O Laboratório de Estudos Comportamentais da UFPel juntamente com a Universidad de La Sabana na Colômbia e a Heriot-Watt University no Reino Unido está investigando os efeitos da pandemia sobre a vida dos refugiados da Venezuela no Brasil e na Colômbia do ponto de vista social, comportamental e urbano.
A pandemia do COVID-19 criou desafios significativos para populações mais vulneráveis, comprometendo a capacidade desses grupos de acessar serviços básicos de saúde e assistência social, participação social e engajamento cívico (The Lancet, 2020). Em resposta a isso, busca-se propor ferramentas tecnológicas que possam auxiliar a entender e abordar questões relativas à vulnerabilidade e marginalização dos refugiados venezuelanos no Brasil e na Colômbia, considerando o contexto da pandemia do COVID-19. Este projeto propõe um conjunto de ferramentas para o planejamento e gestão urbana integrada, que contribuam para o desenvolvimento de políticas e práticas eficazes de resposta ao COVID-19. Essas ferramentas buscarão intervenções inclusivas, de caráter tecnológico, que ofereçam suporte aos órgãos públicos para auxiliar e apoiar a saúde e o bem-estar desse grupo vulnerável.
Este projeto é uma prioridade agora, pois o impacto do COVID-19 está causando efeitos deletérios nos países de baixa e média renda (LMICs – Low and middle income countries), como Brasil e Colômbia. 80% dos refugiados vivem em LMICs, que são os locais da quarta onda esperada de COVID-19 atrás da China, Europa e EUA. Essas áreas já possuem fracos apoios formais de saúde e infraestrutura urbana, o que comprometerá ainda mais o bem-estar dos refugiados (Daniels, 2020). Muitos refugiados já tentaram escapar de conflitos armados, violências e violações de direitos humanos, muitas vezes vivendo em situações transitórias em campos temporários. Os esforços de reassentamento agora foram suspensos pela ONU, em um momento em que as pessoas já estão separadas das famílias e não têm acesso a redes de apoio, o que aumenta ainda mais sua vulnerabilidade (ACNUR, 2020). Experiências anteriores com o vírus Ebola e outros surtos mostraram que as políticas públicas precisam incluir refugiados e pessoas deslocadas em seus planos para combater o impacto das pandemias e garantir que eles tenham acesso à saúde e ao bem-estar (Langlois et al, 2016 ) Reconhecemos que as políticas públicas devem incluir refugiados em medidas de preparação / resposta à pandemia do COVID-19. Isso é vital, sendo necessário apoio urgente para explorar como as comunidades podem ser resilientes e estarem preparadas para enfrentar pandemias, tanto mais imediatamente no contexto do COVID-19 quanto em cenários futuros.
Os objetivos são:
(i) desenvolver uma GIS plataforma inovadora capaz de mapear as condições de saúde e de bem-estar dos refugiados venezuelanos no Brasil e na Colômbia, a fim de entender as necessidades dessa população em resposta à pandemia do COVID-19;
(ii) mapear as experiências dos refugiados venezuelanos no Brasil e na Colômbia a partir de um aplicativo para celular que consiga identificar as barreiras, os desafios e as oportunidades que existem e/ou que poderiam ser criadas para promover um planejamento urbano sustentável e saudável para as comunidades durante e após a pandemia do COVID-19;
(iii) desenvolver capacidade tecnológica além da pesquisa, trabalhando em estreita colaboração com comunidades, atores humanitários, formuladores de políticas públicas e profissionais e pesquisadores no Brasil e na Colômbia.
O desenvolvimento inicial da GIS plataforma estará disponível dentro de 6 meses e rapidamente colocada a disposição das principais partes interessadas, financiadores e beneficiários. Essa GIS plataforma terá o potencial de ser adaptada e expandida para outros países e regiões afetadas pela pandemia. A proposta é de que ela seja acessada no ambiente de computadores e também sob a forma de aplicativo gratuito para celulares smartphones a ser desenvolvido pelo Projeto. Esse aplicativo, inicialmente denominado BondCommunities, dará acesso aos dados da plataforma como também possuirá outras funcionalidades.
Coordenadora do estudo no Brasil: Profa. Dra. Adriana Portella.
Coordenador do estudo na Colômbia: Prof. Dr. William Rueda.
Coordenador do estudo no Reino Unido: Prof. Dr. Ryan Woolrych.