Turismo em Rio Grande: os potenciais e os desafios da cidade que é o terceiro destino turístico mais procurado do RS
De acordo com uma pesquisa elaborada pelo Sebrae RS, o primeiro município gaúcho é o terceiro destino turístico mais procurado no estado
Por Laura Cosme / Em Pauta
Um recente estudo denominado “Análise de Fluxo Turístico em 2022”, conduzido em parceria com o Sebrae RS e o governo do estado, trouxe resultados positivos para a cidade do Rio Grande. A pesquisa revelou que o Rio Grande ocupa a terceira posição entre os destinos turísticos mais procurados no Rio Grande do Sul, ficando atrás apenas de Gramado e Porto Alegre. Este resultado representa um marco importante para a cidade e sua economia, que há muito tempo vem atraindo visitantes devido ao seu porto e sua rica biodiversidade.
De acordo com a pesquisa, que analisou o comportamento de mais de 81 mil turistas em 22 municípios gaúchos, o Rio Grande se destaca por sua capacidade de atrair tanto turistas nacionais quanto estrangeiros ao longo do ano. Um fator relevante para o sucesso da cidade é a presença constante de profissionais que visitam o município devido ao porto e ao distrito industrial, mantendo a taxa de ocupação hoteleira em alta durante a maior parte dos meses.
“Nós temos aqui, ao longo de todo o ano, muitos profissionais que vêm até o nosso município, através do porto e do nosso distrito industrial. A secretaria fez um levantamento da hotelaria, onde já chegamos a ter mais de três mil leitos ocupados durante o período do polo naval, hoje, nós temos em torno de dois mil leitos. De dezembro a abril, essa lotação é 100%, e no restante do ano chega a 50% e 60%. Essa pesquisa, onde aponta Rio Grande como o terceiro destino turístico, é uma vitória, uma conquista, pois ficamos apenas atrás de Gramado e Porto Alegre”, pontua a secretária da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo, Lu Compiani.
A cidade da biodiversidade
Além de sua relevância como polo industrial e portuário, o Rio Grande também se destaca como um destino turístico para amantes da natureza. Em outubro de 2022, a cidade foi oficialmente reconhecida, pela Câmara Federal, como a “Capital das Águas”, um título que reflete sua proximidade com o oceano, como o Balneário Cassino, que atrai milhares de turistas na alta temporada, e com sua rica biodiversidade.
Entre os locais que mais recebem turistas está o Museu Oceanográfico, que atrai, em média anual, 87 mil visitantes, em busca de conhecimento sobre os ecossistemas marinhos.
Ao passear pelo museu, um dos destaques do seu acervo é a exposição de moluscos que, atualmente, conta com cerca de 51 mil exemplares, sendo considerada a mais importante da América do Sul.
Para o diretor da instituição, Lauro Barcellos, o que explica o sucesso do museu, mesmo após 70 anos de sua fundação, é a consciência ambiental e social que a instituição cultiva.
“O museu foi criado com o objetivo de proporcionar que as pessoas conhecessem um pouco mais da cultura do mar e conseguisse compreender a importância dessa biodiversidade tão específica que é a biodiversidade oceânica, além de também entender a relação disso tudo com a nossa existência, até porque tudo o que está no mar nem todo mundo tem a possibilidade de enxergar, de ver, de conhecer, de ter um conhecimento mais profundo sobre as relações, relações ecológicas, biológicas, daquilo com o nosso mundo. O museu foi feito assim, encanta pela sua beleza, pela sua diversidade, de formas, de cores, de morfologias, anatomias, então tudo isso provoca curiosidade, e essa curiosidade é interpretada a partir da ciência. O que torna o museu, dessa maneira, em um ponto de conhecimento, uma referência científica, mas também de entretenimento e de turismo”, ressalta o diretor do Museu Oceanográfico, Lauro Barcellos.
A Temporada de Cruzeiros e os desafios na infraestrutura
Um dos pontos altos do turismo no Rio Grande ocorre anualmente entre dezembro e março, quando a cidade recebe a temporada de cruzeiros. Durante esse período, turistas de diversas nacionalidades, incluindo ingleses, europeus e espanhóis, desembarcaram na cidade. Neste ano, seis navios participaram dessa temporada de cruzeiros.
Embora a presença de visitantes estrangeiros seja uma oportunidade para o desenvolvimento da economia local, os desafios na infraestrutura turística são notáveis. A agente e guia de turismo, Minéia Silvana Oliveira, ressalta a necessidade de melhorias:
“Ter essa parada dos navios na cidade é muito positivo, porque quantos eles chegam aqui, já são vendidos roteiros dentro do próprio navio, então os turistas já chegam designados para passeios. Por isso, é necessário que seja preparada uma melhor infraestrutura, principalmente, o comércio, pois precisamos ter pessoas que entendam o que os turistas estão falando. Por exemplo, eu não sou bilingue, mas quando trabalho com os navios eu já tenho o cuidado de ter um tradutor comigo”, comenta.
A Secretária da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo, Lu Compiani, também enfatiza a importância de se preparar adequadamente para receber os turistas de fora: “Passam cerca de 500 navios turísticos na nossa costa, nós conseguimos colocar apenas seis aqui nesta temporada, mas poderíamos ter muito mais. Para isso, precisamos nos preparar melhor, porque pode ser uma grande mola precursora para impulsionar a economia em nosso município”, declara.