“Um grande artista, cujo estilo ligado ao pós-impressionismo tem incontestável marca individual. Sua obra segue uma linha segura e firme. Seus temas, sejam figuras, paisagens, flores ou naturezas mortas servem de pretexto para telas onde a sensibilidade e a técnica aprimorada revelam o desenhista seguro, o colorista nato, em composições espontâneas de fatura desembaraçada. Este é Gotuzzo .” Luciana Araújo Renck Reis, fundadora do MALG e Diretora do Museu de 1986 a 1989. (L.GOTUZZO:1987:02)
Artista pelotense (Pelotas,08 de abril de 1887 – Rio de Janeiro, 11 de abril de 1983).
O jovem Leopoldo fez seus primeiros estudos com o cônsul italiano Frederico Trebbi, que o aconselhou a seguir para Roma, onde permaneceu por cinco anos, dos quais quatro estudou com o professor Joseph Nöel. Com a morte do mestre, Gotuzzo, aos 27 anos, transferiu-se para Madri e de lá remeteu os primeiros trabalhos para o Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Suas premiações, a partir daí, sucederam-se constantemente, cada vez com mais elevado grau.
Em 1919, de volta ao Brasil, Gotuzzo fez questão de realizar sua primeira mostra individual em Pelotas. Expôs também em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, com elogios da imprensa e venda de muitas telas.
A década de 1920 encontrou Gotuzzo em meio à efervescência da Belle Époque carioca. Esse foi o início de um período áureo de sua carreira, incluindo, entre 1927 e 30, viagem a Portugal, pintando e expondo em Lisboa, Porto e Paris.
Radicado a maior parte do tempo no Rio de Janeiro, Gotuzzo trabalhou, pintou e expôs mesmo depois dos 80 anos.
Em 1955 remeteu a primeira coleção de telas para a Escola de Belas Artes de Pelotas, da qual era Patrono com a função de formar o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo. Não chegou a ver instalado o Museu de Artes com seu nome, inaugurado pela Universidade de Pelotas em 1986.
CRONOLOGIA
1887 – Nascimento de Leopoldo Gotuzzo, a 8 de abril, filho de Caetano Gotuzzo, Italiano de Porto Fino – Liguri, e de Leopoldina Netto Gotuzzo, pelotense.
1900 – Primeiros estudos no Colégio Gonzaga onde recebe distinção em desenho. Cursa pintura com Frederico Trebbi.
1909 – Estudos em Roma, com Joseph Nöel.
1914 – Permanência em Madri, onde inicia seu trabalho independente.
1915 – Expõe o primeiro trabalho: “Madrileña”. Envia obra ao Salão Nacional do Rio de Janeiro e recebe Menção Honrosa, com o quadro “A Mulher de Vestido Preto”.
1916 – Recebe Medalha de Bronze no Salão Nacional do Rio com “Repouso”. Pinta paisagens em Segóvia e transfere-se para Paris.
1917 – Recebe Pequena Medalha de Prata no Salão Nacional do Rio de Janeiro com um “Estudo de Figura”. (obra do acervo do Clube Comercial de Pelotas). Pinta paisagens em Montigny-sur-Loire.
1918 – Com os bombardeios em Paris, o artista decide voltar ao Brasil e, enquanto aguarda abertura de fronteira, pinta nos Pireneus Orientais. Desembarca em Montevidéu e chega a Pelotas em Novembro.
1919 – Primeira exposição individual em Pelotas, no Salão da Biblioteca Pública, obtém sucesso apesar da terrível gripe espanhola que assola a cidade. Exposições em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. Recebe Grande Medalha de Prata no Salão Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro com um “Estudo de Nu” (pertence aos descendentes do Dr. Fernando Moreira Osório). Participa como “hors-concours” no Salão Nacional do Rio.
1920 – Radica-se no Rio de Janeiro, durante o auge da Belle Époque, monta atelier e pinta marinhas, paisagens figuras.
1922 – Medalhas de Ouro no Salão Nacional de Belas Artes do Rio, com “Retrato de Criança” (este quadro foi para França). Expõe no Rio de Janeiro e em São Paulo e faz um cartaz para a campanha contra a tuberculose.
1923 – Realiza a segunda exposição em Pelotas, na Biblioteca Pública, e nova exposição em Porto Alegre. No salão Nacional se destaca “O Antigo forte do Leme” quadro publicado em cromo na revista “Iluminação Brasileira”.
1925 – Comparece ao Salão Nacional. Junto com Osório Belém frequenta um Curso Livre de Modelo Vivo na sociedade Brasileira de Belas Artes onde faz croquis.
1926 – O quadro “Entrada da Baia do Rio de Janeiro“ é publicado em cromo na “Ilustração Brasileira”.
1927 – Em julho regressa à Europa e fixa-se em Portugal. Pinta em Porto, Minho e Algarves.
1928 – Janeiro. Participa da Exposição Íbero Americana de Sevilha numa das galerias de Lisboa.
1929 – Expõe em Lisboa e no Salão Silva Porto. Viaja para Paris. Pinta na Bretanha e expõe na Galeria Mona Lisa.
1930 – No final do ano volta ao Brasil, trazendo muitas obras feitas em Portugal e na França.
1933 – Expõe em Pelotas, Rio Grande e na capital. O governo adquire “Almofada Amarela” para a Biblioteca Pública de Porto Alegre.
1935 – Pinta na cidade histórica de Piratini, expõe em Pelotas e em Porto Alegre (Centenário Farroupilha).
1939 – Salão Paulista: Grande Medalha de Prata para “Estudo de Nu”. Grande Prêmio do Rio Grande do Sul no I Salão de Belas Artes de Porto Alegre, realizado pelo Instituto de Belas Artes para comemorar o Cinquentenário da República. Obra: “Écharpe Rosa” Uma segunda versão desta tela, pintada em 1952, foi exposta na Academia Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro.
1940 – “Uma Flor” é exposta no 8º Salão Paulista de Belas Artes (reproduzida neste catálogo). Expõe no Salão Nacional do Rio e no Pavilhão Brasileiro da Exposição do Mundo Português, com um óleo da série “Baianas”.
1941 – Participa da Exposição de Arte Contemporânea, sob a chancela da International Business Corporation, onde apresenta uma baiana.
1943 – Recebe Medalha de Prata no I Salão de Petrópolis.
1944 – Participa da I Exposição de Auto-Retratos, no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
1945 – Salão Paulista: Pequena Medalha de Ouro com “O Velho Pensativo”. Expõe o quadro “Flores e Frutas” na Galeria Montparnasse.
1947 – Expõe no Salão do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro.
1949 – Expõe em Bagé e em Pelotas, onde recebe homenagem no Clube Comercial. Em São Paulo, no III Salão de Verão, a tela “Cabeça de Velho” é destaque. É convidado para patrono da Escola de Belas Artes de Pelotas.
1950 – Escreve artigo elogiando os murais de Locatelli na Catedral.
1952 – Participa na mostra “Um Século de Pintura Brasileira”, no Museu Nacional de Belas Artes, Rio. Prêmio Prefeito do Distrito Federal, no Salão Municipal do Rio.
1954 – Recebe o Prêmio Assembleia Legislativa no Salão Paulista. Recusa convite para lecionar na Escola de Belas Artes de Pelotas.
1955 – É criado o Salão Leopoldo Gotuzzo na Escola de Belas Artes de Pelotas, com obras doadas pelo artista.
1956 – É proposta a Medalha de Honra pelos artistas expositores do Salão Nacional. Gotuzzo recebe 138 votos dos 140 artistas presentes, mas pelos regulamentos, não é considerado eleito.
1961 – Participação na mostra “Arte Rio-grandense do passado ao Presente” no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre.
1962 – Expõe em Pelotas no Sesquicentenário e recebe homenagem dos antigos alunos do Colégio Gonzaga. Uma de suas baianas ilustra artigo do New York Times Book Review.
1967 – Recebe Medalha de Ouro no Salão de Maio, promoção da Sociedade Brasileira de Artes.
1968 – Recebe o título de Benfeitor da Sociedade Brasileira de Belas Artes.
1972 – Grande retrospectiva em Pelotas pelos seus 85 anos.
1973 – Grande Medalha de Ouro no Salão de Maio, Rio, com “Figos”. No Salão da Sociedade de Belas Artes recebe o medalhão Youth for Understanding.
1974 – A APLUB adquire quadros de Gotuzzo.
1977 – Recebe a Comenda de Grão Oficial na Ordem do Mérito, na Associação de Belas Artes do Rio. A Galeria de Arte do Centro Comercial de Porto Alegre expõe croquis do artista.
1980 – Recebe o Troféu Zona Sul Desenvolvimento Integral – Destaque em Arte.
1981 – O V Salão de Pelotas faz homenagem, abrindo seu catálogo com artigo do professor Nelson Abott de Freitas sobre o pintor.
1982 – É criado um Atelier de Conservação e Restauro na UFPel, para cuidar do acervo da universidade e, em especial, das obras de Gotuzzo.
1983 – Falecimento do artista, dia 11 de abril, Rio de Janeiro, aos 96 anos. É realizada a primeira retrospectiva póstuma, pela Prefeitura conjuntamente com a UFPel. A UFPel recebe a coleção de quadros e desenhos legados por Gotuzzo em testamento.
1986 – É inaugurado, dia 7 de novembro, o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, da UFPel.
1987 – Abertura Comemorativa do Centenário, dia 8 de abril, com Missa na Capela da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas. Exposição de óleos e desenhos na Bolsa de Arte de Porto Alegre, em junho, com catálogo correspondente. Exposição no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em agosto, e no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, em Pelotas, em outubro, com apoio da Secretaria de Educação e Cultura do Estado e do grupo Empresarial J.H. Santos. Exposição “Flores & Frutos”, no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, em Pelotas, em outubro, com o apoio de Casarin.
FONTE: L.GOTUZZO – 1887-1987. Catálogo Bolsa de Arte de Porto Alegre e Escritório de Arte Alto da Bronze. 1987.
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