Eleições Peruanas

Constituída como uma democracia representativista, a nação Peruana passou pelo processo eleitoral no ano de 2021, o qual expôs múltiplos vieses de seu sistema e as consequências históricas de seu passado. Vislumbrando as demais lutas libertárias de Simon Bolívar e José de San Martin, o país alcança sua independência em 1821, após tal conquista, manteve-se em grandes guerras por suas fronteiras,  é no século XX em que seus limites são estabelecidos com Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia e Equador, por meio de guerras e tratados estruturou-se seus domínios.

Fonte: Google Maps

Passando por grandes trocas de sistema político durante a primeira metade do século XX, é com Juan Valesco Alvarado, um dos líderes mais marcantes, o qual proporcionou (durante os 15 anos de governo) a reforma agrária no país e um aumento significativo da dívida externa, que resultou em uma crise econômica nos anos 80. Em resposta, surgiram grupos revolucionários apoiados pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e Cuba, dos quais se desenvolveram disputas armadas até a ascensão de Alberto Fujimori, com uma política neoliberal. Dois anos após sua vitória, Fujimori toma ações antidemocráticas (como dissolver o congresso e fechar o poder judiciário), mantendo-se no poder entre 1990 e 2000, renunciando no final do ano, após escândalos de corrupção e autoritarismo.

Posteriormente, os governos mantiveram-se envolvidos em escândalos de corrupção, ligados a empresa Odebrecht, mas é somente no ano de 2020 em que o presidente Martín Vizcarra (que tomou posse em 2018, após a renúncia de Kuczynski) passa pelo processo de impeachment justificado, pelo congresso, por incapacidade moral. O presidente do Congresso Manuel Merino assume o governo em 10 de novembro, mas após cinco dias renunciou em decorrência dos protestos e o cargo é assumido por Francisco Rafael Sagasti Hochausler até 28 de julho de 2021. 

Programadas para acontecer em abril de 2021, as eleições peruanas tinham como objetivo nomear a presidência e a vice-presidência, assim como ocupar todas as 130 cadeiras do congresso unicameral. Com 18 candidatos tentando o alto cargo, evidenciou-se a dicotomia presente no país.

O candidato à presidência que alcançar mais de 50% dos votos terá um mandato de 5 anos e  encontra um país com um histórico de corrupção generalizada, com um grande fluxo imigratório venezuelano e, além disso, é um dos países latino-americanos mais afetado pela pandemia, com os trabalhadores da área da saúde entrando em greve pela má condição trabalhista, dificuldades em comprar vacinas, problemas com bloqueios em decorrência da quarentena. Unindo-se a isto há a diminuição de 30,2% do produto interno bruto, havendo muitas pequenas empresas de serviços das quais em sua grande parte foram à falência e 72% da população ocupava, antes da pandemia, funções informais no mercado de trabalho . 

Com os votos bem divididos, Pedro Castillio, representando o partido Peru Livre e Keiko Fujimori, da Força Popular foram para segundo turno com 18,92% e 13,41% dos votos respectivamente.

Foto: Pedro Castillo e Keiko Fujimori. Fonte: Ernesto Benevides/AFP e Gian Masko/AFP

Com pautas contrastantes, ambos os candidatos precisavam conquistar 67,67% da população peruana e, durante suas campanhas, mostravam-se com discursos marcantes em suas vertentes (de esquerda e direita) com a necessidade de cativar a grande massa. Castillo aproximou-se da massa, sendo professor e sindicalista centrou seu jogo político nesta semelhança, assim como nas suas pautas sociais sintetizando “Não podemos ter pobres num país rico”. Fujimori, em contrapartida, reacendeu a lembrança de seu pai Alberto Fujimori, logo buscou-se ressignificar sua imagem, neutralizando-a, não apresentou planos estruturados, mas prometeu que venceria a crise com melhorias sociais. Assim, durante o mês de junho também utilizou um discurso de fraude eleitoral – assunto em alta neste momento – pedindo aos eleitores que registrem e encaminham para seus organizadores de campanha qualquer indício de manipulação eleitoral.

Foto: Pedro Castillo vence as eleições. Fonte: AP Photo/Guadalupe Prado

Com o primeiro turno ocorrido em abril de 2021, a disputa eleitoral desenrolou-se até 19 de julho (um mês após o segundo turno). Esta demora é em decorrência da proximidade percentual dos votos (com o resultado sendo exposto após o apuramento total das urnas) e da batalha judicial, pois a candidata Keiko Fujimori recusou-se a aceitar tal apuração, logo entrando com processos na justiça eleitoral. O Jurado Nacional de Eleições (encarregado pelas eleições) oficializou a vitória de Pedro Castillo, porém a opositora declarou: “Nossa defesa da democracia não termina com a proclamação ilegítima de Castillo”. Agora é acompanhar os desdobramentos do novo governo.


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Larissa Morais    Diretora da Press

Graduanda do curso de História-Bacharel, apaixonada por diplomacia, ficção científica, música e pesquisa. Minha saga favorita é Senhor dos Anéis, amo séries de comédia, estilo brookling 99. Estudando para buscar um mundo melhor a todos. Fico sempre nervosa em ter que me definir em pequenos textos, mas adoro conhecer pessoas.