Slam das Minas: o movimento de poesia, resistência e libertação

O evento reuniu poetisas, admiradores do projeto e curiosos que passaram pela Praça Coronel Pedro Osório neste sábado. Fotos: Nathianni Gomes

Por Nathianni Gomes e Rafaela Dutra

Iniciado na década de 80 nos Estados Unidos, o movimento Poetry Slam, popularizado no Brasil em 2008, chega a Pelotas. A segunda edição do Slam das Minas aconteceu neste sábado, 22 de setembro, às 17h, na Praça Coronel Pedro Osório. Ao contrário do movimento original da década de 80,  iniciado por um homem, o projeto de poesia em questão faz parte de um movimento feminista, que acolhe mulheres e transexuais que querem expressar suas histórias, empoderar-se e lutar contra o machismo. Segundo a página do evento no Facebook: O Slam das Minas é uma batalha poética apenas de mulheres [héteras, lésbicas, bis, ou trans], portanto todos estão convidadxs a estar em corpo presente para somar nesse encontro afetivo, de união e principalmente expressão”.

O projeto de poesia Slam

O Slam é caracterizado por ser um movimento de poesia urbana, com duração de três minutos, sem qualquer acompanhamento musical ou de adereços. É a poesia falada, que dá voz e vida aos sentimentos expressados. No Brasil, teve repercussão por conta do movimento Slam das Minas – Brasília, mas se popularizou com o Slam das Minas – São Paulo (SP), que conta com uma página no Facebook com mais de 38 mil curtidas, a maior do Brasil. Em Pelotas, o movimento organizado por Bartira Marques, Isabeli Tireli e Stephane Silva tem como objetivo: “unir poetas, minas e monas, de todas as idades que queiram se expressar de uma maneira poética dentro do movimento”.

As Minas

Reunidas em frente ao Theatro Sete de Abril (interditado desde 2010), o Slam das Minas edição 2 contou com a participação das DJ’s Vania e Vanessa; Break com Ariel Lexistão e batalha de poesia com a Slammaster Ana Julia Breunig. Quando perguntada se havia significado fazer o evento em frente ao Sete, Stephane Silva (19), trancista e estudante de Design de Interiores, conta que é muito importante ocupar todos os espaços; “espaços que as pessoas diriam que não poderíamos ocupar. Estar falando com vocês é muito importante”. A também organizadora do evento Isabeli Tireli (20), tatuadora e estudante de Artes Visuais reafirmou a fala de Stephane: “com certeza é importante nos apropriarmos de locais públicos, ocuparmos a rua e fazer nossa voz ser ouvida”.

DJ’s Vania e Vanessa. Slam das Minas abre espaço para profissionais mulheres.

As poesias são de temas livres e costumam ter um significado e um meio de criação diferente para cada uma das poetisas participantes. O processo de escrita para Jeniffer Fernandes (17), estudante de Técnico em Vestuário, funciona como meio de libertação, pois a poesia surgiu como instrumento de desabafo: de crítica para as coisas que me incomodam dentro da sociedade e como mulher negra. Quando eu me sinto incomodada, eu procuro passar para o papel”, relata. Para Jessica Porciuncula (26), tatuadora e marceneira, o processo se dá a partir das vivências diárias da estudante de Artes Visuais: As coisas me acontecem, isso me atravessa de algum jeito e eu acabo anotando”. Ela conta que sempre carrega consigo meios para escrever, como um caderno ou celular, para que os pensamentos que lhe ocorrem sejam postos juntos, em um momento tranquilo, e depois sejam compilados em poesia. A universitária Bruna de Paula (23) usa a poesia como meio de celebração e denúncia. O seu lema é: “Exaltação das mulheres negras, racismo, reflexão e evolução”. Além disso, ela conta que tenta levar mensagens de paz e de identificação quando se trata do sentimento de solidão, pois apesar de senti-lo, quer transmitir coisas boas. Para as organizadoras Isabeli e Stephane, as principais mensagens transmitidas nas poesias são de libertação e representatividade.

Próximo evento já está marcado

A terceira edição do Slam das Minas está marcada o dia 13 de outubro, às 16h, no mesmo local: na meia lua da Praça Coronel Pedro Osório. Com atrações e parcerias a serem combinadas.

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