#DebateAparecida: A presença fez diferença

por Felipe Soares

A TV aparecida transmitiu ontem, 20 de setembro, mais um debate entre os presidenciáveis. O debate teve início às 21h30. Como destaque, este foi o primeiro debate que Fernando Haddad (PT) participou, após assumir a cabeça da chapa com a impugnação da candidatura de Lula. Jair Bolsonaro (PSL), hospitalizado, não participou, bem como Cabo Daciolo (Patriota), que alegou conflito de agenda.

Assim como no debate da RedeTV!, em 17 de agosto, foram coletados tweets que utilizaram a hashtag oficial do debate (#DebateAparecida) ao longo da transmissão. As coletas ocorreram a cada 30 minutos: 1) 22h, no início do segundo bloco; 2) 22h30, ao final do segundo bloco; 3) 23h, próximo ao final do terceiro bloco; 4) 23h30, no meio do quarto bloco; 5) meia noite, no início do quarto bloco; e 6) 0h30, minutos após o final do debate. Para a coleta de dados foi usado o NodeXL.

As características das redes seguem o que já foi visto em debates anteriores. Há muito uso do Twitter como segunda tela, gerando diversos tweets periféricos ao núcleo da rede, onde aparecem os candidatos. A dificuldade de fazer as mensagens dos candidatos circular em redes mais amplas também parece ter se mantido, já que a métrica de modularidade (que permite identificar grupos de interação mais densos e verificar também o quanto de trocas há entre os módulos) se manteve alta. Em todas as redes, a modularidade ficou em torno de 0,7. Isto mostra que há interação dentro dos módulos, mas raramente as conexões criam “pontes” entre estes grupos, mantendo-os estruturalmente mais isolados. Assim, as mensagens dos candidatos tendem a reverberar apenas nas redes de seus militantes.

Alguns aspectos específicos do #DebateAparecida também podem ser destacados.

  • Fernando Haddad, participando pela primeira vez de um debate, alcançou durante toda a transmissão grande destaque na rede, mantendo-se sempre entre os nós com maior grau de entrada (aqueles que receberam mais menções e RT no Twitter). Em outros debates, Lula, então apresentado como candidato do PT, aparecia geralmente de forma periférica, enquanto Haddad raramente alcançava algum destaque. Lula e Dilma Rousseff apareceram desta vez associados a Haddad em alguns momentos da conversação, principalmente mais próximo ao final do debate.
  • Guilherme Boulos (PSOL) novamente contou com uma militância bastante ativa e continuou entre os nós com maior grau de entrada das redes.
  • Da mesma fora, Ciro Gomes (PDT) se consolidou como um dos candidatos mais comentados durante o debate.
  • Os outros candidatos participantes, Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB), oscilaram na forma como apareciam nas conversações, em alguns momentos com destaque e em outros com pouca visibilidade.
  • Jair Bolsonaro (PSL), que costumava ter grande visibilidade durante os debates, desta vez apareceu de forma periférica durante a maior parte do tempo. O candidato só alcançou alto grau de entrada nas últimas duas redes, quando foi citado no debate por Marina Silva, Henrique Meirelles e Guilherme Boulos. Neste momento, parte de sua militância se tornou mais ativa e o candidato voltou a aparecer em destaque. Ainda assim, é interessante observar que a ausência do candidato, que está hospitalizado, diminuiu bastante a repercussão de seu nome no Twitter.
  • Cabo Daciolo (Patriota), que também costumava ter reverberação de seu nome em consequência de sua participação nos debates, acabou apagado das conversações em função de sua ausência.
  • João Amoêdo (NOVO) também costumava ter militância bastante ativa, especialmente antes do início dos debates, já que não participa destes (visto que seu partido não conta com pelo menos cinco parlamentares no Congresso). Desta vez, porém, o candidato aparece de maneira bastante periférica apenas na primeira rede, desaparecendo nas seguintes.

Deste modo, destaca-se a importância da presença dos candidatos no debate para maior visibilidade na rede.  Candidados presentes acabam por tornar-se os mais comentados, e ganham visibilidade também na rede. Aqueles que não participaram, entretanto, ou não receberam o destaque usual nas conversações ou não apareceram.

Grafo 1: 22h

Grafo 2: 22:30

Grafo 3: 23h

Grafo 4: 23:30h

Grafo 5: 00h

Grafo 6: 00:30h

#DebateRedeTV: As bolhas das militâncias

O segundo debate entre os presidenciáveis das eleições de 2018 ocorreu ontem, 17 de agosto, na RedeTV!. A hashtag de divulgação do debate foi #DebateRedeTV. Com o objetivo de compreender como se organizaram as redes de militantes e a conversação em torno do debate em seu decorrer, foram coletados tweets que utilizaram a hashtag em cinco momentos: ao início do debate e ao final de cada um dos quatro blocos. Cada uma destas coletas foi utilizada para formar uma rede de interações entre os usuários.

Por meio desta análise, foi possível identificar a presença de militantes engajados nas campanhas dos candidatos, mas que não conseguiram circular seus discursos em outros espaços. Ou seja, ainda que os militantes tenham participado ativamente, acabaram “pregando para convertidos” na maior parte do tempo.

Os detalhes destas análises podem ser observados em cada uma das redes abaixo. Duas métricas foram observadas na análise: 1) grau de entrada, que mostra os usuários que receberam mais menções e RT; e 2) modularidade, que identifica a formação de grupos entre os nós da rede que possuem conexões mais densas. Na representação visual das redes, o tamanho dos nós caracteriza o grau de entrada (quanto maior o nó, maior sua visibilidade na rede) e as cores dos grupos indicam os módulos.

Mobilização prévia ao debate

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A primeira rede é formada por 3498 tweets e 2869 usuários. Ela foi coletada às 22h, no início do debate. Assim, representa a mobilização prévia ao debate. O grau médio é baixo: 2,438 – indicando poucos RT e menções. Isto é refletido no núcleo central da rede (representado acima) que possui apenas 21,61% dos usuários da rede. Estes são principalmente veículos de mídia, os próprios candidatos e militantes.

A modularidade da rede é alta (0,721) indicando que há pouca circulação entre os módulos. Ou seja, aquilo que é dito por um grupo não sai dele, caracterizando o que muitos autores têm apontado como “bolha” ou câmara de eco. Basicamente, significa que aquilo que a militância de um determinado candidato publicou e repassou não saiu do grupo da própria militância.

Neste primeiro momento, é possível identificar articulação mais presente em torno de três candidatos que participaram do debate: Jair Bolsonaro, no cluster verde; Guilherme Boulos, no grupo azul; e Ciro Gomes, no módulo preto. Além deles, João Amoêdo, que não participou do debate, também alcança maior visibilidade, presente no cluster roxo. Da mesma forma, Lula aparece no módulo preto, também tendo repercussão na rede.

Primeiro bloco

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A segunda rede foi coletada às 22h55, final do primeiro bloco. Possui 11396 tweets e 10745 usuários. O grau médio é novamente baixo (2,121) e o núcleo central (na imagem da esquerda) é formado por uma porcentagem ainda menor de usuários em comparação com a primeira rede – aproximadamente 7%. Por isto, se pode ver na imagem da direita (onde está a rede completa) um alto número de nós na periferia do grafo, sugerindo a alta frequência de usuários que comentaram sobre o debate sem interagir com outros ou interagindo com poucos. Este fenômeno pode ser causado pelo uso do Twitter como segunda tela (para comentar o debate que ocorria na televisão, a primeira tela). A modularidade também se manteve alta (0,702), mostrando que o início do debate ainda não gerou maiores interações entre os módulos. Ou se, continuamos com uma imagem onde cada grupo comenta unicamente dentro de si mesmo.  Isso mostra que o debate falha em gerar uma conversação mais ampla.

Mais uma vez, Bolsonaro (módulo verde) e Boulos (roxo) aparecem em destaque. Desta vez, Ciro Gomes (cluster azul) tem menos visibilidade, assim como Amoêdo (grupo azul água, na parte inferior do grafo) e Lula (módulo cinza conectado ao cluster onde está Boulos, na parte esquerda superior do grafo). Já Cabo Daciolo (módulo preto) aparece com maior destaque, mostrando que apesar da ausência de militância prévia, sua participação gera comentários na rede.

Segundo bloco

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A terceira rede, formada ao final do segundo bloco (23h25), mantém a estrutura da anterior, também com um grande anel de usuários na periferia do núcleo central acima representado. A rede tem 11985 tweets e 10808 usuários. O grau médio é 2,218, a modularidade é 0,724 e o núcleo central da rede tem pouco mais de 10% dos usuários.

Boulos (cluster verde) e Bolsonaro (roxo) continuam com sua militância bastante ativa, alcançando os maiores graus de entrada da rede. Ciro Gomes (módulo azul) volta a aparecer com mais destaque, associado também a Geraldo Alckmin. Esta proximidade entre os dois é causada em função dos diversos debates diretos entre os candidatos do durante o debate e, especificamente, neste bloco. Assim como a presença do jornalista Reinaldo Azevedo na rede se dá por sua participação no segundo bloco (em que jornalistas perguntavam aos candidatos) e sua presença no mesmo módulo de Bolsonaro se deve a pergunta sobre economia que realizou ao candidato. Álvaro Dias (grupo cinza) também aparece pela primeira vez com mais destaque no núcleo central da rede.

Terceiro bloco

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A quarta rede foi formada ao final do terceiro bloco (meia noite). Possui 11071 tweets e 10338 usuários. Tem grau médio de 2,124 e modularidade 0,662. No núcleo central estão aproximadamente 9% do total de usuários. A rede conserva, portanto, as características das anteriores.

Desta vez, porém, Marina Silva (módulo verde) aparece com maior destaque. Sua visibilidade está relacionada com a intervenção que realizou questionando a posição de Bolsonaro (cluster roxo) sobre a diferença de salários entre homens e mulheres e a participação de mulheres na sociedade. Também por isto os nós aparecem próximos na representação da rede e esta é a razão para a diminuição na modularidade desta rede (ainda que continue consideravelmente alta). Boulos (grupo azul) continua com participação de sua militância, já os outros candidatos acabaram mais apagados nesta rede.

Final do debate

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A última rede é formada por tweets coletados ao final do debate (0h15). Ela possui 12102 tweets e 10940 usuários. Seu grau médio é 2,212, sua modularidade é 0,694 e no núcleo central estão aproximadamente 12% dos usuários, com especial destaque para o cluster roxo formado por Bolsonaro e sua militância, que possui 4,31% dos nós da rede.

Nesta rede os módulos estão, em geral, definidos em torno de um candidato. Isto se explica pelo formato do último bloco, em que os candidatos apenas realizaram suas considerações finais e não houveram interações entre eles. Além de Bolsonaro no módulo roxo, a maioria dos outros candidatos está distribuída entre os clusters em conjunto com suas militâncias: Marina Silva no grupo verde, Boulos no preto, Ciro Gomes no verde água e Cabo Daciolo no cinza. Já Alckmin, Henrique Meireles e Álvaro Dias aparecem no módulo azul. Aparecem ainda na rede João Amoêdo, no cluster vermelho (à direita do grafo) e Lula, na parte inferior do grafo (grupo cinza).

O que isso significa?

A continuidade de estrutura da rede ao longo do debate sugere dificuldade dos candidatos e militantes em expandir sua rede de apoio. As conexões destes se limitam aos que já estão engajados na campanha, gerando grupos isolados (como mostraram os altos índices de modularidade). Ou seja, o discurso destes usuários não consegue alcançar outros grupos. Vemos, assim, grupos altamente engajados, porém que não conseguem “falar” com outros grupos.

O fenômeno de segunda tela também esteve bastante presente. Uma de suas manifestações está na presença mais visível de Marina Silva na quarta rede, por exemplo – assim como a presença do jornalista Reinaldo Azevedo na terceira rede, que participou perguntando aos candidatos.  O uso da segunda tela também gerou grande número de tweets isolados, que mostraram o esvaziamento dos núcleos centrais dos grafos e a formação de grandes anéis periféricos em torno destes – como o apresentado na segunda rede.

Destaque também para a forte mobilização de Bolsonaro e Boulos na rede. Seus militantes estiveram entre os mais engajados, de forma que os dois sempre alcançaram altos graus de entrada nas redes. Ciro Gomes também gerou mobilização prévia ao debate e durante este teve oscilações no engajamento de seus militantes. João Amoêdo foi outro que apareceu em destaque na primeira rede, mas sua ausência no debate não foi capaz de sustentar sua presença mais central na rede. Lula também apareceu com alguma visibilidade ao início do debate, porém manteve-se sempre periférico nas conversações durante o debate. Isso mostra que o candidato não consegue mobilizar audiência em torno do seu nome por não estar participando ativamente do debate. Fala-se dele, porém à margem da discussão central. Cabo Daciolo, por outro lado, alcança maior visibilidade quando está participando ativamente no debate, assim como Marina Silva. A ausência desses candidatos das redes pode mostrar uma desmobilização de sua militância em torno de seus nomes.

(Felipe Bonow Soares – doutorando UFRGS)

Crawling e análise realizada com o NodeXL

Grafos com o Gephi

#DebateBandRS : A estrutura da rede de conversação em torno do debate dos candidatos a governador no RS

O MIDIARS está monitorando as conversações em torno dos debates dos candidatos a governador do RS e presidente da república. De tempos em tempos, publicaremos algumas pequenas análises desse corpus realizadas pelos membros do time. Hoje, o Felipe Soares fala do #debatebandRS

No dia 16 de agosto os candidatos ao governo do estado do Rio Grande do Sul estiveram na Band para o primeiro debate televisionado desta eleição (na manhã do mesmo dia ocorreu o debate entre os candidatos na rádio Gaúcha). A emissora lançou a #DebateBandRS no Twitter para a conversação sobre o debate. Na manhã do dia seguinte (17/08) foram coletados tweets que utilizaram a hashtag. A rede a seguir mostra os nós envolvidos na discussão com a hashtag.  (Clique no grafo para ver em tamanho maior.)

A principal característica da rede é o esvaziamento da conversação sobre o debate. Isto pode ser visto incialmente pelo baixo número de tweets na conversação. A rede é formada 1499 tweets e 879 usuários. Foram utilizadas duas métricas para sua análise e representação visual: grau e modularidade. O grau é dividido em grau de entrada, que mostra os usuários que receberam maior visibilidade (via menções e RT) na rede, e grau de saída, que identifica os usuários que mais participaram da conversação retuitando e mencionando outros. A modularidade serve para identificar grupos onde as conexões são mais densas. No grafo, o grau de entrada está representado pelo tamanho dos nós e a modularidade pela cor dos módulos.

Entre os nós com maior grau de entrada aparecem veículos de mídia, como @bandrs (que transmitiu o debate), e perfis dos candidatos. Quem alcançou maior repercussão na rede foi Mateus Bandeira, candidato pelo Partido Novo. Ele é o nó com maior grau de entrada da rede, formando o cluster roxo. Além disto, o grupo verde, formado principalmente por veículos jornalísticos, como @bandrs (nó com o segundo maior grau de entrada da rede), @bandtv, @gauchazh e @rdgaucha, possui bastantes conexões com o cluster roxo, já que algumas das menções a estes veículos foi realizada por Mateus Bandeira em tweets que também geraram RT de seus seguidores. Eduardo Leite, do PSDB, foi o segundo candidato com maior grau de entrada, formando o cluster preto. A forte presença desses dois candidatos representa um engajamento de sua militância, buscando conseguir maior visibilidade para esses atores.

Também temos, no grafo,  José Ivo Sartori (MDB), que aparece no módulo azul mais próximo ao centro, e Miguel Rossetto (PT), também no módulo azul, mas deslocado para esquerda do grafo. Jairo Jorge (PDT) aparece no cluster laranja próximo ao centro da rede é o quinto candidato com maior indegree e, por fim, Roberto Robaina (PSOL) aparece também no grupo laranja, mas deslocado à esquerda. Esses candidatos tiveram menor presença e engajamento de militância.

Ainda aparece na rede um sub-grupo de candidatos do PT em outros estados, associados ao nó que representa Miguel Rossetto. Estes candidatos estão no cluster azul, mas isolados à esquerda do grafo. Os principais usuários deste sub-grupo são Marcia Tiburi (candidata ao governo do RJ), Décio Lima (candidato ao governo de SC) e Fátima Bezerra (candidata ao governo RN). Isto demonstra um isolamento dos candidatos e ativistas petistas do resto da rede, já que seus principais usuários estão bastante deslocados no módulo azul.

Dentre os usuários com maior grau de saída, ou seja, aqueles mais ativos, há destaque novamente para o cluster roxo, onde está Mateus Bandeira. Neste grupo estão seis dos dez nós com maior grau de saída. Isto sugere que houve maior participação de militantes favoráveis ao candidato do Partido Novo. Por esta razão Mateus Bandeira foi o candidato que alcançou maior visibilidade na rede. Porém, esta rede é basicamente formada por ativistas, de forma que a circulação de seus tweets tende a ser limitada entre aqueles que já o apoiam.

De forma geral, a conversação sobre #DebateBandRS foi esvaziada. Dentre os usuários com maior visibilidade na rede estão veículos de mídia e os candidatos.  Porém, a circulação dos tweets dos candidatos acaba limitada aos módulos em que estão seus militantes engajados na campanha, não gerando cascatas e, consequentemente, maior repercussão em outros espaços e nem alcançando maior interação com outros módulos da rede.

(Felipe Bonow Soares – doutorando UFRGS)

#existepesquisanobr – O corte de recursos da CAPES e sua repercussão no Twitter

No dia 2 de agosto a Capes informou que em função de cortes nos orçamentos para 2019 diversas bolsas podem ser suspensas no próximo ano. Isto gerou muitas manifestações entre pesquisadores, dentre elas a hashtag #existepesquisanobr, que alcançou os trending topics do Twitter no dia 3 de agosto. A rede a seguir é formada a partir de uma amostra das interações em torno da hashtag no dia 3.  Ela foi gerada com tweets publicados até às 15h, tendo um total de 2607 usuários e 6565 tweets. Os nós representados no grafo são os usuários e as arestas conectam usuários que retuitaram ou mencionaram outros. Foi utilizado o cálculo de modularidade para identificar as conexões mais densas em forma de módulos, que foram identificados em grupos de diferentes cores no grafo. O tamanho dos nós foi definido em função do cálculo de grau de entrada, de modo que quanto mais os usuários foram retuitados ou mencionados, maior são os nós que os representam no grafo.

A modularidade da rede é de 0,444, o que demonstra que os módulos são poucos fechados, ou seja, os nós de um grupo se conectam também com usuários de outros módulos. Isto pode ser visto no grafo que representa a rede pela proximidade entre os grupos em um núcleo central.

No grupo roxo aparecem diversos pesquisadores da astronomia entre os que receberam mais RT. Bem próximo, no módulo laranja aparecem pesquisadores das sociais e humanas, como história e comunicação. Isto mostra que os usuários que retuitaram pesquisadores da astronomia também retuitaram pesquisadores de áreas sociais e humanas.

Os grupos verde e rosa são os mais diversos, com bastante repercussão para pesquisadores de todas as áreas, dentre elas aparecem correntes de pesquisa relacionadas com música e as ciências biológicas, por exemplo. No módulo verde água pesquisadores de áreas relacionadas com a agronomia foram os que receberam maior visibilidade. Mais uma vez, a diversidade de tópicos entre os grupos demonstra que usuários retuitaram pesquisadores de diferentes áreas de formação, incluindo algumas que tradicionalmente possuem pouco diálogo.

Por fim, no grupo azul claro (menos central, na parte de baixo do grafo) os tweets com maior visibilidade são de pesquisadores que não mencionaram suas pesquisas (como ocorreu nos outros grupos), mas destacaram a importância do apoio financeiro da Capes para a pesquisa brasileira. A distância deste grupo em relação aos outros indica que o número de usuários que retuitaram pesquisadores deste e de outros módulos é menor do que no núcleo central. Em vista disso, a divulgação científica, com os pesquisadores mencionando suas pesquisas, parece ter gerado maior interesse dentre aqueles se seguiram a hashtag

O mais interessante nesta rede é observar o diálogo entre as diversas áreas da ciência brasileira. Com a mobilização em torno de #existepesquisanobr, usuários retuitaram pesquisadores de diferentes linhas de pesquisa, dando visibilidade e ampliando a circulação destes conteúdos em suas redes de conexões.

(Felipe Soares – doutorando UFRGS)

MIDIARS apresenta trabalho no #SMSociety18

Na última semana, o Felipe Soares, membro do grupo, esteve em Copenhagen para participar da  9th International Conference on Social Media and Society.  Lá, ele apresentou o trabalho “Influencers in Polarized Political Networks on Twitter“, realizado em conjunto com a Raquel Recuero e a Gabriela Zago. Neste trabalho, observamos a rede de conversação em torno do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff no Twitter.  Foi um dos primeiros momentos onde pudemos observar claramente a formação de redes bastante polarizadas em torno do assunto (desde que iniciamos as análises de conversações políticas), em vários momentos. Nessas redes, analisamos o papel dos influenciadores na estrutura, buscando identificá-los e classificá-los. Um influenciador é alguém que, através de suas ações, contribui para a visibilidade de determinadas informações, muitas vezes, inclusive, formando o tom da conversação.  Entender os nós principais nessas redes e seu papel é fundamental para que possamos compreender como a mídia social está proporcionando a construção de uma esfera pública e que tipo de esfera pública é essa. Esse trabalho também traz um pouco do contexto do estudo das  chamadas “fake news” nas conversações políticas na mídia social do Brasil.

O trabalho final, na íntegra, pode ser acessado na biblioteca da ACM.

Pesquisa – Mídia social, discurso e violência contra a Mulher

Nosso bolsista de Iniciação Científica, Micael Machado da Silva, recentemente aprovou seu artigo para a Intercom. Pedimos a ele que fizesse um breve relato da pesquisa e dos principais resultados.

Análise da violência discursiva contra a mulher no twitter: estudo dos casos de Anitta, Dilma Rousseff e Ludmilla

O enfoque do artigo é analisar e discutir como a violência provinda do discurso contra a mulher é projetada e, posteriormente, legitimada no Twitter, a partir dos casos de Anitta, Dilma Roussef e Ludmila, correlacionados aos conceitos de autores como Foucault (1996), Bourdieu (2009) e Žižek (2014). Como metodologia, foi empregada a Análise de Discurso Mediado por Computador –, CDMA, que permite analisar os níveis, as questões, os métodos e os fenômenos encontrados nas mensagens transmitidas no Twitter.

Com a CDMA foi possível verificar a presença de estratégias para a legitimação e estigmatização dos discursos. Os discursos de objetificação do corpo feminino estão presentes nos comentários de grande parcela dos tweets das cantoras Anitta e Ludmilla. Enquanto a primeira era julgada por não estar de acordo com os padrões “bela, recatada e do lar”, a segunda, além de enfrentar estes discursos, enfrentava os “discursos étnicos”, os quais a classificavam como animais. No caso da ex-presidente Dilma Rousseff, o discurso que predomina nos tweets analisados, fazem referência ao “discurso da sanidade mental”, em que para desqualificar os argumentos dela, os atores sociais a taxam como louca.

É importante lembrar que os três casos analisados conjuntamente denotam a violência discursiva e evidenciam uma construção social e histórica por trás de cada discurso proferido. Demonstrando que as mídias sociais estão se convertendo em um território fértil para os discursos de exclusão, principalmente os que carregam em si a intolerância e, é claro, a propagação do ódio

Para ler o artigo completo, veja aqui –  Intercom – Micael Machado da Silva

 

 

MIDIARS e Social Media Lab (Ryerson/Toronto)

A partir de abril de 2018, o MIDIARS está atuando em parceria com o Social Media Lab,  da Ryerson University (Toronto/CA), para investigar o papel das chamadas “fake news” nos processos eleitorais no Brasil. Particularmente, queremos investigar como essas notícias falsas se espalham, sua estrutura e seu impacto nas eleições.

Desde então, estamos monitorando o processo eleitoral através da hashtag #eleicoes2018 aqui  e monitorando as “fake news” que circulam em todos os eventos com impacto político no País. A parceria acontece entre os profs. Anatoliy Gruzd (Social Media Lab) e Raquel Recuero (MIDIARS) e os respectivos laboratórios.  As citações relacionadas às eleições podem ser conferidas no primeiro link. Em breve, traremos mais novidades a respeito da pesquisa.

MIDIARS em nova casa

Em 2013, quando fundamos o MIDIARS, inicialmente ganhamos uma sala na UCPEL. De lá para cá, muitas coisas aconteceram e atualmente estamos sediados na UFPEL. Nossos projetos de monitoramento das eleições e de trabalhos relacionados à questão da democracia, eleições e participação política no Brasil, bem como relacionados à Violência Simbólica na mídia social continuam.

Em breve, teremos mais novidades. 🙂