Nesta segunda-feira (20) comemora-se o Dia da Consciência Negra. Rosemar Lemos, coordenadora do Núcleo de Ações Afirmativas e Diversidade da Universidade Federal de Pelotas (NUAAD – UFPel), ressalta que trata-se de um dia de discussão e reflexão para que se desenvolvam estratégias que melhorem as condições dos negros na sociedade.
Informações relacionadas à raça disponíveis no portal de dados abertos da UFPel demonstram que apenas 0,47% dos servidores (professores e técnico-administrativos) se declaram pretos ou pardos. Entre os estudantes de graduação, só 9,26% se declararam pretos ou pardos – 49,9% não informou ou não quis declarar informações de raça. Na pós-graduação, pretos ou pardos autodeclarados somam apenas 2,1%, sendo que sobe para 71,8% a porcentagem daqueles que não quiseram declarar ou não declararam como se vêem em relação à raça.
Rosemar ressalta o quanto tal porcentagem reflete o contexto da desigualdade social, não apenas na UFPel, mas na sociedade como um todo. “Dificilmente negros se encontram em cargos de poder, ainda que muitos deles tenham um alto nível de estudo, o que demonstra a necessidade de cada vez mais discussões, determinando estratégias que vençam tais barreiras e possibilitem que os negros exerçam cargos condizentes com suas titulações”.
A professora aponta ainda a questão do extermínio da juventude negra, pois muitas vezes os jovens negros não possuem nem oportunidade de cumprir o Ensino Médio. “São mortos antes disso por motivos banais que refletem uma discriminação racial socialmente intrínseca”, opina. Dessa forma, o Dia da Consciência Negra é apenas uma parcela da luta de indivíduos que são negros 365 dias por ano e deve ser um momento de reflexão para negros e brancos.
O NUAAD promove atividades relacionadas ao gerenciamento das vagas ocupadas por cotistas ou direcionadas a estes, trabalhando a permanência de alunos negros na UFPel. Além disso, desenvolve diversos projetos de extensão, como o projeto Viagem ao Futuro que apresenta a Universidade a crianças negras, para que elas possam se sentir mais próximas dessa realidade, e o Kizomba na Praça, o qual oferece oficinas de Arte-Educação. Nesse mês, como forma de comemorar a Semana da Consciência Negra, foi realizado o 4º Seminário da Consciência Negra de Pelotas (SECONEP), no qual todo ano são homenageadas figuras negras pelotenses.
Fonte: CCS – UFPel