Apresentação

UFPel Afirmativa: Ciência, Direitos Sociais e Justiça Ambiental

A Universidade Federal de Pelotas no  cenário local  e   nacional  vem sendo   referenciada por suas iniciativas que conjugam pesquisa, ensino e extensão  a  agendas sociais cujas pautas decorrem de  processos históricos,  resultantes do  encadeamento de   estruturas coloniais a  um capitalismo cada vez mais  ostensivo que,   distância, em muitos casos,   o fazer  científico e tecnológico   de seu  princípio inequívoco de garantia da  dignidade humana. 

Recuperar uma relação baseada na equidade  entre pessoas, harmônica e responsável  para com  o meio natural do qual somos parte interativa  e, consequentemente,  uma conformação societária que não subtraia , como regra,   direitos sociais, políticos e econômicos de  significativas parcelas da população, requer esforços de afirmação destes direitos  em primeiro lugar como direito à vida  e,  em segundo lugar, como dever daqueles/as que compreendem  saberes e fazeres produzidos em escolas e universidades como responsáveis  frente a esse desafio que se apresenta. 

As injustiças ambientais estão intimamente relacionadas às injustiças sociais; a destruição das matas, poluição das águas e desajustes climáticos são sintomáticos a um menosprezo radical às biodiversidades e/ou às diversidades do conviver.   Os corpos territorializam espaços; esses mesmos corpos racializados, sexualizados, etnicizados, feminilizados, economicamente empobrecidos, fisicamente diversos, neurodivergentes somam-se à essa natureza em risco, por isso, a necessidade de afirmá-los e afirmá-la!  

Por tudo isso, a XI Semana Integrada de Inovação, Ensino, Pesquisa e Extensão, para 2025, se anuncia   como “UFPel Afirmativa”!   Tal denominação  traduz uma concepção política,  acadêmica e administrativa   de uma universidade localizada no extremo sul do Rio Grande do Sul que,  frente à recorrência de catástrofes naturais e desarranjos  sociais,   se coloca à escuta de movimentos sociais populares, prima por uma produção de conhecimentos que  ao invés de negar , afirma  direitos e fortalece identidades sociais e políticas daqueles/as que  o reivindicam   não como um bem individual mas coletivo. 

A semana integrada, portanto, vem afirmar diálogos entre universidade e comunidade através da aproximação com a educação básica e suas comunidades territoriais, culturais, pedagógicas e epistêmicas estabelecendo elos através dos quais  enseja-se que   a afirmação de  modos de vidas mais equânimes, sustentáveis  e plenamente cidadãos  oriente  as apresentações,  debates,  mostras científicas e inusitados  encontros .   Estimamos popularizar as ciências nas suas  múltiplas linguagens (tecnológicas, experimentais, informáticas , artísticas, laboratoriais, modelares, arquitetônicas, musicais, cênicas…), explicitando seu  potencial  acadêmico, inovador e criativo nas soluções de problemas em uma via de mão dupla entre o mais complexo  e o  mais simples  porque assim se constitui a  experiência do viver na escola, na universidade, no bairro, na cidade e no mundo.  

Cabe destacar que nessa edição estreamos o SIIEPE Jovem; esta modalidade de apresentação de trabalhos é destinada a estudantes do Ensino Médio.  Esta caracterização relativa à juventude deve ser, contudo, mais ampla que a idade cronológica. Trata-se da aproximação dos estudantes a ritos acadêmicos que futuramente farão parte de suas vidas ao   ingressar na universidade e, ao mesmo tempo, permite à UFPel (re)conhecer e aprender o modo próprio da escola na construção de experiências cognitivas e investigativas oriundas de uma diversidade de cotidianos: os/as aguardamos!

No  XI SIIEPE , A  UFPel  Afirmativa  institucionaliza seus compromissos  na perspectiva de que políticas  que afirmam  direitos  são àquelas,   igualmente , capazes de  romper    fronteiras  que  compartimentam   profundamente áreas de conhecimento ao invés de uni-las,  segregam    e devastam espaços físicos e culturais ao invés de aproximá-los e que reconfiguram ideologias  em um tempo presente  que tem  reeditado  e exacerbado  preconceitos e discriminações na ordem da  classe social, gênero, raça/etnia, geração, deficiência e  demais  demarcadores da diferença que se tornam fundamentos para  as mais inusitadas violências físicas e simbólicas. 

Por fim,  tudo que dissemos se coaduna  a apelos mundiais  sintetizados pelos Objetivos de Desenvolvimentos Sociais (ODS)   e ampliados pela sociedade brasileira por reconhecer  peculiaridades que são nossas e que,  por isso,  nos levam  a  crer que  o sustentável é incompatível com  toda a qualquer  negação de direito social como justiça ambiental, por isso,  afirmar a sustentabilidade da vida e reconhecê-la naquilo que somos capazes de produzir e primordialmente, compartilhar, em especial, durante esta semana!