Semana Em Pauta: da Vaza Jato ao pedido de demissão de Joaquim Levy

Por Júlia Müller

De escândalos envolvendo o atual Ministro da Justiça da turma de Bolsonaro ao pedido de demissão do economista Joaquim Levy presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): a última semana foi uma verdadeira montanha-russa que só sobe, em direção a desdobramentos que afetam todas as tramas políticas traçadas nos últimos anos.

Diante do atual contexto de cortes na educação, ameaça de implementação da reforma da Previdência e aumento da violência, uma parte dos brasileiros não consegue se manter imóvel. A sexta-feira (14) foi dia de greve geral nos municípios e capitais espalhadas pelo território nacional. Ônibus do transporte coletivo pararam nas cidades, que viraram palco para faixas e gritos de luta. De acordo com a Brigada Militar, em Pelota foram cerca de 1,5 mil manifestantes.

Apesar da vitória do Brasil na largada da Copa do Mundo de Futebol Feminino, a última quinta-feira foi de derrota para as jogadoras. Mas o 3 x 2 pra seleção da Austrália não desapontou a torcida brasileira. A relação entre a atacante Cristiane Silva com os seguidores têm se estreitado. Os elogios é só um dos pontos que cresce junto dos votos de confiança da torcida nas jogadoras. Na terça-feira, as jogadoras retornam ao gramado para o último jogo da primeira fase.

 

Intercept e o novo marco do jornalismo brasileiro

O portal de notícias online The Intercept Brasil divulgou uma série de reportagens com de mensagens entre o atual Ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol. O escândalo que pautou os noticiários na última semana começou logo no domingo passado (09): ótimo pra abrir a semana com o pé direito – para alguns, por quê para outros era só a ponta de uma trama que põe em risco todo o, até então, sucesso da Operação Lava Jato.

Conforme reforçado nas seis partes da reportagem que não parece ter um final marcado para uma data tão próxima, as mensagens foram enviadas para os jornalistas por meio de uma fonte anônima, responsável pela divulgação de troca de conversas privadas e em grupos no aplicativo Telegram entre importantes figuras da Lava Jato. Bem como gravações de áudios, vídeos, fotos, documentos judiciais e demais itens entre os juízes e procuradores que estiveram envolvidos com a operação da Polícia Federal. Assim como previsto no Código de Ética brasileiro dos jornalistas, o Intercept Brasil manteve o sigilo da fonte.

Cada uma das partes toca em um assunto diferente, todas com o mesmo cunho: desmarcar a imagem de que a Lava Jato foi guiada por pessoas apolíticas e isentas de um viés ideológico. Para a equipe do Intercept, a necessidade de veiculação das conversas vem do seguimento de um parâmetro base na profissão jornalística: informar ao público o que lhes é de interesse.

 

Parte 1: editorial

No domingo (09), o Intercept Brasil publicou três partes da série de mensagens. A primeira explica o que está por vir: “apenas o começo do que pretendemos tornar uma investigação jornalística contínua das ações de Moro, do procurador Deltan Dallagnol e da força-tarefa da Lava Jato” – é o que diz no portal. Também, a nota explicativa dos editores Gleen Greenwald, Leandro Demori e Betsy Reed fala da importância de levar as informações contidas nas conversas a tona, por conta das consequências das ações da Lava Jato, como a prisão do ex presidente Lula.

Como e por que o Intercept está publicando chats privados sobre a Lava Jato e Sérgio Moro | The Intercept Brasil

 

Parte 2: a meta de manter o PT longe da presidência

A segunda parte apresenta os diálogos entre os procuradores da Lava Jato com o nítido objetivo de manter o então candidato a presidência, Lula, e o possível sucessor na corrida eleitoral, Fernando Haddad, bem longes de assumir o cargo de maior importância política do país.

O segundo lote de mensagens mostra as estratégias dos procuradores de Curitiba, liderados por Deltan Dallagnol, decidindo como fariam para não conceder uma entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski.

Um dos procuradores, Athayde Costa, escreve: “N tem data. So a pf agendar pra dps das eleicoes. Estara cumprindo a decisao”.

Lava Jato tentou barrar entrevista de Lula e não ‘eleger Haddad’ | The Intercept Brasil

 

Parte 3: correndo contra o relógio

Horas antes de apresentar a denúncia do caso Triplex, Deltan Dallagnol conversou com o atual Ministro da Justiça Sérgio Moro sobre estar inseguro quanto as provas levantadas. O receio do procurador partia do ponto central das acusações, a origem do apartamento do Guarujá.

Muito antes da Lava Jato, uma reportagem do jornal O Globo fala sobre a falência da empresa responsável pela construção do triplex, fato que poderia prejudicar o casal Lula da Silva. Dallagnol, quando encontrou a matéria, escreveu: “tesao demais essa matéria do O GLOBO de 2010. Vou dar um beijo em quem de Vcs achou isso”. A ideia do procurador era utilizar a fonte que a repórter Tatiana Farah conseguiu enquanto produzia a matéria, como saída para fortalecer a acusação.

Triplex: Deltan duvidava de provas horas antes da denúncia | The Intercept Brasil

 

Parte 4: colaboração indevida

As conversas privadas entre Moro e Dallagnol mostradas pelo INtercept vão de 2015 à 2017. Essa quarta parte mostra as constantes negociações entre os dois, falando sobre a mudança de fases da Lava Jato cobranças do procurador quanto a operação e dando pistas sobre passos a serem seguidos. As mensagens mostram que Sérgio Moro colaborou fortemente para que ambas as partes (as acusações dos procuradores de Curitiba e o juiz) ficassem satisfeitos com os resultados das ações.

Como o nome sugere, o juiz responsável por um caso deve julgá-lo de forma a compreender tanto o lado da defesa como da acusação. Nessa situação, conforme mostram as mensagens, as provas foram montadas em conjunto de quem acusava e quem iria julgar Lula.

Chats revelam colaboração proibida de Moro com Deltan | The Intercept Brasil

 

Parte 5: os dois, na íntegra

A quinta parte foi lançada no dia dos namorados. Essa expõe longas conversas entre Moro e Dallagnol, desde outubro de 2015 à setembro de 2017. Os extensos diálogos mostram a proximidade que os dois criaram ao longo dos anos, confere um trecho:

10 de setembro de 2017
Moro – 15:28:29 – Cara, recebi uma fotos de vc fantasiado de super homem com um tal de Castor, não sei o que faço mas a Mônica Bergamin está perguntando se vc preferiu o Superman i, oi ou Iii?
Deltan – 22:47:06 – Kkkkkkk
Deltan – 22:47:28 – Tá no face tb?
Deltan – 22:48:10 – Se tiver, preciso tirar… ela está me difamando, era na verdade de príncipe que eu estava rs

Leia os diálogos entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol que embasaram a nossa reportagem | The Intercet Brasil

 

Parte 6: a mídia como aliada da Lava Jato

Os diálogos da sexta parte expõe o desejo de Moro da veiculação de uma nota na mídia apontando as contradições de Lula durante o depoimento em 2017. A ideia era pautar a mídia e jogar todos veículos em direção aos erros de Lula durante o depoimento.

Moro – 22:12 – Talvez vcs devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele

Moro – 22:13 – Por que a Defesa já fez o showzinho dela.

Sérgio Moro direcionou a Lava Jato a atacar Lula na imprensa | The Intercept

 

Após o início da veiculação dos diálogos, o Ministério Público Federal do Parará emitiu nota apontando os procuradores e o juiz Moro como vítimas de ações criminosas de hackers. A nota chama a divulgação das mensagens de “graves ataques à atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus
integrantes”.

No Twitter e em diversas entrevistas, a equipe do Intercept Brasil afirma que a divulgação até então feita, é só início de algo bem maior. Por enquanto, nos resta esperar o que ainda está por vir.

 

 

Pra começar a semana bem informado

Confere os principais destaques para iniciar a semana à par dos últimos acontecimentos

 

Levy pede demissão

No último sábado (15), Bolsonaro afirmou estar “por aqui” com o então presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), depois disso a situação foi só ladeira a baixo. A indignação do presidente se deve a indicação do economista Joaquim Levy à Marcos Barbosa Pinto para ocupar a diretoria de Mercado de Capitais do banco. Marcos foi assessor do BNDES no governo PT.

A explicação de Jair é bem simplista: “governo é assim, não pode ter gente suspeita”. No domingo, Levy anunciou o pedido de saída da presidência do banco, feito para Paulo Guedes, titular do Ministério da Economia.

Joaquim Levy pede demissão da presidência do BNDES | Folha SP

 

Diminuição de impostos

No Twitter, o presidente anunciou no último domingo (16) que o Ministério da Economia estuda reduzir impostos cobrados sobre a importação de produtos do setor de tecnologia da informação, como computadores e celulares. Essa redução seria de 16% para 4%, com o intuito de aumentar a competitividade no ramo e a inovação tecnológica.

Bolsonaro diz que avalia reduzir para 4% imposto sobre produtos de TI | Agência Brasil EBC

 

Bons ventos para o Rio Doce

Universidades de Minas Gerais e do Espírito Santo vão participar de pesquisas a fim de recuperar as áreas da bacia do Rio Doce, impactadas pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. O objetivo dos estudos é monitorar e gerar soluções inovadoras para as ações de reparação. No total, as propostas receberão R$ 5,6 milhões de apoio aos projetos de pesquisa, que têm duração de até dois anos.

Universidades vão ajudar na recuperação da bacia do Rio Doce | Gaucha ZH

 

Próximo jogo da seleção na Copa Feminina

Na terça-feira (18), as brasileiras voltam ao campo. Dessa vez, pra competir contra a seleção da Itália, que já está classificada para o próxima fase. Se perder ou empatar, o Brasil tem a classificação garantida nas oitavas. Se ganhar, a seleção terá que esperar até a quinta-feira, data do último jogo da primeira fase, pra saber se será ou não classificado.

Teste seus conhecimentos sobre a Copa do Mundo de Futebol Feminino | Agência Brasil

 

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