O Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPel, criado em 2008, tem recebido apoio institucional por privilegiar pesquisas que discutem as políticas e as práticas de saúde e incluem demandas regionais com potencial de interferir no espaço de vivencia das populações rurais e urbanas. Esta perspectiva valoriza o saber e sinaliza para transformações nos espaços dos trabalhadores e serviços de saúde, indicando a necessidade de novos modelos de atenção com o intuito da integralidade no cuidado à saúde. Nesta perspectiva, segundo Akerman (2005) o desenvolvimento local é um processo que move energias, recursos e talentos de pessoas e organizações para favorecer a cidadania e melhorar as condições de vida da população de determinado espaço geográfico socialmente definido.
Tal movimento pressupõe a articulação de lideranças, instituições, empresas e habitantes de um determinado lugar, tendo como ponto de partida a valorização e identificação de potencialidades e recursos locais. Corroborando com Akerman (2005), de que o desenvolvimento local pode ser entendido como uma ação deliberada, coordenada, descentralizada e com ampla participação de todos os atores relevantes, faz-se necessário à inclusão nesse espaço, de profissionais em saúde com uma formação que permita implementar saberes e práticas que contribuam no desenvolvimento local, entre as quais a proposta de doutorado pode ser uma disparador desse processo. O Programa de Pós-Graduação em Enfermagem está sensibilizado, trazendo para o espaço da UFPEL uma proposta inovadora de diálogo entre diferentes profissionais que através de projetos de pesquisa constroem propostas interdisciplinares e complementares de saúde na perspectiva quantitativa e qualitativa. Esta articulação é fortalecida pelo apoio institucional e parcerias com o Programa de Pós-Graduação em Educação, Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Mestrado em Nutrição e Alimentos e da EMBRAPA Clima Temperado (Pelotas) em projetos que favorecem a promoção da saúde de indivíduos, famílias e grupos nos contextos urbanos e especificamente com ênfase em populações e grupos rurais.
As atividades da UFPEL, nessa área, estão voltadas, portanto, primeiramente, para o desenvolvimento regional, e, num segundo momento, para ações nacionais e internacionais. Considerando-se que, no mundo atual, as fronteiras são cada vez mais virtuais, as atividades universitárias tendem a se internacionalizar e as diferentes faces da extensão certamente sofrerão o impacto das várias culturas, servindo para integrar os jovens que dirigirão a sociedade neste milênio. Nesse sentido, a UFPel, através do Departamento de Intercâmbio de Programas Internacionais, vem possibilitando aos seus estudantes o convívio com estudantes universitários de outros países, principalmente da Europa. A situação privilegiada de proximidade do Uruguai, da Argentina e do Paraguai, coloca a UFPel como pólo de referência no intercâmbio científico, econômico e cultural do MERCOSUL. Atualmente a universidade conta com onze programas de Residência Médica, 2 programas de residência multiprofissional, 27 programas de Especialização, três programas de Mestrado Profissional, 31 programas de Mestrado Acadêmico e 15 programas de Doutorado. Também possui 131 grupos de pesquisa cadastrados no CNPq, 96 pesquisadores bolsistas de produtividade CNPq e 190 bolsistas de iniciação científica (PIBIC/CNPq), 145 da PROBIC/FAPERGS, 28 PIBITI/CNPQ e 35 PROBITI/FAPERGS. A área de pesquisa mais desenvolvida é a das ciências agrárias que iniciou o doutorado em 1973, seguida pelas biológicas e saúde (epidemiologia e odontologia).
No período compreendido entre 2004 e 2009, a UFPel obteve aumento quantitativo superior a 60% em seu quadro discente. Em 2009, os cursos de pós-graduação acolheram 83% mais alunos em comparação ao ano de 2003. A expansão também pode ser observada no quadro docente, que em 2010 aumentou em 96 % o número de professores, quando comparado a 2004. A população universitária é no momento de 20.061 pessoas, das quais 1.090 são docentes, 1.181 são servidores técnico-administrativos e 17.890 discentes de graduação. O número de vagas para ingresso anual na universidade é de 2.018, divididos em 1.504 para os cursos de graduação e 514 para os cursos de pós-graduação. Estão em andamento 1.006 pesquisas no ano de 2011. Ao olharmos o número de programas e cursos de pós-graduação na área da saúde e especificamente na Enfermagem, percebemos o quanto ainda é insuficiente essa oferta. No Brasil contamos com um total de 513 programas e cursos de pós-graduação recomendados pela CAPES para a área da saúde, destes 135 mestrados acadêmicos, 16 doutorados, 68 mestrados profissionais e 294 com mestrado e doutorado. Na Enfermagem são apenas 52 programas e cursos de pós-graduação em todo Brasil, dos programas e cursos de pós-graduação em enfermagem a nível de doutorado, encomendados pela CAPES, cinco estão na região sul e vinculados a universidades públicas, sendo 01 no PR com doutorado/conceito 4 (UFPR), 01 com doutorado/conceito 4 (UEM) e 01 em SC com conceito 5 (UFSC). No RS são 02, um na UFRGS conceito 5 e outro na FURG com conceito 4. Podemos constatar a insuficiência de programas para formação de doutores considerando as necessidades de saúde nacionais e a especificidade do contexto regional que carece de cursos para atender a demanda existente e a demanda emergente da criação de novos cursos de pós-graduação em enfermagem para formação de educadores e pesquisadores.
Nos últimos oito anos, na UFPel, ocorreram seis concursos públicos para professor adjunto para Enfermagem sem preenchimento destas vagas . Assim, foram admitidos 10 professores assistentes, com titulação de mestrado, tendo em vista que não havia doutores para suprir as vagas existentes. Realidade esta também enfrentada por outras instituições da região como, por exemplo, a UNIPAMPA-Pelotas e mesmo a UNIPAMPA-expansão de Santa Maria. Ambas com o apoio do REUNI expandiram vagas docentes, mas não conseguiram contratar professores com título de doutor em número suficiente. O mesmo ocorreu nos hospitais universitários e no Instituto Federal Sul-riograndense (IFSul), onde não houve enfermeiros com título de doutor para preenchimento das vagas.