Entre China e Estados Unidos: A diplomacia da Arábia Saudita no Oriente Médio

Arábia Saudita e Irã anunciaram nesta sexta-feira um acordo para restabelecer suas relações diplomáticas após sete anos. Os países se comprometeram a garantir uma aliança de segurança para o Oriente Médio com a retomada oficial de embaixadas em Teerã e Riad.

O secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Shamkhani, à direita, o diplomata mais antigo da China, Wang Yi, ao centro, e o conselheiro de segurança nacional da Arábia Saudita, Musaad bin Mohammed al-Aiban, observam durante uma cerimônia de assinatura de acordo entre o Irã e a Arábia Saudita para restabelecer relações diplomáticas e reabrir embaixadas após sete anos de tensões entre os rivais do Oriente Médio, em Pequim, China, sexta-feira, 10 de março de 2023. — Foto: Nournews via AP

Cerimônia de assinatura do acordo entre o Irã e a Arábia Saudita em Pequim, China, sexta-feira, 10 de março de 2023./ Foto – Nournews via AP

 

O acordo mediado pela China ocorreu durante negociações da própria Arábia Saudita com  Israel e o possível apoio do Governo Americano.

Israel já havia conquistado apoios com outras nações árabes, incluindo Marrocos, Bahrein e Emirados Árabes Unidos durante o governo de Donald Trump. A proposta do Governo de Joe Biden é intermediar as negociações com Israel à medida em que o plano nuclear da Arábia possa se beneficiar do enriquecimento de urânio do Irã que obteve níveis elevados no ano passado.  Por mais que Israel e Arábia ainda não tenham acordos oficiais, a relação entre os países nunca se mostrou problemática aos Estado Unidos que buscam a aproximação com o Oriente Médio apesar de resistências do parlamento Americano. 

Alas da oposição acreditam que o presidente Joe Biden esteja favorecendo a ascensão de países rivais.

O Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acredita que alianças entre países do Oriente Médio podem garantir mais segurança à localização. 

Joe Biden declarou seu apoio à aliança entre países do Oriente Médio em um discurso realizado após o anúncio de Irã e Arábia Saudita: “Quanto melhores forem as relações entre Israel e seus vizinhos árabes, melhor para todos”.

O presidente dos EUA, Joe Biden, sendo recebido pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, no Alsalam Royal Palace em Jeddah, Arábia Saudita em 15 de julho de 2022

O presidente dos EUA, Joe Biden, sendo recebido pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman em 15 de julho de 2022./ Foto – Agency via Getty Images

John Kirby, coordenador de comunicações estratégicas do NSC, revelou que Joe Biden reforçou o desejo de manter relações diplomáticas com o Oriente Médio em viagem a Israel e Arábia Saudita durante o verão. Kirby também declarou que a Arábia se comprometeu a atualizar os americanos sobre qualquer atualização das negociações com o Irã e garantiu que os chineses não possuem grande influência nas decisões das duas nações, por mais que as negociações tenham ocorrido com a presença dos principais líderes da política da China em Pequim. 

As negociações que já ocorriam desde o dia 6 de março representam uma vitória para a China e podem aproximar o país da região do Golfo, historicamente influenciada pelo governo americano. 

O acordo entre Arábia Saudita e Irã busca restabelecer o a aliança de desenvolvimento comercial e tecnológico de 1998 e restaurar o pacto de segurança pelo combate ao terrorismo e crime organizado entre os países. 

Adoradores participam de uma manifestação para protestar contra a execução de Sheikh Nimr al-Nimr em 8 de janeiro de 2016 em Teerã, Irã.

Adoradores participam de uma manifestação para protestar contra a execução de Sheikh Nimr al-Nimr em 8 de janeiro de 2016 em Teerã./ Foto – Getty Images

 

Durante as negociações, foi decidido que os líderes diplomáticos dos dois países irão se reunir para a troca de embaixadas e afirmação de um pacto de não influência e respeito à soberania de políticas internas de ambos os países. 

O principal diplomata da China, Wang Yi, revelou a aprovação do presidente Xi Jinping e afirmou, garantindo a importância da política das nações do Oriente Médio, que os debates políticos não se resumem somente à guerra na Ucrânia. Wang também reforçou o papel da China como intermediadora: “Continuaremos a desempenhar um papel construtivo no tratamento adequado de questões críticas no mundo de hoje, de acordo com os desejos de todos os países, e demonstraremos nossa responsabilidade como um país importante”.

A Arábia Saudita havia cortado relações com o Irã em 2016 após a execução de um clérigo xiita em território saudito por consequência da invasão de manifestantes iranianos na embaixada da Arábia em Teerã. Este conflito quase gerou uma guerra nos últimos sete anos, dividindo os países do Oriente Médio. 

Kaique Cangirana   Assistente de Press

Sou estudante do 4° semestre em Jornalismo, adoro trabalhar com conteúdos informativos e de relevância pública. Acredito que o Pelotas Mun é uma grande oportunidade de representar o debate e políticas públicas, por isso, projetos como este são muito produtivos e me interessam muito.