Curso de Gestão Ambiental lança livro sobre o Pontal da Barra
A década de 1980 foi palco do início das manifestações de proteção e defesa do Pontal da Barra. Em 1990, novas ações recomendaram a preservação dos banhados e dunas existentes no local. Contudo, após este período, as ações preservacionistas foram interrompidas e só voltaram a pauta com a criação do movimento Pontal Vivo, em 2012, e com estudos que demonstraram a existência de espécies ameaçadas de extinção e de importantes sítios arqueológicos.
É neste contexto que a Universidade Federal de Pelotas lançou o livro “Fundamentação técnico-científica para a criação da Unidade de Conservação Pontal da Barra do Laranjal”. O lançamento ocorreu na sexta-feira (19) com a entrega de exemplares para o reitor Pedro Curi Hallal. Para o reitor, a Universidade está cumprindo com o seu papel social de interagir com a sociedade e produzir materiais de utilidade pública. “O Pontal da Barra é uma região que tem uma relevância ambiental muito significativa e a UFPel tem obrigação de preservar e subsidiar a criação da Unidade de Conservação”, afirma o reitor.
De acordo com a assistente social do Núcleo para a Inserção Territorial da Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento, Silvia Carla Bauer Barcellos, o trabalho foi realizado por um Grupo de Trabalho interinstitucional e interdisciplinar e é resultado de uma pesquisa de cerca de dois anos que teve como objetivo subsidiar a criação de uma Unidade de Conservação no local, com informações que revelam a riqueza biológica, o potencial científico, cultural, histórico, turístico e educacional do Pontal da Barra.
Constituído em 2017, o Grupo de Trabalho teve a participação de especialistas da FURG, Embrapa Clima Temperado, DUC-SEMA-RS, IPPampa, Secretaria de Qualidade Ambiental e Secretaria de Municipal de Cultura, totalizando cerca de 40 profissionais envolvidos, entre pesquisadores, estudantes e colaboradores externos a UFPel.
Para o professor de Gestão Ambiental, Giovanni Nachtigall, além de ser um referencial teórico para estudos sobre ecossistema do local, o trabalho possibilitou a ampliação de pesquisas sobre o tema, sendo ainda “o estopim para que outras pesquisas sobre a biodiversidade da região sejam iniciadas”, analisa.
A professora da Faculdade de Educação, Caroline Terra, sinaliza o potencial educacional a ser desenvolvido junto a Unidade de Conservação. “O material será utilizado como fonte nos trabalhos de Educação Ambiental nas escolas, nas universidades e outras organizações da região sul do estado”, afirma. A professora de Turismo, Laura Rudzewicz, atenta também para a potencialidade turística do Pontal. “A unidade de Conservação vai impulsionar o desenvolvimento turístico voltado a experiências ao ar livre trazendo benefícios socioeconômicos para o Pontal”, revela.
Extinção
Até o momento foram encontradas 42 espécies ameaçadas de extinção na área de 845,64 há do Pontal, sendo 15 da fauna e 27 da Flora. Entre elas, o Tubarão-Martelo, Bagre-Branco, Bagre-Marinho. Contudo, os pesquisadores alertam que este número pode ser ainda maior, tendo em vista que não existem levantamentos intensivos na área.
Além disso, a região do Pontal da Barra possui várias espécies endêmicas, ou seja, que foram encontradas apenas neste local, como o peixe-anual, a açucena, margarida-das-dunas e o lagarto batizado de cobra-de-vidro. A preservação destas espécies será possível com a criação da Unidade de Conservação.