimento da história do protagonismo negro na cidade, desempenhado por nomes como a de Luciana Lealdina de Araújo, Mãe Preta, como era conhecida a fundadora do Asilo de Órfãs São Benedito, atual Instituto São Benedito, o do jornalista Tim Lopes e  Miguel Barros, grande artista plástico pelotense, entre outros mais atuais.

Ademais, são instituições como o Museu do Percurso Negro, o Centro da Cultura Negra de Pelotas e o Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Pelotas que dão força a luta das lideranças negras e quilombolas pelo exercício, aplicação e criação de leis e políticas públicas para a reparação histórica desse grupo, além da preservação da memória e da cultura existentes.

Em relação a população indígena, em 2019 foi realizada a 1ª Semana Cultural Kaingang, com o objetivo de inserir os pelotenses na cultura da Aldeia Gyró – além de promover a renda do grupo, com a comercialização de artesanatos. A página no Facebook, Resistência Kaingang em Pelotas, busca o esclarecimento e contato mais próximo com o povo, fortalecendo a luta da comunidade no município.

Entretanto, ainda falta apoio e visibilidade para as tribos locais, através de leis para demarcação de terra e assistência, bem como o resgate de nomes indígenas que marcaram a história pelotense. Além disso, faltam instituições em Pelotas que promovam a cultura e tradição e defendam os direitos dessa população.

Portanto, mais que necessário, é fundamental resgatar a memória indígena, negra e quilombola da Princesa do Sul. Desta forma, a luta e resistência das comunidades são fortalecidas, o esclarecimento e a adesão da sociedade é incorporada, e a criação e aplicação de políticas públicas são realizadas.

Referências

CALDEIRA, Jeane dos Santos. O ASILO DE ÓRFÃS SÃO BENEDITO (1901-1930): ATUAÇÃO DA COMUNIDADE NEGRA EM PROL DAS MENINAS DESVALIDAS. In: XIV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA – ANPUH RS, 14., 2018, Pelotas. Encontro. Pelotas: -, 2018. p. 1-17. Disponível em: http://www.eeh2018.anpuh-rs.org.br/resources/anais/8/1531186551_ARQUIVO_ANPUH-RStextocompleto.pdf. Acesso em: 09 jun. 2021.

CAMARGO, Thelma de Ávila. Comunidade negra no contexto socioeconômico e histórico de Pelotas. Revista África e Africanidades, Pelotas, v. 20, n. 8, p. 1-14, jul. 2015. Disponível em: https://africaeafricanidades.online/documentos/002020072015.pdf. Acesso em: 09 jun. 2021.

JERUSALÉM, Neusa. Aldeias indígenas recebem recursos, EPIs e cestas básicas durante a pandemia. Disponível em: https://saude.rs.gov.br/aldeias-indigenas-recebem-recursos-epis-e-cestas-basicas-durante-pandemia. Acesso em: 09 jun. 2021.

PELOTAS, Assessoria de Comunicação da Prefeitura de. Comunidade Quilombola terá feira agroecológica no Centro Histórico. Disponível em: https://www.pelotas.com.br/noticia/comunidade-quilombola-tera-feira-agroecologica-no-centro-historico. Acesso em: 09 jun. 2021.