Por Caio Nogueira/Superávit Caseiro

Juliet Schor, autora de estudos sobre o trabalho e a sociedade e professora de Sociologia na Universidade de Boston, Estados Unidos, fez recentemente uma interessante pesquisa para quem se interessa por economia.

A pesquisa, destacada pelo site CNBC, envolveu 61 empresas britânicas ao longo de seis meses no ano de 2022 e colocou em teste um sistema de quatro dias de trabalho por semana. Destas, um expressivo número de 54 empresas, o que representa aproximadamente 89%, confirmaram que a implementação da semana de trabalho mais curta foi efetiva. Mais impressionante ainda, 31 dessas empresas, correspondendo a 51% do total, adotaram a medida de forma permanente posteriormente.

Os dados coletados e publicados pelo think tank Autonomy, jogam luz sobre uma realidade incontestável: a transição para uma semana de trabalho reduzida não apenas é viável, como também traz benefícios tangíveis. Todos os gerentes de projeto e CEOs que participaram do estudo reportaram um impacto positivo em suas organizações decorrente dessa mudança, com mais da metade (55%) qualificando o impacto como “muito positivo”.

Entre os benefícios mais significativos observados, mais de 80% das empresas participantes reportaram melhorias notáveis no bem-estar de suas equipes. Além disso, 50% dessas empresas notaram uma redução na rotatividade de pessoal, evidenciando um ambiente de trabalho mais estável e satisfatório. Quase um terço (32%) das empresas participantes também relatou melhorias significativas em seus processos de recrutamento, tornando-as mais atraentes para talentos em potencial.

No entanto, o estudo também aponta para algumas preocupações, especialmente entre os funcionários de empresas que vincularam o dia de folga adicional ao cumprimento de determinadas metas. Essa condição gerou algum grau de ansiedade, sugerindo que a implementação da semana de trabalho de quatro dias pode necessitar de ajustes para garantir que todos os benefícios sejam plenamente realizados sem causar estresse adicional.

Este relatório não apenas desafia a convenção da semana de trabalho de cinco dias, mas também abre um novo capítulo na busca por um equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Com a evidência de que a redução da jornada de trabalho pode efetivamente melhorar tanto o bem-estar dos funcionários quanto a produtividade das empresas, surge uma pergunta inevitável: estamos diante do início de uma mudança global nas práticas de trabalho? Os resultados desse teste pioneiro certamente fornecem um argumento convincente para tal.