Comunidade UFPel marca presença no 50º Festival de Cinema de Gramado
Professora do curso de Cinema da UFPel estava presente no júri da crítica, e pelo 5º ano consecutivo, uma produção com ligação ao curso se fez presente. Dessa vez, o filme “Madrugada” representou nossos alunos na programação.
Por Felipe Boettge e Jaime Lucas Mattos
O Festival de Cinema de Gramado foi realizado entre os dias 11 e 20 de agosto e teve a presença de diferentes filmes. Por ser um evento realizado aqui no Rio Grande do Sul, ele dá holofote a filmes independentes produzidos no estado, o que dá importância e relevância ao cinema gaúcho. E a UFPel carrega a tradição de se fazer presente através de egressos, estudantes e professores no evento, que sempre conta com a presença de produções de Pelotas e da região.
No ano passado, a UFPel esteve presente no festival com “Eu não sou robô”, de Gabriela Lamas, “Comboio para Lua”, de Rebeca Francoff, e também a animação “Trem do tempo”, de Vitor Mendonça. Todos estes curtas representaram a região no festival passado. E devido a isso, outros estudantes e egressos participaram das equipes.
Na 50ª edição, esteve presente no festival a professora dos cursos da UFPel de Cinema e Audiovisual e Cinema de Animação, Ivonete Medianeira Pinto, como júri da crítica. Além disso, o curta-metragem “Madrugada”, dirigido pelos alunos do curso de Cinema e Audiovisual da UFPel, Leonardo da Rosa e Gianluca Cozza, foi incluído na programação e exibido no evento.
O filme dirigido por Leonardo e Gianluca se trata de uma narrativa ficcional mas que apresenta situações reais, e conta as histórias de trabalhadores informais do Porto de Rio Grande. Consequentemente, o filme tem a zona portuária da cidade como plano de fundo.
Um dos diretores, Leonardo da Rosa, contou ao Em Pauta que a proposta era a de fazer o curta com calma, mas que, somado ao fator da pandemia, a produção do filme acabou sendo lenta. “Infelizmente teve a pandemia, que atrasou nossos planos de execução do filme em 2020, mas por outro lado a gente teve mais tempo de trabalhar no roteiro, mais tempo de trabalhar com os atores e agregar mais gente pra equipe”.
O filme tem tanto a cara da UFPel que além de ter sido dirigido por alunos do curso de Cinema e Audiovisual, o resto da equipe também foi composta por estudantes da UFPel ou egressos do mesmo curso. “Isso foi importante porque a composição da equipe foi essencial pra gente conseguir chegar no resultado que a gente queria”, contou o diretor.
Apesar disso, os desafios também apareceram. A gravação no Porto de Rio Grande, que é um lugar mais isolado e muito grande, exigiu da equipe um planejamento prévio para que a execução do curta fosse “o mais direta possível”, segundo o diretor. As diárias, os pagamentos da equipe, o local e a logística de como tudo ia funcionar tiveram de ser muito bem pensadas porque, segundo Leonardo, os valores recebidos para a produção do filme, através de um edital, eram poucos em relação a todo o trabalho de produção.
Não é a primeira vez que “Madrugada” está presente em um festival. Em janeiro o filme estreou na Mostra de Cinema de Tiradentes, em Minas Gerais, e em abril participou do festival internacional Visions du Réel, realizado na Suíça. Sobre a participação no festival europeu, Leonardo conta: “foi uma troca muito grande porque lá a gente tinha contato com muitos realizadores de diferentes países e ter essa experiência de passar o filme num festival tão importante quanto o Visions foi sem palavras, foi uma experiência muito nova e enriquecedora.”
Apesar de ser muito importante, o Festival de Gramado tem questões a serem melhoradas, como a centralização da participação de Porto Alegre na programação, uma queixa que também é feita por Leonardo da Rosa. Neste ano, dos vários curta-metragens gaúchos na grade de programação, apenas dois são de fora da Grande Porto Alegre, sendo eles o já citado “Madrugada” e “Drapo A”, este de Encantado.
Entretanto, é inegável a importância do festival para a exposição dos filmes independentes, principalmente os gaúchos, que não ganham uma circulação em salas de cinema tradicionais, como comenta Leonardo. Além disso, a existência do festival ajuda para que cursos acadêmicos de cinema continuem sendo mantidos no estado, ainda mais que a única oferta de uma universidade pública no RS é o da UFPel.
“O festival é de extrema importância. [Sem ele] o próprio curso de cinema da UFPel não existiria. O cinema gaúcho, as graduações em cinema, a revista Teorema, da qual sou editora, os editais públicos estaduais, etc, não existiriam sem o festival. São 50 anos promovendo encontros, exibindo filmes, incentivando de algum modo a produção local.”
— Ivonete Pinto, professora da UFPel, crítica de cinema e júri da crítica no festival.
Conheça os principais vencedores da premiação do 50º Festival de Cinema de Gramado aqui.