O Dia mundial da ajuda humanitária é celebrado em 19 de agosto e foi estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2008. A escolha da data faz referência ao atentado que ocorreu em 2003 em Bagdá, onde faleceram 22 trabalhadores humanitários, entre eles estava o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que atuava como Representante Especial do Secretário-Geral da ONU no Iraque. A data possui dois propósitos centrais: homenagear todos os trabalhadores humanitários que atuam em áreas de risco e muitas vezes colocam suas próprias vidas em perigo, além de conscientizar a opinião pública mundial sobre a importância da solidariedade internacional e do apoio às populações em crise.
O que é e para que serve a ajuda humanitária?
A ajuda humanitária é um conjunto de ações coordenadas que têm como objetivo salvar vidas, diminuir o sofrimento humano e preservar a dignidade das pessoas em situações de emergência, até que seja possível iniciar processos mais duradouros de reconstrução. Portanto, ela é uma ponte essencial entre a crise imediata e a retomada da vida em comunidade.
A função central da ajuda humanitária é responder de forma rápida e eficaz às emergências que ameaçam vidas humanas. Essa resposta pode se dar por meio da distribuição de alimentos e água potável, do fornecimento de atendimento médico, da construção de abrigos temporários e da proteção de pessoas em situação de deslocamento forçado. Além disso, a ajuda humanitária também inclui o esforço inicial de reabilitação em regiões devastadas por terremotos, enchentes, furacões ou ataques militares. Diferente de políticas de desenvolvimento ou de programas de longo prazo, a ajuda humanitária é imediata e busca oferecer socorro em cenários de guerra, desastres naturais, epidemias, fome ou deslocamentos forçados.
Um dos pontos centrais da ajuda humanitária é que ela se baseia na neutralidade, imparcialidade e independência. Isso significa que quem presta ajuda não deve tomar partido em conflitos, deve atender às pessoas de acordo com suas necessidades e precisa atuar sem depender de agendas políticas ou militares. Esses princípios são garantidos pelo direito humanitário internacional e são essenciais para assegurar tanto a confiança das comunidades atendidas quanto a segurança das equipes que trabalham em campo.
Figura 1: Funcionários da OIM auxiliando migrantes com alimentação e vestimentas.
Reprodução: European Union External Action (2022).
Quem ajuda e qual o propósito da ajuda humanitária?
A ajuda humanitária é resultado de um esforço coletivo que envolve diversos atores nacionais e internacionais, entre eles estão as agências das Nações Unidas, como o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o Programa Mundial de Alimentos e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), além de organizações não governamentais de grande impacto como Médicos Sem Fronteiras e Cruz Vermelha. Governos nacionais também desempenham um papel importante ao disponibilizar recursos financeiros, equipes especializadas e infraestrutura logística. A sociedade civil, por sua vez, participa por meio de campanhas de doação, voluntariado e mobilizações solidárias, enquanto o setor privado contribui com recursos tecnológicos e transporte para operações de socorro.
O propósito maior da ajuda humanitária vai além de responder a uma emergência, existe para proteger a vida e a dignidade humana diante de crises que superam a capacidade das populações afetadas. Mais do que uma ação prática, a ajuda carrega também uma dimensão ética e política, representando a responsabilidade compartilhada da comunidade internacional diante do sofrimento humano. Nas relações internacionais, ela funciona como instrumento de cooperação e diplomacia, fortalecendo o diálogo entre Estados. Ao mesmo tempo, não está isenta de debates sobre interesses geopolíticos e sobre os riscos da instrumentalização da solidariedade como forma de influência política.
A importância desta data
A celebração do Dia Mundial da Ajuda Humanitária ultrapassa o caráter simbólico e se apresenta como um verdadeiro chamado à ação. Ela nos recorda que o sofrimento humano não conhece fronteiras e que as crises, sejam elas naturais ou provocadas por conflitos, exigem respostas rápidas e solidárias. Também lembra que trabalhadores humanitários estão cotidianamente expostos a riscos elevados e merecem reconhecimento, valorização e proteção.
Outro ponto fundamental é que a data reforça a necessidade de cooperação internacional, já que nenhum país está totalmente imune a catástrofes ambientais, epidemias ou conflitos armados. A ajuda humanitária depende dessa rede de solidariedade global para ser eficaz. Ao mesmo tempo, ela nos lembra dos desafios permanentes enfrentados por quem atua na área, como a falta de financiamento, as restrições de acesso a determinadas regiões e a possibilidade de manipulação política do auxílio.
Figura 2 – A Cruz Vermelha também é uma das principais instituições na promoção da Ajuda Humanitária.
Reprodução: Humanitarian Law & Policy (2015).
Conclusão
O Dia Mundial da Ajuda Humanitária é uma oportunidade para refletir sobre a importância da solidariedade global em tempos de crise. Mostra que a ajuda humanitária não é apenas um ato de caridade, mas um dever ético e político que mobiliza governos, organizações e indivíduos em prol de vidas que precisam ser salvas. Em um cenário internacional marcado por guerras, mudanças climáticas, desastres naturais e deslocamentos forçados, a ajuda humanitária se apresenta como uma esperança concreta de que a cooperação entre os povos possa salvar vidas e preservar a dignidade humana.
Escrito por: Raynara Tavares, Assistente de Press.
Referências
INTERNATIONAL RESCUE COMMITTEE. What Is Humanitarian Aid and Why Is It important? Disponível em: <https://www.rescue.org/article/what-humanitarian-aid-and-why-it-important>. Acesso em 18 de ago. de 2025.
UNITED NATIONS. World Humanitarian Day. Disponível em: <https://www.un.org/en/observances/humanitarian-day>. Acesso em 18 de ago. de 2025.
