Durante o mês de junho de 2021, ao longo das partidas do torneio futebolístico Eurocopa 2021, a torcida húngara protagonizou episódios discriminatórios, utilizando-se de gritos racistas na partida contra a França e apresentando faixas homofóbicas nos jogos contra Alemanha e Portugal. Após protestos, a UEFA (União das Associações de Europeias de Futebol), sancionou uma multa de cerca de R$ 624,6 mil(100.000 euros), assim como determinou a ausência de público nas três partidas seguintes. Após tais ocorridos, a imagem de Viktor Orbán (primeiro-ministro em segundo mandato desde 2010) e do país Hungaro passa por um declínio em favoritismos, arriscando, inclusive, sua participação na União Européia.
História
Sua ocupação inicial era de celtas e romanos, a partir do século IX inicia-se a formação do principado, com sua primeira coroação (cedida pelo papado) no ano 1000, mantendo sua importância ocidental, foi uma grande potência até a conclusão da Primeira Guerra Mundial, momento no qual, assim como sua aliada Alemanha, o país é responsabilizado e punido por tal conflito. Em profunda crise, causada pelo perda de 70% de seu território e a regênciade um regime autoritarista, aproximou-se naturalmente do regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial, quando foi derrotada novamente tornando-se uma das nações satélites da União das Repúblicas Socialista Soviéticas, de modo que em 1956 representaria uma das grandes contradições de tal sistema.
Foto: Mapa referente ao território hungaro durante o período da Guerra Fria
Fonte: Kovács Ádám (Nepkoztarsasag.png)
Últimas décadas
Pertencendo à vanguarda europeia, a Hungria foi um dos primeiros países do continente a abandonar as estruturas unipartidárias, realizando as primeiras eleições em 1990, adentra à União Europeia em 2004- também devido à sua localização na Europa Central, pois, faz fronteiras com a Eslováquia, Ucrânia, Romênia, Sérvia, Croácia, Eslovênia e Áustria. Nos últimos anos, a influência dos partidos de extrema direita ganharam forças nas eleições, resultando na eleição de Viktor Orbán em um mandato de 1998 até 2002 e novamente em 2010, posicionou-se abertamente de forma conservadora, aprovando no ano de 2021 uma lei na qual proíbe a propagação de qualquer conteúdo sobre a comunidade LGBTQIA+, defendendo que busca a proteção do Estado de Direito e outros valores europeus e de mesmo modo que a Polônia estabeleceram “Zonas livres de ideologias LGBTQIA+”.
Foto: O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán
Fonte: Bernadett Szabo / Reuters
Sistema político em voga
A Comissão Europeia anunciou no dia 15 de julho de 2021 que abriu ações legais contra a Hungria, pois sua legislação fere os direitos fundamentais da comunidade LGBTQIA +, esperando a resposta do país para protocolar tal processo no Tribunal de Justiça do Bloco, com 459 votos a 147. O primeiro ministro já firmou-se em prol de sua legislação, afirmando que a ação da comissão será em vão, assim como disse: “Aqui os burocratas de Bruxelas não têm qualquer negócio, não importa o que façam, não deixaremos que os ativistas LGBTQ estejam entre nossos filhos.”
Em debate nas demais capitais europeias há meses, foi através da partida jogada em Munique entre Hungria e Alemanha na qual a UEFA não permitiu a iluminação em homenagem ao mês do orgulho LGBTQIA +, solicitação que havia sido protocolada pelo Estado húngaro, iniciando-se assim uma maior organização política internacional contra o regime. Após dois grandes conflitos no continente europeu, a crescente influência dos discursos da extrema direita causa grandes preocupações no âmbito social e político, Viktor Orbán tornou-se uma referência para tais correntes, cada vez mais chamando a atenção de seus opositores.
No foco mundial, as ações definidas pelo primeiro ministro entre o período pandêmico reacenderam as preocupações presentes nestes 11 anos de mandato, no qual desde seu princípio enfrentou manifestações contra a inclinação autoritária do governo, assim como o conservadorismo econômico, moral, político e social. No mês de julho de 2021, o mesmo defendeu a presença de uma universidade chinesa em solo hungaro, na qual acarretará aos cofres públicos da Hungria um enorme gasto, investido no capital intelectual externo em detrimento do interno, evidenciando a sua proximidade com o governo Chinês, afastando-se, cada vez mais, do ocidente (tal dicotomia carrega concepções históricas, culturais e midiáticas, Edward Said, em “Orientalismo” discorre sobre a construção de tais preceitos e como é necessário um maior cuidado ao utilizarmos estas nomenclaturas, este parecer perpassa o discurso opositor do primeiro ministro, logo há o grande interesse em afastar-se das escolhas previstas no sistema político de Orbán, desenhando o ocidente como o representante democrático e liberal).
Objetivando afastar-se da União Europeia, reafirmando uma imagem, ideais e políticas próprias da Hungria, o país ainda não pretende retirar-se do grupo, andando por um caminho tempestuoso e complexo. Unindo-se a tal decisão, os parlamentares húngaros, em julho de 2021, exigiram uma investigação sobre o sistema Pegasus (um spyware militar, com sua licença privada israelense), utilizado para infiltrar-se nos aparelhos digitais de um grupo de oposição do governo, tal análise reprisa as problemáticas e instabilidades do sistema vigente. Orbán enfrenta uma frente ampla de esquerda, objetivada a tirá-lo do poder e derrotar o mesmo nas eleições de 2022, mostrando que a reprovação está presente tanto externamente como internamente.
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Larissa Morais Assistente de Press
Graduanda do curso de História-Bacharel, apaixonada por diplomacia, ficção científica, música e pesquisa. Minha saga favorita é Senhor dos Anéis, amo séries de comédia, estilo brookling 99. Estudando para buscar um mundo melhor a todos. Fico sempre nervosa em ter que me definir em pequenos textos, mas adoro conhecer pessoas. |