Por Thiago Lehn/Superávit Caseiro

As primárias na Argentina renderam uma surpresa: Javier Milei, candidato da extrema direita, oriundo da coalizão La Libertad Avanza, recebeu 30,06% dos votos válidos, tornando-se o líder na corrida pelo poder na Casa Rosada. Entre as polêmicas de Milei, está a pauta econômica. O candidato vê na extinção do Banco Central argentino e na ‘dolarização’ da economia a solução para os problemas enfrentados pelo país no setor.

Efeitos

No início desta semana, a cotação extra oficial do dólar na Argentina, o dólar blue, disparou alcançando os 670 pesos. Em contrapartida, o Banco Central argentino fixou a taxa oficial em 350 pesos. De janeiro a julho de 2023 o peso caiu 40% e a inflação está em 60%. A promessa de dolarização da economia se dá no entendimento de Milei, de que esta seria a maneira de controlar os problemas financeiros que acontecem no país há muitos anos.

Em entrevista ao G1, o economista Claudio Felisoni lembra que a economia argentina já é parcialmente dolárizada, por conta do receio das pessoas na desvalorização da moeda. Em teoria, os efeitos a curto prazo são de eliminação do mercado informal de câmbio, freamento na inflação e equalização de preços entre produtos internos e externos.

No entanto, a pior consequência dessa mudança e consequente eliminação do papel do Banco Central é que a Argentina estaria perdendo totalmente o controle de sua própria economia, e tendo sua realidade extremamente afetada em razão das realidades de outro país. Isso atingiria sensivelmente os juros utilizados no país.

Brasil

O atual presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, em entrevista ao Poder 360, disse estar em contato direto com economistas do país vizinho e observando a situação.

O presidente lembrou que a mudança econômica proposta por Milei trata-se de uma relação de credibilidade e preço, já que seria necessária a existência grande de dólares em caixa. “Não é uma coisa fácil de fazer no momento atual e ainda não foi elucidado como se
pretende fazer isso”, disse Campos Neto.