A “Desdolarização” entre Brasil e China

Em março de 2023, o governo brasileiro anunciou um acordo entre o Brasil e a China o qual anunciava que as transações comerciais não seriam mais feitas utilizando o dólar como intermediário, em câmbio direto entre real e renminbi.

Em uma visita à um comitiva de empresários brasileiros à China, a subsidiária brasileira do Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) já começou a ser autorizada na quarta (29/03) a fazer a compensação direta de renminbi para o real, conhecido como “clearing house” O ICBC é o banco que irá operar a clearing house no Brasil para permitir que empresários brasileiros e chineses possam fazer transações comerciais e empréstimos em yuan, e não somente em dólar.

Lula (PT) e ministros visitam a China nesta semana

Fonte: Getty Images

Nos últimos 13 anos, a China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil – no ano de 2022 a quantidade de transações entre os países atingiu o recorde de U$ 150 bilhões. A balança comercial brasileira tem apresentado um superávit de US$ 29 bilhões, mas grande parte das vendas para a China são compostas por commodities, enquanto os produtos exportados pelo país asiático ao Brasil possuem um maior valor agregado.

Com isso, os chineses estão buscando diminuir essa diferença, e essa é uma das razões para a demanda apresentada ao Brasil nos últimos meses, que deverá permitir a realização de operações comerciais entre os dois países sem o uso do dólar. Essa medida tem como objetivo reduzir os custos das transações comerciais e aumentar a eficiência nas negociações entre Brasil e China. Além disso, a iniciativa também pode ajudar a reduzir a dependência do Brasil em relação ao dólar americano e fortalecer as relações comerciais com a China, um dos principais parceiros comerciais do país.

“O Brasil firmou acordo para pagamento em yuan, o que facilita muito o nosso comércio. Vamos trabalhar ainda mais no setor de alimentos e minérios, vamos buscar possibilidade de exportação de mercadorias de alto valor agregado da China ao Brasil e do Brasil para a China”, afirmou Guo Tingting, vice-ministra de comércio da República Popular da China durante o Fórum de Negócios Brasil China, realizado em Chaoyang, bairro nobre da capital chinesa.

O presidente da China, Xi Jinping (à direita), e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, apertam as mãos após a cerimônia de assinatura no Grande Salão do Povo em Pequim.

Fonte: Ken Ishii / POOL/AFP

Inicialmente, o fórum que aconteceria na quarta-feira, dia 29 de março, contava com a presença do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que iria para a China. A visita incluiria um jantar com o presidente chinês, Xi Jinping. No entanto, devido a um diagnóstico de pneumonia causada por bactérias e pelo vírus da gripe A, Lula cancelou a viagem à China em cima da hora.

Após o cancelamento, o presidente chinês enviou uma carta ao brasileiro desejando-lhe uma rápida recuperação e compreendendo a decisão de não comparecer ao compromisso. No entanto, Xi Jinping não mencionou uma possível nova data para o encontro. Já o governo brasileiro comunicou à diplomacia chinesa que espera ver o encontro remarcado o mais rápido possível, talvez ainda na primeira quinzena de abril.

Essa viagem à China seria uma oportunidade para o Brasil e a China discutirem questões de cooperação em diversas áreas, como investimentos, comércio e infraestrutura. Além disso, a visita de Lula à China também reforçaria as relações bilaterais entre os dois países, que são importantes parceiros comerciais.

Nataniele Paim Assistente de Press

Olá, sou a Nataniele e estou no 2⁰ semestre de Relações Internacionais. Tenho um foco muito grande em trabalhar em uma das agências da ONU e participar do PelotasMun além de me auxiliar a ter mais conhecimento sobre as funções dessas agências, vai me ajudar a desenvolver outras habilidades importantes no que diz a organização do evento.