O Novo Testamento de Belas Maldições

O novo capítulo da história de Aziraphale e Crowley estreou na Amazon Prime Video no dia 28 de julho, expandindo além do material original.

Por Isadora Jaeger / Agência Em Pauta

Pôster oficial (Foto: Divulgação/Amazon Prime Video)

A primeira temporada de Belas Maldições foi adaptada do livro homônimo escrito por Neil Gaiman e Terry Pratchett em 1990. O enredo da adaptação, lançada em 2019, traz a inesperada parceria do anjo Aziraphale (Michael Sheen) e do demônio Crowley (David Tennant) em suas tentativas caóticas de impedir o apocalipse na Terra.

 

Sem um livro para basear seu enredo, a nova temporada apresenta uma trama muito mais contida do que sua antecessora. Dessa vez, o mistério gira em torno do arcanjo Gabriel, interpretado por Jon Hamm, cuja performance é um dos pontos de destaque da temporada. Gabriel, sem roupa e sem memória, bate na porta da livraria de Aziraphale inesperadamente. O anjo, também chamado de Sr. Fell, decide escondê-lo, performando um milagre que, apesar das intenções, não passa despercebido.

Jon Hamm interpreta o carismático arcanjo Gabriel (Foto: Divulgação/Amazon Prime Video)

É inevitável a sensação de que há menos em jogo dessa vez. Afinal, não se pode ter a iminência de um apocalipse todo dia. Mesmo utilizando os personagens e os conceitos super burocráticos de céu e inferno previamente criados por Gaiman e Pratchett, os eventos da primeira trama não se fazem muito relevantes nos novos episódios. Além, é claro, do fato de que a Terra e a humanidade seguem existindo.

 

Quanto ao mistério central da segunda temporada, a revelação peca apenas na forma em que foi disposta, já que as pistas dadas ao longo dos episódios não são muito efetivas, fazendo a revelação, que acontece no último episódio, parecer um tanto aleatória, apesar de seguir a temática da série.

Demônios zumbis formam um dos enredos dos “minisódios” (Foto: Divulgação/Amazon Prime Video)

Os primeiros 4 episódios da temporada trazem o que foram nomeados de “minisódios”, onde vemos encontros do anjo e do demônio ao longo dos anos e as suas interferências nos eventos da realidade. Apesar de alguns desses flashbacks parecem um esforço para inchar a trama, outros são responsáveis por momentos onde a série brilha com os seus questionamentos éticos.

 

A partir destes, vemos o anjo de cabelos brancos questionando a fé cega que ele depositava no “plano divino”, ao ver os meios cruéis pelo qual se estabelece. Nesses momentos, sem largar mão da comédia, Good Omens lida bem com a tenuidade entre o Bem e o Mal, fazendo com que compreendamos porque Aziraphale e Crowley passaram a burlar as regras dos seus respectivos lados.

Crowley e Aziraphale na Livraria do Sr. Fell (Foto: Divulgação/Amazon Prime Video)

Desde a primeira aparição, o comportamento da dupla de celestiais gera especulação online. Logo o nome Ineffable Husbands, ou Maridos Inefáveis, passou a designar o interesse romântico que os fãs teorizavam sobre Crowley e Aziraphale. Sem dúvida, o que antes se mantinha nas entrelinhas, se concretiza em Good Omens 2. Talvez não da maneira em que os fãs esperavam, já que as consequências do último episódio levam a um ápice mais catastrófico.

 

Por fim, Good Omens 2 não consegue manter o senso de aventura da primeira temporada, mas traz, em meio ao humor britânico, reflexões sobre alianças entre opostos e os limites das concessões a serem feitas em nome da escolha certa.

 

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