Aviso: Contém spoilers!
O longa-metragem Oppenheimer, dirigido por Christopher Nolan e estrelado por Cillian Murphy, é baseado nos acontecimentos da vida de Julius Robert Oppenheimer, um renomado físico norte-americano, que liderou o Projeto Manhattan e desempenhou um papel crucial na concepção da primeira bomba atômica. Ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, o filme apresenta as metas, objetivos e as fases do desenvolvimento das bombas atômicas, cujo impacto resultou na destruição de territórios e na perda de milhares de vidas.
Dito isso, o Projeto Manhattan abordado no filme, foi um plano criado pelos Estados Unidos da América com o apoio de alguns países da Europa central, com o objetivo de criar a primeira bomba atômica da história, antes da Alemanha nazista. Nesse contexto, uma corrida contra o tempo se desenrolou para obter os melhores resultados, já que a Segunda Guerra estava iminente. Visto isso, para a criação da arma nuclear, este plano contou com a ajuda de pesquisas feitas por grandes cientistas, como Oppenheimer. O longa-metragem captura essa dinâmica por meio de suas cenas, buscando ilustrar o começo da história e o desenrolar dos eventos. O que fica evidente é a busca pelo poder, uma competição para superar e liderar, a fim de garantir vantagem no cenário inicial de um conflito de grande escala. Essa constatação sublinha um aspecto frequentemente presente nas Relações Internacionais – a competição e a busca incessante pelo poder.
Nessa perspectiva, o filme se desenvolve no contexto da 2° Guerra Mundial – conflito que teve início em 1939 e se encerrou em 1945. O ápice do filme ocorre durante os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, situados no desfecho da Segunda Guerra Mundial. Nessa cena, retrata-se como os Estados Unidos, por ordem do presidente Harry Truman, lançaram as bombas desenvolvidas por Oppenheimer. Esses ataques resultaram na trágica perda de vida de aproximadamente 140 mil pessoas.
Após a devastação causada pelos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, J. Robert Oppenheimer, o cientista por trás do desenvolvimento da bomba atômica, enfrenta um profundo dilema ético e moral. O filme retrata Oppenheimer atormentado pelas consequências humanas horríveis dessas armas de destruição em massa que ele havia ajudado a criar. Ainda, a obra recria o momento marcante em que Oppenheimer recorre à famosa citação após testemunhar o sucesso do primeiro teste da bomba em 1945: “Agora me tornei a Morte, o destruidor dos mundos.” Essa citação refletia sua profunda compreensão da magnitude do poder que ele tinha colocado nas mãos da humanidade e o peso moral de suas ações.
Além disso, o filme mergulha no período pós-guerra, mostrando como Oppenheimer se torna um defensor ativo do controle internacional de armas nucleares, expressando preocupações sobre a corrida armamentista nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética. No entanto, suas posições políticas e suas relações com o governo dos EUA o colocaram em conflito com a Comissão de Atividades Antiamericanas durante o auge da Guerra Fria. Ele enfrentou acusações de ser simpatizante do comunismo, o que levou à revogação de suas autorizações de segurança e à suspensão de seu acesso à pesquisa nuclear sensível.
Posteriormente, a devastação causada pelas bombas atômicas no Japão levou à assinatura, em 1968, e implementação, em 1970, do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Esse tratado tinha como objetivo impedir a proliferação de armas nucleares e encorajar o desarmamento nuclear, além de impedir o desenvolvimento dela nos países “não-nucleares”. A Organização das Nações Unidas, fundada em 1945, no ano em que foi finalizada a Segunda Guerra, tinha como objetivo unir os Estados para abordar questões que vão desde alterações climáticas até direitos humanos, sustentabilidade, segurança e desarmamento. Em virtude do Projeto Manhattan, discutido durante o filme, dos conflitos e dos resultados desses acontecimentos, foi essencial a criação do TPN e da ONU, para estabelecer um acordo entre as nações visando alcançar a paz mundial.
Sendo assim, o filme não se limita a retratar o contexto da época, mas também mergulha profundamente na gênese das bombas atômicas. Além disso, é perceptível que o filme oferece uma oportunidade de grande valor para aqueles que desejam aprofundar sua compreensão das Relações Internacionais. A narrativa cria uma ponte direta entre os conflitos históricos, os momentos marcantes do passado e o evoluir constante da tecnologia e da ciência ao longo da trajetória humana.
Roberta Bertoldi
Sou do primeiro semestre de Relações Internacionais da UFPel, tenho interesse na área de comércio exterior e em ser correspondente na área de RI. Espero que o projeto traga muito conhecimento e novas experiências a todos que participarem, que seja um momento de troca, aprendizado e ótimas lembranças. |