No dia 2 de agosto a Capes informou que em função de cortes nos orçamentos para 2019 diversas bolsas podem ser suspensas no próximo ano. Isto gerou muitas manifestações entre pesquisadores, dentre elas a hashtag #existepesquisanobr, que alcançou os trending topics do Twitter no dia 3 de agosto. A rede a seguir é formada a partir de uma amostra das interações em torno da hashtag no dia 3. Ela foi gerada com tweets publicados até às 15h, tendo um total de 2607 usuários e 6565 tweets. Os nós representados no grafo são os usuários e as arestas conectam usuários que retuitaram ou mencionaram outros. Foi utilizado o cálculo de modularidade para identificar as conexões mais densas em forma de módulos, que foram identificados em grupos de diferentes cores no grafo. O tamanho dos nós foi definido em função do cálculo de grau de entrada, de modo que quanto mais os usuários foram retuitados ou mencionados, maior são os nós que os representam no grafo.
A modularidade da rede é de 0,444, o que demonstra que os módulos são poucos fechados, ou seja, os nós de um grupo se conectam também com usuários de outros módulos. Isto pode ser visto no grafo que representa a rede pela proximidade entre os grupos em um núcleo central.
No grupo roxo aparecem diversos pesquisadores da astronomia entre os que receberam mais RT. Bem próximo, no módulo laranja aparecem pesquisadores das sociais e humanas, como história e comunicação. Isto mostra que os usuários que retuitaram pesquisadores da astronomia também retuitaram pesquisadores de áreas sociais e humanas.
Os grupos verde e rosa são os mais diversos, com bastante repercussão para pesquisadores de todas as áreas, dentre elas aparecem correntes de pesquisa relacionadas com música e as ciências biológicas, por exemplo. No módulo verde água pesquisadores de áreas relacionadas com a agronomia foram os que receberam maior visibilidade. Mais uma vez, a diversidade de tópicos entre os grupos demonstra que usuários retuitaram pesquisadores de diferentes áreas de formação, incluindo algumas que tradicionalmente possuem pouco diálogo.
Por fim, no grupo azul claro (menos central, na parte de baixo do grafo) os tweets com maior visibilidade são de pesquisadores que não mencionaram suas pesquisas (como ocorreu nos outros grupos), mas destacaram a importância do apoio financeiro da Capes para a pesquisa brasileira. A distância deste grupo em relação aos outros indica que o número de usuários que retuitaram pesquisadores deste e de outros módulos é menor do que no núcleo central. Em vista disso, a divulgação científica, com os pesquisadores mencionando suas pesquisas, parece ter gerado maior interesse dentre aqueles se seguiram a hashtag
O mais interessante nesta rede é observar o diálogo entre as diversas áreas da ciência brasileira. Com a mobilização em torno de #existepesquisanobr, usuários retuitaram pesquisadores de diferentes linhas de pesquisa, dando visibilidade e ampliando a circulação destes conteúdos em suas redes de conexões.
(Felipe Soares – doutorando UFRGS)