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Projeto de Educação Financeira com pessoas em tratamento de dependência química – um desafio

O relato que segue nos foi enviado pela aluna Rosmarie (de vermelho, à esquerda), do polo de São Francisco de Paula. Na foto, junto com ela, a coorientadora de Estágios Lidiane (ao centro) e a orientadora de estágios Simone (à direita), do CLMD.

Experiência da aluna Rose, de São Francisco de Paula

Realizei a opção em fazer meu Estágio em uma instituição de reabilitação de dependentes de Drogas, que tem em minha cidade, por conhecer a clientela e já ter trabalhado em outros Programas de Ensino nesta  instituição.

Desde 2009, realizo um trabalho voluntário, do Governo Federal, intitulado como “Brasil Alfabetizado”, porém, muitos internos, possuem o Ensino Fundamental incompleto (interromperam seus estudos na 7ª ou 8ª séries), e por este motivo, são encaminhados ao EJA.

Conhecendo essa realidade, realizei um levantamento de assuntos de interesse dos alunos e constatei que um dos temas mais preocupantes era com a matemática que envolvia juros, porcentagem, dinheiro. Por este motivo, neste estágio 1, realizado em educação não- formal, optei em elaborar um “Projeto de Educação Financeira”, que além de ser um assunto significativo para a clientela da instituição, é contemplado como um do tema dos PCN`S a ser trabalhado em sala de aula.

São 10 alunos do sexo masculino, que estão na faixa dos 18 aos 45 anos de idade.

Estão internados na instituição por problemas de dependência de álcool e outras drogas.
Muitos foram incentivados pela família a buscar tratamento. Há alguns casos em que os internos não possuem nenhum tipo de contato familiar, pois os pais, esposas e filhos não querem mais contato com o dependente.

Quando internados na instituição, passam 9 meses em tratamento com acompanhamento médico, psicológico, assistência social e religiosa. É através do grupo que os alunos encontram novamente o sentido da palavra amizade, companheirismo, irmandade e respeito.

Depois de 1 mês de internação, são oferecidas aos internos oficinas laborais, para melhorar a autoestima e recobrar a confiança em si mesmos.

Entre várias oportunidades, uma delas é a alfabetização, para os que não sabem ler ou escrever, e o EJA que oportuniza aos alunos que não concluíram o Ensino Fundamental o término do mesmo.

Ao observar os alunos em um momento de estudo,  constatei que muitos pararam de estudar há muitos anos, o que é perceptível nas atividades propostas e nos questionamentos feitos por eles. Porém, também constatei que eles possuem muita vontade de vencer, de ser alguém, de buscar um novo rumo para suas vidas.

Talvez, essa oportunidade de trabalhar com eles o Projeto de Educação Financeira a que me propus neste Estágio 1, seja uma oportunidade de fazer parte desta mudança para melhor! Assim acredito! Amém!

“Há duas línguas diferentes sendo faladas na escola: a dos professores e a dos alunos.” (Bernard Charlot)