TOCO: a transformação da sociedade através da arte

Por Rafaela Martins

Integrantes do grupo TOCO. Imagem: Arquivo Pessoal.

Talvez você já tenha os visto por aí. Em locais e momentos em que você menos espera, lá estão eles encenando e trazendo questões inquietantes do cotidiano. Essa é a função do Teatro do Oprimido na Comunidade (TOCO). Grupo formado majoritariamente por estudantes do curso de Teatro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e que já atua na comunidade há 9 anos.

Mais do que fazer arte e levar ao público uma peça de teatro, os “tocomanos” ou “tocominas” (como eles se intitulam) se propõem a botar em pauta questões que são, muitas  vezes, tabus socialmente. Tendo como base os ensinamentos de Augusto Boal e Paulo Freire, os estudantes fazem encenações em lugares públicos e buscam promover o diálogo acerca de questões como: discriminação de minorias e preconceitos.

“[O projeto] tem sido muito importante para me indicar também como uma figura potencialmente opressora ou potencialmente oprimida e pra me entender nesse contexto social, quais são os lugares que eu ocupo. A gente, enquanto extensão universitária, acredita muito que o teatro do oprimido possa sim ser um meio potente para se debater opressão”, explica Samuel Pretto, bolsista do projeto.

A resposta do público é efetiva. Os tocomanos relatam que já houve ocasiões em que receberam respostas negativas do público, e ressaltam o quão gratificante é poder desenvolver esses diálogos.

“Esses dias aconteceu uma situação com os que passavam, que eles começaram a parar e prestar atenção no que estávamos fazendo. Era uma cena de uma menina lendo e um cara que chegava e começava a ser abusivo com ela, começava a ser machista. E uma mulher chegou e contextualizou a gente num sentido de ‘Mas o cara também não pode ser oprimido’. Só que ele estava sendo machista, então a gente debateu esse espaço da mulher na sociedade”, relata Mélanie Wrege.

Além de apresentações, o projeto de extensão também leva os integrantes para as escolas. Atualmente, o grupo atua na Escola Santa Rita, do bairro Três Vendas e no Centro de Referência da Juventude do Capão do Leão. Nas aulas ministradas, os tocomanos tentam passar para seus alunos ideais de respeito e igualdade à individualidade do outro.

“Eu vou para a escola tem um ano e lá na escola eu trabalho com alunos de 11 a 13 anos. Pra mim é um desafio muito grande porque eu tenho que observar muito eles e eu tento conversar com eles sobre opressão. Não dizendo pra eles o que é opressão, mas deixar eles refletindo sobre o espaço que eles estão vivendo, com quem eles estão vivendo e porque eles estão ali”, conta Ismáiler Borges.

O grupo é orientado pela professora Fabiane Tejada desde 2010 e, atualmente, possui 6 membros fixos. Segundo Fabiane, o grupo é aberto para que pessoas de outros cursos também integrem suas práticas. A seleção de novos integrantes acontece normalmente no início do primeiro semestre do ano. Para mais informações, acesse a página do Facebook: facebook.com/tocoufpel/.

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