Tholl se apresenta em Rio Grande/RS na 16ª Festa do Mar
Por Émellem Rosa e Thuanny Cappellari
O Grupo Tholl esteve em Rio Grande/RS neste sábado, 10, na 16ª Festa do Mar, para apresentação do espetáculo Imagem e Sonho.
“O circo alimenta a alma, alimenta o espírito e a gente está precisando muito disso ultimamente”, diz João Bachilli, diretor e fundador do grupo Tholl. Ele conta que sempre foi um apaixonado pelo circo.
Como surgiu o Grupo Tholl?
O grupo Tholl iniciou com a Oficina Permanente de Técnicas Circenses (OPTC). Era um grupo de atletas que praticavam ginástica olímpica e queriam ir além daquele trabalho somente pra competições. Aí, fomos criando pequenas esquetes acrobáticas e depois começaram a aparecer outras pessoas que queriam trabalhar com malabares, e ai fomos juntando tudo. Foi uma coisa que apareceu bem natural. O Tholl é o nome fantasia para a OPTC e existe há aproximadamente 15 anos.
Sobre os patrocínios, ele desabafa:
Nós não temos um grande patrocinador, o grupo Tholl praticamente se sustenta com os seus próprios espetáculos.
Como ocorre o envolvimento do grupo?
A gente não faz distinção de quem tem muito com quem tem pouco, o que importa é a cabeça, a diferença quem coloca somos nós mesmos. Quando a gente junta só o pessoal da periferia pra fazer o trabalho, a gente forma “guetos”. Então, a gente mistura as pessoas, e faz quem tem pouco conhecer a realidade de quem tem muito pra ele entender que como ser humano, como pessoa não existe diferença, as diferenças são materiais.
E finaliza com um recado: O circo alimenta a alma, alimenta o espírito e a gente está precisando muito disso ultimamente.
Qual a trajetória de cada um no Grupo?
Fábio Marques, 27 anos, Publicitário:
Iniciei há seis anos e desde lá venho aprendendo muita coisa. Já fazia teatro antes de entrar pro Grupo Tholl, conhecia e sempre admirei o trabalho do Grupo e entrei, através do “ oficinão”. Comecei a fazer parte nos espetáculos e nas animações. E hoje a gente já faz de tudo. Brincamos que fazemos de tudo um pouco e nos especializamos em uma determinada área, por exemplo, a minha é o teatro mas, a gente faz de tudo um pouco também.
Nós não temos uma função específica, um dia podemos estar varrendo o palco, outro dia vendendo bilhete e no outro dia a gente está se apresentando, o espaço é bem democrático, e a gente tem que passar por todas estas funções porque o grupo é nosso e fazemos parte dele, então é preciso envolvimento de todos.
Ricardo Bach, 22 anos:
Estou no grupo há 13 anos. A minha trajetória difere um pouco dos outros. Quando eles entraram já existia o espetáculo. Eu entrei quando era só um Grupo de pessoas que treinavam.
Vi a evolução do espetáculo e o meu crescimento junto com isso, porque quando eu comecei eu era bem pequeno, não tinha noção das coisas, e conforme foi crescendo o espetáculo eu fui crescendo também e vendo a proporção que isso estava tomando. E é muito bom assim, a gente poder ser conhecido em outras cidades, e já ter conhecido tanta gente, tantos lugares diferentes e isso não tem preço que se pague, é muito bom.
Douglas Paiva, 33 anos:
Eu entrei pelo “oficinão”, que é uma seleção de novos integrantes que ocorre anualmente, são realizados testes, durante três dias de oficina e dependendo do perfil que se está buscando a gente convida as pessoas para integrar o grupo.
Eu entrei nesta seleção, para fazer parte do grupo treinando e desenvolvendo as técnicas, fazendo a parte de sonoplastia do espetáculo Imagem e Sonho, depois fui contra regra, vendia os produtos da butique e parei no palco.
Kauane Ribeiro, 25 anos, estudante de Educação Física:
Estou no grupo há seis anos. Entrei pra um teste específico de teatro porque precisavam de atores pra criação de um novo elenco que era o circo de bonecos e logo após, entrei no espetáculo, o fiz crescer, nascer, enfim, e aí com o tempo eu fui entrando nos demais, e agora estou em todos praticamente.
Fábio Marques, explica um pouco mais sobre os ensaios e os projetos sociais em andamento. Qual a frequência dos ensaios?
O ensaio ocorre todos os dias, ou nós estamos aprendendo dança, balé, teatro, ou alguma técnica específica de circo, malabares, e etc. A gente sempre treina alguma coisa para nos prepararmos para os espetáculos, temos que estar sempre prontos pro que precisar, a gente utiliza esta técnica.
Existe algum projeto social?
Temos o projeto “ Tholl para todos”, que a gente leva um pouco do Tholl para a periferia, para o bairro que não tem acesso a arte, e mostrar que a arte é um outro caminho um caminho possível de superação para as drogas, a marginalização. Porque sabemos que os jovens tem uma idade crítica, que se eles não enxergarem alguns lugares possíveis pra ir, eles podem ir por um caminho errado, então a gente está fazendo este Projeto. Nele fazemos um dia de treinamento lá com exercícios, assim já descobrimos talentos e temos conosco. O objetivo é passar por sete bairros, já passamos por quatro deles: Colônia de pescadores Z3, Pestano, Sítio Floresta e Cohab Lindóia. O objetivo é justamente mostrar que o bairro é parte integrante da cidade e as crianças também tem necessidade de cultura.
Festival de Circo de Pelotas
Em novembro ocorre a primeira edição do Festival de Circo de Pelotas. As inscrições estão abertas para grupos até 30 de outubro pelo e-mail: festivaldecircodepelotas@gmail.com
O Festival ocorrerá de 18 a 22 de novembro e pretende trazer vários grupos do Rio Grande do Sul para realizar apresentações e oficinas nos bairros mais afastados do centro, com o objetivo de democratizar a cultura.